29 de janeiro de 2015

Empréstimos..



Eu não sou de confiar muito meus livros a outras pessoas. Prefiro comprar um exemplar para ela do que emprestar um meu.

Porém, toda regra tem uma exceção. Há uma amiga que sempre leva de mim nada menos que cinco livros (lidos ou não lidos) da minha prateleira. Não lembro, exatamente, quanto tempo isso acontece, talvez esteja completando dois anos (?).
Nós usamos dois sistemas para esse empréstimo:

- ou ela me manda um email dizendo que terminou de ler os livros que levou e eu separo outros, a meu gosto (exceto a literatura brasileira que ela não curte), empacoto e mando por um motoboy pago por ela.

- ou marcamos um encontro para que a renovação seja feita.

Eu me sinto a Biblioteca Particular dela.

O último empréstimo aconteceu ontem. O motoboy levou - empacotados de forma muito segura - os livros acima. Foram poucas as vezes que ela não aceitou a leitura que ofereci. Desta vez, o retorno foi de "Homens, Lobos e Lobisomens" que, segundo ela, não "casou com o gosto". Espero que desta vez todos casem (rs).
 Nesta remessa houve somente um pedido especial: "Bando de Pardais" de Takashi Matsuoka. Ela leu "Ponte de Outono" e, assim como eu, ficou apaixonada e quis ler outro livro do autor. Eu lembro que li em Setembro de 2012. Fiquei muito encantada, com aquele "ar de apaixonada". Para remediar esse sentimento literário de amor, eu comecei a ler "O Primo Basílio" de Eça de Queiróz, pois esse personagem é um cafajeste de marca maior! 
Ainda não li "Bando..." mas está na lista!

Porque escolhi os livros que escolhi?

- todas merecem se apaixonar pelo sarcástico e irônico Mr. Rochester
- Maugham é sempre muito bom e contagio todos que posso com esse autor
- o livro do Stephen King é maravilhoso, chorei bicas!
- Alice Walker é impressionante com A Cor Púrpura (sempre choro)
- Matsuoka foi pedido
e, "Filme Perfeito" é um livro da minha mãe (coisinha bem doce - rs).

Então .. é isso!

Omnia Vanitas.



28 de janeiro de 2015

Um livro para Três Mulheres


Ano passado, minha irmã número três me mandou uma mensagem perguntando se eu conhecia o escritor "Harlan Coben" pois ela tinha comprado um livro dele e, segundo a propaganda do mesmo, o escritor já tinha publicado outras aclamadas obras.

Eu nunca tinha ouvido falar de Harlan Coben. Na verdade, eu vivo em universo literário paralelo, não curto literatura erótica de princesa, sagas de anjos, demônios, vampiros etc etc etc. 

Fato é que não conhecia o senhor Coben, portanto não pude dar minha opinião para minha irmã sobre a aquisição dela.
Dias depois ela veio almoçar conosco e trouxe o dito livro. Estava empolgada! O livro se mostrava melhor a cada página e logo veio o convite para eu ler pois "você irá gostar". Eu não tenho nada contra me oferecerem um livro, mas tão certo como eu não curto "Encontro as Escuras" com homens, não curto livros sem uma prévia consideração. Porque? Não sei; porque sim!

Logo que ela terminou a leitura, deixou o livro lá em casa para eu ler, mas as leituras da minha mãe terminaram antes e ela começou a ler antes de mim.
E, então, os comentários em louvor ao livro não pararam. Pedi para ela não contar o final, pois talvez eu fosse lê-lo.

Minha irmã número quatro começou a leitura depois da minha mãe. "Nossa! Esse livro é muito interessante!", ela comentou comigo e com a irmã número dois - contagiando esta última. Relatos superficiais foram feitos, para não estragar a possível leitura de nós duas.

Parece que toda a parte leitora da família foi contaminada por "Seis Anos Depois". Quem sabe um dia chega minha vez ! ;)

27 de janeiro de 2015

Última Compra..




Esses bonitinhos aí são minha última compra antes da minha promessa. Prometi (e pretendo cumprir) não comprar livros até o dia 18/03/15 - exceto se for para presente ou para minha mãe ou a pedido de outra pessoa. 
Decidi fazer esta promessa no dia 17/01/15, depois de comprar esses dois bonitões aí e mais um do Mario Puzzo - O Chefão. Daí, dei um basta! Pelo menos até agora consegui manter minha palavra. Vamos ver até quando!!

Bom, esses dois aí com o Presley são: As Quatro Estações de Stephen King e O Pecado de Lisa de Somerset Maugham.

O livro do King tem três histórias bem conhecidas - pois já se tornaram filme: Um Sonho de Liberdade (Rita Hayworth e a Redenção de Shawshank’), O Aprendiz (O Cliente), Conte Comigo (‘O Corpo).

Do meu querido Maugham O Pecado de Lisa foi um dos livros do autor que eu invoquei que queria durante as minhas férias! Então, assim que achei uma edição que condissesse com a minha vontade, compraria. Achei! Ele é simplesmente perfeito!

Bom, agora é lê-los quando a oportunidade couber! ;)

Omnia Vanitas

19 de janeiro de 2015

A Verdade está Lá Fora



Aconteceu em Março de Dois Mil e Catorze. 

Eu estava totalmente entediada, sem vontade de ler meu querido livro - na época era Mansfield Park, da Jane Austen - quando resolvi me distrair com alguns dvd's que minha irmã número cinco deixou lá em casa (por falta de espaço no apê dela). Eu li na caixa: ARQUIVO X: nove temporadas completas.

Instantaneamente à aparição de Fox Mulder eu me apaixonei por ele. Que gracinha! Que coisa fofa dimeudeus! E foi paixão daquelas pesada, porque antes de mês terminar, eu já tinha uma tatuagem no meu tornozelo com o seguinte dizer: I WANT TO BELIEVE, acompanhada com um lindo ovni com três perninhas para simbolizar o "M" do meu amado agente federal! 

Lá pelo idos do mês de Abril daquele mesmo ano, eu descobri a "literatura" da série. São dez livretos que representam os dez episódios mais vistos da série. O primeiro é intitulado como "A Verdade Está Lá Fora" - tema da série (além de Não Acredite em Ninguém).

