30 de outubro de 2019

Trigésima terceira leitura..



Olá, leitor !!

Colocando minha penúltima leitura em publicação.

Esta é minha terceira leitura de A Filha do Papai Pelerine de Maria Gripe. A primeira aconteceu na época a adolescência e a segunda foi em 2017. Por pura coincidência, nesta terceira leitura eu comecei na mesma data que segunda. 

A Filha do Papai Pelerine conta a história de Luela, uma pré-adolescente que mora em uma cabana na floresta com seus irmãos gêmeos menores. Ela busca o sustento para eles e recebe ajuda de dona Aldina Petterson e Frederico Olsson. 
A mãe de Luela viaja e navio por vários países e o pai ela não conhece. Mas ela tem Papai Pelerine.

Talvez a psicologia consiga responder melhor, e também explicar, a presença do espantalho Papai Pelerine. A menina chama a si como Luela Pelerine - mesmo a mãe tendo o sobrenome Nilsson e do pai Persson.
Papai Pelerine foi confeccionado por Luela para espantar seus inimigos. Ela o veste conforme a estação e seus braços sempre estão prontos para abraçá-la.  Possivelmente, o espantalho seja o "amigo imaginário" que algumas pessoas personificam como representação de algo que lhes faltam: no caso de Luela é a figura paterna - de modo inconsciente - que ela projeta como protetor. 
E, também, é no espantalho que Luela recebe as guloseimas e comidas que Frederico Olsson deixa. Em retribuição, Luela fornece ao velho os selos das poucas cartas que recebe da mãe. 

Conforme os protagonistas de Spyri, Maria Gripe apresenta uma órfão, apesar não ser uma órfão  "funcional": seus pais existem, mas eles não estão presentes no crescimento de Luela e dos irmãos. A mãe viaja para adquirir dinheiro para sustentar a pequena família. Quanto ao pai, ele quis ficar com Luela mas a mãe o proibiu de levar a menina com ele. 
A menina nunca teve interesse de saber quem era seu pai, até ouvir, na surdina, de alguém que disse que ambos se parecem. Como Luela se acha diferente de todas as pessoas, vivia na esperança de encontrar este homem que lhe era tão semelhante. 
Luela sonha com o pai algumas vezes, sempre o salvando de situações inusitadas. Talvez, para provar seu valor, ela precisasse salvá-lo para que ele pudesse reconhece-la como filha.

Luela é uma menina madura para sua idade. Quando ela é levado do campo para a cidade, não entende porque a pessoas sorriem demais e compram demais. Ela sempre sorri quando quer e compra somente o que é preciso para ela e os irmãos. 

Sua estadia na cidade se prova útil mas não é uma experiência que pretende repetir. 

A história se mostrou muito mais rica, para mim, nesta terceira leitura. Espero poder colher mais frutos dela em uma próxima leitura.






29 de outubro de 2019

Trigésima segunda leitura..


Olá, anônimo leitor!

Confesso, eu esperava mais desse livro. 
Adorei o título e pensei que a história seria mais envolvente. 

Comecei a ler no sábado e terminei no mesmo dia. Dediquei-me com afinco, mesmo não gostando da história, para não alongar mais a leitura. 

Bandeira apresenta um grupo de jovens reunidos em uma casa antiga e em condições precárias. Durante o tempo que estão lá, o grupo passa por situações contrárias a diversão que esperavam: a ponte de acesso a cidade quebra, ficam sem eletricidade na casa .. 
Dentro todos, o único animado é Alexandre. Mesmo não entendendo o motivo do grupo ficar tão assustado por causa de uma trovoada e a falta de luz, os amigos tentam colocar Alexandre no mesmo ânimo, contando histórias sobrenaturais que ouviram em algum momento. Nada do que contam leva o ânimo de Alexandre ao que esperam.

E as histórias que contam tem a mesma enredo que já ouvimos em nosso tempo de juventude: a brincadeira do copo com o espírito, alguém que já morreu e que vem pedir ajuda para um ente querido, os delírios que levam algumas pessoas a tomar atitudes contrárias ao bom senso etc.
Não vou julgar as histórias contadas porque em algum momento da minha vida elas já me deram medo; o que me causou um pouco de falta de ânimo foi a falta de concordância em relação ao tempo. Deixarei a seguir os dois exemplos que mais chamaram a minha atenção.

Primeiro: a turma de amigos se conheceram no primeiro ano do ensino médio. Todos estão no terceiro ano quando a história acontece. E, em algum momento da narrativa, Alexandre diz algo semelhante a "...nos conhecemos faz anos" - dando a impressão de ser um tempo muito longo de amizade.
Em outro ponto é em uma das histórias contada que o arqueólogo tinha apenas quatro horas disponíveis no local onde estava e, caso ficasse preso, teria como sobreviver durante este tempo sem luz, água ou alimento - e o ar não se esgotaria. Então, mais para frente a narrativa disse que ele ficou horas no local antes de conseguir abrir o sarcófago. Horas? O tempo dele era bem limitado para o tanto de tempo que deu a impressão e passar.

Entenda, leitor, eu não estou tirando o mérito da trama, apenas apontando pontos que o deixaram negativo para mim. 

Sendo assim,

Omnia Vanitas 💀

26 de outubro de 2019

Trigésima primeira leitura ..

Olá, anônimo leitor ! 

Fim de mais uma leitura! Adorei ler "Verônica" de Johanna Spyri.


Verônica, assim como Heidi, Francisca e Jorli, é órfã. Ela é criada por Gertrudes e tem uma amizade sincera com o filho desta mulher, Teodorico.

O livro contém três linhas de tempo: a infância de Verônica é tratada de modo breve na trama, assim como sua vida adulta. O principal a trama está na juventude destes personagens. 

Spyri mais uma vez apresenta a temática da fé como parte da trama mas, neste livro, o foco principal é a dedicação ao trabalho honesto para viver de modo tranquilo e feliz. 

Verônica busca com afinco trabalhar para poder alcançar a sabedoria apresentada em uma rosa que sua mãe deixara para ela: 
A fortuna está pronta, e bem a vista;
E quem sabe apanhá-la é  que a conquista
Em busca desta fortuna (que é a felicidade) Verônica dedica-se a todo tipo de trabalho que encontra. E, ainda não encontrando a felicidade nesta tarefa, segue outros conselhos que podem levar a ele. Tudo em vão. Verônica não compreende como é possível ser feliz.

Enquanto Verônica é exímia em tudo o que faz e uma moça centrada e correta, Teodorico - mesmo desempenhando bem a sua tarefa, tem como calcanhar de aquilos dois amigos que lhe são boas influências: Blasi e Jost. 

A trama é muito bem desenvolvida entre estes quatro personagens que se descobrem lutando cada um por si. 

Uma parte me chamou muito a atenção na história: quando Teodorico sofre uma injúria, Verônica culpa os amigos e o próprio Teodorico pela sua má sorte. Então, Gertrudes apresenta o seguinte quadro para a moça:
"Quando o meu Teodorico era pequeno, e dependia de mim para tudo, no tempo em que não tinha idade para se ocupar de si, eu me vi muitas vezes aflita e inquieta, diante do seu caráter e procedimento. Ele queria ser sempre o primeiro em tudo, e fosse o que fosse que desejasse, havia de tê-lo, sem demora e sem esforço algum. E, ao passo que foi crescendo, e essas qualidades iam-se fortalecendo, pareceu-me muitas vezes que com aquela obstinação, nunca poderia vir a ser grande nem bom, se não tivesse a disciplina. (...) Se começaram para Teodorico as duras lições da vida, é que ele deve aprendê-las até o fim; e se seus pecados têm de ser expiados, não poderá deixar de sofrer". 

