29 de dezembro de 2014

O Professor ..




Preciso dar algumas explicações antes de começar a escrever sobre O Professor de Charlotte Brontë.  

Primeira explicação, a foto! Trata-se da imagem do filme de Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida. É uma cena, na minha opinião, clássica! Quem nunca se apaixonou pelo professor? Meu deus, eu várias vezes..Professor de Ciências na sexta-série, de Educação Física na Sétima, de Literatura Portuguesa em Letras... Mas nenhum deles se compara a Henry Walton "Indiana" Jones Jr. Uma graça! E, para quem não notou, está escrito "Love You" nas pálpebras da estudante enamorada.


Segunda explicação: eu lembrei muito de outro professor de Charlotte Brontë, o meu querido Luís Moore. Este personagem faz parte do livro Shiley; eu o conheci em Março de Dois mil e Treze, durante uma série de leituras Brontëanas que fiz naquela época. Deixei uma lembrança de Luis Moore, em duas partes, que já publiquei neste blog: parte I parte II . Sempre que eu faço uma faxina nos livros, Shirley é aberto no capítulo Vinte e Seis para "matar" minha saudade deste professor.

Agora, vamos ao livro.

A apresentação da família Crimsworth lembrou muito outros dois irmãos: Roberto e Luís Moore. Sim, o professor Moore esteve em meus pensamentos durante toda a narrativa de O Professor. Primeiramente, porque em Shirley também um irmão trabalha na indústria e o outro é professor. Roberto é muito ativo na área industrial - que está em expansão na Inglaterra e, Luis, é o ex-professor de Shirley que visita à ex-aluna junto com a família do seu atual pupilo. 
A diferença entre essa dupla de irmãos é que entre os Crimsworth o convívio era impossível entre ambos, o que não aconteceu entre Roberto e Luís.

O Professor é um livro muito tranquilo para ler. Pela primeira vez eu tive a oportunidade de ler uma narrativa Brontëana na perspectiva de um homem, pois todo o livro é narrado por William Crimsworth, o professor. 

Um personagem que me cativou foi Hunsden Yorke Hunsden. Ele pareceu à mim  uma espécie de duende travesso que cruzou a vida de William. Muito matreiro e interessado na vida desde desaventurado professor. Deixo, abaixo, apenas duas passagens que afirmam meu dito anterior:

Tenha cuidado! Não sabe o dia nem a hora em que chegará o seu ... (como não quero blasfemar, deixo a palavra em branco).

Hunsden é assim, chega sem ser convidado, falo sobre o que não foi questionado e não está nem aí se o ouvinte gostará ou não dele pelo que disse. Outra cena que gostei foi a seguinte:

A gente sente uma espécie de estúpido prazer, quando dá bombons a uma criança, guizos a um louco, um osso a um cão. Fica-se recompensado, vendo a criança sujando a cara de açúcar, como o louco fica extasiado, imaginando outro louco mais louco que ele, observando a avidez com que o cão se atira ao osso. Oferecendo a William Crimsworth o retrato de sua mãe, dou-lhe bombons, guizos e um osso, tudo ao mesmo tempo. Lamento apenas não estar presente para contemplar o resultado da oferta. Teria acrescentado cinco shillings, ao preço da compra, se o avaliador me houvesse garantido esse prazer. 
Não pense, caro leitor, que estes dois cavalheiros eram amigos. Nunca houve dois opostos tão próximos por nada. Hunsden condenava a vida que William escolheu para si, também não aprovou a esposa que William escolheu e, por toda a sua vida, importunou o casal Crimsworth permitindo-se a aventura de "desvirtuar" o filho do casal, Victor. Hunsden nunca se casou - um solteirão convicto. Jurava estar procurando a mulher ideal, quando, na verdade, na minha opinião, não tinha caráter forte o suficiente para assumir aquela que era dona do seu coração. 

Se comparado à Villette, O Professor é uma leitura bem doce, com um final feliz e um casal de sucesso - com direito a filho e tudo mais.

Portanto, quero ressaltar duas coisinhas que chamaram minha atenção. 
Primeiro, houve beijo na boca! - o que  é raro acontecer um romance deste gênero. Das três irmãs, a mais "ousada" foi Anne Brontë em sua Moradora de Wildfell Hall, quando a protagonista pede a mão do amado Gilbert em casamento. Moribunda safadénha! (rs)
Segundo, em O Professor, algo me surpreendeu: William permitiu que Frances continuasse na função de professora mesmo após o casamento. Pensei, cá comigo, que quando uma criança nascer ele a tornará uma exemplar dona de casa victoriana. Acredite, querido leitor, ele a manteve ao seu lado como professora. Um exemplo de marido, hein! Quase perdeu para Mr. Darcy - só que não! (rs).  

É isso, leitor! Hoje começo minha leitura de Ah King, do meu amado amante Somerset Maugham.

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