Depois de um tempo com a coleção na minha cesta de Livros Não Lidos, ontem, decidi começar a lê-los. Fiz da série minha leitura de domingo.

Eu demorei tanto tempo para começar porque ainda estava com os episódios "frescos" na memória. Então, como estou no final da nona temporada, resolvi começar a leitura da série. :)

Primeira coisa: é preciso saber que você está lendo uma adaptação. Muitas vezes acontece ao contrário: o livro é adaptado ao filme; mas, nesta leitura, aconteceu o contrário. 

É estranho, pelo menos para mim. O livreto tem apenas cento e nove páginas, então, é muito rápida a descrição de todo o episódio. 
Quando Dana Scully, a parceira ruiva de Mulder, entra no escritório da cidade de Washintong para ser entrevistada, rostos nos são mostrados: não há uma descrição do caráter daqueles homens que lá estão, apenas rostos que se movimentarão no decorrer da série; portanto, ou presta-se atenção ou fica-se perguntando depois de onde a "figura" apareceu.
Se fosse um livro comum, sem adaptação, eu imagino que cada um daqueles homens - importantes na trama da série, teriam um capítulo exclusivo para si descrevendo o motivo de estarem lá, como chegaram e qual é a finalidade deles nesta entrevista que impuseram à agente Scully. 
No livreto tudo é muito rápido:

"Jones a conduziu por um conjunto de grandes portas duplas, até uma sala de reuniões na qual havia uma mesa oval. Os seis homens sentados ao seu redor tinham por volta de sessenta anos, mas Scully não precisava saber seus nomes para ver que se tratava de pessoas muito importantes. O poder fluía deles de forma natural".

É como mencionei acima, para sabermos em que motim a agente federal estava se metendo (ou sendo infiltrada) seria preciso conhecer o caráter daqueles homens. Mas, supondo que somente os amantes da série teriam interesse em ler o livreto (ou deixar um gostinho na boca de aspirantes à espectadores desta obra televisiva), muitos detalhes não foram dados. 

O interessante desta leitura, é que alguns sentimentos são mais interessantes no livro, como a fúria de Dana Scully por conta do sorriso debochado de Fox Mulder - que tola! Eu adoro aquele sorriso (rs). E, uma diferença que notei, é que ela não parecia tão-tão-tão chateada quando o Mulder a convidou para uma corrida matinal pela cidade. E, pelo que me lembro, quando ele bate na porta do quarto dela, ela pergunta por quem é. A resposta dele é "Steven Spielberg". Ela ri e atende a porta. 
No livreto isso não aconteceu. 
Ah! Outra coisa que notei: na série ela encontra o escritório do Mulder e se apresenta para ele (foi ali que me apaixonei (rs)). No livreto, Jones (que estou forçando a mente para lembrar da cara) a apresentou à Mulder. E,... ele não tem tantos livros no escritório, como descrito na minha leitura de ontem - infelizmente!
Nerd é fogo! (rs).


Bom, para terminar, deixo a sinopse que consta no livreto:

"Este é o primeiro episódio da série Arquivo X, levado ao ar pela Fox, nos Estados Unidos, em setembro de 1993. Também é o primeiro contato com esta seção especial do FBI - os Arquivos X - que investiga casos estranhos e inexplicáveis, fenômenos paranormais e contatos com alienígenas. Aqui você poderá acompanhar o primeiro encontro dos dois agentes, Fox Mulder e Dana Scully, suas diferenças de opiniões, personalidades e métodos de trabalho. Perceberá também a atitude ambígua da agência governamental diante das descobertas dos dois agentes".
Ok. É isso aí, pessoal! Domingo que vem tem mais! ;)

Omnia Vanitas

15 de janeiro de 2015

A Morte..


O Cavaleiro da Morte chega, na série Sobrenatural, em um Cadillac branco 1959. E eu adorei sua chegada. A música "Oh Death" é de Jen Titus, exclusiva para a série.

Desde que fiz meu trabalho de conclusão de curso em Teologia sobre a morte, eu sou apaixonada pelo assunto.

Na minha tese, eu trabalhei a hipótese de a morte ser algo natural desde a passagem do homem pelo Éden. Porém, logo após a Queda, ela passou a ser algo obrigatório ao ser humano, trazendo o pânico, o medo e a aversão por algo não compreendido e fora do poder humano. Durante sua morada no Jardim das Delícias, o homem tinha a opção de morrer e ele só optaria por ela quando chegasse a um grau de sabedoria que pudesse entregar-se à ela sem aflição ou medo.

Na série Sobrenatural, eu adorei a chegada deste Cavaleiro. Foi o último dos quatro a entrar em cena. Primeiro a Guerra, depois a Peste e a Fome e, por último ela, a Morte.

Ela chega calmamente em seu "cavalo" branco, caminha entre nós sem que a percebamos. Mas você pode esbarrar na Morte a qualquer instante, e, mesmo que você queira desafiá-la, ela não dá a mínima, a última palavra é dela: fim.

Ela sempre está com fome. Durante toda a série, quando a Morte aparecer, ela estará comendo. E como tudo o que faz mal (e mata): batata-frita, pizza, hambúrguer e, para acompanhar tudo, muito refrigerante.

De todos os personagens da série, ela é a minha favorita.

Só isso.

Hodie mihi, cras tibi.

Prólogo..



Eu não entendo nada sobre carros. Sou um zero à esquerda. E estou falando de um modo geral: seja uma marca ou sua mecânica; nada!

Mas estou lendo Christine do Stephen King. Eu não gosto de carros, mas amo Stephen King :) .

Porém, há um carro que eu quero registrar meu gosto. Chama-se Baby. É o Chevy Impala 67 de Dean Winchester, herdado de seu pai, o u-lá-lá John Winchester. Eu até arrisquei fazer um post sobre isso tempos atrás: leia aqui.

Ok. mas este post não é sobre carros. É sobre o livro.

Há dois tipos de leitores, na minha opinião. Há aqueles que lêem a história e há aquele que lêem todas as informações que o livro trás: orelhas, capa, contra-capa e prólogo.

