26 de março de 2016

Sherlock Holmes e a Cocaína..



Ontem à noite eu iniciei minha leitura inédita de O Signo dos Quatro, de sir Arthur Conan Doyle. E, logo na primeira página eu li algo, no mínimo, intrigante. O detetive invetava cocaína para espantar o tédio.
Segue trecho:
– O que é hoje – perguntei –, morfina ou cocaína?
Ele ergueu os olhos languidamente do velho volume com letras góticas que havia aberto.
– É cocaína – disse ele –, uma solução a sete por cento. Você gostaria de provar?
– Não, muito obrigado – respondi bruscamente.
– Minha saúde ainda não se recuperou da campanha do Afeganistão. Não posso me dar ao luxo de forçá-la mais.
Ele sorriu ante a minha veemência.
– Talvez você esteja certo, Watson – disse ele. – Eu suponho que a influência da droga seja fisicamente ruim. Considero, no entanto, que ela é tão extraordinariamente estimulante e esclarecedora para a mente, que o seu efeito secundário é uma questão de pouca importância.
– Mas reflita! – eu disse com veemência. – Avalie o custo disso! O seu cérebro pode, como você diz, estar estimulado e excitado, mas trata-se de um processo patológico e mórbido, que envolve uma alteração dos tecidos cada vez maior e pode deixar no mínimo uma debilidade permanente. Você conhece também a depressão que se segue. Certamente o jogo não vale a pena. Por que você arriscaria, por um mero prazer passageiro,a perda das grandes capacidades com as quais você foi dotado? Lembre que eu não falo somente de um camarada para outro, mas como um médico até certo ponto responsável por sua saúde.

E no final do caso (da conclusão do livro), a conversa sobre cocaína volta:

– (...) Você fez todo o trabalho neste caso. Arranjei uma esposa com ele e Jones abocanhou o mérito; diga-me, o que sobre para você?
– Para mim, disse Sherolock Holmes, ainda resta o frasco de cocaína.

Fiquei curiosa para saber qual a ideologia da droga naquela época; e li que era comum o uso de cocaína, morfina e ópio na Era Vitoriana. Porém, conforme vemos, Watson repreende Sherlock do mesmo modo; pois o uso era medicinal (exceto quando a corte vitoriana recebia várias encomendas de ópio para as reuniões particulares da corte).
Procurei alguns links para fazer download desta obra, e, em uma delas, eu encontrei o trecho acima deletado. 
Não faço apologia às drogas, mas fiquei bem intrigada ao ler uma passagem como esta. Imagino que não colocaram esse atitude de Holmes na série atual - pois tiraram o clássico cachimbo da boca do personagem pois não é politicamente correto.


Omnia Vanitas.

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