30 de dezembro de 2014

Sobre a Coragem..


Eu preciso enfatizar: Maugham é uma delícia para se ler!!! Leiam Maugham! Permitam-se Maugham!!

Desde ontem eu estou lendo Maugham. É maravilhoso! Que escritor sem igual!! O livro do momento é Ah King - nome interessante, não é? Antes de começar a escrever sobre o livro, vou explicar, rapidamente, o título da obra.

Para surpresa minha, o título em PTBR é o mesmo que o original, em inglês. Parece que, antigamente, as traduções eram mais coerentes (rs). Ah King é o nome de um chines que foi "boy" de Maugham, durante seis meses que o autor viajou pela região da Indochina e "adjacências". Maugham ficou admirado com a fleuma do seu empregado durante todo o período que esteve a serviço dele: se ele brigava com Ah King, ele não alterava sua expressão facial. Caso recebesse um elogio, a expressão se mantinha como se fosse repreendido. Porém, quando houve a separação, Ah King chorou. Isso deixou Maugham estupefato! Durante seis meses o empregado pouco se manifestou, mas, na despedida, o sentimento aflorou. O título do livro foi a homenagem do escritor a este estranho criado - as histórias relatadas são do período que Ah King esteve a serviço de Maugham.
Um adendo particular: eu não tenho certeza, é somente um suposição minha, que Ah King é o nome britânico do chines; visto que a Inglaterra estava desbravando as regiões da China, Indochina etc. Lembram do meu post sobre Coronel Fawcett? Pois é.. data desta época a invasão britânica sobre essas regiões. Outra referência é no filme "O Despertar de Uma Paixão" (título brega em PTBR para o livro de Maugham - que inspirou o filme - chamado O Véu Pintado), onde é apresentado, melhor que livro, admito, a invasão britânica à China e a revolta dos chineses contra os britânicos.

Agora, o motivo do post.

As duas primeiras histórias são interessantíssimas e eu resolvi escrever sobre elas. A primeira intitula-se "Pegadas na Floresta" e a segunda "A Porta da Oportunidade". Ao meu entender, ambas falam sobre coragem.

O primeiro relato foi quando Maugham visitou a Malásia. Encontrou um casal interessante, chamado Catwright e um policial, Gaze. O policial explicou a Somerset sobre como o casal Catwright se conheceu.  A senhora Catwright estava no seu segundo casamento (viúva do primeiro) quando Teo Catwright foi pedir abrigo à Broson - marido da atual senhora Catwright. Teo estava sem um tostão no bolso, quase pedindo esmola à porta de hotéis quando o senhor Broson o acolheu na sua casa. O casal Broson não tinha filhos e viviam de forma abastada na região, permitindo-se ter um hóspede por mais de um ano sem causar problemas financeiros ao caixa do casal.
Certo dia, quando o sr. Broson foi sacar dinheiro para pagar os funcionários, alguém o assassinou na volta para casa.
Catwright e a senhora Broson estavam no clube com amigos quando a noticia do homicídio lhes foi anunciada. Foi um choque, pois o finado era muito querido por todos na região. As buscas pelo assassino foram imediatamente iniciadas. Pouco mais de um ano depois do fato, o caso não havia sido solucionado. Mas nem tudo estava perdido.
Gaze, o policial encarregado da investigação, teve a sorte de encontrar um cidadão malaio que tentou vender o relógio do finado sr. Broson para um relojoeiro local. O caso foi reaberto - mesmo Gaze nunca tê-lo finalizado de fato. Para conclusão da história, depois de muito averiguar, o policial chegou à conclusão de que foi Catwright o assassino do sr. Broson e, a senhora Broson foi sua cúmplice. 
A história foi narrada para Maugham vinte anos depois de ocorrida.

Segunda história.
Anne e Alban Torel eram embaixadores britânicos na região da Cingapura. Viviam relativamente bem. Ambos eram amantes de literatura, artes e música. O que para os habitantes nativos era motivo de desdém e para os conterrâneos era chacota. Achavam Alban um pouco afeminado pelo seu gosto mas, adoravam a sua simpática esposa. Anne era bem quista em todos os lugares que estava, ao contrário do marido que era rotulado de arrogante.
Durante a estadia do casal, houve uma rebelião chinesa na região. Cento e cinquenta chinas invadiram a residência de um britânico, o mataram e cercaram tudo. Todos armados. 
Quando o sr. Torel soube da invasão, lhe foi cobrada uma atitude imediata: ir de encontro aos rebeldes com o contingente que tinha e colocar um fim a rebelião. Porém, com apenas oito pessoas somadas á sua, Alban decidiu escrever aos seus superiores e esperar reforço - que duraria dois dias até chegar ao local.
Anne ficou aterrorizada com a atitude do marido. Ela cobrou dele uma atitude imediata - ir ao socorro daqueles que sofriam com a rebelião chinesa.
Passado dois dias, o reforço chegou. Alban invadiu o local tomado pelos chineses, porém, encontrou tudo em paz; pois um holandês destemido - quando lhe noticiado sobre a invasão rebelde - juntou mais três homens a si e tomaram conta dos cento e cinquenta chineses que provocaram o terror na região.
Alban foi demitido e voltou para Londres com Anne. Ao chegar ao hotel, ela pediu divórcio. Eis, abaixo, a justificativa dela:

...A verdade é que toda a sua vida foi uma farsa. Você atraiçoou tudo aquilo que você representava, tudo o que nós representávamos. Nós nos tínhamos colocado num pedestal, julgando-nos melhores do que os outros porque gostávamos de literatura, música e arte, não querendo saber de uma vidinha de invejas e falatórios vulgares; apreciávamos os prazeres espirituais, amávamos o belo. era este o nosso pão de cada dia. Eles riam, zombavam de nós. Isto era inevitável. Os ignorantes e os medíocres naturalmente detestam e temem aqueles que se interessam por coisas que para eles incompreensíveis. Não ligamos a isso - chamando-os de filistinos. Nós os desprezávamos e tínhamos esse direito. Nossa justificativa era sermos melhores, mais nobres, mais cultos e mais corajosos do que eles. E no entanto você não é melhor, nem mais nobre, nem mais corajoso. Quando chegou o momento de crise, você safou-se como um cão que apanhou, de rabo entre as pernas. Você, entre todos, era quem menos direito tinha de ser covarde. Agora são eles que nos desprezam, e têm esse direito de nos desprezar a nós e a tudo aquilo que representávamos. Hoje eles podem dizer que arte e literatura são tolices. quando chega a hora do aperto, gente como nós não presta para nada. Estiveram espreitando uma oportunidade para nos crucificar, e você lhes deus essa oportunidade. Dirão que não esperavam outra coisa de nós. Que triunfo para eles (...).

Só Deus sabe que amor tive por você. Durante oito anos adorei até mesmo o chão sob seus pés. Você era tudo para mim; eu tinha em você uma fé que algumas pessoas têm em Deus. Quando vi o medo nos seus olhos, quando você me disse que não ia arriscar sua vida por uma mestiça e seus fedelhos, fiquei profundamente abalada. Era como se alguém me tivesse arrancado o coração, e o espezinhado. Você matou matou o meu amor naquele momento, Alban. Irremediavelmente. (...) Você é apenas um tolo, pretencioso e vulgar poseur. Eu preferia estar casada com um colono de segunda classe, que tivesse as qualidades comuns a todos os homens, a ser a esposa de um farsante como você".
O que chamou minha atenção nestes dois contos foi um tema em comum: a coragem. Ela está bem oculta no primeiro conto, mas bem viva no segundo.
A atitude de Anne parece ser radical, mas é justificável. 
Se, no primeiro conto, Teo Catwright não tivesse aceito a proposta da senhora Broson para matar seu esposo, ela, possivelmente, teria abandonado o amante. Mas, por ele se mostrar corajoso em fazer isso por ela, a sua segurança nele aumentou e ambos viviam um ótimo casamento por mais de vinte anos. Pode parecer bizarro, mas eu entendi isso. Não estou justificando o crime, apenas mostrando uma visão do fato.
Com Anne, ela não estava esperando que Alban liquidasse todos os chineses com espingarda, mas que mostrasse compaixão por aqueles que, com a rebelião, estavam sendo oprimidos. Como mulher, ela não se sentia segura ao lado de um homem que, embora culto e nobre, não era capaz de mostrar coragem em situações de coação. Enquanto, com Teo Catwright, a senhora Broson poderia manter-se segura.