Eu caracterizo o prólogo como um "deixe-me convencê-lo a ler este livro". Há prólogos muito bem escritos, como os das obras de Miguel de Cervantes (escrito por ele), clique aqui. Cervantes é irônico! Quem já leu Dom Quixote de La Mancha (e leu o prólogo da segunda parte) riu litros com o humor do escritor em seu prólogo.

E, da minha leitura atual, eu adorei o "deixe-me convencê-lo a ler este livro". Talvez, porque eu gosto de livros com "Vingança Nerd" e Stephen King é rei neste quesito, nota-se isso em "Carrie, A Estranha". Então, vou deixar de meias palavras, e postar o prólogo de Christine. Talvez, leitor anônimo, você não goste tanto como eu gostei, mas eu estou adorando o livro tanto quanto gostei desta nota introdutória.

PRÓLOGO

Esta é a história de um triângulo amoroso — suponho que este seria o nome — formado por Arnie Cunningham, Leigh Cabot e, naturalmente, Christine. Quero que compreendam, no entanto, que Christine chegou primeiro. Ela foi o primeiro amor de Arnie e, embora eu não tenha a presunção de garantir (de qualquer modo, não após os altos níveis de sabedoria que alcancei, em meus 22 anos), creio que ela foi seu único e verdadeiro amor. Portanto, chamo de tragédia ao que aconteceu.
Eu e Arnie crescemos no mesmo quarteirão, freqüentamos juntos a Escola Primária Owen Andrews e o Ginásio Darby. Também juntos, fomos para o Ginásio de Libertyville. Penso que fui o principal motivo de Arnie não haver sido devorado no ginásio. Eu era um cara importante — sei que isso não quer dizer grande coisa; cinco anos após o diploma, não se consegue nem mesmo uma cerveja grátis, por termos sido o capitão dos times de futebol e beisebol, e um nadador da Associação de Escolas—, mas, como fui tudo isso, pelo menos Arnie nunca foi liquidado. Abusaram dele um bocado, mas nunca o destruíram.
Ele era um perdedor, compreendam. Todo ginásio tem dois, pelo menos; é como uma lei nacional. Um homem, uma mulher. Sacos-de-pancada de todos. Seu dia foi ruim? Falhou em uma prova importante? Discutiu com seus velhos e ficou o fim de semana a pé? Não há problema. Encontre um daqueles pobres coitados que se esgueiram pelos corredores como criminosos, antes do sinal para as aulas, e vá direto ao infeliz. Sabiam que, algumas vezes, eles são abatidos em todos os sentidos, exceto no físico; em outras, acham alguém a quem agarrar-se e sobrevivem. Arnie tinha a mim. Depois teve Cristine. Leigh apareceu mais tarde.
Eu só queria que vocês compreendessem isso.
Arnie era um deslocado natural. Estava fora do atletismo por ser magricela — um e setenta e cinco, com cerca de setenta quilos, tragado por todas as suas roupas, mais um par de botas Desert Drive. Estava por fora também para os intelectuais do ginásio (eles próprios, um grupo inteiramente “desajustado” em uma cidadezinha como Libertyville), porque não tinha nenhuma especialização. Arnie era esperto, mas seus miolos não se fixavam naturalmente em coisa alguma, a menos que fosse mecânica automotora.
Era grande nisso. Em se tratando de carros, o garoto era uma espécie de alucinado nato. Seus pais. no entanto (os dois lecionavam na Universidade, em Horlicks), não podiam ver seu filho — que tinha marcado o máximo de cinco por cento no teste de inteligência Stanford-Binet — matricular-se nos cursos profissionalizantes. Andy teve muita sorte, quando lhe permitiram cursar Mecânica de Motores I. II e III.
Precisou batalhar muito para conseguir a permissão. Estava ainda deslocado com os que se drogavam, porque não era disso. E também não se ligava com o grupo machão calças-jeans-e-Lucky-Strikes, porque não era de beber e chorava, se atingido com força.
Oh, sim, era um desajustado também com as garotas. Seu mecanismo glandular degringolara inteiramente. Quero dizer, Arnie era um tapete de espinhas. Acho que lavava o rosto umas cinco vezes por dia, tomava umas duas dúzias de duchas por semana e experimentava cada creme ou panacéia conhecidos pela ciência moderna. Nada funcionava. O rosto de Arnie parecia uma pizza e ele ia ficar com uma daquelas caras furadas e marcadas para sempre.
Eu gostava dele assim mesmo. Arnie tinha um sutil senso de humor e uma mente que não se cansava de fazer perguntas, inventar jogos e pequenas, divertidas brincadeiras. Foi Arnie quem me mostrou como construir uma fazenda de formigas quando eu tinha sete anos, e passamos todo um verão espiando aqueles animaizinhos, fascinados por sua diligência e total seriedade. Quando tínhamos dez anos, foi por sugestão de Arnie que nos esgueiramos de casa certa noite e colocamos um monte de bostaseca de cavalo, tirada dos Estábulos da Rota 17, debaixo do enorme cavalo de plástico sobre o gramado do Libertyville Motel, do outro lado da linha do trem, em Monroeville. Arnie aprendeu xadrez primeiro.
Aprendeu pôquer primeiro. Ensinou-me a aumentar meu escore em Scrabble. Nos dias chuvosos, bem até a época em que me apaixonei (ora, foi mais ou menos isso — ela era chefe de torcida, com um corpo espetacular; achei que me apaixonara pelo corpo, embora, quando Amie avisou que a mente da garota tinha toda a profundidade e ressonância de um Chaun Cassidy 45, eu não pudesse responder que ele estava mentindo, porque não estava mesmo), era nele que eu pensava primeiro, porque Arnie sabia como engrandecer os dias de chuva, da mesma forma como sabia aumentar os escores no Scrabble. Talvez seja esta uma das maneiras de identificarmos as pessoas realmente solitárias… elas sempre podem imaginar algo legal para se fazer em um dia de chuva. A gente sempre pode contar com ela. Estão sempre em casa. Sempre na pior.
De minha parte, ensinei Arnie a nadar. Chateei-o até convencê-lo a comer verduras, para que pudesse melhorar um pouco a sua magreza. Consegui trabalho para ele em uma estrada, um ano antes de nosso último ano no Ginásio de Libertyville — e para isso nos empenhamos a fundo com os pais dele, que se viam como grandes amigos dos trabalhadores nas fazendas da Califórnia e dos metalúrgicos daquela cidadezinha cretina, mas que ficavam horrorizados à idéia de seu talentoso filho (com um máximo de cinco por cento em seu teste Stanford-Binet, lembrem-se) ficando com os pulsos sujos de terra e o pescoço vermelho.
Então, perto do fim daquelas férias de verão, Arnie viu Christine pela primeira vez e se apaixonou por ela. Eu estava com ele nesse dia — íamos para casa, voltando do trabalho — e testemunharia a respeito diante do Trono de Deus Todo-Poderoso, se para isso me convocassem.
Irmão, ele gamou e gamou de fato. Até que podia ter sido gozado, se não fosse tão triste, se aquilo não ficasse assustador tão depressa como ficou. Podia ter sido divertido, se não houvesse sido tão ruim.
Ruim — a que ponto?
Foi ruim desde o começo. E se tornou rapidamente pior.

