13 de junho de 2016

Adieu, mon ami! ..

— Monte-Cristo ! dit-il, n’oubliez pas Monte-Cristo!

Abade Faria se foi! Mais uma vez, Edmond Dantès está sozinho! Solidão novamente.. (ou não!)

Eu gosto muito do personagem do abade. Dumas tomou esse personagem histórico e o colocou como mentor do seu protagonista! E o fez de modo supremo.
Faria e Dantès, depois de decidirem que fugir pelo túnel que Faria fez ou matar o guarda não era uma boa ideia para escaparem da prisão, começaram a se relacionar como professor e aluno.
Faria ensinou a Dantès tudo o que aprendeu na casa do seu antigo "patrão", o conde Spada; e, Dantès, estava pronto para aprender tudo o que Faria poderia ensiná-lo. 
Como diria Andy Dufresne em sua máxima sobre o tempo:

Ocupar-se de viver ou ocupar-se de morrer*.

Ao contrário de Dufresne, eles não cavaram um túnel, mas ocuparam-se de tornar a vida de cada um suportável dentro do calabouço que estavam encarcerados. 

Toda a base para a próxima  vida de Dantès no pós-prisão, ele deve à este servo do Senhor. Amém!

O abade Faria tem uma aplicação para seus estudos que muito me lembrou outro personagem: Sherlock Holmes. A citação à seguir esta no primeiro romance do detetive (escrito pelo fiel médico Watson):

...considero que o cérebro de um homem é originalmente como um pequeno sótão vazio, que temos que encher com os móveis que escolhemos. Um tolo recolhe todo tipo de trastes com que depara, de modo que o conhecimento que lhe poderia ser útil fica atravancado, ou na melhor das hipóteses misturado com muitas outras coisas, de modo que ele tem dificuldade em localizá-lo.

O abade, em seu conhecimento, focou sua atenção para aqueles estudos que ele tinha por escolha criado como alvo para sua educação. Dantès, malgrado sua ignorância da juventude, estava com o "sótão" livre para enche-lo com o que realmente era interessante: filosofia, línguas, matemática, filologia etc.. E, então, inteligente e rico, Dantès dá vida ao mais perfeito personagem já criado:

O Conde de Monte-Cristo. 

Juro, eu acho o Conde sensacional! Ele elabora cada movimento, cada situação..nada lhe passa desapercebido, nem o mármore ordinário que orna sua nova residência.
E, por coincidência, o primeiro volume desta história (na edição que comprei), termina com uma das minhas frases favoritas:

"Je viens de découvrir le moyen de délivrer un jardinier des loirs qui lui mangeaient ses pêches".

Ele é FAN-TÁS-TI-CO! E eu ponho na conta do papa!, digo, do abade!

Sinto muito a morte deste personagem! É um dos meus preferidos! Ah..quisera eu ter tido alguém com paciência para me ensinar "as coisa" da vida!

Omnia Vanitas. 


*frase do filme Um Sonho de Liberdade (baseado no conto de Stephen King, Primaveira Eterna, do livro As Quatro Estações)

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