Não me perguntem qual o sentido de tudo isso, mas foi assim que eu entendi estes dois primeiros contos.

Omnia Vanitas.

29 de dezembro de 2014

O Professor ..




Preciso dar algumas explicações antes de começar a escrever sobre O Professor de Charlotte Brontë.  

Primeira explicação, a foto! Trata-se da imagem do filme de Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida. É uma cena, na minha opinião, clássica! Quem nunca se apaixonou pelo professor? Meu deus, eu várias vezes..Professor de Ciências na sexta-série, de Educação Física na Sétima, de Literatura Portuguesa em Letras... Mas nenhum deles se compara a Henry Walton "Indiana" Jones Jr. Uma graça! E, para quem não notou, está escrito "Love You" nas pálpebras da estudante enamorada.


Segunda explicação: eu lembrei muito de outro professor de Charlotte Brontë, o meu querido Luís Moore. Este personagem faz parte do livro Shiley; eu o conheci em Março de Dois mil e Treze, durante uma série de leituras Brontëanas que fiz naquela época. Deixei uma lembrança de Luis Moore, em duas partes, que já publiquei neste blog: parte I parte II . Sempre que eu faço uma faxina nos livros, Shirley é aberto no capítulo Vinte e Seis para "matar" minha saudade deste professor.

Agora, vamos ao livro.

A apresentação da família Crimsworth lembrou muito outros dois irmãos: Roberto e Luís Moore. Sim, o professor Moore esteve em meus pensamentos durante toda a narrativa de O Professor. Primeiramente, porque em Shirley também um irmão trabalha na indústria e o outro é professor. Roberto é muito ativo na área industrial - que está em expansão na Inglaterra e, Luis, é o ex-professor de Shirley que visita à ex-aluna junto com a família do seu atual pupilo. 
A diferença entre essa dupla de irmãos é que entre os Crimsworth o convívio era impossível entre ambos, o que não aconteceu entre Roberto e Luís.

O Professor é um livro muito tranquilo para ler. Pela primeira vez eu tive a oportunidade de ler uma narrativa Brontëana na perspectiva de um homem, pois todo o livro é narrado por William Crimsworth, o professor. 

Um personagem que me cativou foi Hunsden Yorke Hunsden. Ele pareceu à mim  uma espécie de duende travesso que cruzou a vida de William. Muito matreiro e interessado na vida desde desaventurado professor. Deixo, abaixo, apenas duas passagens que afirmam meu dito anterior:

Tenha cuidado! Não sabe o dia nem a hora em que chegará o seu ... (como não quero blasfemar, deixo a palavra em branco).

Hunsden é assim, chega sem ser convidado, falo sobre o que não foi questionado e não está nem aí se o ouvinte gostará ou não dele pelo que disse. Outra cena que gostei foi a seguinte:

A gente sente uma espécie de estúpido prazer, quando dá bombons a uma criança, guizos a um louco, um osso a um cão. Fica-se recompensado, vendo a criança sujando a cara de açúcar, como o louco fica extasiado, imaginando outro louco mais louco que ele, observando a avidez com que o cão se atira ao osso. Oferecendo a William Crimsworth o retrato de sua mãe, dou-lhe bombons, guizos e um osso, tudo ao mesmo tempo. Lamento apenas não estar presente para contemplar o resultado da oferta. Teria acrescentado cinco shillings, ao preço da compra, se o avaliador me houvesse garantido esse prazer. 
Não pense, caro leitor, que estes dois cavalheiros eram amigos. Nunca houve dois opostos tão próximos por nada. Hunsden condenava a vida que William escolheu para si, também não aprovou a esposa que William escolheu e, por toda a sua vida, importunou o casal Crimsworth permitindo-se a aventura de "desvirtuar" o filho do casal, Victor. Hunsden nunca se casou - um solteirão convicto. Jurava estar procurando a mulher ideal, quando, na verdade, na minha opinião, não tinha caráter forte o suficiente para assumir aquela que era dona do seu coração. 

Se comparado à Villette, O Professor é uma leitura bem doce, com um final feliz e um casal de sucesso - com direito a filho e tudo mais.

Portanto, quero ressaltar duas coisinhas que chamaram minha atenção. 
Primeiro, houve beijo na boca! - o que  é raro acontecer um romance deste gênero. Das três irmãs, a mais "ousada" foi Anne Brontë em sua Moradora de Wildfell Hall, quando a protagonista pede a mão do amado Gilbert em casamento. Moribunda safadénha! (rs)
Segundo, em O Professor, algo me surpreendeu: William permitiu que Frances continuasse na função de professora mesmo após o casamento. Pensei, cá comigo, que quando uma criança nascer ele a tornará uma exemplar dona de casa victoriana. Acredite, querido leitor, ele a manteve ao seu lado como professora. Um exemplo de marido, hein! Quase perdeu para Mr. Darcy - só que não! (rs).  

É isso, leitor! Hoje começo minha leitura de Ah King, do meu amado amante Somerset Maugham.

28 de dezembro de 2014

Coronel Fawcett .. o Indiana Jones!


Certa vez, enquanto esperava para ser atendida no salão de uma amiga, me distraí lendo uma revista que tinha por perto. E, vejam só, encontrei uma reportagem muito interessante, pelo menos eu a considero assim. Portanto, chega de blá-blá-blá e segue o texto:

"Para alguns, o coronel inglês Percy Harrison Fawcett foi um grande explorador romântico. Para outros, um ganancioso buscador de riquezas. Há quem diga que não passava de um gringo desastrado que encontrou a morte e 1925, no Mato Grosso,  seguindo a pista de uma quimera: uma cidade perdida construída pelos descendentes dos hipotéticos habitantes de Atlântida. São muitos os boatos que atribuem ao explorador a inspiração do escritor Robert MacGregor para criar as aventuras de Indiana Jones, imortalizado no cinema por Steven Spielberg na pele no ator Harrison Ford.
O explorador também inspirou Sir Arthur Conan Doyle, o "pai" de Sherlock Holmes, especialmente no livro O Mundo Perdido
Fotografado com seu cachimbo, botas e bombachas, Fawcett era um homenzarrão cuja vida foi salpicada de aventuras na Ásia e América Latina. Nasceu em 1867, em Torquay, Inglaterra, e foi criado no auge do Império Britânico, canalizando seu caráter forte e arrogante a serviço da conquista de territórios para rainha. Aos 19 anos, alistou-se na Real Artilharia de Sua Majestade. Foi enviado à ilha do Ceilão (atual Sri Lanka) e depois para a África negra, Malta, Hong Kong, Marrocos e Irlanda.
Sua visão do mundo, centrada na suposta superioridade britânica, fez com que descrevesse os outros povos com uma série de preconceitos: sujos, ignorantes e atrasados - embora pudesse ter compaixão pelo índios e raiva dos europeus sem escrúpulos que buscavam fortuna fácil. Em 1906, com 39 anos, o incansável viajante foi convidado pela Sociedade Geográfica Real para demarcar as fronteiras da Bolívia com o Brasil e o Peru. Durante esse período, fez contato com vários grupos indígenas, dos quais recolheu lendas, tradições e muitas histórias fantásticas. Os grandes descobrimentos arqueológicos daqueles tempos, com as tumbas faraônicas do Egito e a cidade perdida de Machu Picchu, aguçaram ainda mais a curiosidade do militar britânico.
Em 1912, deu de cara com um documentos supostamente escrito por bandeirantes no século 18 e traduzido em inglês por outro aventureiro britânico, Richard Burton (...). Era a descrição de uma cidade de pedra abandonada no sertão baiano. Depois, em 1920, realizou uma viagem solitária pela Chapada Diamantina - há quem diga que motivado não só pela vontade de topar com a cidade perdida, mas também pelas minas de ouro e diamantes. Em 1925, ele decidiu, junto com seu filho Jack e um amigo dele, Raleigh Rimell, buscar a tal cidade nas proximidades da Serra do Roncador, no Mato Grosso. Nunca mais foram vistos.
Surgiram milhões de lendas para explicar o sumiço. Houve quem descrevesse o sisudo coronel morando entre os índios. Os místicos da Sociedade Teúrgica do Roncador espalharam a história de  que Fawcett encontrou a cidade misteriosa e foi morar nela: um povoado subterrâneo cujos habitantes possuem poderes paranormais. O jornal inglês The Times ofereceu uma pequena fortuna  para quem encontrasse pistas sobre o militar e expedições de busca se seguiram, sem sucesso.