12 de janeiro de 2015

Sobre uma Vontade ..



Eu nem pediria muito, somente uma casa em uma pequena ilha - casa de madeira mesmo. Esta casa teria três cômodos: uma sala que seria minha biblioteca, um quarto e cozinha/banheiro. Não quero muito, pois sei que há conforto na simplicidade.
Levaria todos os meus livros e compraria outro tanto. Ficariam todos expostos na minha sala, longe da luz do dia para conservá-los melhor.
Minha cozinha teria um fogão à lenha, uma mesa para quatro pessoas e uma pequena quantidade de louça - somente o necessário. Se algo quebrar é só trocar por alguma coisa com um vizinho ou comprar na venda que fica à poucos quilômetros da minha  casa. É uma venda pequena, sem luxo. Lá é vendido somente artigos necessários para os habitantes. 
Não haveria geladeira, porque não há luz elétrica. A comida seria fresca sempre.
No meu banheiro eu teria uma banheira de imersão. Ferveria a água em dias de frio para tomar meu banho.
Meu quarto seria muito simples: minha cama, um guarda roupa com uma porta, um baú aos pés da cama e um espelho na porta do quarto.
Ao lado da minha casa eu faria uma plantação de hortaliças e, no quintal haveria algumas árvores frutíferas. Na parte da frente eu teria um sombreiro.

Nessa minha ilha, ninguém dirige carros. Não tem asfalto, somente ruas de chão batido. As pessoas guiam bicicletas ou caminham para chegar em algum lugar. Não há carroças, para os animais não serem escravizados.

Eu não ficaria à toa: usaria meu dom de ensinar para educar crianças, adolescentes e alfabetizar, também, adultos.

Nada da correria da cidade. Nada de ficar um dia inteiro presa em um escritório quente. Nada de ganhar dinheiro e deixar de viver.

Eu tenho que parar de ler Maugham.

Omnia Vanitas.

11 de janeiro de 2015

Sobre as Férias..


Fim das férias!

Quantas coisas eu fiz! Quanta vontade de fazer tantas outras!

Depois da correria do Natal, reformei meu escritório! Ficou lindo! Do jeito que quero, do meu jeito! Meus livros ordenados nas prateleiras que escolhi e fixei! A cor que desejei na primeira reforma...agora é real. Quatro dias de trabalho e a satisfação durará sempre! Nada melhor do que poder realizar aquilo que deseja!

Durante esse tempo, minha leitura não foi neglicenciada. Terminei de ler Villette.  Por conta deste fim, eu comecei outra leitura de Charlotte Brontë, O Professor
Maugham também foi visitado nestas férias: Ah KingHistórias dos Mares do Sul, O Destino de Um Homem e Um Gosto de Seis Vinténs. Dumas também participou com O Filho do Forçado.
Foram ótimas madrugadas adentro junto de cada livro, livre de preocupações, somente o prazer de saborear uma leitura tranquila e gostosa.

Também tive liberdade para visitar a família e ajudar amigos. Pesquei, ri, nadei, suei (rs), brinquei com minha cachorrinha, comprei livros, ganhei presentes e muito mais.

Se gostaria de fazer outras coisas? Eu não mudaria as coisas que fiz, mas teria tantas outras que acrescentaria. Precisaria de mais dias e mais dinheiro (rs).

Férias, na verdade, é igual chocolate: você precisa saborear cada pedacinho antes do fim! 

Agora é aguardar por pequenos feriados e, claro, as próximas férias! Até lá estudar, nadar, trabalhar, curtir os amigos e ... outras coisas (rs).

Então, que comece a labuta!!!

Omnia Vanitas.

Struldbruggs..



Você já leu ou ouviu algo sobre os Struldbruggs?

Eles fazem parte do livro As Viagens de Gulliver de Jonathan Swift. Na edição que tenho desta obra (Nova Cultural)os struldbruggs pertencem à terceira parte do livro: na viagem a Laputa.

Um struldbrugg é uma pessoa imortal. Essa pessoa nasce com uma marca na testa - que indica a família que esta terá um imortal em seu meio.
Quando Gulliver soube desta "benção", imaginou mil e um planos sobre o que fazer a eternidade nas mãos. Lê-se:  
"Respondi afirmando que era fácil ser eloquente quando se tratava de um assunto tão rico e delicioso, especialmente para mim, sempre inclinado a me impressionar com visões do que deveria fazer caso fosse rei, um general, ou um grande senhor;  quanto ao caso de que tratávamos, muitas e muitas vezes eu me enregara a imaginar o sistema no qual encaixaria a mim mesmo e de que maneira aproveitaria o tempo, se fosse viver para sempre.
Isso se houvesse tido a boa fortuna de vir ao mundo como um struldbrugg. Assim que descobrisse minha própria felicidade, como compreendia a diferença entre vida e morte, eu primeiro decidiria entre todas as artes e métodos qual seriam os melhores para me tornar rico; então, perseguindo esta finalidade, com economia e boa administração, eu poderia perfeitamente esperar que após cerca de duzentos anos seria o homem mais rico do reino. Em segundo lugar, iria aplicar-me desde a infância a estudar artes e ciências, com as quias acabaria excedendo todos os outros em conhecimento. Por fim, registraria com imenso cuidado as ações e acontecimentos de importância que ocorressem em público, traçando o desenho, com imparcialidade, dos personagens das várias sucessões de príncipes e grandes ministros de Estado, colocando minhas próprias observações em relação a cada ponto. Descreveria com exatidão as várias mudanças que ocorressem nas roupas, linguagem, moda, dieta e diversões. Por todas estas conquistas, eu seria um tesouro vivo de conhecimento, de sabedoria e certamente seria o oráculo da nação".

