31 de janeiro de 2020

Empréstimo..


Olá, leitor!

Essa semana começou com uma conversa literária na agência dos Correios que frequento: Cervantes tem ou não um biografia paupável - além das obras que deixou?
Enquanto eu coloquei em dúvida a existência de uma biografia do autor de Dom Quixote, o atendente dos Correios foi contra minha opinião.
Com uma pitada de rivalidade literária, foi proposta uma leitura a partir da biografia que cada um tem em sua biblioteca - no meu caso, Cervantes de Jean Canavaggio. E, meu colega atendente, esta edição de Roger Chartier.
Para efeito de biografia, o francês não tem nada a oferecer; apenas a história sobre um conto que se encontra na primeira parte do livro O Engenhoso Dom Quixote da Mancha: Cardenio.

Eu lembro desta história em especial por conter duas citações de que sou apaixonada:

Quem não tenciona satisfazer não regateia condições no contratar.
e
Se aos céus piedosos apraz que chegues a gozar algum descanso, em nenhum lugar, leal, firme e formosa senhora minha, o encontrarás ao meu parecer mais seguro que nestes braços que te agora recebem, e que já em outro tempo te receberam quando a fortuna permitiu que eu pudesse chamar-te minha.

Neste livro, Roger Chartier traz documentos factuais que apontam que este mesmo conto "Cardenio" foi apresentado por Shakespeare.

Ainda estou nas primeiras páginas, mas a viagem até uma época de publicações obscuras de autores esquecidos é maravilhosa. Um simples conto traz em si muitas facetas de um período que as traduções e publicações ainda engatinhavam. 

Se eu conseguir ler até o final  - pois trata-se de uma leitura pesada (com datas, nomes e períodos desconhecidos para mim), trarei um breve esboço da obra.

Torça por mim, anônimo leitor!

Omnia vanitas. 💀💪

30 de janeiro de 2020

Leitura quatro..



Leitor apaixonado...estou ouvindo David Gilmour (apaixonada até o fim e além) tocando Echoes

Mais uma leitura chegou ao fim! 

Antes de escrever sobre o livro, deixe-me explicar-lhe, anônimo leitor, a escolha da leitura.

Em um domingo sonolento, eu decidi que precisava escolher a próxima leitura (eu estava lendo Almas em Conflito e terminaria antes do meia da semana seguinte). Sempre prestativo, meu marido entrou em um sorteio que eu fiz. Entre cinco leituras, ele escolheu aquela que continha Robert Louis Stevenson, Mary Shelley e Bram Stoker. Um um breve stories no Instagram, eu expliquei que a leitura escolhida apresenta três monstros diferentes. Em Stevenson, o monstro está dentro do homem. Em Shelley,  o monstro é criado pelo homem. Em Stoker o homem caça o monstro. Na minha cabeça isso parece fantástico!

O Doutor Jekyll e o Monstro contém outros contos que me deixaram mais fã do escritor de A Ilha do Tesouro. 

Eu não irei escrever o senhor Jekyll pois já o fiz nesta publicação de 2013. 
Os outros contos que estão presentes nesta edição da Paulinas de l968 são: Will do Moinho, Markheim, Janet do Pescoço Quebrado e, Olallá.

Impossível escolher um deles como favorito. Todos fantásticos! 

Will do Moinho conta a história de um menino que gostaria de sair do lugar onde vive - e nunca o faz. A vida que leva se torna confortável e amistosa. Este conto é um contraste com Markheim que se viveu uma vida desafortunada e seguiu um caminho perigoso (que o levou a tomar a atitude de entrar em um antiquário). 

Janet do Pescoço Quebrado conta a história de uma mulher que criou o seu filho fora de um casamento, em uma vila pequena. De personalidade firme, não se deixa levar pelas ideias que criam sobre ela e, quando possível, cala a todos com palavras duras. Porém, a vida lhe dá a oportunidade de morar na casa do novo pároco da vila. Mas nada é fácil para Janet.

Olallá é o conto mais longo depois de O Doutor Jekyll... . A saúde frágil de um homem o leva a morar em uma casa longe do movimento da cidade. Neste lugar de repouso habitam três pessoas que provém de uma família de alta linhagem - infortunadamente, estão todos pobres e sem perspectiva de melhorar ou seguir com a hereditariedade. A vida desta miserável família nobre está envolta em um mistério que nem mesmo o amor poderá mudar o seu fim. 

Adorei! Olallá me levou longe ao tentar solucionar o caso da família. Janet do Pescoço Quebrado me tirou algumas risadas pela impetuosidade da moça. Markheim me deu um "medinho" e, Will do Moinho me deixou mais dúvidas sobre a vida do que eu achei que teria. 

E sempre terei vontade de ler A Ilha do Tesouro quando estiver com um Stevenson nas mãos. 

Omnia Vanitas. 💀





21 de janeiro de 2020

Leitura três..


Olá, anônimo leitor!

Este é o meu segundo livro deste escrito escocês A. J. Cronin (vide primeira leitura: A Cidadela) e, assim como o primeira, eu adorei a leitura!