Em 1951, o sertanista Orlando Villas-Boas arrancou uma confissão dos índios katapalos que parece ter posto fim ao mistério:   um tal Cavucuira, membro da tribo, assassinara os três estrangeiros. Tudo por causa de uma briga por mantimentos e por um rifle. Triste fim para um grande aventureiro". 




Fonte: Super Interessante, Agosto de 2003. Escrito por Pablo Villarrubia Mauso.                

27 de dezembro de 2014

Villette .. um pequeno complemento



"Eu sofria de novo a dor que corroía a alma, longamente, por causa de uma grande expectativa. Essa cruel agonia da ruptura final; essa angústia muda e mortal, que, de uma só vez, arranca a esperança e planta a dúvida, abala a vida, enquanto a mão que comete a violência não pode ser aplacada por carícias, pois a ausência interpõe sua barreira"

Agora, com o fim da reforma, tendo somente que organizar o escritório - isso acontecerá amanhã - estou mais "apta" à escrever sobre Villette. Logo, este post é um complemento do primeiro.

Este livro, conforme a crítica, é a obra mais autobiográfica de Charlotte Brontë. A figura de M. Heger - sua paixão avassaladora enquanto estudante na cidade de Bruxelas, na Bélgica - está retratada no personagem do professor Emanuel. 
O que me deixou "assustada" foi esse sentimento que a escritora teve por M. Heger pois a fez criar Mr. Rochester e William Crimsworth e, ainda, retratar a esposa de M. Heger como a louca do sótão em Jane Eyre. Se entendi direito, ela escrevia constantemente ao amado mestre, tanto, que chegou a incomodar a esposa deste que esta chegou a pedir que Charlotte não escrevesse mais para M. Heger. Loucura! A puritana Charlotte Brontë flertando com um homem casado! Hilário e Incrivel! 

Os temas de Jane Eyre permeiam Villette, também: a beleza x inteligência, dinheiro x honra etc. Porém, na minha opinião, eu achei o livro mais "sofrido" do que Jane Eyre; existe uma solidão muito bem marcada, um entendimento de que a vida, para ela, não era uma passagem de alegria ou comodidade. Charlotte Brontë teve consciência de que dependia somente de si e, se não batalhasse para sobreviver, viveria na amargura da pobreza e solidão - seu grande monstro.  Ela odiava a solidão e viver sem amigos. Toda a afeição que lhe foi dada foi armazena como pedra preciosa por ela - o que parece tão incomum nos dias atuais, quando faz-se amizade  de uma forma tão descuidada e sem afeição. Dá-se a impressão que, por ela não ser rica e bonita, tal coisa não lhe era possível adquirir, então, quando o professor lhe confia a amizade, ela sente-se extasiada e solícita à se apaixonar por ele. 
Algumas passagens, como já citei anteriormente, lembram muito Jane Eyre: como a louca do sótão, a doença etc... ao leitor que leu J.E. terá o prazer de revisitar alguns trechos em Villette.
Outra semelhança é a afeição à família. Pelo pouco que conheço da família Brontë, esta foi marcada por mortes precoces e alcoolismo. As irmãs, da trindade Brontë, faleceram muito cedo, juntamente com o irmão alcoólatra, e, anteriormente os pais. Logo, o retrato do apego de Jane e Lucy pela família e amigos é um apelo explícito da necessidade e a falta que fazia estes dois gêneros  na vida da escritora. A própria morte de Charlotte Brontë foi triste - não que haja alegria na morte de um ente querido; mas, ela faleceu grávida aos quarenta anos. Justo a maternidade, tão apreciada em suas obras, ela, também, nunca obteve.Extremamente triste!

Uma das coisas que gostei neste livro foram as citações em francês - está repleto de diálogos do idioma belga no meio da obra. Há alguns erros de escrita, principalmente no final, quando a grafia do português brasileiro se confunde com a semelhança da grafia em francês. Portanto, termino este post com uma frase ao idolatrado professor Emanuel, em francês:  

"Monsieur,  je veux l'impossible des choses inouïes"*


Omnia Vanitas.



 * Senhor, eu quero o impossível das coisas inauditas.




Amigo Oculto ..


Presley se apresentando, senhores!

Pela manhã tive que buscar um complemento para minha reforma e, aproveitando a oportunidade, fui trocar o cartão de presente que ganhei do meu amigo oculto neste Natal! Como meu amigo ficou na dúvida de qual livro comprar para mim, deixou-me a difícil tarefa de escolher meu presente! Difícil mesmo! Entrar em uma livraria e desistir de tantos livros que estariam lindos nas minhas prateleiras é cruel! 
Porém, a tarefa foi cumprida: voltei para casa com um belga e com um alemão.

A escolha foi de dois novatos, para mim. Trata-se de Georges Simenon (o belga) e Charles Bukowski (o alemão - mesmo sabendo que o sobrenome está mais para polaco do que para germânico; paciência, ele nasceu na Alemanha, então, alemão é!).    

De Simenon escolhi o livro "Maigret e o Informante". Não sei nem o que dizer, pois, realmente, não li nada a respeito - exceto folhetos de livrarias e uma obra que vi na Aliança Francesa quando fui fuçar por lá.

De Bukowski, o alemão polaco, eu trouxe um diário dele publicado póstumo a sua morte: "O Capitão Saiu para Almoçar e Os Marinheiros Tomaram Conta do Navio". Eu não gosto de ler biografias - já havia comentado isso - mas isto é um diário, é o próprio autor falando de si e não um monte de lacunas preenchidas para encher linguiça ou algo semelhante. Portanto, encaixa-se no gênero literário que eu gosto.

É isso, leitor! Agora, eu volto para minha labuta!

Omnia Vanitas.




26 de dezembro de 2014

Villette ..


Prometi a mim mesma, que tolice, não escrever neste blog enquanto meu escritório está em reforma! Que lástima, leitor! Sou fadada há não ser fiel à mim mesma! Aqui estou, em meio a brocas, parafusos, buchas, lixas e todos os materiais para esta reforma (que findará amanhã), escrevendo nesta página. 

Terminei de ler Villette, de Charlotte Bronte. 

Querido leitor, estou inquieta! Que leitura! Que obra! Que livro maravilhoso é este! Que mulher enigmática e triste é esta senhorita Brontë (creio que todas foram desta natureza). 
É um erro crasso eu escrever neste momento, repleta de ansiedade e ouvindo Je t'aimais, Je t'aime, Je t'aimerai do Francis Cabrel (rs)... como se minha psicologia conseguisse organizar, neste momento, algo coerente.

Mas, permita-me, tentar algo, paciente leitor. Esqueça a sombria Jane Eyre, a sagaz Shirley ou qualquer outro personagem que você possa conhecer desta escritora (ou de suas irmãs Emily e Anne). Lucy Snowe é A Garota!

Esta obra findada é, sim, superior a qualquer obra da senhorita Charlotte Brontë. Há muitos traços de Jane Eyre nele, como a louca do sótão, a doença que a afasta da escola, a pequena Paulina, a figura de Mr. Rochester é presente em um dos personagens. Tudo é isso é um pouco da vida da escritora. 

Logo nos primeiros capítulos, eu achei o livro muito pessimista e depressivo. Mas, como diz minha amiga GLN, tratando-se das irmãs Brontë, não poderia ser diferente.

Porém, quando eu descubro que três personagens são a mesma pessoa, o livro começa a ter seu encanto, a leitura fica prazerosa, as horas são curtas para lê-lo - tudo isso somente avivou ainda mais minha ânsia de ler. E, a temperatura nesses dias primeiros de férias tornaram o tempo disposto para ler mais agradável: chuva, chá quente e cobertor! Poucas horas para este momento, mas muito gostoso e desejado.

