Caro leitor, caso você não tenha o conhecimento de quem Marianne Dashwood eu lhe direi: ela é o "sentimento" no livro de Jane Austen intitulado Razão e Sensibilidade. Claro que "razão" também é um sentimento - classificado como Bom Senso - mas Marianne é a mais pura essência da sentimentalidade: impulsiva, apaixonada, sem compromisso com a opinião alheia sobre seus atos: vive a vida como se não houvesse outro dia ... Essa é Marianne Dashwood.
Parece, a primeira leitura, que Marianne é o elo fraco da leitura. Ela é aquele personagem que quando lemos, em nosso âmago, não queremos ser pois sabemos que sua conduta não é apropriada.
Estou na minha segunda leitura de Razão e Sensibilidade, e olhei para Marianne sob um novo prisma.
Eu não a condenarei por se apaixonar por Willoughby. Pensem comigo: é muito normal se apaixonar nas circunstâncias de Marianne:
A aparência e o jeito do cavalheiro eram sem tirar nem pôr os mesmos do herói da história favorita criada por sua fantasia, e, ao carregá-la no colo até dentro de casa, sem a menor formalidade prévia, demonstrara uma rapidez de pensamento e de ação que o recomendava de modo muito particular. Tudo que se referia ao sr. Willoughby era interessante. Seu nome soava bem e ele morava na mansão preferida de Margaret.
e...
...Marianne perguntou-lhe sobre livros; foram pronunciados os nomes de seus autores favoritos e ela discorreu sobre eles com entusiasmo tão arrebatador que um homem de vinte e cinco anos teria de ser o mais insensível do mundo para não se convencer da excelência de tais trabalhos, mesmo que antes não lhes desse atenção. O gosto deles era parecido de tal maneira que chegava a ser chocante. Os mesmos livros, os mesmos trechos eram idolatrados por ambos - ou se aparecesse alguma diferença, se surgisse alguma objeção, estas não resistiriam por muito tempo diante da força dos argumentos de Marianne e do brilho de seus olhos. Ele concordou com todas as afirmações dela, partilhou todos os seus entusiasmos e, muito antes da visita terminar, conversavam com a familiaridade de velhos conhecidos.
Marianne Dashwood não tinha nem dezessete anos quando conheceu Willoughby. E, nessa época, ela acreditava que amaria somente uma vez, e este amor é Willoughby.
A "desculpa" para este personagem é a sua idade e inexperiência. Mas, e quando crescemos e nos apaixonamos "perdidamente" pela segunda, terceira, quarta ...? O que fazer quando julgamos ser tão "senhores de si" mas nos ajoelhamos perante a personificação de nossa fantasia romântica?
Platão, o filósofo, disse que "Todos nos tornamos portas ao toque do amor". Não discordo! Está correto! Julgue Marianne Dashwood e lhe digo que você nunca soube o que é ser arrebatado do estado de torpor à embriagues de um sentimento fulminante!
Diga que nunca amou! Diga que é ridículo! Mas veja em si mesmo o que já fez em nome de um sentimento romântico: eu o desafio, quieto leitor, que diga que nunca chegou mais cedo em um lugar para ficar mais tempo da pessoa querida, ou que fingiu uma desculpa para falar com o ser "amado" ...Nós não raciocinamos fora do sentimento quando estamos apaixonados! Como afirma Platão, somos porta!
Meu último professor de Filosofia dizia que o homem precisa de apaixonar, o ser humano precisa desse sentimento que faz o corpo inteiro mudar de comportamento. O homem, como criatura, precisa dessa aventura de "apaixonar-se" para se sentir vivo. Então...
A "desculpa" para este personagem é a sua idade e inexperiência. Mas, e quando crescemos e nos apaixonamos "perdidamente" pela segunda, terceira, quarta ...? O que fazer quando julgamos ser tão "senhores de si" mas nos ajoelhamos perante a personificação de nossa fantasia romântica?
Platão, o filósofo, disse que "Todos nos tornamos portas ao toque do amor". Não discordo! Está correto! Julgue Marianne Dashwood e lhe digo que você nunca soube o que é ser arrebatado do estado de torpor à embriagues de um sentimento fulminante!
Diga que nunca amou! Diga que é ridículo! Mas veja em si mesmo o que já fez em nome de um sentimento romântico: eu o desafio, quieto leitor, que diga que nunca chegou mais cedo em um lugar para ficar mais tempo da pessoa querida, ou que fingiu uma desculpa para falar com o ser "amado" ...Nós não raciocinamos fora do sentimento quando estamos apaixonados! Como afirma Platão, somos porta!
Meu último professor de Filosofia dizia que o homem precisa de apaixonar, o ser humano precisa desse sentimento que faz o corpo inteiro mudar de comportamento. O homem, como criatura, precisa dessa aventura de "apaixonar-se" para se sentir vivo. Então...
Viva Marianne Dashwood!
...e deixe as consequências para depois!
Omnia Vanitas.
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