7 de agosto de 2016

Lazarillo de Tormes..


Ontem, para meu desespero, deixei a revista que estava lendo sobre Cervantes em casa. Para passar o dia, eu resolvi começar uma leitura alternativa.
A escolha não poderia ser outra: Lazarillo de Tormes.

La vida de Lazarillo de Tormes y de sus fortunas y adversidades é o título original deste livro, escrito no século XVI, época de Miguel de Cervantes - que recebeu influência desta obra - publicado em 1554. À princípio, a autoria desta novela picaresca é anônima, porém, na edição que li, o nome de Diego Hurtelo de Mendonza é apontado como um possível autor desta obra.

Lazarillo de Tormes é uma novela picaresca que, segundo a Wikipédia significa:

Romance picaresco (em espanhol: "picaresca", de "pícaro", "delinquente" ou "malandro") é um sub-gênero literário narrativo da ficção em prosa, geralmente satírico e que descreve, em detalhes realistas e muitas vezes humorísticos, as aventuras de um herói malandro da classe social baixa, que vive por sua inteligência em uma sociedade corrupta. Este estilo do romance foi originado na Espanha, nos anos de transição do Renascimento para o Barroco, durante o chamado Século de Ouro, possivelmente influenciado pela literatura árabe (especificamente o gênero maqamá), e floresceu na Europa nos séculos XVII e XVIII, e continua a influenciar a literatura moderna.

O momento que a Espanha vivia na época que Lazarillo foi escrito contava um momento bom para a país - porém a miséria era agravante mesmo em meio a sua fortuna. A explicação é simples: buscando descobrir o Novo Mundo, a coroa espanhola lançava ao mar sua tripulação - e com ela ia todo o dinheiro do reinado, deixando, então, um país pobre para trás. Toda a narrativa de Lazarillo demonstra essa pobreza na Espanha. 

E o personagem? Ele é carismático! É fácil se comover com a história dele e, quando possível, rir com ele. Escassos são os momentos de felicidade deste personagem, que se vê longe da mãe e da família desde a idade mais tenra. 
Lázaro, como se chama o menino, tem cinco patrões durante a primeira parte da sua vida - que é narrada até a vida adulta.
Seu primeiro patrão é um cego que se diz curandeiro, meteorologista e toda a sorte de mentiras que possam lhe trazer algum benefício financeiro (ou mesmo em troca de comida - moeda comum neste meio). O segundo patrão de Lázaro foi um padre - tão avarento quanto o cego. O terceiro patrão foi um escudeiro falido que tinha para si somente a honra, nada mais. 
Este trio deu à Lazarillo um banquete de nulidade. A fome foi próspera na vida deste menino, que se não foi a piedade de alguns, teria morrido de fome no segundo capítulo. 
Foi o quarto patrão foi um trambiqueiro maior que os outros - porém, não faltava comida para Lázaro. E, mesmo em meio ao banquete, os escrúpulos do pobre menino não puderam aguentar a mentira que o doutro Cura-Tudo aplicava ao povo pobre e ignorante. 

Foi o quinto capítulo que trouxe a alegria a Lázaro - e  também à mim, pois tenho a hábito de sofrer com os personagens que tenho simpatia. 

A miséria do protagonista e a maneira que Lazarillo utiliza para se manter em cada situação que lhe ocorre é um exemplo do caráter correto que ele possui, mesmo vindo da pobreza e ignorância do berço. Assim como em Novelas Exemplares de Miguel de Cervantes, o ensinamento vem da adversidade de vida do protagonista e não da sua boa sorte. E, assim como em Cervantes, o final culmina com o sacramento do matrimônio - que encerra todo o mal na vida do protagonista.

E esta foi minha leitura de sábado/domingo de manhã! Recomendo esta leitura, não somente instrutiva mas, muito agradável de ler! 
Omnia Vanitas.

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