Voltando ao livro, é impossível não se emocionar com a vida da personagem Lucy Snowe. Que lutas! Que tristeza! Algumas vezes tive meu coração apertado ao ler um capítulo de suas resoluções. Que raiva senti de Paulina e do Dr. John pela sua felicidade fácil, enquanto Lucy tinha que matar um leão por dia para se manter Lucy. Sobre isso, eu gostei do tema proposto pelos "inquisidores" do professor Emanuel sobre a "Justiça Humana":

Inspirada, comecei a trabalhar. "A Justiça Humana" surgiu na minha frente na forma de romance original. Ela era como uma megera feia, rabicunda, com as mãos nos quadris. Eu a vi em sua casa, a caverna da confusão: as criadas lhe pediam ordens ou indicações e ela nada ordenava; mendigos esperavam à porta, morrendo de fome, sem que ela se desse pela existência deles; um enxame de filhos, doentes e turbulentos, rastejava aos seus pés, gritando aos ouvidos que lhes dessem atenção, simpatia, cura e remédio às suas feridas. A honesta mulher não se importava com nenhuma destas coisas. ela tinha o assento quente junto ao fogo, o seu próprio conforto consistia em um pequeno cachimbo negro e numa garrafa de xarope, ela fumava e bebia, saboreava assim o seu paraíso; e, sempre que algumas das almas que sofriam à sua volta feriam os seus ouvidos com um grito mais agudo, a minha bela dama pegava no atiçador ou na vassoura da lareira; se o agressor era fraco, alegre e violento, ela apenas ameaçava, mas mergulhava a mão até o fundo de sua bolsa e tirava dali, liberalmente, alguns doces de ameixa e os servia.

Uma das partes que, também, chamou minha atenção, foi quando ela disse - várias vezes - que as pessoas acham que nos conhecem. Ninguém conhecia Lucy de verdade: nem o dr. John, nem a senhora Beck. Segue um trecho deste capítulo sobre o tema:

Que atributos de caráter tão contraditórios nos são, por vezes, atribuído segundo os olhos dos que nos veem! Madame Beck considera-me culta e melancólica; Miss Fanshawe, cáustica, irônica e cínica. O senhor Home, uma professora modelo, a essência da calma e da discrição: um pouco convencional, talvez, muito rigorosa, demasiado escrupulosa, mas ainda assim a rosa padrão de modelo de preceptora; enquanto outra pessoa, o professor Emanuel, a saber, nunca perdia a oportunidade de insinuar sua opinião sobre mim; considerada de natureza ardente, arrebatada, ousada, aventureira, indócil e audaciosa. Eu ria de todos eles. Se alguém me conhecia um pouco, era Paulina Mary.
Eu gostaria de escrever mais, porém, temo contar detalhes que são essenciais ao desfecho e comprometer uma possível intenção de leitura. Portanto, termino por aqui este post e, deixo a menção de que começo, hoje, a leitura de "O Professor", desta mesma escritora.

Omnia Vanitas.

19 de dezembro de 2014

Mes amours ..


Salut, cher lecteur! 

Diz uma frase popular que é bom, depois de um dia de trabalho, chegar em casa e saber que um livro lhe espera. Ontem, amigo leitor, eu tive quatro ótimos livros esperando por mim! Todos eles do meu amado Alexandre Dumas: dois em língua francesa e dois em língua portuguesa (ptbr).

Falemos dos francesinhos: La Tulipe Noire e L'histoire d'un Crime.
Peguei-os e olhei-os bem! Lindos! Perfeitos! O primeiro foi publicado em 1937 - sensacional!  Abri-os e folhei algumas páginas sem querer fixar minha atenção na escrita, pois temi que a falta habilidade em entender a língua barrasse meu ânimo. Para minha diversão meus olhos pararam na frase:

- Vous croyez?

Rindo, eu respondi: Je crois! (aprendi este verbo de uma música em francês que eu gosto muito de ouvir).

Deixei de lado os livros em francês e fui olhar os títulos em português: Uma Filha do Regente (publicado em 1946) e Um Ano em Florença (publicado em 1952). Sem dúvida, o último estará na lista de leitura das minhas férias.

Horas depois, retornei à eles. Encorajei à mim mesma a ler um pouco dos livros em língua francesa.  Escolhi La Tulipe Noire:

Le 20 août 1672, la ville de la Haye, si vivante, si blanche, si coquette que l'on dirait que tous les jours sont des dimanches , (...)

 e para minha felicidade, leitor anônimo, eu entendi a frase acima. Por isso, fiquei empolgada para começar esta leitura. Mas antes, quero calibrar um pouco mais meu francês, e, deixarei esta leitura para ano que vem, e buscarei suporte junto à pessoas que compreendem melhor a língua do que eu.

Ça va! Mas há um livro, além dos quatro que mencionei, na foto acima. Trata-se de um livro se Sófocles chamado Édipo Rei. Fazia tempo que eu queria esse livro, então, quando o vi, ontem, na prateleira, não me demovi em comprá-lo. Acho que a maioria deve conhecer esta história: o enredo acontece em torno de um rapaz que teve seu destino traçado em matar o pai e casar-se com a mãe. Sabe-se como a história termina. E, esta história, me lembrou de uma frase em um livro de Tolkien chamado Contos Inacabados, onde o personagem Sador aconselha a Turin que:

... um homem que foge de seu medo pode descobrir que apenas pegou um atalho para encontrá-lo.

Outra citação que pode se juntar a esta encontra-se na Bíblia Sagrada, no livro de Jó 3:25:
Aquilo que temo me sobrevém, o que receio me acontece.


...achei muito aplicável à Édipo!

É isso aí, você que me lê.

Omnia Vanitas.




17 de dezembro de 2014

De Volta à Jane..



Estava eu fuçando o Facebook (sim, reativei minha conta por um determinado tempo) e vi um post sobre este filme muito fofo: "O Clube de Leitura Jane Austen". É um filme muito bem criado sobre um grupo de seis pessoas que se dispõem à ler, entre fevereiro e julho, um livro da escritora britânica.
Lembro que, esse ano, eu tentei fazer o mesmo e convidei duas amigas para entrarem nessa comigo. Infelizmente, somente eu, a nerd-mor, segui no projeto; porém, em Abril, depois de ler "A Abadia de Northanger", eu me entreguei à Dostoièvski e deixei Austen de lado. A folhinha com os meses e livros correspondentes ainda está no meu mural de recados, e lá permanecerá, pois, em 2015, eu quero começar e terminar esse projeto, sozinha. Boa sorte para mim! :)

Para quem se interessar pelo filme, esse é o link para assistí-lo, sinto muito, mas é dublado :(

Omnia Vanitas.



16 de dezembro de 2014

Hoje vai Ter uma Festa ..



Não posso deixar essa data passar em branco! Em dezesseis de dezembro de mil setecentos de setenta e cinco nascia Jane Austen, minha ídola (rs). 

Esta mulher é a responsável por arruinar e aniquilar a vida amorosa de tantas outras que sonham encontrar um homem como Mr. Darcy. Há outros, mas Darcy é superior na literatura da senhorita Austen.

Deixo, como registro desta data, a oração que faço à cada brinde:

Senhor, conceda-me o bom senso de Elinor,
a paciência de Anne, a sagacidade de Elizabeth.
Mas, acima de tudo, Senhor, conceda-me,
Mr. Darcy! Amém!

Sintonizando quem não conhece os nomes citados acima, esclareço:
Elinor Dashwood (de Razão e Sensibilidade)
Anne Elliot (de Persuasão)
Elizabeth Bennet (de Orgulho e Preconceito)
Mr. Darcy (de Orgulho de Preconceito)

E, para finalizar, a foto que abre este post é do filme Miss Austen Regrets - eu não curto ler biografias, então, às vezes, me permito assistir uma biografia. Este filme eu gosto.


Omnia Vanitas

Presentes ..



Antes da matinê de domingo, fui à casa da minha amiga BRK e ganhei três livros de presente! Quem tem amigos têm livros! (rs).

Eis aí, Presley, o Senhor dos Livros Não Lidos, posando com os meus novos livros.

Um deles eu conheço, de ouvir não de ler. Trata-se de Morris West. O livro é O Advogado do Diabo. Mas não se empolgue, leitor, não é esta obra referente ao filme estrelado pelo u-lá-lá do Keanu Reeves.

Outro livro é Os Buddenbrook, de Thomas Mann. Totalmente novo para mim. Só sei o que achei na internet! Conecte-se, leitor anônimo!

O último deles é um livro que eu vinha "ensaiando" comprar faz algum tempo. Mas, por se tratar de uma obra longa, eu nunca consegui dar o primeiro passo. Veja só, fizeram por mim (rs). Trata-se de As Mil e Uma Noites, que conta a história da intrépida Xerazade que envolve seu sultão com histórias para manter-se viva! (já que ele matava na manhã seguinte a mulher com quem passava a noite).  Xerazade deu um "olé" e por mil e uma noites, seduziu o sultão com suas histórias. Estou com o primeiro volume da primeira parte.

