12 de fevereiro de 2012

O Estupro à Jane Austen



Sexta-feira eu recebi minha amiga Gisele aqui em casa. Ela irá para SP dia 25 deste mês, então, eu quis programar uma espécie de "despedida" para ela. Decidimos fazer algumas coisas que gostamos; decidimos assistir, novamente, Orgulho e Preconceito (BBC de Londres, 1995), e, pela primeira vez, assistirmos "Palácio das Ilusões" (1999) - o filme sobre o livro Mansfield Park, também da Jane Austen.

Que fiasco!

Eu queria entender a idéia de Patricia Rozema! Ela leu o livro "Mansfield Park"? Ela já leu algo sobre Jane Austen? Eu tenho minhas sinceras dúvidas.

O que torna a doce Fanny Price a heroína na trama é, essencialmente, seu caráter. Percebe-se que Fanny está rodeada pela ambição, malícia e futilidade.
Fanny é uma garota reservada, inteligente e muito atenta às personalidades que estão à sua volta. Ela percebe o caráter dúbio das primas, suas atitudes maliciosas por Henry Crawford, ela consegue descrever o caráter de todos através das observações que sobre cada um.
Acima de tudo, Fanny ama Edmund! Em momento algum ela desvirtua seus sentimentos pelo primo por medo ou insegurança. Nada atinge ou desfigura o amor dela que a faz trocar ou mudar sua atitude. O que marca a personalidade de Fanny é a sua determinação em não ser igual às outras pessoas. Ser fiel a si mesma.

O filme, que tristeza!

Traz uma Fanny muito solta e "arteira"! Mostra uma Mary Crawford lésbica! Tenha dó! E, uma das cenas mais grotescas, foi o ato sexual entre Henry e Maria!
Fanny beijando e aceitando as investidas de Henry Crawford (antes de ele se entregar ao luxo com Maria)!! Edmund deitar no colo de Fanny em um passeio de carruagem?
Edmund "apaixonar-se" por Fanny? Sério?!

Você pode achar que estou exagerando, mas nenhum romance de Jane Austen precisou desses apelos para ser um clássico!

O filme "Palácio das Ilusões" foi um estupro à Jane Austen. Nota ZERO!

Tudo é vaidade!

7 de fevereiro de 2012

Athos, parte II



“E, a despeito de tudo, via-se essa natureza tão distinta, essa criatura tão bela, essa essência tão fina voltar-se imperceptivelmente para a vida material, como os velhos voltam-se para a imbecilidade física e moral. Athos, em suas horas de privação, e essas eram freqüentes, apagava toda sua parte luminosa, seu lado brilhante desaparecia numa espécie de noite profunda.
Então, desaparecido o semideus, mal restava do homem. Cabisbaixo, olhar opaco, a palavra pesada e difícil, Athos observava durante longas horas fosse sua garrafa e seu copo, fosse Grimaud, que, habituado a obedecer-lhe por meio de sinais, lia no olhar átono do patrão até seu mínimo desejo, ao qual satisfazia imediatamente. Se os quatro amigos estivessem juntos num desses momentos, uma palavra, emitida com violento esforço, era todo o contingente que Athos fornecia à conversa. Paradoxalmente, Athos sozinho bebia por quatro, e isso sem deixar maiores indícios, senão por uma sobrancelha mais acentuadamente franzida e uma tristeza mais profunda.
D’Artagnan, cujo espírito investigador e penetrante conhecemos, tinha sido incapaz, por maior interesse que tivesse em matar a curiosidade, de identificar uma causa para tamanho marasmo, e tampouco entender suas ocorrências. Athos nunca recebia cartas, Athos nunca tomava nenhuma iniciativa que não fosse do conhecimento de seus amigos.
Não se podia dizer que o vinho lhe infundisse tanta tristeza, pois, ao contrário, não bebia senão para combatê-la, embora tal remédio, como dissemos, a deixasse mais forte. Não podia atribuir o excesso de amargor ao jogo, pois, ao contrário de Porthos, que acompanhava com sua cantoria ou seus palavrões todas as variações da sorte, Athos, quando ganhava, permanecia tão impassível como quando perdia. Foi visto uma noite, no circulo dos mosqueteiros, ganhar três mil pistolas, perdê-las até o cinturão bordado de ouro dos dias de gala, e ganhar de novo tudo isso, mais cem luíses, sem que sua bonita sobrancelha preta tivesse levantado ou abaixado uma linha, sem que suas mãos tivessem perdido o tom de madrepérola, sem que sua conversa, que estava agradável aquela noite, tivesse deixado de ser serena e afável.
Tampouco era, como em nossos vizinhos ingleses, uma influencia atmosférica que entristecia seu rosto, pois a tristeza tornava-se em geral mais intensa durante os belos dias do ano. Junho e julho eram os meses terríveis de Athos.
Se não tinha mágoas do presente, dava de ombros quando lhe falavam do futuro. Seu segredo então estava no passado, como disseram vagamente a d’Artagnan.
Aquela tez misteriosa espalhada sobre toda sua pessoa tornava ainda mais interessante o homem cujos olhos e cuja boca nunca, nem na bebedeira mais profunda, haviam revelado nada, fosse qual fosse a astúcia das perguntas a ele dirigidas”.
(DUMAS, Alexandre. OS TRÊS MOSQUETEIROS. Ed. Zahar, 2011, p. 351 – 353).

