22 de abril de 2015

Morto do Dia ..



A primeira vez que li algo de Miguel de Cervantes, foi quando eu tinha treze anos. Eu li uma adaptação feita por Monteiro Lobato: "Dom Quixote de La Mancha para Crianças". Lembro ainda de como a Emília ficou irritada com o final do Cavaleiro da Triste Figura. Se lhe serve de consolo, Boneca de Pano, eu também não aceitei, mas concordei com a ideia do autor sobre o personagem. E, para a biblioteca infantil que estou preparando para minhas sobrinhas-netas (Amanda e Ágata têm esse luxo), eu comprei este exemplar para que elas possam ler um pouco do que tive na minha época! Espero que gostem de leitura tanto quanto a tia-velha gosta! ;)

Miguel de Cervantes foi um dos raros escritores de quem li uma biografia. Certa vez, ao entrar entrar em um sebo aqui da cidade (e jurando não comprar nada para mim, somente fazer os pedidos da minha mãe para comprar livros para ela) eu encontrei um título de Fernando Arrabal: "Um Escravo Chamado Cervantes". Eu não pensei duas vezes e comprei o exemplar para mim. Não sei o que sinto sobre Cervantes - ele é um tipo diferente de escritor que chama minha atenção.
O livro de Arrabal é mais uma narrativa histórica do que uma verdade sobre fatos da vida do espanhol. A narrativa biográfica está ligada ao que estava ao redor de Cervantes, pois, realmente, há pouquíssimo material sobre a vida deste. Atualmente, há uma busca dos ossos do escritor de Dom Quixote. Na última tentativa de "tomara que seja ele" havia somente duas letras no caixão "M.C.". O que escrever sobre isso? "Boa sorte, rapazes!"

Já adulta, eu ganhei de aniversário os dois volumes da obra de Dom Quixote. E, a primeira parte é apaixonante e hilária! Eu ria muito com os ditados fora de hora do Sancho e, coitado!, a manteada que ele sofreu foi muitíssimo engraçada tanto quanto a briga na estalagem! E.. como comem! Deus !!! Certo domingo, enquanto lia um trecho do livro na frente de  casa, precisei ir até a cozinha e preparar um pão quente com queijo e encher um cálice de vinho para acompanhar o fiel escudeiro em sua refeição, tamanha foi a vontade que a leitura de meu! 

Porém, a "paixão" pela segunda parte não aconteceu, exceto pelo maravilhoso prólogo que o autor fez para esta em crítica ao "ladrão" que publicou a segunda parte de Dom Quixote sem consultá-lo! Por esse motivo, eu aceito o final escrito ao personagem título!
Um dos motivos para eu não apreciar da segunda parte é, por eu gostar muito do protagonista, não conseguir ler Dom Quixote sofrer tanta injúria em sua estadia na casa de um tal Duque. Meu coração ficava doído por tantas brincadeiras de mal gosto feitas ao meu querido Cavaleiro! E, ele, tão inocente e louco, as aceitava como elogios e cumprimentos educados! Demorei muito para terminar de ler pois quando me irritava, fechava o livro e me negava a ler (como se isso fizesse a leitura seguir adiante).
Sancho Pança também não ficou fora do péssimo tratamentos do casal "hospitaleiro". E, não consegui segurar o choro quando ele abraça seu burro e chora com ele a sua má sorte! 
Um ponto positivo para esta segunda parte da história de Dom Quixote,  não posso negar, o Cervantes é muito espirituoso ao citar os eventos escritos seu "rival" dentro da sua narrativa. Ele não poupa ironia quando escreve um possível momento de "confusão" sobre as aventuras do protagonista.

Outras obras de Cervantes que li foram "A Prisioneira" - uma leitura de domingo - e "Novelas Exemplares". Ambas interessantes e que possuem histórias iguais. A publicação, antigamente, tinha um modo interessante de edição: normalmente se encontra uma obra com títulos diferentes. Em Dumas, eu me engano muito fácil por haver uma obra com dois títulos. Exemplo (em Dumas): O Castelo de Epstein e O Quarto Vermelho são a mesmíssima história; mas se você, leitor, não leu a segunda, acabará se enganando ao comprar a primeira. Coisas de antigamente! (rs).

Ler Cervantes é sempre uma aventura. E, quando se trata de "descobrir" novas palavras, este clássico não deixa dúvidas de quão vasto pode ser o vocabulário clássico. Nas duas primeiras páginas do livro Dom Quixote eu tenho mais de quinze anotações de palavras que tive que buscar em um dicionário na internet para poder esclarecer o significado. Então, ler Cervantes é quase uma ato de fé! (rs).


Omnia Vanitas.

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