Adorei todos os livros e estou curiosa para lê-los. Porém, não meu iludo, quieto leitor, pois tenho mais de cem títulos para ler além dos que recebi no domingo.

Então, 'bóra respirar fundo e continuar a leitura!

Ominia Vanitas.

Lá e de Volta Outra Vez ...


Domingo eu fui ao cinema assistir ao último filme da trilogia O Hobbit! Peter Jackson é incrível! Porém, ... sempre há um "porém" quando um livro é transformado em filme; pórem, eu senti falta de algumas coisas que poderiam ser adicionadas, como o final da cidade de Valle, onde Bard se tornou governador. Criar três filmes e não se dar ao "luxo" de colocar um final decente para a cidade, eu achei, no mínimo, de mau gosto.

Primeiro, deixe-me dizer-lhe uma coisa, anônimo leitor, eu não vou segurar a escrita, portanto, escreverei sobre os finais que vi e li. Portanto, se ainda lhe interessa assistir ao filme ou conferir o livro, pare por aqui, ça va?



Voilá! Continuo... Se Peter Jackson (PJ) tivesse tirado duas ou três peripécias do elfo Legolas, a cidade do Valle poderia ser lembrada. Nada contra o Legolas, gosto dele, mas lá onde ele tem que estar, na trilogia O Senhor dos Anéis, oras bolas!
Então, PJ colocou o Legolas e mais uma moça inventada pela imaginação dele, chamada Teruel. O filme terminou e a moça ficou solta por lá. O que houve com ela? Ficou abraçada ao anão Killi por toda sua eternidade? Ficou vagando pela floresta chorando o seu coração partido? Fugiu com o Legolas?

E o Legolas? PJ fez ele procurar por Passolargo (vide o livro O Senhor dos Anéis) sessenta anos antes de ele o encontrar no Conselho de Elrond (livro um da trilogia SdA).

Voltando ao Killi, muito obrigada, PJ, por matar quem deveria morrer: Filli, Killi e Thorin. Eu achei que o último seria salvo, mas o diretor manteve os três anões mortos. E, confesso, a morte de Thorin me comoveu tanto no livro quanto no filme. Muito linda a cena! Adorei!

Abrirei seus olhos, leitor, sobre a cena final de Gandalf e Bilbo Baggins. O hobbit nunca mencionou estar em poder do Um Anel - Gandalf apenas desconfiava. A dúvida foi sanada somente sessenta anos depois quando Bilbo parte para junto dos elfos, em Valfenda. Pequenas coisas que não se encaixam com a trilogia que o próprio PJ dirigiu!

E Galadriel? Uau! Cena inventada pelo PJ que eu adorei! Ô mulher braba da peste! Colocou Sauron, servo de Morgoth (leia o Silmarillion e entenderá a referência) para longe. Ainda nesta cena, Saruman lutando contra os Cavaleiros Negros - quando ainda era "do bem". Gostei! Gostei muito!
E Elrond? Made de Dios..que espetáculo! Esse homem vestido com armadura de guerra me deixa de perna mole! (hahaha). Cena espetacular! Ah! Nota: Elrond é genro de Galadriel e foi ele que amparou a sogra quando ela terminou de "duelar" com Sauron.

Deixe-me contar-lhe, oculto leitor, sobre os devaneios que tive no cinema - às vezes me pergunto quando irão me expulsar de uma sala de cinema por justa causa.

Como se manter quieta quando Legolas supera toda a sua audácia em pular de um lado para o outro. Juro que levei um susto quando Killi morreu, pois achei que Legolas o salvaria - mas não o fez. Depois dessa cena, a mais bela obra do elfo acrobata foi derrubar uma torre para servir de ponte para chegar até Teruel! Eu ri litros! Adorei a cena, juro! 

Se o filho é um ótimo truão, o pai não fica para trás. Thrandruil, o rei da Floresta das Trevas, têm suas cenas. A melhor, na minha opinião, é quando ele cai do seu alce-cavalo (?) e o cabelão real faz um movimento no melhor estilo "L'Óreal". Porém, a sua ruína acontece quando anão, primo de Thorin, o chama de "fadinha da floresta". Hilário, PJ!

E Richard Armitage? Meu deus, este homem é um troço de bom, não é? Vestido de rei ele está um espetáculo. Louco ele é maravilhoso, mas ele é divino quando corre para a batalha! Desculpe, leitor anônimo, mas preciso confessar, eu assobiei em elogio à Thorin (Richard Armitage) quando a cena dele entrando na batalha aconteceu! Senhor...quéquéisso!

Enfim, gostei do filme; na verdade, dos três filmes - mas o meu preferido será sempre o segundo: A Desolação de Smaug. Eu esperei muito para ver esse dragão e fiquei mais agradecida pela linda cena onde ele aparece dourado! Foi maravilhoso! Foi espetacular!

Ah! Ia esquecendo de mencionar o quanto algumas pessoas ficaram desoladas porque Smaug morre no início. Mas é assim mesmo, tá! Não  leu o livro e agora fica remoendo ódio porque o bichano bate as botas no início. Se tivesse lido o livro, leitor, saberia que não é animal o empecilho para os anões, mas a ganância por ouro, riqueza, dinheiro - o mesmo mal que nos ataca hoje. Então, antes de "julgar" Thorin por seu amor pelo ouro, coloque-se na situação dele... mas deixa isso para lá! Gostei do filme! 


14 de dezembro de 2014

Villette e a igreja..



Nesta tarde de sábado, enquanto me permitia a fotossíntese, li um trecho de Villette, de Charlotte Bronte, que me chamou a atenção. O livro é uma graça! Um pouco pessimista, talvez, mas uma obra brilhante e rica em detalhes. As irmãs Brontë, assim como Jane Austen, conseguem perscrutar o caráter humano em seus mínimos detalhes e nos fazem olhar para nós mesmos, leitor, e pensar "que tipo de ser humano sou eu?". Certa vez, conversando com a minha mãe, eu comentei que geralmente os personagens (sejam eles de Jane Austen ou das Brontë) que mais odiamos são aqueles que tem uma personalidade muito próxima da nossa: são fofoqueiros, ignorantes, hipócritas, arrogantes etc. As heroínas destas escritoras são seres quase sobrenaturais e, logicamente, dotadas de uma visão muito mais apurada sobre o que é verdadeiro e notável.

Mas deixo o blá-blá-blá  de lado e registro, abaixo, o trecho que gostei; segue:

Esta escola era um estranho mundo pequeno, travesso e barulhento. Faziam-se os maiores esforços para esconder correntes com flores. Uma essência sutil de romantismo se infiltrava em todo o arranjo, uma larga indulgência sensual (se assim posso expressar) era autorizada para contrabalançar a severa opressão espiritual. Cada mente era criada na escravidão, mas, para evitar que a reflexão habitasse sobre este fato, aproveitavam-se e tirava-se partido de todos os pretextos para a recreação física. Ali, como em toda a parte, a Igreja se esforçava para criar os filhos robustos no corpo, débeis em almas, irracionais e longe de quererem questionar: "Comer, beber e viver!". Dizia ela, "Olhai pelos vossos corpos e deixai suas almas comigo. eu as curo e as guio; garanto o seu destino final". Uma pechincha, em que cada verdadeiro católico considera-se um vencedor. Lúcifer oferece as mesmas condições...Tudo isso te darei se, prostrado, me adorares.

13 de dezembro de 2014

Da Praça ...


Estava eu folheando o jornal nesta manhã, à procura das palavras cruzadas para distrair, quando li essa reportagem. Achei interessante e estou pensando em passar em uma livraria para adquirir a obra deste conterrâneo meu.
O texto abaixo foi escrito por Suelen Soares para o jornal Notícias do Dia, de Joinville.

