Estava lendo o blog da Raquel Sallaberry Brião sobre a compra da carta de Cassandra Austen (irmã de Jane Austen) para a sobrinha Fanny Knight.
Para finalizar a publicação, Raquel S.B. traduz a carta, que segue abaixo! Eu achei linda esta missiva e quase fui às lágrimas. Espero que logo seja publicado um livro com as cartas que Jane Austen trocava com Cassandra, será uma realização de leitora que anseio à muito tempo!
Segue a carta traduzida por Raquel Sallaberry Brião:
29 de julho de 1817
Chawton, terça-feira
Minha queridíssima Fanny,
acabei de ler sua carta pela terceira vez e agradeço sinceramente por cada gentileza para comigo, e ainda mais calorosamente por seus louvores a ela que acredito era mais conhecida por você do que qualquer outro ser humano além de mim. Nada desse tipo poderia ter sido mais gratificante para mim do que a maneira pela qual você escreve sobre ela, e se o querido Anjo pode saber o que se passa aqui, e não estiver acima dos sentimentos deste mundo, ela talvez possa receber com prazer o fato de ser tão pranteada. Tivesse sido ela a sobrevivente posso imaginá-la falando sobre você quase nos mesmos termos. Há certamente muitos pontos fortes de semelhança em suas personalidades; na intimidade entre vocês, e na forte e mútua afeição vocês eram idênticas.
Quinta-feira não foi um dia tão terrível como você imaginou. Havia tantas coisas necessárias a fazer que não houve tempo para infelicidade adicional. Tudo foi conduzido com a maior tranquilidade, e exceto que eu estava determinada que veria até o final, portanto estava na escuta, eu não deveria ter sabido quando eles saíram de casa. Assisti o pequeno cortejo, do comprimento da rua, passar; e quando desapareceu de minha vista eu a tinha perdido para sempre, mesmo nesse momento eu não fiquei subjugada, nem muito agitada como estou agora em escrever isto. Nunca houve um ser humano mais sinceramente pranteado, por aqueles que atenderam seu velório, do que foi esta querida criatura. Possa a tristeza com que ela partiu com da terra ser um prognóstico da alegria com a qual ela será saudada no céu!
Eu continuo toleravelmente bem, muito melhor do que se poderia supor possível, porque certamente tenho tido um cansaço considerável no corpo como também uma angustia mental faz meses; mas estou realmente bem e espero estar devidamente agradecida ao Todo-Poderoso por ter sido apoiada. Sua avó, também, está muito melhor do que quando cheguei em casa.
Não acho que seu querido papai pareça indisposto e creio que ele me parece muito mais confortável depois de seu retorno de Winchester do que antes. Não preciso dizer para você que ele foi um grande conforto para mim; de fato, eu nunca poderei dizer o suficiente da bondade que recebi dele e de todos outros amigos.
Eu tenho saído e me ocupado. É claro que essas ocupações se adequam melhor quando me deixam livre para pensar nela, a quem perdi, e realmente penso nela na mais variadas circunstâncias. Em nossas horas felizes de conversas confidenciais, nas animadas festas familiares que ela tanto adornava, em seu quarto de doente, em seu leito de morte, e (espero) como habitante dos céus. Ah, se eu puder um dia me reunir a ela lá! Sei que virá o tempo em que minha mente não ficará tão absorvida dela, mas eu não gosto de pensar sobre isso. Se penso nela menos na terra, que Deus garanta que eu nunca cesse de refletir sobre ela como uma habitante do céu, e nunca cesse meus humildes esforços (quando isto for do agrado de Deus) de juntar me a ela.
Olhando uns poucos e preciosos papeis os quais são agora minha propriedade, achei alguns memorandos, entre os quais ela quer que uma de suas correntes de ouro seja dada a sua afilhada Louisa, e uma mecha de seus cabelo seja destinada a você. Você não necessita de nenhuma garantia, minha querida Fanny, de que cada pedido de sua amada tia será sagrado para mim. Assim sendo me diga se você prefere um broche ou anel. Deus abençoe você, minha querida Fanny.
Acredite-me, mais carinhosamente sua,
Cass. Elizth. Austen
Omnia Vanitas.
Nota de esclarecimento em 08 de junho de 2016: Jane Austen faleceu em 18 de julho de 1817 e foi sepultada dia 24 de julho do mesmo ano, na cidade de Winchester, Reino Unido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário