Segundas e quartas-feiras são os dias em que eu pratico natação. São esses dois dias que me obrigam a pegar uma condução urbana. Eu gosto mesmo é de pedalar: é livre, tranquilo, saudável e sem engarrafamento.
Nesta segunda-feira eu fui para minha aula de natação. Quando eu estava dentro do segundo ônibus, um rapaz de muletas entrou com a sua namorada. Apesar de não estar lotado, não havia mais bancos vagos para sentar.
Era visível e notório que o rapaz precisava sentar-se. O pé enfaixado e com uma proteção e as duas muletas que ele utilizava denunciavam, para todos os presentes, que ele precisava de um lugar para sentar.
Em pé, perto da porta, eu fiquei olhando ao redor. Ninguém se levantou para dar lugar para aquele rapaz. As pessoas sentadas olhavam para seus celulares ou pelo vidro da janela. Absolutamente NINGUÉM, estava interessado na situação do garoto com as muletas.
O ônibus logo deixou o terminal do centro e seguiu o itinerário; mas, horário de pico não é sinônimo de movimentação. Pouco mais de dez minutos e nós mal estávamos longe do terminal. Em pé, eu já estava cansada - e meus pés estavam muito bem calçados e mesmo assim, eu sentia cansaço. Fiquei pensando no garoto de muletas que continuava em pé. Olhei mais uma vez em volta. Ninguém estava interessado em ceder um lugar para rapaz.
Insatisfeita com aquela situação, tirei meu fone de ouvido e toquei o ombro do garoto:
- Você quer sentar?
- Ãhn, quero, mas ...
- Moço, você pode dar lugar para esse rapaz sentar que ele está com o pé machucado?
- Ah! Claro..
- Muito obrigada.
Voltei para o meu lugar e o rapaz pode aliviar-se do incômodo de ficar em pé.
Uma senhora, perto de mim, deu três tapinhas na minha mão e um sorriso.
Que mundo mais bizarro esse!!! Eu fiquei e ainda estou indignada com essa humanidade podre que é cultivada em nosso mundo. Onde está a sensibilidade ao próximo? Eu não deveria ter sido a única a sentir essa afronta ao descaso com o garoto da muleta, mas, infelizmente, fui a única a tomar uma atitude. Não sou nenhuma Madre Teresa e nem quero rogar um título "santo" para mim; apenas quero desabafar um descaso tão imoral quanto a falta de humanidade que estamos experimentando todos os dias.
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