O cenário português inspirou o bancário e escritor Tercio Bernardes. Ele lançou neste sábado o livro "O Cerco - A luta contra a Coroa", na Livraria Midas, em Joinville.O livro contém 15 ilustrações de página inteira, feitas à mão em grafite pelo artista joinvilense Fabrício Silva, cuja obra de referência na cidade é a pintura dos azulejos da entrada Faculdade Cenecista de Joinville. Bernardes conta que a ideia do livro surgiu há dez anos, quando ainda residia em Portugal. As paisagens medievais e suas muralhas alavancaram a vontade de escrever o que, segundo ele, mistura ficção e fantasia. “É como se os personagens estivessem em um mundo paralelo,que prende a atenção do leitor", explica o autor.
O personagem principal é Alman, que lutou desde a infância para estabelecer seu reino no mundo áspero dos filhos e filhas de Homem. Desde os primeiros confrontos até batalhas sangrentas, edificou para si um trono invejável, cercado de muralhas belas e colossais. Tudo parecia bem, até a aparição de incomuns peregrinos e de seu misterioso livro. Quando a neblina indissolúvel, que estratégias em combater sem enxergá-los. Mas, afinal, quem é esse lá fora, às portas da cidade? "O Cerco - A luta contra a "O Cerco - A luta contra a Coroa";estará a venda no lançamento, a R$ 25,00, após, estará disponível na Livraria Midas e na Rema.


Outro autor que está em destaque nesta coluna por seu livro é Ayrton Brandão por seu trabalho em "A Sombra do Cinamomo". Suelen Soares assim escreve:

A Sombra do Cinamomo se passar em Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, em 1860, tendo como pano de fundo as lembranças e o retrato de uma das maiores guerras que assolaram o país: a Revolução Farroupilha. A trama conta a busca incessante de Inácio Escarenha por respostas ao desaparecimento de seu pai e da conquista do amor de Adelaide, que está prometida em casamento ao capataz uruguaio González. Como cúmplice de um passado ferido, na frente da casa que dá vida aos personagens, um velho pé de cinamomo com seu tronco rugoso, castigado, mas ainda exalando flores nos ares primaveris.
Para comprar um exemplar, entrar em contato diretamente com o autor pelo email airton-brandão@bol.com.br ou pelo telefone (47) 8446-9279.

11 de dezembro de 2014

Um Novo Título..



Ontem, ao chegar em casa, lá estava ele, em cima do meu aparelho de vinil, esperando para ser aberto.
Voltei a ter o título "O Fio da Navalha" de Somerset Maugham.

Esta história, para mim é fantástica. Larry é, de longe, um dos personagens de Maugham por quem mais me apaixonei. 

Larry (Laurence Darrel) participou como aviador na Primeira Guerra Mundial e teve a sua vida transformada com a morte de seu colega.

         Os mortos parecem tão irremediavelmente mortos quando mortos.

..foi o que ele disse a sua noiva, Isabel, durante um piquenique. A morte do amigo fez Larry olhar para a vida e se perguntar o que poderia ser absorvido dela. Trabalhar? Larry queria vadiar. Foi para Paris, ainda noivo de Isabel, e lá passou uma temporada bem simplória - longe do luxo e lixo que compunham a sociedade (contemporânea a Larry e a nós).

Eu fiquei completamente apaixonada por Larry. As viagens que ele fez, da forma que as fez; as culturas que conheceu; a línguas que aprendeu. Tudo em Larry é encantador - impossível não se comover com sua vida e sua paixão.

Por isso, ao ter presenteado um conhecido com meu primeiro exemplar, não pude mais ficar sem ter um comigo. Este, da foto, datado de 08/10/1945, é todinho meu - e não me desfarei dele, jamais!

Omnia Vanitas

9 de dezembro de 2014

Acusada de Amar ..



Domingo foi aniversário da minha irmã número quatro. Então, a irmã número três resolveu comprar um bolo (estilo mega produção) para celebrar a data da posterior. Até aí, tudo certo.
Então, eu resolvi fazer uma produção caseira. Peguei meu caderno de receitas (onde há mais papel avulso do que receita escrita) e escolhi uma torta salgada para acompanha o dito bolo.

Tirei um tempinho de domingo à tarde para fazer isso. A receita, realmente é bem simples. Segue:

- três ovos inteiros
- duas colheres de amido de milho (sempre uso três)
- duas colheres de requeijão (a receita pede light, mas eu não faço isso)
- uma colher de fermento de bolo (eu coloco duas colheres para garantir)
- frango refogado à sua moda ou carne moída bovina à sua moda.

Misture os quatro primeiros ingredientes. Não seja preguiçoso, anônimo leitor, e bata tudo à mão (esqueça a batedeira). Depois de tudo misturado com boa vontade, inclua o recheio de sua preferência. No dia em questão eu fiz de carne bovina porque não estava à fim de desfiar frango - domingo, né! Unte uma refratária média e despeje todo o conteúdo misturado nela.

Vinte minutos de forno e pronto - é só comer. Simples. Fácil. Prático.

Depois de pronta a dona torta, eu fui assistir meus desenhos do Pica-Pau e sua Turma e cochilar um pouco - ninguém é de ferro.
Quando acordei a família trapo estava toda reunida na cozinha; alguns até já haviam tomado café. Cumprimentei todos os presentes e, então, eu me sentei à mesa para comer. Antes mesmo de eu tocar na minha tortinha, minha irmã número dois acusou:

- Está apaixonada, (apelido de casa)?
- Eu não, porque?
- Porque sua torta está bem salgada!
- Acho que é o fulano! - a número três comentou.
- Quem? Você está doida, mulher? - retruquei.
- Opa! Vamos conhecer alguém? - meu cunhado perguntou.
- Meu deus, não há ninguém! É por isso que, geralmente, não tomo café com vocês! - respondi e provei minha torta.
- Não está salgada! Está muito gostosa por sinal.
- É verdade! Está uma delícia! - minha irmã primogênita disse, aprovando minha receita.

Final da história, não sobrou torta! Ela foi completamente devorada. Fora as duas ofensas à pobre receita, todos aprovaram o acompanhamento ao bolo da aniversariante. Logo, chego a conclusão que não estou apaixonada por usar sal (que foi na quantidade certa), mas elas que são insípidas! Há!

Nota da receita: o sal que eu adiciono é no refogado, não na massa, ça va?

Omnia Vanitas

Troca -Troca..




Creio que não preciso comentar mais o quanto sou adepta de livros usados! Sou a favor da leitura sustentável, da troca informal da boa literatura.
Dias atrás, através da ferramenta Skoob - um lugar onde bookworms sentem-se em casa - eu troquei livro com um garoto de PoA. Nada demais até aí. Fizemos a troca no estilo troca x troca (sem usar o Plus); eu enviei O Idiota (Dostoiésvki) e ele mandou O Mágico (Somerset Maugham). O que chamou minha atenção foi quando ele recebeu meu livro, ou melhor, meu ex-livro. Ele deixou um recado no meu perfil em agradecimento. Até aí, tudo bem, também, pois é o que os skoobers geralmente fazem.
Mas o que me deixou encantada foi a forma de ele escrever. E, por isso, vou deixar esse registro aqui!! Segue:

"Chegou chegou chegou chegou chegou!!!!!!!!!!!!!!!

Uhuuuuuuul…

Guriaaa… adorei o livro… super bem cuidado… parabens… encapadinho… lindo lindo…

Fora as notas que tu fez… os meus melhores livros sao todos rabiscados com alguma coisa de referencia ou oq eu entendia do texto na epoca que li…

Livro bom eh livro com historia… obrigado Adelita!!!!!!!

Bjos!!!!”

Omnia Vanitas.

3 de dezembro de 2014

Quem é você? ..


Fim da prova de língua francesa, pude voltar a ler meu livro Villette

Enquanto lia, na ida ao trabalho, encontrei um trecho interessante, segue:

"O homem é demasiado romântico e dedicado e espera de mim mais alguma coisa do que eu acho conveniente. Ele acha que sou perfeita: provida de todas as espécies de boas qualidades e sólidas virtudes, que eu nunca tive, nem pretendo ter. Mas, na sua presença tenho que ser tudo aquilo que ele espera para justificar a sua opinião sobre mim. E, isso  tanto uma pessoa! Ser ingênua e falar sensatamente, porque ele julga, realmente, que eu sou sensata. Estou muito mais à vontade contigo, velhota....Com você, querida crosspatch, rabugenta...que me toma pelo pior lado e sabe que sou coquette, ignorante, namoradeira, volúvel, tola, egoísta e todas as coisas doces que ambas concordamos fazerem parte do meu caráter" (p.124/125).
Essa é a declaração de Ginevra Fanshawe sobre seu admirador Isidore - que julga amá-la.

