7 de julho de 2015

A Sutil Maldade da Srta. Crawford..


Voltando a ler Mansfield Park depois de um longo tempo! E, sem querer que esta publicação se torne uma perseguição, vou escrever sobre esta "querida" personagem: Mary Crawford. Se você não lembra, leitor, ou não sabe sobre o porque da minha justificativa, clique aqui e saberás! ;)

Voilà Aqui estou eu falando dessa figura interessante que é a senhorita Crawford. 

Mansfield Park está em festa. A sobrinha rejeita, Fanny Price, recebe uma festa em sua homenagem! Todos estão contentes, exceto a tia Norris, claro! Fanny dança com seu amado Edmund, mas o baile é aberto ao lado de Henry Crawford. Edmund estava ocupado com a doce M.C.

E lá está a jovem Crawford circulando entre os demais quando decide socializar com os donos e familiares de Mansfield Park.
Eu achei muito interessante essa "passagem" de conversa dela, por isso estou animada em publicar. 
Eu não consigo, no momento, encontrar uma palavra para descrever essa jovem. Ela não é um enigma, mas também está longe de ser cognoscível. Ela parece, pelo menos assim interpreto, alguém que não quer se deixar conhecer. Mesmo com seu irmão, Henry, ela parece camuflar suas intenções: quando Henry se diz apaixonado por Fanny, ela o incentiva através das qualidades que ela observa na pretendente do irmão, mas, eu sinto, que no final da frase ela gostaria de dizer: - Acorde, Henry! Ela nunca se apaixonará por você!

E lá está ela, e sutil víbora, caminhando na festa em homenagem a Fanny, conversando com aqueles que lhe interessam e, com cada um deles, ela sabe quem ela deve ser. Segue:


Começou o baile. Foi mais honra do que prazer para Fanny, pelo menos na primeira dança: seu parceiro estava de excelente bom humor e procurou comunicá-lo à moça; ela, porém, estava demasiadamente assustada para poder sentir qualquer alegria, até que se pôde convencer de que não era mais observada. Jovem, bonita e gentil, porém, não havia acanhamento que lhe pudesse prejudicar a graça e houve poucas pessoas presentes que não se sentiram dispostas a elogiá-la. Era atraente, era modesta, era a sobrinha de Sir Thomas, e não demorou muito que dissessem ser ela admirada por Mr.Crawford. Bastava isso para que todos a olhassem com benevolência. O próprio Sir Thomas observava, complacente, seu progresso na dança; estava orgulhoso da sobrinha; e sem atribuir a beleza pessoal dela, como parecia fazer Mrs. Norris, à sua mudança para Mansfield, estava contente consigo mesmo por lhe ter dado tudo o mais: educação e modos.
Miss Crawford leu os pensamentos de Sir Thomas e como, apesar de todas as injustiças dele, tinha um desejo dominante de lhe agradar, aproveitou a oportunidade num intervalo da dança, para fazer um elogio a Fanny. Suas palavras foram ardentes e ele as recebeu como ela teria desejado, fazendo coro ao elogio com tanta intensidade quanto a discrição, a polidez e a sua fala descansada o permitiam.
E certamente foi mais eloquente do que a mulher, quando logo depois Mary, percebendo-a num sofá próximo, virou-se antes de começar a dançar, dando-lhe os parabéns pela beleza de Miss Price.
— Sim, ela está muito bem, respondeu Lady Bertram placidamente. Chapman ajudou-a a vestir-se.
Não que ela não estivesse contente por ver Fanny admirada; mas sentia-se tão pela sua própria bondade mandando Chapman auxiliá-la, que não podia tirar isto da cabeça.
Miss Crawford conhecia bem Mrs. Norris para pensar que ela ficaria lisonjeada pelos elogios que fizessem a Fanny; e lhe dirigiu a palavra na primeira oportunidade: 
— Ah! minha senhora, que grande falta as queridas Mrs. Rushworth e Julia fazem esta noite! — e Mrs. Norris recompensou-a com tantos sorrisos e cortesias quanto lhe permitia o tempo, no meio de tantas ocupações em que se encontrava, organizando as mesas de jogo, dando conselhos a Sir Thomas e procurando conduzir todas as “chaperons” para um lado melhor do salão.
Com a própria Fanny, Miss Crawford foi muito estouvada nas suas maneiras de agradar. Sua intenção foi dar àquele pequeno coração uma grande emoção e enchê-la de agradáveis sensações de importância; e interpretando mal o rubor das faces de Fanny, ainda pensava que tivesse conseguido o seu intento, quando, depois das duas primeiras danças, dirigiu-se a ela e disse com um olhar significativo:
— Você talvez possa me dizer por que meu irmão vai amanhã para a cidade? Diz que tem negócios lá, mas não me quer explicar o que é. É a primeira vez que não é franco comigo! Mas é a isto que todos nós chegamos. Mais cedo ou mais tarde, todos somos substituídos. Agora, tenho que me dirigir a você quando quiser uma informação. Por favor, que é que Henry vai fazer lá?
Fanny afirmou sua ignorância com tanta firmeza quanto permitia o seu embaraço.
— Bem, então, respondeu Miss Crawford rindo, devo supor que é puramente pelo prazer de conduzir seu irmão e falar de você durante o caminho.
Então, querido leitor, você consegue denotar o caráter de M.C.? Talvez ela seja a hipócrita dos nossos dias atuais, ou a sínica, ou a socialmente aceita sem ser questionada.
Na verdade, pessoas como M.C. eu evito ter qualquer aproximação. Primeiro, não acredito na bajulação. Segundo, quem exige uma amizade instantânea, como M.C. à Fanny, não tem o meu olhar de "aprovação".

É isso, leitor! Despeço-me.

Omnia Vanitas.

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