Athos, parte I



Estou lendo "Os Três Mosqueteiros" de Alexandre Dumas, e estou apaixonada por Athos! Outra hora escrevo mais sobre ele, mas por hora, fica o que o autor disse:

“A expressão nobre e distinta de Athos; seus lampejos de grandeza, que, de tempos em tempos, irradiavam da sombra na qual ele se recolhia voluntariamente; o temperamento inalterável, que fazia dele o mais fácil companheiro da terra; a alegria forçada e mordaz; a valentia que teríamos considerado cega se não fosse resultado do mais raro sangue-frio; tantas qualidades atraíam mais que a estima de D’Artagnan, mais que sua amizade, atraíam sua admiração.
Com efeito, mesmo em comparação ao Sr. de Tréville, o elegante e nobre cortesão, Athos, em seus dias mais inspirados, levava uma certa vantagem. Era de estatura mediana, mas essa estatura era tão admiravelmente compacta e bem-proporcionada que, mais de vez, em suas lutas com Porthos, ele dobrara o gigante cuja força física era proverbial entre os mosqueteiros. Sua cabeça, com olhos penetrantes, nariz aquilino, queixo desenhado como o de Brutus, tinha um caráter indefinível de grandeza e graça. Suas mãos, às quais dispensava quaisquer cuidados, levavam ao paroxismo a inveja de Aramis, que cultivava as suas recorrendo a preparados de amêndoas e óleo aromatizado. O som da sua voz era penetrante e melodioso ao mesmo tempo, e depois, o que havia de indefinível em Athos, que preferia sempre a obscuridade e o retraimento, era aquele conhecimento delicado do requinte e dos costumes das mais refinada sociedade, aquela desenvoltura de família tradicional que transparecia, quase sem querer, em seus menores gestos.
Caso se tratasse de fazer um banquete, Athos organizava-o melhor do que qualquer outro homem da sociedade, distribuindo cada comensal no lugar e na classe legados por seus antepassados ou conquistados por eles mesmos. Se fosse o caso de ciência heráldica, Athos conhecia todas as famílias nobres do reino, sua genealogia, suas alianças, seus brasões e a origem de tais brasões. A etiqueta não tinha minúcias que lhe fossem estranhas, sabia quais eram os direitos dos grandes proprietários, conhecia a fundo a caça e falcoaria, e numa dada oportunidade, conversando sobre essa grande arte, impressionara o próprio rei Luis XIII, que era mestre no assunto.
Como todos os grãos-senhores dessa época, era exímio no cavalo e no manejo das armas. E não só isso: sua educação fora tão pouco desdenhada, mesmo sob o aspecto dos estudos escolásticos, tão raros nessa época entre fidalgos, que ele sorria com os cacos de latim expelidos por Aramis, e com a compreensão fingida de Porthos. Em duas ou três ocasiões, quando Aramis deixava escapar algum erro de concordância, acontecera de ele colocar o verbo em seu tempo e o substantivo em seu caso, para grande admiração dos amigos. Além disso, sua probidade era inatacável, nesse século em que os homens de guerra transigiam tão frouxamente com a religião e a consciência, os amantes, com a delicadeza rigorosa de nossos dias, e os pobres com o sétimo mandamento de Deus. Tratava-se, portanto, de um homem extraordinário esse Athos”.
(DUMAS, Alexandre. OS TRÊS MOSQUETEIROS. Ed. Zahar,2011, p. 350-351).