Se o ser humano fosse capaz de seguir por esse plano traçado por Gulliver, a humanidade, quem sabe, pudesse dar passos mais firmes para uma sociedade mais justa. Mas Gulliver era um sonhador, não por desejar se tornar sábio, conhecer ou tudo mais, mas porque ele ignorava como vivia um struldbrugg. Leia o exclarecimento que Gulliver obteve:

"...meu intérprete fez um relato pormenorizado a respeito dos struldbruggs que havia entre eles. Disse que geralmente agem como mortais até chegarem perto dos trinta anos, depois dos quais, pouco a pouco, vão se tornando melancólicos e abatidos, sentimentos esse que continuam a aumentar até que chegam aos oitenta. (...) Quando alcançam os oitenta anos, o que é considerado o limite extremo da vida neste país, eles sofrem de todas as excentricidades e doenças dos demais velhos e, além delas, de muitas outras que surgiam com a atemorizante perspectiva de nunca morrer. Não apenas são teimosos, rabugentos, avarentos, taciturnos, presunçosos, tagarelas, como também são incapazes de sentir amizade e encontram-se mortos para todas as afeições naturais, que jamais se prolongam além de seus netos. Os principais alvos contra os quais a inveja deles parece basicamente dirigidas são os vícios  dos mais jovens e as mortes dos mais velhos. (...) Os menos miseráveis entre eles parecem ser aqueles que alcançaram a senilidade e que perderam inteiramente a memória: eles conseguem assistência e despertam mais piedade porque já não têm as muitas más qualidades que sobram nos outros (...)".

Termino aqui um breve registro sobre a descrição dos struldbruggs. O livro terá mais detalhes, mas eu me detenho por aqui.

Entre a descrição de Gulliver e a realidade sobre os imortais, a diferença é enorme. Swift descreve desejos nobres sobre uma imortalidade perfeita, onde o ser humano evoluiria - mesmo que com uma certa dose de mesquinhes - para uma lógica ideal: utilizar-se dos benefícios para aperfeiçoar-se como ser humano. Portanto, os habitantes de Laputa caçoam deste sonho de Gulliver. Os imortais são tão humanos quanto os mortais; quem sabe mais infelizes que os que possuem vida breve. 

Eu lembrei desta história porque estava conversando com uma amiga sobre como somos mais orgulhosos conforme galgamos em idade. Sempre ouvi-se que a idade traz sabedoria. Traz mesmo? Eu vejo que conforme o ser humano envelhece, mais intolerante e esnobe ele se torna. Ele exige um respeito doente sobre um caráter que não lhe cabe gabar-se. Vejo pessoas se distanciando de outras - seja em amizade ou na família - por pura soberba. O ser humano não sabe crescer.

Lembrei também das palavras de Cristo que diz que o homem deve se tornar uma criança para alcançar o Reino dos Céus. Indiferente da fé que você decidiu semear em sua vida, eu digo que a evolução do ser humano é a sua regressão. Enquanto somos crianças, sabemos aceitar o outro seja qual for a cor dele. E, enquanto crescemos em idade, regredimos em sabedoria, mesmo obtendo todo o conhecimento que um ser humano pode obter. Ao avançar em idade, o homem aprimora seu preconceito, se torna avarento e egoísta. Quando cresce, o homem precisa fazer filantropia para se sentir bem. E o faz para ser notado, para ganhar elogios e, talvez, desconto no Imposto de Renda. 
Não estou dizendo que todo ser humano é assim - mas, infelizmente, uma esmagadora maioria pertence a esta classe cruel de gente. 
O homem da regressa evolução desmerece o outro para se sentir bem. Ele precisa que existam pessoas abaixo dele para que se sintam bem e valorizado. 
Que orgulho besta é esse que nos faz rebaixar alguém como se um punhado de dinheiro ou de conhecimento desse seu aval para tal ato? O que está acontecendo conosco? 
Porque aumentamos o muro que nos separa da rua conforme o mundo - que se diz moderno - avança no calendário?  
Se somos tão mais espertos que os nossos antepassados, porque ainda estamos queimando gente na calçadas? Porque ainda há criança sendo violentada na própria família, porque os filhos ainda matam os pais? Essa modernidade me assusta. Esse ser humano está mais para monstro.

Eu gostaria que deixássemos de pensar tanto em celulares, carros, conta em banco, roupa da moda, redes sociais e fôssemos  bons humanos. Gostaria que o Nobel da Paz deixasse de ser exclusivo de uma pessoa e fosse a marca de uma raça humana que aprendeu a conviver em amor com o próximo. Desejo que essa humanidade seja criança para sempre.

8 de janeiro de 2015

A Vaca..


Eu estava indo dormir, mas vi este post no Facebook e decidi escrever umas besteirinhas (rs).

Um um sábado qualquer, eu fui visitar minha professora de língua hebraica para tirar uma dúvida (fico tão feliz quando tenho somente uma dúvida rs) e, enquanto ela atendia uma chamada ao telefone, eu fiquei xeretando os livros - ela é dona de uma livraria. 

Passando os olhos por alguns títulos muitíssimos interessantes, eu descobri Lady Susan. Eu li esse livro durante minhas férias de 2012. E, como naquela época eu já tinha a leitura dos seis livros principais de Jane Austen - a autora de Lady Susan - eu não pude deixar de achar, no mínimo estranho, a mulher que criou Elizabeth Bennet, Elenor Dashwood, Fanny Price, Emma Woodhouse e Anne Elliot (sem citar as coadjuvantes destas heroínas) criar uma mulher tão vaca como Lady Susan
Quando a minha professora desligou o telefone, eu estava com o exemplar nas mãos e disse para ela:

- Se alguém pedir referência sobre este livro, diga: Lady Susan é uma vaca!

Ela riu do meu comentário, e duvido que utilize-o para alguma venda do exemplar (rs).

Mas, leia isso, sonolento leitor, a Editora Pedrazul está fazendo a alegria de muitos leitores (prefiro acreditar que existem homens que curtam essa leitura) publicando uma vasta coleção de livros que foram negados, durante muito tempo, àqueles que somente leem em PTBR.

Além da vaca Lady Susan, também a biografia escrita por um parente de Jane Austen está em lançamento. 
O que espero, ansiosamente, é a publicação das cartas da senhorita Austen para sua amada irmã, Cassandra. Biografias não são meu forte, mas cartas...ah..eu sou apaixonada por cartas, diários e semelhantes. Escritos pelo punho do autor(a). Isso sim é biografia!! 

Outras publicações da Pedrazul (hoje estou pagando pau para essa editora - rs) é meu querido livro Villette e Shirley da irmã Brontë Charlotte. 
O primeiro eu comprei da Pedrazul, mas Shirley eu comprei em um sebo de São Paulo (on line). Trata-se de uma jovem senhora de Sessenta e Cinco anos (completará 66 em Outubro deste ano). É linda! Enxuta! Firme! Com aquele cheirinho de livro velho (rs) e alguns ácaros pendurados. Por sorte achei mais dois exemplares usados, além do meu, e presentei duas amigas que também gostam de Charlotte Bonte. Em Shirley, eu "conheci" o professor Loius Moore...um fofo! 
Termino este post com um trecho do capítulo Vinte e Seis, de Shirley, meu preferido:

...Não gosto das coisas doces, se não são picantes; ou das coisas brilhantes, se ao mesmo tempo não queimam.

Omnia Vanitas.

7 de janeiro de 2015

Eis o Homem ..





Devaneios! Devaneios! Devaneios!!

Estava eu fuçando a ressuscita página do meu perfil no Facebook, quando vi o post abaixo da Editora Pedrazul.


Quando Gaskell escrevia sua obra-prima!

Quando trabalhava nos capítulos finais de Margaret Hale (Norte e Sul), na casa da família perto de Matlock, em Derbyshire, Inglaterra, ela escreveu que, como não podia dar a obra o título idealizado, o nome da sua heroína, preferia chamar seu romance ‘Death and Variations’ e não de “Norte e Sul” como queria Charles Dickens, seu editor, pois na trama havia cinco mortos, cada uma delas maravilhosamente coerente com a personalidade do indivíduo e com a história". Esta observação, provavelmente uma piada, enfatiza o papel importante da morte no desenrolar da obra. A morte afeta Margaret profundamente e, gradualmente, a encoraja à independência, permitindo Gaskell analisar as profundas emoções de sua personagem e concentrar-se na dureza do sistema social através das demais mortes. Loreau and Mrs. H. de Lespine, com a autorização da autora, traduziu a obra para o francês, e a publicou em Paris pela Hachette, em 1859, sob o título de Marguerite Hale (Nord et Sud). Portanto, a Pedrazul não será a pioneira na manutenção do título original. Porém, será a pioneira ao lançar uma obra com duas capas, cada uma delas revelando o teor de seu tema!

Eu li apenas um livro da Elizabeth Gaskell - Norte e Sul - e assisti duas minisséries: Cranford e O Retorno a Cranford. Adorei todos. 

Mas, ou estou muito enganada, todo leitor(a) tem o seu personagem que lhe inspira suspiros. Eu tenho vários (rs). Mas, sobre todos eles existe John Thornton. Oh! Que homem perfeito! Por tanto tempo Edmond Dantés e Mr. Darcy estiveram neste posto; mas Mr. Thornton veio, muito mansamente, arrebatar-lhes o lugar de honra (rs).

E, porque ele ocupa este posto? Porque ele é humano em seus sentimentos com a amada! Mr. Thonrnton não te a pretensão de ser este ser intocável que é meu querido Dantés ou nobre como Mr. Darcy. Ele é apenas Thornton! Ahh que delírio - hahaha.

Eu estava procurando a minha passagem preferida no livro Norte e Sul... E, agora, deixo-a para você, leitor anônimo, como um pedaço do meu devaneio:

A voz dele estava rouca e trêmula de paixão, quando disse:
– Margaret!
Por um momento ela o olhou. Então tentou ocultar os olhos luminosos escondendo o rosto nas mãos. Novamente, chegando mais perto, ele voltou a chamar o seu nome, com voz trêmula e ansiosa.
– Margaret!
Mais sua cabeça baixou, mais o rosto se escondeu, quase descansando na mesa diante dela. Ele se aproximou. Ajoelhou-se ao seu lado, trazendo o rosto até o seu ouvido, e sussurrou ofegante as palavras:
– Tome cuidado... Se você não falar, eu a reivindicarei como minha, de algum modo presunçoso e estranho. Me mande embora agora, se eu tenho que ir... Margaret!

Omnia Vanitas

Foto: Richard Armitage (intérprete de Mr. Thornton na produção da BBC de Londres).

5 de janeiro de 2015

O Menino das Meias Vermelhas..



Estou eu colocando minha missiva em dia e ouvindo rádio. E, o conto "O Menino das Meias Vermelhas" de Carlos Heitor Cony foi narrado durante a programação de "O Conto do Vigário". Segue ..


Todos os dias, ele ia para o colégio com meias vermelhas.
Era um garoto triste, procurava estudar muito mas na hora do recreio ficava afastado dos colegas, como se estivesse procurando alguma coisa. Os outros guris zombavam dele, implicavam com as meias vermelhas que ele usava.