Isso me lembra uma frase de Pablo Neruda que diz:
Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências. 
Teodorico escolheu suas amizades e, mesmo sabendo que a mãe e a amiga eram contra aquele envolvimento, manteve estes dois maus conselheiros sob seu travesseiro. 

Se somos livres para escolher, que saibamos ouvir àqueles que nos querem bem - mesmo que não haja concordância em determinados pensamentos e ações. 

Omnia Vanitas. 💀



25 de outubro de 2019

Trigésima leitura..



Olá, leitor! 

Esta semana eu terminei uma leitura da meta de Outubro: Francisca de Johanna Spyri.

Francisca é uma professora de vinte e oito anos e órfã e sem lugar para morar - a morte de seu pai (pastor) e do primo (futuro pastor) não lhe permitiram continuar morando na casa onde cresceu. 
Buscou por um trabalho de professora - profissão pela qual buscou formação - e o encontrou em uma vila inóspita. 
Os habitantes viviam em pobreza tão acentuada que a higiene pessoal não tinha importância: tomar banho, escovar os cabelos ou costurar as roupas não era a rotina desta pobre gente. A violência era comum até mesmo entre as crianças. 
O desafio de Francisca era trazer a civilidade para o coração da comunidade de Hinterwald e tornar-se útil para eles. Ela conseguiu mais do isso, tornou-se indispensável para a comuna. 

Como é comum nos livros de Spyri - pelo menos foi o que observei nas leituras que fiz até agora - é que a temática de educação para a fé cristã é presente em toda a narrativa. 
Quando Francisca encontra o órfão Chel (sim, suas histórias tem como personagens centrais os órfãos), a professora busca no menino a fé que a mãe dele vivia. E todos os seus atos são guiados pelo amor que a fé em Deus lhe ensinou. 

Para minha surpresa, a história de Francisca termina antes do fim do livro. A segunda história é O Moinho Stauffer.

O adolescente Jorli sai em busca de emprego para sustentar o homem que conheceu como seu avô. Não preciso comentar que ele é órfão. 
Na sua busca por emprego, Jorli é julgado pelo fato de carregar um bandolim - instrumento que herdou do pai - e visto como um vagabundo que poderá causar encrenca onde ficar. 
Somente ao chegar no moinho Stauffer, Jorli conseguirá a simpatia que lhe foi negada ao longo do caminho. O casal que lá reside espera pela volta do filho que saiu de casa para conhecer o mundo e não voltou - já passados catorze anos de ausência.
Jorli torna-se um refresco para aquelas duas almas cansadas. 
A trama também mostra que a fé em Deus deve sustentar a vida de uma pessoa mesmo em meio as tribulações e que o louvor a Ele não deve ser esquecido nestes tempos.

Ambas são lindas histórias de fé e compaixão.

Por hoje é só pessoal! 





24 de outubro de 2019

Vigésima nona leitura


Olá, leitor anônimo!!

Domingo passado eu terminei a leitura de mais um livro da meta de Outubro: Diário de um Adolescente Hipocondríaco, de Aidan MacFarlane e Ann McPherson.

Eu amo ler diários. Desde a minha adolescência, eu tenho o hábito de manter um diário perto de mim. Infelizmente, muitos se perderam. Mas, neste ano, minha mãe fez uma limpeza na casa dela e lá estavam alguns diários meus entre os anos de 1995 até 1999. Eu reuni esses diários e sentei ao lado do meu marido (que me conheceu quando eu tinha 36) e disse: venha me conhecer nos meus dezessete anos).  Foi uma experiência muito deliciosa para nós dois. Demos muitas risadas juntos, e eu prometi fazer um diário para nosso casamento. Quem sabe eu não comece um no dia que comemoraremos nosso quarto ano de casados!?

Como eu tenho essa paixão por diários, não foi difícil me interessar por esse livro.

A primeira leitura deste livro foi depois dos meus dezoito anos. E ele foi um empréstimo que nunca foi devolvido - e não faço ideia de quem me emprestou.

