2 de novembro de 2014

Azincourt



Eu sei que o que escreverei sobre Azincourt não deveria ser registrado, mas não posso deixar para trás esta leitura.

Bernard Cornwell é muito bom! Isso é indiscutível quando se trata de trabalhar a história dentro da ficção. E, sem deixar de mencionar que suas descrições de batalhas são arrebatadoras! É impossível querer fechar o livo antes da batalha terminar.

Outra coisa que eu acho interessante na literatura de Cornwell - pelo menos naquelas que tive o prazer de ler - são os seus clérigos. Você consegue odiar alguns (como o padre Martin - safado, cafajeste e cretino) e amar o padre Christopher e torcer para ele não morrer com a epidemia. 
Esse tipo de conotação eclesiástica lembra, para mim, muito Jane Austen - que sempre mantém seus clérigos como pessoas estúpidas e ignorantes (mesmo o pai dela sendo um deles).

Azincourt foi uma batalha, como outras descritas por Cornwell, vencida pela minoria. Lá estava o rei da Inglaterra (Henrique V) com seus soldados doentes e desnutridos e seus famosos e destemidos arqueiros. Eu sou apaixonada por esses arqueiros desde que conheci Thomas de Hookton em "A Busca do Graal". A descrição da atuação rápida de um arqueiro - e por vezes decisiva - em demérito ao besteiro é sensacional. Cinco flechas podem ser disparadas por um exímio arqueiro (como Nicholas Hook e Thomas de Hookton - que foram preparados desde a infância nesta arte) quando um besteiro dispara somente duas flechas. E, Cornwell é detalhista ao explicar quais flechas devem ser disparadas quando o ataque é contra um homem sem proteção de metal, ou protegido pela armadura ou disparada em um cavalo em movimento. A sensação que o escritor dá é que estou segurando o arco e disparando a flecha. Porém, o contrário também é verdadeiro - é possível sentir a flecha penetrando e rasgando carne e músculo. 

Antes de iniciar esta leitura eu li algumas críticas sobre a obra. Primeiro, os amantes do escritor exaltam qualquer linha que ele escreva: isso é perigoso quando se procura por um norte para a descrição precisa do que se trata. Segundo: há os insatisfeitos que pensam que tudo é mera repetição da obra anterior.
Então, precisei definir qual seria a minha visão. 

Aos entusiastas eu digo que Cornwell é muito bom, mesmo! Exímio escritor. 
Aos insatisfeitos eu respondo: quando se trata de escrever uma batalha dentro de guerra específica é impossível não se repetir. A Guerra dos Cem Anos (que durou em torno de cento e dezesseis anos), foi longa e exaustiva. Ambos os países estavam já devastados por esta praga ambiciosa que parecia não ter  fim. Logo, depois de anos (em comparação à época de Hookton com a época de Hook), pouquíssima coisa mudou na arte de guerrear - portanto, me prevalecendo de um título conhecido, respondo: não houve nada de novo no front . E, para aqueles que comparam meu querido Thomas de Hookton à Nicholas Hook - não há semelhança entre eles, exceto a profissão.

Enquanto Thomas de Hookton é um erudito, filho bastardo de um padre com uma governanta, Nick Hook é um guardador de pasto que mal sabe dizer o que significa a palavra "herege". Mas eu não desmereço Hook à Hookton. Ambos são fantásticos, arqueiros desde a infância, matadores e apaixonados por suas mulheres. Mesmo Hook tendo sua fé em uma fantasia - e a Inglaterra precisava disso para seguir em seu sonho que ganhar o território Frances; tão certo como a França precisou da sua "feiticeira" e guerreira Joana D'arc - Hook foi um exemplo (literário) de que a guerra possui seus mais diversos soldados e, no final, não é somente a inteligência que vence, mas a destreza no manuseio da arma.

No que diz respeito sobre  a quantidade de soldados que haviam para cada lado, os números não são exatos. Há historiadores que dirão que a Inglaterra possuía quase dez mil soldados contra os seis mil franceses em campo. Porém, em Cornwell, ele seguirá a linha de que para o batalhão de trinta mil franceses havia, somente, oito mil ingleses (três mil homens de armas e cinco mil arqueiros). 

Não há como precisar essa matemática de forma exata - cada qual contará sua vantagem. 

Termino este post dizendo que a Nota Histórica de Cornwell é minha parte preferida.

Omina Vanitas.




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