Um dia, perguntaram porque o menino das meias vermelhas só usava meias vermelhas.
Ele contou com simplicidade:
- "No ano passado, quando fiz aniversário, minha mãe me levou ao circo. Botou em mim essas meias vermelhas. Eu reclamei, comecei a chorar, disse que todo mundo ia zombar de mim por causa das meias vermelhas. Mas ela disse que se me perdesse, bastaria olhar para o chão e quando visse um menino de meias vermelhas saberia que o filho era dela".

Os garotos retrucaram:
- "Você não está num circo! Porque não tira essas meias vermelhas e joga fora?"

Mas o menino das meias vermelhas explicou:
- "É que a minha mãe abandonou a nossa casa e foi embora. Por isso eu continuo usando essas meias vermelhas. Quando ela passar por mim vai me encontrar e me levará com ela".

4 de janeiro de 2015

O Filho do Forçado..



Fim de outra leitura. Desta vez o escolhido foi meu querido Alexandre Dumas.

O título merece um pouco de atenção. O Filho do Forçado? Eu conheci este termo  nas leituras que fiz de Cervantes e Dumas. É uma expressão quase corriqueira. "Forçado" é uma expressão para "Galé" e "Galeras". Isso designa uma punição para os fora-da-lei: estes eram obrigados a trabalhar em galeras, ou seja, como remadores em navios. Esse serviço era comumente chamado de "forçado". Logo, o filho do "Forçado" é o filho de um fora-da-lei, bandido, criminoso etc. 

Essa edição que eu tenho foi publicada em treze de outubro de mil novecentos e trinta e sete. E, como mostra a imagem, tratava-se de uma revista chamada "A Novela". Segundo as propagandas que estão no exemplar, esta revista tinha publicações integrais ou por volume em seu conteúdo. No meu número além de "O Filho do Forçado" também há outras duas histórias: "Honolulu" do meu amado W. Somerset Maugham (que eu li em Histórias dos Mares do Sul) e "Falk" de Joseph Conrad (que não li). 
O interessante nesta simpática revista é que há várias piadas em forma de charges durante a história - algumas vezes há ilustrações de meia página.
Outro fator interessante é que a impressão do texto está dividido: há duas colunas (estilo bíblia sagrada) em cada página. Eu achei isso muito ruim, mas deveria ser bom para os impressores, pois poupa folha na hora da publicação. Ah! A letra! Eita "miserê"! Pequeninha que só! Eu tinha quase uma hora para ler uma página com duas colunas (rs) - exagero meu!

E a história?

Millette, uma sonhadora moça, casou com Pierre Manas - um vagabundo de primeira. Logo após o casamento, o dedicado marido mostrou o caráter preguiçoso e mandrião que lhe caracterizava. Além de vagabundo, ele batia na pobre Millette - que aprendeu a suportar tudo calada.  Após o casamento, o senhor Manas resolveu mudar-se com a infeliz esposa para Marselha - jurando à ela que nesta cidade poderia encontrar um emprego que lhe pagasse o justo que merecia. Claro que isso não aconteceu. 

Outro personagem - que me arrancou muitos risos durante a leitura - foi o pitoresco e mercenário senhor Paul Coumbes. Este ignorante senhor não media esforços para realizar seus sonhos - quase todos quimeras. Comprou uma casa em um lugar onde só havia rochas e cascalhos. E, jurou para si que lá nasceria a melhor horta de toda a França. Pobre senhor Coumbes. O vento lhe varreu o sonho durante muitas estações.

Mas, antes do senhor Coumbes mudar-se para a tão sonhada cabana, ele conhece o casal Manas e seu pequeno filho, Marius.

É em Marius que toda a trama se enreda.

Na época que o casal Manas se separou, o protagonista estava na tenra idade e nada se lembrara do pai. A mãe, depois de ser acolhida como empregada/amante do mesquinho senhor Coumbes, tratou de fazer o filho ser agradecido ao seu patrão pela benevolência que este mostrou a ambos. O pobre Marius, rapaz honesto e trabalhador - tão oposto ao pai - cresceu achando que era filho do patrão/amante de sua mãe. 

Com o passar do tempo, o senhor Coumbes adquiri, contra sua vontade, vizinhos. Este vizinho é um jovem abusado que passa às noites a atormentar a paz do primevo morador com bebedeiras, jogatinas e pregando peças ao vizinho exasperado. 
A paz é promovida por Marius - que se dispõe a levar um recado para o vizinho. Mas, ao invés de encontrar Jean, o vizinho; encontra Madelleine, a irmã deste. Paixão a primeira vista, claro! 

Toda a trama ficará rebuscada com a descoberta de Marius não ser filho do senhor Coumbes e, também com a volta de Pierre Manas.

E o que aprendi com essa leitura? Que quando você tenta ajudar uma pessoa, outra acaba em desgraça. 

Marius tentou acobertar o pai - na tentativa de honrar o nome paterno que nada tinha de orgulho a dar à família - em detrimento ao sofrimento da pobre mãe. 

Claro, que ao final, ele casa com a mocinha, sua condição hereditária é perdoada pelo irmão da moça e quase todos ficam felizes.

E o senhor Coumbes continua a ser o ganancioso e mesquinho ex-estivador. 

Dumas é assim, ele desenvolve uma trama onde a honra e os princípios morais e religiosos são sempre o alicerce para as decisões de seus protagonistas - em algumas histórias. Em O Filho do Forçado ele não agiu diferente.

É uma história muito agradável para ler - e mesmo o senhor Coumbes dar aflições aos nervos pela sua mesquinharia - é possível dar algumas risadas as custas do ex-estivador sempre atrapalhado.

Omnia Vanitas.



3 de janeiro de 2015

O Leitor e a Prisão de Ventre..


Boa noite, querido leitor!

Estou eu, no aconchego do meu lar, lendo e ouvindo meus discos de vinil, quando me deparo com uma lembrança do antigo dono do livro que possuo. 

Livro usado é assim, às vezes nos trás a agradável surpresa de uma lembrança do dono anterior! Desta vez pude perceber que o ex tinha um caso complicado de prisão de ventre. Será que que ele conseguiu chegar até a farmácia indicada? ;)

Omnia Vanitas.