A afirmativa da aluna de Lucy Snowe fez-me lembrar de outro post em outro blog sobre a Noiva Frankenstein. Escolhemos o modelo ideal para amar e tiramos um pouco dali outro pouco de lá e construimos a "pessoa perfeita". Costuramos o próximo para que ele seja da forma que queremos e, se a obra não sai conforme queremos, imitamos o gesto do Dr. Victor Frankenstein e fugimos da nossa criação, deixando-a à deriva, em busca de explicações. 
Lembro-me de outro personagem literário, Kitty Fane, esposa do Dr. Walter Fane em "O Véu Pintado" de William Somerset Maugham. Como foi angustiante para Kitty viver a vida que Walter decidiu que ela deveria ter. Ele nunca a amou, apenas criou em seu mundo uma Kitty que ela nunca desejou ser. Falhou miseravelmente em amá-la como ela é. Ambos infelizes até o último momento juntos.

Pessoas possuem erros. Pessoas decepcionam. Ou encaramos essa verdade universal ou seremos frustrados e enganaremos outras pessoas. Amar não é moldar conforme "eu quero" mas aceitar o outro "como ele é" - esse é o desafio de "amar ao próximo".

Então, sinto muito por você Isidore pois sua Miss Fanshawe irá frustrá-lo no seu pseu-amar.

Omnia Vanitas.

1 de dezembro de 2014

Soeur! ..


Veja só, você que me lê, que lindo presente eu ganhei no sábado!

Eu estava na fila de uma livraria (e não comprei livros, apenas capa para eles) quando, a minha irmã que me acompanhava, veio com esta belezura nas mãos!

- Olha só! Dezenove e noventa!
- Ai, meu deus! França! Que lindo!
- Pegue, é meu presente de Natal para você!

Delírio completo! Fiquei na fila, folheando o meu presente, lendo trechos que terei o prazer de ler por completo depois! E, durante minha rápida vista neste livro, achei meu amado Dumas... Que leitura maravilhosa será!!! E minhas férias são tão curtinhas! Porque? Porque? Porque?

Sábado, realmente, foi um dia de boas surpresas! :)

Omnia Vanitas.

29 de novembro de 2014

Bailinho ...


Bom dia, querido leitor! Veja só até onde pode chegar a insanidade de uma mulher!

Tive a tarefa de comprar livros para minha mãe! PARA MINHA MÃE!! Mas como eu poderia entrar em um sebo e ficar indiferente à minha atração por boas obras? 

Eu já havia escolhido para minha mãe "A Procura da Felicidade" (Chris Gardner) - que deu origem ao filme estrelado por aquela coisa linda do Will Smith - e para mim "A Taça de Ouro" de Henry James. Prateleiras adiante eu achei um para ela "A Montanha e o Rio" de Da Chen - eu uso com a minha mãe o mesmo sistema que uso comigo: não importa se o autor é desconhecido ou não é "best seller", arrisco comprar pelo prazer de ler algo diferente da maioria. Com Da Chen eu fiz isso. Achei para mim um livro do Jack London "De Vagões e Vagabundos". Eu sabia que minhas escolhas não eram  equivocadas pois Henry James e Jack London são à prova de qualquer erro.

Mas daí, eu achei o homem da minha ruína: Stephen King. Na minha cesta de Livros Não Lidos, o sobrenome dele faz jus à situação que ele ocupa entre outros: é Rei da cestinha.

Lá estava eu com "Dança Macabra" nas mãos e olhando, de maneira cobiçosa, para "A Dança da Morte" e, de repente, minha visão alcança "Sob a Redoma". Senhor! Que loucura!!! O que fazer? Quais escolher?  Fato que ainda não mencionei é que, na entrada, no expositor de mesa, estava "Dumas Key" sorrindo para mim. Tantos King dizendo ao meu coração "Leve-me! Adelita, leve-me!". Como é difícil escolher um filho preferido, mas foi necessário ou meu orçamento, tão debilitado, ficaria precário.

Aí estão, na foto, minha ruína em uma simples compra que nem era para ser minha. 

Para finalizar a compra para minha mãe, escolhi "Lago dos Sonhos" (Kim Edwards) - autora que ela já leu outras obras; e, "Vale a Pena Arriscar" do filho de Rosamunde Pilcher, Robin. 

E foi assim, anônimo leitor, que minha lista de Livros Não Livros somou mais duas obras em espera! :) 

Omnia Vanitas.

28 de novembro de 2014

Le Père ...


Je toujours lit le père, non le fils. Pourquoi? Je ne sais pas, mais j'aime tout le oeuvre de Dumas père, et je lit beaucoup le livre de lui.
Je n'ai pas interresse pour le fils, mais je sais que lui est bon aussi. Un jour, peut-être, je commence a lire Dumas fils aussi.
 Se liga, leitor anônimo, no meu francês! Suado, mas consegui. Minhas aulas de língua francesa não são somente risada, piada e comida... A gente estuda, também, e muito!

Mas tudo isso foi para dizer que, hoje, eu comprei duas obras do meu  amado Xandão Dumas EM FRANCÊS!!!! 
Claro, sei que minha leitura ainda é lenta e minha compreensão em francês também, mas aaahhh eu estou lendo um livreto para as aulas de francês (em francês, claro) e pensei:

- Ah! Eu quero Dumas! Mas Dumas de verdade! (não em  livreto).

Então, comprei "La Tulipe Noire" e "L'Histoire D'un Crime". São obras de Dumas que eu nunca li antes, então, será totalmente fresquinha estas histórias pour moi! rs Que maravilhosa aventura será esse desafio em ler Dumas em língua francesa!!! Abandonner, jamais!

Para aqueles que tiverem interesse na obra L'Histoire D'un Crime, este é o link para o livro em PDF.

Au revoir, mes amis!
Tous Vanité! :)


26 de novembro de 2014

Complemento de Leitura ..


Olá, quem me lê!! :)

Ontem, depois um dia mega cansativo de trabalho, fui recompensada com a chegada deste querido livro: Papisa Joana, de Lawrence Durrell. Eu sei que eu já li um livro com o mesmo título, mas este foi escrito em 1886 e  sua publicação ocasionou a excomunhão do autor da igreja.
Logo, em relação ao livro de Donna W. Cross, este é o proto de Papisa Joana.

Por enquanto, ele ficará sob a tutela do Presley - O Senhor dos Livros Não Lidos. Assim que todos os outros permitirem, eu o lerei!

Au revoir!
Omnia Vanitas.


25 de novembro de 2014

Platão, volume I



Veja só, eu me aventurando pelas linhas da filosofia!

A intenção não era trilhar o caminho sozinha mas, nada aconteceu como o planejado e cá estou eu, percorrendo por esta estrada tão desconhecida para mim.

Fiz de Platão minha Leitura de Domingo. Porém, não é possível ler um livro deste filósofo em apenas um domingo e achar que entendi tudo (rs). Comecei domingo passado (16) e reli no último domingo (23). E a releitura foi muito agradável! Alguns pontos que pareciam um pouco "obscuros" foram clareados na segunda tentativa - ainda brinquei em casa dizendo que "...se eu acho que estou entendendo Platão, é porque não o estou compreendendo". E, ao final da minha leitura do Livro I de A República, termino como ele dizendo: só sei que nada sei.

 É estranho pensar que depois de uma leitura tão complexa (para mim) eu não consiga chegar à um ponto final. Acho que filosofia é isso - permitir pensar a todo o instante sem querer fechar o ciclo, pois pensar não é chegar ao ponto final mas seguir adiante sempre.

Bom, deixe-me colocar minha impressões aqui, anônimo leitor. Espero que eu não esteja destruindo esta obra do fundamento filosofal.

Primeiro preciso dizer que é muito estranho ler Platão e, de repente, a narrativa fala de Sócrates (?). Então, eu descobri que este livro faz parte dos "Discursos Socráticos" de Platão, logo, o seu mentor, Sócrates, tem o palco somente dele. E, para outros iniciantes como eu, esclareço: Sócrates foi mentor de Platão que foi mentor de Aristóteles.

Continuando: neste primeiro livro de A República, Platão esta apresentando um sociedade ideal baseada na justiça. O discurso começa quando uma visita - inquirida - à Céfalos acontece. Quando o ancião fala sobre a morte e suas ansiedades, ele entra no quesito da Justiça/Justo. 