Cronin me lembra muito meu querido William Somerset Maugham - apesar de eu achar Maugham mais "delicado" ao expor a alma humana. 

Almas em Conflito trará um triângulo afetivo entre pai, filho e empregado. 

Harrington Brande é um cônsul americano que foi transferido para uma pequena localidade na Espanha. Sua personalidade é orgulhosa e vingativa e nisto encontra prazer. Sua relação com seu único filho, Nicholas, é possessiva - assim como foi com sua esposa. 
A criança é cercada de cuidados excessivos e desnecessários e o convívio social íntimo lhe é terminantemente proibido pelo pai. 

Ao mudar-se para a Espanha, para o casarão Breza, vê-se na necessidade de contratar um jardineiro para cuidar do amplo jardim da vivenda. No dia seguinte, um empregado chega para o serviço contratado, seu nome é José. 

Entre José e Nicholas nasce uma amizade muito próxima que irrita o cônsul - que faz de tudo para afastar o menino deste convívio, tornando ainda mais precioso o tempo que os amigos tem para desfrutar do laço de afeto que criaram. 
E, para ajudar a deixar a história, dois personagens tornam tudo mais intenso ao desenrolar da trama.

A leitura é muito simples, sem muitos detalhes e segue tranquila. 
E, a mesma sensação que tive ao ler A Cidadela e Lolita eu encontrei nesta narrativa: algo iria acontecer para mudar. Parece que a cada página essa mudança ou revelação chegará, mas não. Isso me deu mais ânsia de ler para saber quando mudaria para a conclusão. E a leitura só se tornou mais prazerosa. 

Sobre o final, eu não contarei, óbvio; mas eu achei sensacional - apesar dos pesares! 

Omnia Vanitas 💀


17 de janeiro de 2020

Leitura dois..



Segundo livro deste ano. Sensacional!

Este exemplar eu encontrei perdido na casa da minha mãe. À priori, eu o descartaria porque sua capa estava prestes a cair e percebi outras avarias. Como me dói muito descartar um livro, eu o trouxe comigo para casa e adotei-o definitivamente. É meu, mesmo que outros exemplares surjam, este livro é meu. 

Como eu já mencionei na primeira leitura, a suspeita de Carroll ser um pedófilo e, Nabokov expressara-se desta forma a respeito do autor de Alice no País das Maravilhas:

“I always call him Lewis Carroll Carroll, because he was the first Humbert Humbert.” — V.N.
E, não deixando passar ao largo, Nabokov cita de maneira velada o país das maravilhas de Carroll (Carroll).

Mas, além de Carroll, o autor de Lolita cita um fato que aconteceu em l948: o sequestro de Sally Horner, de apenas onze anos de idade, pelo pedófilo de cinquenta anos Frank Lasalle.

Será que eu havia feito a Lolita o mesmo que Frank Lasalle (...)?

 Lolita é um ótimo livro. Duro de ler - pelo menos para mim. 

Desde o prólogo o livro surpreende e, para os desavisados ou com compreensão equivocada sobre a obra, desde o princípio é apresentado como uma ação sexual contra uma criança. Portanto leitor, não entenda de outro modo. É isso.

A obra de Nabokov é fantástica ao tratar a pedofilia. Ela é apresentada na visão de um homem adulto que ao encontrar a filha de sua senhoria, apaixona-se imediatamente por aquela criança. Primeiramente, por esta criança lembrar seu primeiro. Em segundo lugar sua fantasia por Lolita sobrepõe a finada Annabelle e torna-se sua obsessão.

Humbert Humbert, como se denomina o escritor desta narrativa, é um homem erudito e literato e, todo a sua personalidade cátedra é vista neste seu relato sobre a sua história com Lolita. Em momento algum o leitor se deparará com palavrões, descrições grotescas de alguma situação. Humbert Humbert mostra, apesar de sua personalidade podre, um ótimo domínio sobre a escrita que não traz ao leitor nada que irá chocá-lo demasiadamente - visto que a pedofilia em si já enoja.

Dolores Haze - Lolita - é uma criança. Durante a leitura da obra, o leitor não pode esquecer disso. Quando Humbert Humbert tem relações sexuais com ela, Lolita em tem doze anos. Quando ele a acaricia, ela tem doze anos. A personagem de Nabokov não tem absolutamente nada a ver com os filmes de 1962 e 1997. Em ambos, as atrizes são mulheres acima de dezoito anos com esteriótipos sexualizados para trazer uma imagem erótica: Lolita tem doze anos, um metro e quarenta e cinco de altura. Ela é uma infante.

Por hoje é só ! Tentarei ser mais pontual com cada publicação. Ou não.

Omnia Vanitas 💀







16 de janeiro de 2020

Leitura um..



Primeiro livro lido deste novo ano!

Inicialmente, eu preciso dizer que este livro é um presente de amigo secreto da minha sobrinha-neta número três. Foi a primeira vez que uma delas me sorteou nesta brincadeira. E, o mais bacana disso foi que o sorteio precisou ser feito uma segunda vez - e, assim como na primeira - ela me sorteou, também, na segunda. Achei maravilhoso.
Dito isso, "ela" (a mãe, na verdade) me deu um vale-presente em uma livraria e uma deliciosa barra de chocolate. O chocolate não está mais entre nós; então, eu decidi que o livro escolhido deveria ser especial: tanto para mim como para minha sobrinha-neta. E não foi muito difícil escolher, visto que eu já estava com este título na minha listinha de compras. 

