26 de outubro de 2019

Trigésima primeira leitura ..

Olá, anônimo leitor ! 

Fim de mais uma leitura! Adorei ler "Verônica" de Johanna Spyri.


Verônica, assim como Heidi, Francisca e Jorli, é órfã. Ela é criada por Gertrudes e tem uma amizade sincera com o filho desta mulher, Teodorico.

O livro contém três linhas de tempo: a infância de Verônica é tratada de modo breve na trama, assim como sua vida adulta. O principal a trama está na juventude destes personagens. 

Spyri mais uma vez apresenta a temática da fé como parte da trama mas, neste livro, o foco principal é a dedicação ao trabalho honesto para viver de modo tranquilo e feliz. 

Verônica busca com afinco trabalhar para poder alcançar a sabedoria apresentada em uma rosa que sua mãe deixara para ela: 
A fortuna está pronta, e bem a vista;
E quem sabe apanhá-la é  que a conquista
Em busca desta fortuna (que é a felicidade) Verônica dedica-se a todo tipo de trabalho que encontra. E, ainda não encontrando a felicidade nesta tarefa, segue outros conselhos que podem levar a ele. Tudo em vão. Verônica não compreende como é possível ser feliz.

Enquanto Verônica é exímia em tudo o que faz e uma moça centrada e correta, Teodorico - mesmo desempenhando bem a sua tarefa, tem como calcanhar de aquilos dois amigos que lhe são boas influências: Blasi e Jost. 

A trama é muito bem desenvolvida entre estes quatro personagens que se descobrem lutando cada um por si. 

Uma parte me chamou muito a atenção na história: quando Teodorico sofre uma injúria, Verônica culpa os amigos e o próprio Teodorico pela sua má sorte. Então, Gertrudes apresenta o seguinte quadro para a moça:
"Quando o meu Teodorico era pequeno, e dependia de mim para tudo, no tempo em que não tinha idade para se ocupar de si, eu me vi muitas vezes aflita e inquieta, diante do seu caráter e procedimento. Ele queria ser sempre o primeiro em tudo, e fosse o que fosse que desejasse, havia de tê-lo, sem demora e sem esforço algum. E, ao passo que foi crescendo, e essas qualidades iam-se fortalecendo, pareceu-me muitas vezes que com aquela obstinação, nunca poderia vir a ser grande nem bom, se não tivesse a disciplina. (...) Se começaram para Teodorico as duras lições da vida, é que ele deve aprendê-las até o fim; e se seus pecados têm de ser expiados, não poderá deixar de sofrer". 

Isso me lembra uma frase de Pablo Neruda que diz:
Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências. 
Teodorico escolheu suas amizades e, mesmo sabendo que a mãe e a amiga eram contra aquele envolvimento, manteve estes dois maus conselheiros sob seu travesseiro. 

Se somos livres para escolher, que saibamos ouvir àqueles que nos querem bem - mesmo que não haja concordância em determinados pensamentos e ações. 

Omnia Vanitas. 💀



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