Peter H. Payne é o filho do meio entre três: duas meninas. Como o próprio título anuncia, ele é hipocondríaco. Porém, esta condição não se aplica ao fato de ele adorar tomar remédios, visto que em Londres as farmácias não distribuem remédios sem receita médica. Logo, a neura de Peter está ligada ao fato de ele achar que tudo o que ele lê sobre doença torna-o, automaticamente, encubador de tal vírus ou o que for.
Seus batimentos cardíacos são vigiados para que seu coração não se esforce além do necessário. Os pelos do seu corpo, as espinhas do seu rosto...tudo tem a atenção máxima de Peter - que ele só divide em precisa perturbar sua irmã mais nova, Sussie.

Este livro não é um diário "corrido". Ele não especifica o dia-a-dia de Peter, apenas dias alternados sem uma frequência de personagens. Exemplo: Sam é o melhor amigo e Peter, mas não ele aparece no dia a dia do rapaz. Nem mesmo a irmã mais velha, Sandy - que mora com a família Payne - tem uma menção contínua na vida do adolescente.

Um ponto fraco que eu encontrei no livro foi as respostas de uma coluna de revistas que a irmã caçula de Peter recebeu para perguntas sobre peso e regime.

No mais, o livro é divertido e orientador para (pré e) adolescentes e para pais que esqueceram de todas as dificuldades de como é viver nessa idade.




18 de outubro de 2019

Vigésima oitava leitura..



Fim de mais uma leitura !

Esta não é a edição que li na minha adolescência, mas não pude deixar de comprá-la quando estava em uma sessão de compra (inocente) em um sebo em Joinville.

Este Dom Quixote de Monteiro Lobato foi o meu primeiro contato (indireto) com a opera magna de Miguel de Cervane Saavedra.

Desta leitura, o que mais marcou, além da clássica cena dos moinhos de vento, foi a indignação e não aceitação de Emília para o fim do livro do espanhol. 

A história é recontada por dona Benta durante alguns dias (antes das crianças irem dormir) e acompanhada pelos deliciosos quitutes de tia Nastácia. 
Em toda a contação da obra, dona Benta ressalta que quando as crianças forem maiores e tiverem o domínio linguístico para ler uma obra como Dom Quixote, verão o quão ela é rica em detalhes e significado. As partes que foram contadas para as crianças (Pedrinho, Narizinho e a boneca Emília) foram somente as principais aventuras do Cavaleiro da Triste Figura. E, para minha alegria, a  briga na taverna e a manteada sofrida por Sancho (sinto muito, fiel escudeiro) estava na narrativa de dona Benta. 

Minha lembrança, além do que escrevi acima, eu me vejo sentada com o livro em mãos na cancha de bocha do meu pai. Não como ela está agora, mas a antiga, que tinha o chão de saibro batido com duas pistas para o jogo.  E, também, lembro de alguém passar por mim e ler o título do livro em voz alta. 

Esta leitura me fez sentir saudade da outra leitura que fiz de Dom Quixote de La Mancha. 
E, para finalizar, deixo o meu agradecimento à Monteiro Lobato  por não ter se alongado muito para escrever sobre o segundo livro da história de Dom Quixote - eu detesto aquele duque e sua esposa.

Omnia Vanitas. 💀


P.S.: A boneca Emília - tal como foi concebida - não poderia ser aceita nos dias atuais.  Tivemos sorte! 

16 de outubro de 2019

Vigésima sétima leitura ..



Olá, leitor !!

Outro livro do projeto "Outubro" finalizado.
Este livro - na verdade, foi outro exemplar - eu comprei em uma feira que acontece na escola que eu estudava. Eu não lembro de ter terminado a leitura época, mas uma frase eu nunca esqueci:
Miguel cerrou os dentes...

O motivo de ela se manter na minha cabeça foi porque eu troquei os verbos cerrar e serrar.  Tolo, não é?

Pântano de Sangue (1987) é a segunda aventura (e não a última) de Os Karas: Miguel, Crânio, Chumbinho, Magri e Calu. 