Parabéns, Professor ..



Hoje é aniversário dele, John Ronald Reuel Tolkien

Este é um dos homens que têm a minha máxima estima. Ele não é apenas escritor, ele é um criador! Ele detestava ser chamado por essa alcunha "criador", mas eu não consigo descrevê-lo de outra forma. 
Ele criou Arda, a Terra Média, Dragões, Anões, Homens, Elfos, reis e reinos, costumes, tradições, lendas que ninguém pensou em criar antes. Ele criou idiomas!!! Cada língua com suas características próprias, escritas, desenhos e formas! Ele foi um homem admirável! Professor Tolkien foi uma dessas pessoas ímpares que surgiram entre nós - e talvez a humanidade só terá um semelhante depois que muitas gerações tiverem passado. 
Para ele, a leitura tinha um gosto diferente - não era apenas uma leitura que guiava mas que criava. Se você, caro leitor, tiver a oportunidade e a sensibilidade de ler O Silmarillion (sou apaixonada por esse livro), saberá sobre o que estou escrevendo. A Mitologia teve uma nova simbologia a partir de Tolkien. Não é atoa que nos livros dele está escrito a seguinte frase do The Sunday Times:

"O mundo se divide entre aqueles que já leram O Hobbit e O Senhor dos Anéis e aqueles que ainda não leram".

Outro fato que mantém o professor Tolkien em alta conta comigo (rs) é o seu carisma. Ele não foi desses intelectuais bestas que se auto-classificam "superiores". Ele gostava de rir, de conversar com animação e de contagiar os outros com suas histórias sem colocar em detrimento o ouvinte. Por isso repito, como o professor Tolkien houve, há e haverá poucos.

Infelizmente, pelo meu não gosto por leituras biográficas, eu fico devendo muitos pormenores da vida deste homem excepcional. Porém, prometo, para o próximo ano colocar em minha leitura as cartas deste querido Mestre!

Omnia Vanitas.

2 de janeiro de 2015

Ah King..

"Nenhum dos dois notou a aproximação do amor". - Somerset Maugham

No último dia de Dois Mil e Catorze eu terminei minha leitura de Ah King, do Somerset Maugham. Mas, apenas hoje, eu consegui me convencer de que poderia escrever sobre.

Eu já escrevi, anteriormente, sobre este livro - que erro terrível! Não permiti-me terminar para entender o todo do livro - agora, paciência.

Ao concluir a leitura, eu percebi que cada história mostrava um modo de amar.

Em Pegadas na Floresta o amante se submete a assassinar o esposo da mulher que ama para continuar com ela; A Porta da Oportunidade relata a decepção da esposa ao perceber que o homem que ama é covarde e indiferente ao sofrimento alheio - por isso não o suporta e se divorcia dele. O Vaso Ira descreve a engraçada paixão da irmã de um missionário pelo bêbado da cidade - que culmina em casamento feliz. Saco de Livros mostra o retrato da intimidade de dois irmãos que ultrapassa as convenções sociais. Além do Além foi o meu conto preferido. Pode o amor suportar o sofrimento e a honra? E, por fim Neil Mac Adam apresenta a determinação de um jovem em manter-se virgem a todo preço e a sua ira por uma mulher casada que lhe jura amor.

Você e eu, caro leitor, podemos não concordar com algumas "performances" de amar. Mas elas existem. Não podemos colocar a peneira em frente ao sol e achar que elas não são reais. Elas estão presentes desde antes de Maugham as descrever e vivem até hoje. Elas provocam dor, aflição, angústia, medo, sofrimento,  indiferença, alegria, êxtase, prazer etc. 
Eu concordo com Platão quando ele diz que ao toque do amor todos nos tornamos uma porta. 
Leitor, você pode ler vários livros, artigos, revistas, teste de alma gêmea e tudo mais. Mas uma coisa lhe digo, não adianta nada. Quando esse bichinho corroer seu coração, é tarde demais. Não há voz de razão que lhe coloque no prumo. Não há leitura de Jane Austen ou de Irmãs Brontë que lhe diga que a prudência é o melhor remédio. Ninguém é prudente quando se fala de amor e chocolate. 
Foi isso que senti ao terminar de ler este livro: não há regra. É essa delicadeza de Maugham em expressar de forma tão delicada sobre um assunto tão complexo: o amor. 

É isso aí...

Omnia Vanitas.

Histórias dos Mares do Sul ..


Terminei de ler Histórias dos Mares do Sul do meu querido Maugham. 

Todas as histórias deste livro são maravilhosas. Elas me remeteram à situações inusitadas, chocantes e ... perfeitas. Maugham é fantástico. Que tato delicado em compreender e transcrever a alma humana. 
Eu não quero me delongar neste post, pois tenho a impressão que não conseguirei fazer jus à obra. Ele é incrível.
Deixo a seguir o post scriptum como gostinho para ativar o paladar literário, querido leitor.
Leia Maugham!

Quando o nosso navio parte de Honolulu, penduram-nos ao pescoço leis, que são grinaldas de flores suavemente odoríficas. O cais regorgita de povo, e a banda toca uma derretida melodia havaiana. Os passageiros lançam serpertinas coloridas aos que ficam, e a amurada do navio engalana-se toda com as finas tiras de papel, vermelhas, verdes, amarelas, azuis. E quando o navio começa a mover-se devagar, as serpentinas rompem-se docemente, com um leve estalido. É como a ruptura dos laços humanos. Homens e mulheres são momentaneamente reunidos por uma fita de papel de cor alegre, vermelha, azul, verde ou amarela. Depois a vida os separa, e o papel se rompe, tão facilmente, com um pequeno estalido! Por uma hora ainda, os fragmentos tremulam ao longo do casco. Afinal o vento os leva. As flores da nossa grinalda murcham, e o seu aroma torna-se opressivo. Então jogamo-las ao mar.


Omnia Vanitas.

O caso do cachorro ..

 Olá, esquecido leitor !   Apesar de passar muito tempo longe deste blog, tentei voltar algumas vezes mas o tempo nem sempre está do meu lad...