28 de junho de 2016

Filosofia Samwise Gamgee..



Eu estava assistindo o filme O Senhor dos Anéis {A Sociedade do Anel e As Duas Torres} durante meu trabalho no sebo. O filme rolava ao fundo enquanto eu fazia meu trabalho; e, às vezes, uma paradinha para assistir uma cena aqui e outra ali {durante o almoço e o café da tarde - ligeiros}.
Mas, eu tive que parar, parar mesmo, para assistir a uma das minhas cenas favoritas {principalmente no livro}: o discurso de esperança de Samwise Gamgee. Ele é um personagem fantástico: fiel escudeiro de Frodo, jardineiro habilidoso e um ótimo cozinheiro - sem contar que é um amigo para todas as horas, até o fim!
Foi nesse discurso que eu pensei na nossa existência, filósofo leitor.
Vivemos nesse mundo decadente e nos achamos o rei da festa. Que festa pobre com gente medíocre. 
Atualmente, vejo pessoas que querem tudo nas mãos, na hora, de graça ... e reclamando demais. Pessoas que não sabem o que é lutar por algo, que não correm atrás "da máquina". Há poucas pessoas como Samwise Gamgee. 
Sacrifício? Que é isso!!! O mundo quer sombra e água fresca na beira da praia e em hotel cinco estrelas. 
Ou pode ser pior: querem passar por cima dos outros à qualquer preço - qualquer preço! Vivemos em um mudo podre e tem princípios morais quase nulos. 

Ontem, durante nosso descanso em casa, meu marido me mostrou uma postagem sobre um jogador do país de Portugal que, ao se classificar para as quartas-de-finais da Eurocopa, não comemorou em campo pois um dos jogadores adversário é seu amigo em outro clube que defendem juntos.

Valores bons! Menos eu, menos meu prazer, menos minha vontade, menos meus luxos..menos eu! Somos egoístas e levados por toda sorte de emoções e esquecemos que há alguém que precisa que estendemos a nossa mão para ajudar - e assim, deixaremos de lado nosso conforto para atender ao outro. 

Precisamos de mais personagens como Gamgee para irem...sem olhar para trás, sem pensar em si, sem se preocupar em voltar inteiro... Precisamos de seres humanos que se doem.

Eu preciso me doar mais, reconheço essa falha em mim. Mas eu acredito que a leitura promove essa mudança. Quando em uma leitura eu encontro personagens como Sam Gamgee, eu reflito em mim as atitudes dele e repenso minhas próprias atitudes. Nenhuma literatura deixará o leitor parado no mesmo lugar - apenas se este o quiser.

Leia! Viva Samwise Gamgee! 
Segue abaixo o discurso que, em toda a leitura, me emociona!

Omnia Vanitas.

É, é isso mesmo — disse Sam. — E de modo algum estaríamos aqui se estivéssemos mais bem informados antes de partir. Mas suponho que seja sempre assim. Os feitos corajosos das velhas canções e histórias, Sr. Frodo: aventuras, como eu as costumava chamar. Costumava pensar que eram coisas à procura das quais as pessoas maravilhosas das histórias saiam, porque as queriam, porque eram excitantes e a vida era um pouco enfadonha, um tipo de esporte, como se poderia dizer. Mas não foi assim com as histórias que realmente importaram, ou aquelas que ficam na memória. As pessoas parecem ter sido simplesmente embarcadas nelas, geralmente — seus caminhos apontavam naquela direção, como se diz. Mas acho que eles tiveram um monte de oportunidades, como nós, de dar as costas, apenas não o fizeram. E, se tivessem feito, não saberíamos, porque eles seriam esquecidos. Ouvimos sobre aqueles que simplesmente continuaram — nem todos para chegar a um final feliz, veja bem; pelo menos não para chegar àquilo que as pessoas dentro de uma história, e não fora dela, chamam de final feliz. O senhor sabe, voltar para casa, descobrir que as coisas estão muito bem, embora não sejam exatamente iguais ao que eram — como aconteceu com o velho Sr. Bilbo. Mas essas não são sempre as melhores histórias de se escutar, embora possam ser as melhores histórias para se embarcar nelas! Em que tipo de história teremos caído?
— Também fico pensando — disse Frodo. — Mas não sei. E é assim que acontece com uma história de verdade. Pegue qualquer uma de que você goste. Você pode saber, ou supor, que tipo de história é, com final triste ou final feliz, mas as pessoas que fazem parte dela não sabem. E você não quer que elas saibam.
— Não, senhor, claro que não. Veja o caso de Beren: ele nunca pensou que ia pegar aquela Silmaril da Corôa de Ferro em Thangorodrim. E apesar disso ele conseguiu, e aquele lugar era pior e o perigo era mais negro que o nosso. Mas é uma longa história, é claro, e passa da alegria para a tristeza e além dela — e a Silmaril foi adiante e chegou a Eärendil. E veja, senhor, eu nunca tinha pensado nisso antes! Nós temos — o senhor tem um pouco da luz dele naquela estrela de cristal que a Senhora lhe deu! Veja só, pensando assim, estamos ainda na mesma história! Ela está continuando. Será que as grandes histórias nunca terminam?
— Não, nunca terminam como histórias — disse Frodo. — Mas as pessoas nelas vêm e vão quando seu papel termina. Nosso papel vai terminar mais tarde — ou mais cedo.

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