Os Karas! O avesso dos coroas, o contrário dos caretas! Aquele grupo secreto de alunos do Colégio Elite reunido por Miguel só pela farra, pela aventura, mas que logo acabou se envolvendo em perigos reais. 

A primeira aventura real foi em A Droga da Obediência (1984), que é algumas vezes mencionada na trama de Pântano de Sangue.  Infelizmente, para mim, eu não li a primeira aventura da turma, logo, não foi possível compreender algumas situações.

Mas esta não foi a última aventura de Os Karas:

- Anjo da Morte (1988)
- A Droga do Amor (1994)
- Droga de Americana! (1999)
- A droga da amizade (2014)

Na trama de Pântano de Sangue, a turma começa um dia comum de aula com a brutal morte do professor de Matemática. Crânio, o aluno mais próximo do professor, não se conforma com a morte e parte em busca de resposta..no pantanal mato-grossense. 
Nesta demanda, os amigos encontram muitas coisas erradas acontecendo no coração do Pantanal: tráfico de drogas, de animais, mortes (de pessoas e animais) e  a contínua extinção dos índios.
Uma história muito inteligente que todo adolescente (e adultos) deveriam ter na estante.

Uma das coisas me chamou à reflexão foi a questão dos índios; e quero ir um pouco além do livro para expor meu ponto de vista sobre o assunto.

Certa vez, lendo um livro de Rachel de Queiroz "As Terras Ásperas" (1993), vários temas são abordados em forma de crônicas: política, mulher, nordeste, seca, escravidão ... E um dos textos mencionava a condição do índio no Brasil. 
Depois de ler essa crônica, eu pensei: Por que o índio tem que viver no mato? Não tem sentido. Promove-se ao homem branco todo o conforto de uma civilização urbana (e rural) mas ao índio damos o mato. Será uma tentativa de tentar deixar a consciência limpa por todo o mal causado na colonização deste triste país?  E se o índio não quiser mais viver no mato? E que lhe seja imputado o direito de usufruir da terra que habita. 
Uma cultura sofre transformações ao longo de sua história, isso é muito natural acontecer. Que os índios e seus descendentes, se assim quiserem, vivam onde quiserem: seja no mato ou na cidade. A cultura indígena precisa ser preservada, isso é fato - mas não pode ser enclausura em uma floresta. 
Índio é índio dentro ou fora da tribo. 




11 de outubro de 2019

Vigésima sexta leitura ..


Olá, leitor anônimo!!

Mais um livro da Urda na minha leitura de Outubro. 
Adendo: no final desta publicação, eu vou deixar um link para as outras leituras que fiz em Outubro.

Este é o segundo livro escrito pela catarinense Urda Alice Klueger, As Brumas Dançam sobre o Espelho do Rio. Trata-se, também, de um romance-histórico.

Elisa mora na pacata Porto Belo e está destinada a casar com João Jesus, seu amigo desde a infância. Nada parece atrapalhar o projeto de ambos os pais; o enxoval é digno de uma princesa - Abel da Costa, pai da moça, não poupou esforços ou dinheiro para dar a sua filha caçula um casamento que deixará toda a vila com inveja. 

Mas a vida tem suas próprias tramas e delas ninguém escapa.

Desembarca em Porto Belo um certo Severo trazido pelo vento sul, e, desde esse momento, tudo o que Elisa achava ter certeza troca de lugar.  E, entremeios, acontece a Guerra do Paraguai.

Apesar desta guerra não ser o foco em Verde Vale, a função dela no enredo muda a vida dos personagens de ambas as narrativas.

Rio Morto é uma vila que surgiu com pessoas que fugiram do alistamento militar. Segundo a narrativa, não eram pessoas covardes, apenas não queriam se envolver em algo que não lhes representava um motivo para lutar - o que os deixava um pouco diminuídos foi saberem que os alemães participavam desta guerra mesmo este não sendo o seu país de origem. Mas a vila de Rio Morto começou por causa dessa deserção e teve sua importância na história de Santa Catarina. 

