Caro leitor, estou em estado de pasmo! A leitura de "Dor e Glória de Cervantes" começou e eu estou lendo algumas descrições tão ínfimas sobre as emoções do enigmático espanhol, que começo a duvidar do conhecimento de Bráulio Sánchez-Sáez. Vou-lhe citar duas passagens utópicas:
"(...) A maior delícia de Miguel era quando saía a reboque de sua irmã mais velha, em virtude de alguma incumbência ou ordem da mãe, e detinham-se, abobalhados, pelas esquinas, onde algum mendigo ou jogral de pouca importância, esguelando-se, recitava os velhos romances tradicionais de mouros e cristãos (...)"
Eu concordo com a descrição de como uma multidão se comportava em feiras ou vendas de rua, mas a dar a Miguel de Cervantes uma atitude tão genuína (justo à ele que não deixou nada escrito sobre sua vida ou criações e influências literárias que o tornaram o escritor que foi...). Minha credulidade precisa de mais fé sobre os assunto que Sáez escreve com tanta convicção.
"Miguel vivia em estado de pleno exaltação. A estrada parecia-lhe maravilhosa e era mais o que andava de um lado para o outro, junto às cavalgaduras, taramelando com os arrieiros".
Detalhes demais para alguém tão indecifrável como Miguel de Cervantes.
A "Nota Explicativa" de Edgar Cavalheiro me sugeriu um escritor (Sáez) mais sóbrio ao escrever sobre o espanhol seiscentista.
"(...) Refiro-me como todos devem ter percebido, a Bráulio Sánchez-Sáez, que ainda há pouco tempo nos brindou com um curso sobre Cervantes, curso ora reunido num volume muito bem apresentado e que circula por aí sob os auspícios da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, da qual, ele faz parte, como professor de Língua e Literatura Castelhanas e Hispano-Americana".
Vou continuar a leitura, ignorando alguns trechos de cunho demasiado criativo.
Omnia Vanitas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário