"Enganado na amizade e traído no amor" - Jane Austen |
Este é um post que deveria ter sido postado há, no mínimo, duas semanas. Mesmo tendo a certeza de que eu sou a pessoa que tem mais tempo livre neste planeta, às vezes, eu fico sem ele para me socorrer. Esta publicação é um exemplo.
O problema com algumas postagens é que elas ficam na mente: desenvolvem, mudam, acrescentam...mas fica difícil colocar em palavras. Mas, vamos lá, leitor! Agora vai!!!
Eu estou lendo "Juvenília" de Jane Austen e Charlotte Brontë. E, enquanto lia "Amor e Amizade" eu não pude deixar de lembrar de uma outra personagem muito interessante e semelhante a protagonista desta novela; Moll Flanders - de Daniel Defoe - permeou minha lembrança durante as desventuras de Laura e Sophia.
Moll Flanders, por ela mesma:
"Meu verdadeiro nome é bastante conhecido nos arquivos ou registros das prisões de Newgate e Old Bailey, e certos processos de maior ou menor importância relativos à minha conduta pessoal encontram-se pendentes".
Moll Flanders é aquela ladra que é impossível você odiar. Ela é hilária e, incrivelmente, sem sorte!
Mas ninguém nasce sendo uma ladra. Segundo o relato desta protagonista, ela teve uma vida humilde, porém, dotada de grande estima por aqueles que a criaram. Foi muito bem educada para sua atuação na sociedade: estudos escolares e de prendas domésticas não lhe faltaram.
Logo no início de sua participação na sociedade, ela precisou mudar de casa - era órfã e dependia da bondade de alguém adotá-la. O prefeito e a esposa a acolheram. Porém, este solidário casal tinha dois filhos, os quais se apaixonaram pela nova "irmã".
Moll Flanders vinha com aquela lábia malandra de quem não quer, querendo. Logo, os tolos caíam na história que ela contava. Mas como já disse, esta protagonista não tinha grande sorte em suas investidas.
Este livro de Defoe é hilário. Impossível querer parar de ler pois a protagonista é "rainha" em entrar e sair de enrascadas. Seus maridos - sim, teve mais de sete, até onde consegui contar - eram mais falidos e malandros do que ela. Pobre Moll Flanders, viveu dias de glória e dias de miséria. Seus dramas eram divertidos e questionáveis. Uma das situações nesta obra de Defoe que chamou minha atenção é a seguinte: Moll Flanders nunca ficou com nenhum dos seus filhos. Para cada parto que ela teve, para cada abandono ela teve uma razão para o fazer. Eu não quis me aprofundar nesta questão durante a leitura, mas em um próxima, prestarei mais atenção: ela sempre deixou os filhos aos cuidados de outras pessoas que tinha um poder aquisitivo melhor que o dela - ato justificado? Ou motivo para se livrar de encontrar o rumo para um possível vida honesta? Moll Flanders é um enigma!
Laura, de Jane Austen, não fica muito longe da personagem de Defoe. Assim como Moll Flanders, Laura é de origem humilde. Seu primeiro casamento foi com um aventureiro que a deixou pobre e logo a largou sozinha com a amiga Sophia. A amiga seguia o mesmo rumo do marido e logo Laura estava envolvida em suas falcatruas - e arrastavam consigo pobres ingênuas que nelas acreditavam, como a tola Janetta que foi convencida pela dupla de que estava apaixonada pelo capitão M'Kenzie - e convencida a fugir com ele. Tudo o que ela faz soa como "inocente", mas é possível perceber que aquele "ar" de ofendida em sua honra é uma fachada para algum ato impróprio.
Eu recomendo as duas leituras, são divertidas e com um doce mistério sobre o caráter de casa personagem em cena.
Omnia Vanitas.
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