O casal protagonista tem como personagens Severo e Elisa que fogem desta guerra e também dos pais da moça para viverem seu amor.

Este livro me dividiu. Metade de mim estava adorando ler sobre a vida que estas duas personagens estavam começando longe de Porto Belo. Metade de mil achava aquele "amor" muito melado e forçado e, até mesmo, infantil. Mas mesmo assim, eu li em  24 horas as breves 142 páginas.

Muito diferente do que foi a narrativa de Verde Vale, Urda apresenta uma história mais completa e tecida com mais cuidado.

Eu deixei de fora da publicação da leitura de Verde Vale, mas a narrativa deste é mais ...como posso escrever, mais aberta - talvez não seja essa a palavra certa. Tentarei explicar. 
Apesar de ser uma história ótima, Verde Vale tem um enredo onde falta uma "cola" para a continuação da próxima ideia.  Faltam alguns detalhes que deixam a leitura com uma vontade de saber mais sobre o que realmente pensa e vive determinada personagem. Dois exemplos breves: 

- minha personagem preferida é Astrid Sonne. Como filha, ela não tem muito destaque a trama, exceto quando Helmuth se alista e parte para a Guerra do Paraguai. Nesta altura da trama, Klueger apresenta os sentimentos de Astrid, suas angústias, esperanças, a rotina da moça e tudo mais. Porém, abruptamente, não se sabe muito mais sobre ela depois que fica noiva de Helmuth. O casamento é mencionado, o trabalho do marido para conseguir dinheiro para a família; porém, quando os filhos do casal nascem, nem mesmo um nome nos é dado a conhecer, exceto que são felizes e reproduzem como coelhos.
- outro exemplo é o caráter de Lisa: a menina sempre pareceu meiga e prestativa. Depois do casamento ela se mostrou avarenta, assim como seu marido. A filha do casal era mais próxima da avó materna do que dos próprios pais que só pensavam em trabalhar para adquirir mais dinheiro. Como aconteceu a mudança deste caráter é que uma incógnita.

Neste segundo romance, é bem melhor desenvolvido as personagens e a narrativa é melhor enlaçada. Pode-se conhecer os personagens sem ter surpresas em suas atitudes - e isso não torna a narrativa monótona. 

E estas foram as minhas impressões sobre mais esta leitura de Outubro, e mais uma estória que terei prazer de reler em outro momento. 




Verde Vale {Urda Alice Klueger}
Heidi, a menina dos Alpes (1 e 2) {Johanna Spyri}

Vigésima quarta e quinta leituras..

 Olá, anônimo leitor!

Fim de mais duas leituras de Outubro.
Caso, leitor, você tenha esquecido, neste mês de Outubro eu estou relendo livros que li na minha adolescência. Claro, é impossível eu lembrar de toda a literatura que li naquela época, mas aquelas que tenho em casa eu me comprometi a ler. E, caso sobre algum tempinho, eu estarei adicionando outras leitura do gênero (que eu amo ler) nesta lista - Pollyana está no topo dela.

A vigésima quarta leitura foi o livro de Johanna Spyri, Heidi, a menina dos Alpes, da editora Autêntica. Este exemplar é uma republicação da edição antiga que li. Eu poderia ter comprado uma edição usada: sim; porém, eu sou saudosista e queria A Edição que li na tenra idade, como não a encontrei, preferi comprar uma nova edição - bem bonitona - da estória da Heidi.

E, começando pelo livro 1 "Tempo de Viajar e Aprender", eu tive uma surpresa: eu não me lembrava nada da história. Juro! Uma das intensões destas releituras é reviver alguns sentimentos que tais leituras me trouxerem. Eu não lembro de nada deste livro, exceto a nostalgia dos lugares, da paixão por dormir em sótão; lembro que esta narrativa me lembrava a casa dos meus tios na área rural de Joinville... mas eu fiquei pasma por não me lembrar do enredo.