E aquele que encontrar em sua vida pregressa muitas maldades intimida-se, seja acordando numerosas vezes durante a noite, da mesma forma que as crianças, seja esperando alguma desgraça. Ao contrário, aquele que sabe não haver cometido injustiças sempre alimenta uma doce esperança, benévola ama da velhice, (...)

O velhinho põe o fogo na lenha e vai embora, deixando Sócrates e Polemarco (o herdeiro do discurso) conversando sobre o que é justiça, quem é justo, como definir o que justo e justiça etc.

Eu entendi, na conversa entre os dois, que ser justo (não parecer ser) é, algumas vezes, algo indispensável. Em negócios, transações ou no simples dia-a-dia, há situações em que o justo é dispensável. Ele só serviria para  situações inúteis - assim, através das perguntas feitas à Polemarco e das respostas que este deu, chegou-se, inicialmente, a esta ideia.

Logo, meu amigo, a justiça é muito pouco importante, se ela se aplica somente a coisas inúteis. (Sócrates)

Outra concepção foi abordada: o justo faz justiça somente aos amigos? E ao inimigos? É capaz do justo ser bom somente com os amigos? E, se por acaso, seus amigos estiverem agindo de forma injusta, você estaria elogiando a injustiça em detrimento à justiça que seus suposto inimigos fazem?
Logo, a justiça não deve ser aplicada somente à uns, mas a todos. Será?

Então, para numerosas pessoas, Polemarco, que se enganaram a respeito dos homens, a justiça significará prejudicar os amigos — sendo que possuem amigos maus — e ajudar os inimigos — os quais, em verdade, são bons .
Amigo é aquele que parece e realmente é honesto. Aquele que parece honesto, mas não é, apenas aparenta ser amigo, sem sê-lo. A definição é a mesma a respeito do inimigo. (Polemarco)
 Por outro lado, não pode o justo deixar de ser justo. Se o caráter é exprimir justiça, ele não consegue fazer vilanias à outro se a situação lhe convier.
E, então, chega-se a outra verdade de Platão, o ser e o parecer - que não foram discutidos neste livro, mas até onde li, é algo presente na literatura deste filósofo. Ainda não o entendi completamente, então, fica um pouco complicado explicar além disso.

Entre os ouvintes da palestra estava Trasímaco. Este ficou observando a conversa dos dois e ficou com comichão para interferir. E, na primeira oportunidade, o fez.

Que tagarelice é essa, Sócrates, e por que agis como tolos, inclinando-vos alternadamente um diante do outro? Se queres mesmo saber o que é justo, não te limites a indagar e não teimes em refutar aquele que responde, mas, tendo reconhecido que é mais fácil indagar do que responder, responde tu mesmo e diz como defines a justiça. E abstém-te de pretender ensinar o que se deve fazer, o que é o útil, proveitoso, lucrativo ou vantajoso; exprime-te com clareza e precisão, pois eu não admitirei tais banalidades.

Com essa sutilidade, Trasímaco entrou na conversa. Quis ele, e a assim o fez, dar a sua contribuição para a palestra, ou melhor, quis desmerecer àqueles que antes conversavam enquanto ele ouvia. Porém, na fala deste irado locutor, encontra-se o fundamento da filosofia de Sócrates: perguntas e respostas simples acerca de ideias complexas.

Trasímaco é maravilhoso. Além de ele interromper uma conversa, desmerece os que antes dialogavam. Ele nem fica tímido em expressar toda a sua ira por Sócrates, fala "na lata":

E esta a sabedoria de Sócrates: recusar-se a ensinar, ir instruir-se com os outros e não se mostrar reconhecido por isso!
Eu duvido que ele tinha algum amigo (rs), mas não é sobre isso que quero falar, continuo com Trasímaco à partir da conversa que ele interrompeu sobre o assunto "Justiça". A definição deste pensador é esta:

Aqui tens, homem excelente, o que afirmo: em todas as cidades o justo é a mesma coisa, isto é, o que é vantajoso para o governo constituído; ora, este é o mais forte, de onde se segue, para um homem de bom raciocínio, que em todos os lugares o justo é a mesma coisa: o interesse do mais forte.
Logo, para Trasímaco, a justiça está sempre a favor do forte, nunca do oprimido. Sócrates não contestará, mas apresentará circunstâncias que tornam a afirmativa abjeta.  E, neste vai e vem de perguntas, Trasímaco se confunde:

Não concordamos que, às vezes, os governantes se enganam quanto ao que é o melhor, impondo determinadas leis aos governados? E que, por outro lado, é justo que os governados obedeçam ao que lhes ordenam os governantes? (Sócrates)

Então, Sócrates apresentará uma contra-opinião (sem ir contra, apenas refletindo). Lê-se:

Se me perguntasses se é suficiente ao corpo ser corpo ou se tem necessidade de outra coisa, responder-te-ia: Certamente que tem necessidade de outra coisa. Para isso é que a arte médica foi inventada: porque o corpo é defeituoso e não lhe é suficiente ser o que é. Por isso, para lhe proporcionar vantagens, a arte organizou-se’. Parece-te que tenho ou não razão?

Logo, na aplicação da ideia de Trasímaco, Sócrates rebate com o exemplo acima, declarando que o corpo humano é quem rege a medicina, e não o contrário. A medicina está à favor do corpo, logo, conforme a explicação de Trasímaco, o forte (governo) deve ser submetido ao fraco (governado).

Sendo assim, Trasímaco, nenhum governante, seja qual for a natureza da sua autoridade, na medida em que é governante, não objetiva e não ordena a sua própria vantagem, mas a do indivíduo que governa e para quem exerce a sua arte; é com vista ao que é vantajoso e conveniente para esse indivíduo que diz tudo o que diz e faz tudo o que faz.

Daí vira bagunça! (rs). Trasímaco apela, descaradamente, para a posição inversa da sua fala pelo simples prazer de "derrubar" Sócrates.

(...) acreditas que os governantes das cidades, os que são realmente governantes, olham para os seus súditos como se olha para carneiros e que objetivam, dia e noite, tirar deles um lucro pessoal. Foste tão longe no conhecimento do justo e da justiça, do injusto e da injustiça, que ignoras que a justiça é, na realidade, um bem alheio, o interesse do mais forte e daquele que governa e a desvantagem daquele que obedece e serve; que a injustiça é o oposto e comanda os simples de espírito e os justos; que os indivíduos trabalham para o interesse do mais forte e fazem a sua felicidade servindo-o, mas de nenhuma maneira a deles mesmos.
O convercê não mudará. Ambos refutarão as ideias de um e outro, mas quando Sócrates tenta fechar a ideia, bom...

(...) lancei-me numa discussão para analisar se ela é vício e ignorância ou sabedoria e virtude; tendo surgido em seguida outra hipótese, a de saber que a mjustiça é mais vantajosa do que a justiça, não pude evitar de ir de uma para outra, de modo que o resultado da nossa conversa é que não sei nada; porquanto, não sabendo o que é a justiça, ainda menos saberei se é virtude ou não e se aquele que a possui é feliz ou infeliz.
Parece desanimador fechar uma leitura com a ideia acima, mas, afinal de contas, penso eu, será que conseguimos chegar à verdade sobre o que é justiça/injustiça sem pesar a própria satisfação?

Ominia Vanitas
Venha Livro II

21 de novembro de 2014

Baggins? Sure I know a Baggins...


"Eis-que" chego em casa, ontem, e me deparo com um embrulho em cima da cristaleira. Pelo formato, percebi que era um livro. Um livro? Mas eu não havia encomendado nenhum! O que poderia ser?

E, para meu deleite, o remetente era, ninguém mais ninguém menos, que  BILBO BOLSEIRO! hahahaha

E eu pensei uma vez e na metade da segunda tentativa eu já tinha sacado de quem se tratava!!! 

Meua-migo adorei o presente! Nada melhor para uma iniciante de filosofia do que ler sobre um assunto que ama "misturado" com filosofia!   E já o primeiro capítulo me deu "ânsias": Descubra o Tûk dentro de você

Logo que eu terminar de ler Platão - espero que ele não acabe comigo antes (rs), lerei com muito prazer seu presente! Obrigada! 

Omnia Vanitas.

O caso do cachorro ..

 Olá, esquecido leitor !   Apesar de passar muito tempo longe deste blog, tentei voltar algumas vezes mas o tempo nem sempre está do meu lad...