3 de fevereiro de 2012

Expressão ...



Gostaria de ter as palavras certas para expressar minha indignação e desgosto!
Gostaria, que ao dizer essas palavras, não parecesse egoísta e mesquinha - vaidosa!
Por mais que eu queira me convencer de que estou certa, que a minha indignação é baseada em sentimentos nobres; a quem quero enganar?
Meu orgulho ofendido procura por alguém que advogue em seu favor!

O motivo não é para desespero, mas o orgulho de outra pessoa ofende meu orgulho.
O jogo de palavras tolas se torna um duelo calado em mim. Preciso guardar, pois não posso ofender alguém que devo amor. Não posso fingir desabafo somente como pretexto de falar contra alguém. Ou eu dialogo até cansar, comigo mesma. Ou aprendo a perdoar.
É fato que é melhor perdoar sem nunca ter ofendido em retribuição, do que ter que pedir perdão pela insensatez dita.

Saber que estou errada é ruim.
Saber que não consigo me afastar de imediato é muito pior!

Eu aprendi que posso evitar problemas maiores sendo ponderada. E não é fácil ser ponderada quando se pula da frigideira para o fogo - pelo menos quando se trata de mim.
Quando situações iguais a essa surgem, eu lembro de Elisabeh Bennet - a heroína de Orgulho e Preconceito. Quanto tempo Lizzy levou para descobrir que, por causa de seu orgulho, ela deixou de ser justa com Mr. Darcy e se deixou levar por mentiras. E quantas outras vezes ela advogou em nome delas. Elisabeth, em confissão a Jane, diz:

...cortejei a parcialidade e a ignorancia e expulsei a razão. (...)Mas foi a vaidade, e nao meu amor, a minha loucura.


Somos facilmente cegados pelos nossos preconceitos e vaidades. E sempre nos achamos corretos.

Tudo é vaidade!

2 de fevereiro de 2012

Mulher considerada a mais velha de Cuba comemora 127 anos




fonte: Globo.com

Considerada a mulher mais velha de Cuba, Juana Bautista de la Candelaria Rodriguez não está no Guinness, o livro dos recordes, mas o seu registro civil faz dela uma das pessoas mais velhas do mundo.

O documento aponta que Candulia, como é conhecida no povoado de Campechuela, a 800 km de Havana, nasceu em 2 de fevereiro de 1885 e comemora nesta quinta-feira (2) 127 anos de idade.
Segundo o jornal “Cuba Debate”, o número de cubanos que atualmente supera os 100 anos é de 1.551, dez a mais que os existentes na ilha no ano passado.

Candulia, segundo o jornal, tem duas tataranetas, Yuleinnis, de 7 meses e Yelennis, de 7 anos.

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Depois de ler essa reportagem, li outra sobre uma atriz de Hollywood, de 49 anos, que, segundo declarações das pessoas próximas, tem crise por ficar mais velha a cada ano.
Uma frase (sem sapiência) que eu sempre digo é: Antes um velho vivo que um jovem morto.

Há, mais claramente nos dias atuais, uma necessidade gritante em querer manter a estética. Veja por exemplo, mães que presenteiam suas filhas de DEZOITO ANOS com pláticas!

Depois dos meus 30 anos, aprendi a amar minha idade! E sempre que me perguntam qual é o meu número de anos, digo: TRINTA E TRÊS (e rumando aos 34, se Deus permitir!). E pretendo ser uma velhinha muito fofa igual minha mãe é!

Não critico quem quer ou não fazer um ajuste aqui, outro ali em sua aparência; afinal, a alteração é nela, não em mim; mas não entendo o que este mundo tem contra pessoas velhas.

São mulheres saradas em todos os lugares, e se encontram uma simples ruga, celulite ou um rosto sem maquiagem, o assunto vira manchete de capa!

Celebrar a vida em qualquer idade! Esse deveria ser o lema. Curtir o amadurecimento natural do corpo, sem tornar-se desleixada(o).

Afinal, tudo é vaidade e correr atrás do vento!

O caso do cachorro ..

 Olá, esquecido leitor !   Apesar de passar muito tempo longe deste blog, tentei voltar algumas vezes mas o tempo nem sempre está do meu lad...