Vamos ao livro: Johanna Spyri escreveu uma Heidi que é um exemplo de pessoa (mesma idade pueril que ela possuía). Todas as virtudes que uma pessoa deve possuir estão em Heidi. Esta protagonista respeita os mais velhos, ajuda os necessitados, não tem atitudes egoístas, sua fala é moderada, questiona com amor... Heidi, como livro, é uma narrativa para educar crianças a serem virtuosas. Na narrativa, também, é ensinado a fé em Deus como pilar para uma vida feliz. 

Um breve resumo deste primeiro livro: Heidi tem cinco anos de idade, é órfã e vive com sua tia (irmã da sua falecida mãe). Depois da morte da avó materna, a menina é encaminhada ao avô paterno que mora nos Alpes suíços. Tal avô atende pela alcunha de Tio dos Alpes e mora de forma isolada do restante do vilarejo. Sua reputação não é das melhores: sempre de mau humor e sem nenhum amigo próximo, o Tio dos Alpes tem apenas um contato próximo com Pedro, o menino-pastor que cuida das cabras do tio e de outras pessoas do lugar. 
A chegada de Heidi muda a rotina deste senhor, mas o seu caráter não corresponde ao que os populares julgam ele ser. 
A neta apaixona-se por tudo o encontra no lugar: a casa, as refeições, os animais e principalmente a natureza que tudo cerca. 
Mesmo vivendo bem, a menina é arrancada desta rotina e transportada para a cidade de Frankfurt e lá conhece outras pessoas e outro modo de viver.


O livro dois {Tempo de usar o que aprendeu} continua a narrativa final do primeiro livro sem interrupção na linha do tempo. Depois de aprender a ler, ter conhecimento da fé cristã e nela viver, Heidi surpreende a todos com seu altruísmo e contagia corações oprimidos.

Enquanto Heidi é um exemplo a ser seguido, Pedro, o menino-pastor, mostra-se completamente diferente: ele sempre quer mais do que os outros, responde à comandos somente sob ameças, é egoísta - seja com a comida, pertences em geral ou pessoas e, também, tem atitudes perversas. 
Apesar de reconhecer alguns erros e buscar por remissão, o caráter de Pedro não muda muito mesmo depois de sua confissão de culpa: ao ser questionado o que gostaria de receber como prêmio pela sua boa atitude, ele quer dinheiro para si. Quando a pergunta é feita para Heidi, a resposta dela é que quer beneficiar outra pessoa que precisa mais, pois, ela, Heidi, tem tudo o que precisa para ser feliz. 

Eu fiquei apaixonada por essas duas leituras - visto que não lembrei de nada que li na primeira vez - e terei prazer em rele-las em outro momento.







5 de outubro de 2019

Vigésima terceira leitura ..


Olá, anônimo leitor!!

Aaahh! Comecei as leituras do mês de Outubro! Neste mês, eu decidi reler algumas leituras que fiz durante a minha adolescência. 

A minha primeira escolha foi Verde Vale, da escritora catarinense Urda Alice Klueger. 

Leitor, antes de continuar a escreve, lhe dou o seguinte conselho: releia os livros da sua infância/adolescência. Esta experiência está sendo fantástica para mim.
Eu lembro muito bem quando precisei contar para a minha turma da sala de aula sobre o livro que li. Como eu estava ansiosa para que todos soubessem que maravilhosa história eu havia lido. Lembro da professora de Língua Portuguesa, Maria Clara, pedindo para alguém começar a contar sobre a leitura que fez - e lá estava eu, tentando de um jeito totalmente sem destreza, contar sobre tudo o que livro me trouxe de maravilhoso.