Então, esta é a história de como este livro chegou até mim. 

Agora, deixe-me contar sobre a leitura.

Foi minha primeira leitura de um livro do Lewis Carroll, mas eu já sabia do básico sobre ele (que existiu uma Alice) e conhecia algumas frases de efeito. É incrível como uma frase solta se torna íntima depois que a leitura completa da obra é feita. A pessoa deixa de ser uma pessoa comum e se torna um leitor-amigo-da-obra.

E eu gostei de tudo o que li. Desde o mais louco encontro, da citação mais marcante, da personagem não conhecida; tudo agradou-me. 

Eu estava dentro de um sonho muito estranho e precisa "vivê-lo" para seguir a sua ordem, ou poderia achar que tudo não passava de uma grande loucura.

Como eu disse anteriormente, este livro estava na minha lista de compras faz algum tempo, esperando pelo momento de acontecer. Eu já assisti alguns filmes e séries que mencionam estas duas obras de Carroll, mas, também, repito: nada melhor do ler para saber o que é realmente Alice. 
Assisti aos dois filmes do Tim Burton e agora eu já os detesto. 

Porém, cometi um pequeno deslise que tirou meu deleite na leitura. Em um vídeo que assisti em uma plataforma da internet, de um programa chamado Literatura Fundamental, eu descobri - ou só ativei uma informação que estava no fundo da mente - sobre o fato de Lewis Carroll ter  uma paixão de cunho duvidoso por crianças.  Eu não diminuí a obra, mas deixou meu coração triste com esta referência a uma possível pedofilia. 

Foi assim que decidi que ao terminar de ler Alice (no País das Maravilhas + Através do Espelho) eu leria Lolita do Vladimir Nabokov. Assim o fiz.


Omnia Vanitas 💀




Trigésima nona leitura, parte II..




Olá, abandonado leitor!

Eu estou me devendo algumas publicações sobre as leituras que concluí - talvez não se preocupe, mas eu me cobro essa ausência.

Para continuar, a última leitura de 2019 foi "Os Estranhos" de Stephen King (para a primeira parte desta leitura, clique aqui). 

A narrativa, a parti desta parte, abrangerá a cidade de Haven. Quando mais Bobbi e Gardener cavam, mas a população da cidade sofre a influência desta descoberta. 
Outros personagens são apresentados nesta etapa e, o principal deles é Ruth McCausland. Para mim,  narrativa sobre Ruth se tornou longa demais, apesar de interessante. Mas a personalidade de Ruth me agradou muito. 

A principal trama da cidade envolve os irmãos Brown: David e Hilly. Hilly é o mais velho e um tipo de menino hiperativo e com um quociente intelectual acima da média. David é um doce menino que idolatra o irmão mais velho e lhe companheiro em quase todas as aventuras. Mas não deveria ter aceitado a ideia de ser ajudante de Hilly ao ser chamado para um certo truque de mágica. 

A figura dos Tommyknockers - ou que quer seja que esteja na nave - não aparece na trama, mas pode-se observar a transformação dos habitantes de Haven. 

Eu quero deixar registrado três citações (que eu percebi) na trama de Os Estranhos que são registros de outros livro do King - sendo que anotei somente duas, visto que a primeira, sobre ka, eu estava desprovida de lápis para registrar a menção feita ao "destino" na saga Torre Negra. Esta referência está na primeira parte de Os Estranhos, e, se minha memória for simpática comigo, está contida em uma frase do Gardener (corrijam-me se eu estiver errada).

A segunda menção é do livro Zona Morta, publicado em 1981:
No decurso de uma conversa com o atendente, ficou sabendo do caso de um sujeito chamado John Smith, que lecionara durante um tempo na cidadezinha perto de Cleaves Mills. Smith permanecera em coma vários anos, tendo despertado com uma espécie de dom psíquico. Perdera a razão alguns anos antes - tentara assassinar um indivíduo chamado Stillson, deputado federal por New Hampshire.
(página 317).
A terceira menção é do livro It, A Coisa:
(...) Tommy começara a ter alucinações; enquanto dirigia pela Rua Wentworth, julgou ser um palhaço sorrindo para ele, de um bueiro aberto de esgotos - um palhaço cujos olhos eram cintilantes dólares de prata e segurava balões de gás na mão enluvada de branco. (página 435).

Por infelicidade, eu terminei esta leitura dia 29/12/19 e, então, além da distância da data desta publicação, foram feitas mais duas leituras posteriormente que não permitem à mim relembrar fatos significativos sobre este livro. Uma segunda leitura? Talvez.


Sem mais para o momento,

Omnia Vanitas 💀



O caso do cachorro ..

 Olá, esquecido leitor !   Apesar de passar muito tempo longe deste blog, tentei voltar algumas vezes mas o tempo nem sempre está do meu lad...