Verde Vale conta a história da fictícia família Sonne, oriunda da Alemanha e imigrantes no Brasil, mais especificamente na região sul, em Blumenau - onde dizia-se haver terras para todos que quisessem tomá-las, e batatas do tamanho de um braço adulto (o que sabemos ser uma rama de aipim).
A família passa por uma adaptação a nova forma de viver: construindo sua casa, roçando o terreno para o plantio da lavoura, a criação de animais etc.
O desenvolvimento, tanto da família como da Colônia Blumenau é animador, mesmo com as dificuldades que do material escaço.
O nascimento das ruas, das famílias, da economia entre tantas outras bonanças torna o romance desta blumenauense quase um conto de fadas - parece que seria impossível abalar a estrutura familiar e comunitária da Colônia.

Verde Vale também contou sobre a Guerra do Paraguai que levou os alemães a lutar pelo país que adotaram como seu. E a volta dos soldados alemães da guerra trouxe surpresas: o velado preconceito racial vem a tona. Casamento de alemão com brasileira, uma negra mestiça frequentando a escola com alemães "puros" - foram alguns pontos levantados. 

E, durante toda a narrativa tudo parece funcionar bem para próspera família Sonne e seus seis filhos...mas então, uma boa ação do passado volta-se contra este alicerce da sociedade blumenauense. 

Outro ponto que quero deixar registrado são as enchentes de Blumenau. Se você, leitor anônimo, não é catarinense como eu, talvez não saiba (ou talvez sim, dependendo de quanto interesse você tenha por este Estado): mas em Blumenau as enchentes são algo negativo na história desta região. Meu primeiro pensamento quando a família Sonne escolheu esta parte do Estado para morar, foram as enchentes. Em seu livro "Vem, vamos remar", Urda relata sua experiência na grande enchente de 1983. Para quem tem interesse em saber sobre este acontecimento triste na história da cidade de Blumenau, clique neste link

Como já escrevi anteriormente, estou adorando passar por essas leituras que contribuíram - agora sei disso - para compor quem eu sou e como sinto o mundo ao meu redor. 

Antes de terminar, eu preciso dizer o quanto sou apaixonada pela história da personagem Astrid Sonne. Durante muito tempo eu fantasiei viver uma vida como a dela! 💓👪

E sobre o final da trama, confesso que fiquei triste. Como disse, tudo parecia um conto de fadas na trajetória da família de Humberto e Eillen Sonne; mas a vida não é essa janta farta que a gente pensa, não é mesmo?

Vigésima segunda leitura..


Olá, anônimo leitor!

Que livro sensacional! 
Eu já tinha me encantado com o filme, mas o livro foi uma experiência maravilhosa.

Antes de qualquer coisa ser escrita a mais, eu preciso dizer que detestei a Ruth.

Em um lugar que lembra um orfanato, Kathy H. viveu toda a sua infância. Entre todas as crianças, Ruth e Tommy foram o mais próximo convívio  que teve a instituição de Hailsham. 

A função deste orfanato não era buscar por uma nova família para aquelas crianças. E este não era o único lugar a promover este tipo de vida. 
As crianças eram bem cuidadas: tinham programa médico completo, atividade escolar padrão com incentivo à arte.  Jogos, esportes, brincadeiras...nada faltou na educação dessas crianças nesta peculiar instituição.

Porém, durante o crescimento destas crianças, uma forma velada de informação era passada aos alunos: uma forma de vida que não era pensada de outra maneira senão como a aquela que lhes era devida.

Eu gostei muito da leitura - principalmente no final que ficou tão incompleto, depois de ler - sobre a "missão" da vida das crianças de Hailsham. 

Das três crianças, todas foram cuidadoras como Kathy, mas só esta última soube desempenhar o verdadeiro papel de como cuidar de alguém. Ruth, na minha opinião, era muito egoísta para função; e Tommy era frágil demais para cuidar de si, quanto mais prestar serviço à alguém.

Como escrevi acima, não gostei de Ruth. E, para minha surpresa, encontrei no temperamento desta personagem o que eu mesmo precisei mudar em mim.


O caso do cachorro ..

 Olá, esquecido leitor !   Apesar de passar muito tempo longe deste blog, tentei voltar algumas vezes mas o tempo nem sempre está do meu lad...