31 de dezembro de 2012

Dois lados...




Estava fuçando a net, como sempre, e vejam só a reportagem que encontrei no Facebook - através da página Imagens Históricas.
Essa reportagem me lembrou que preciso comprar e ler O Médico e o Monstro(Robert Louis Stevenson) - sem querer ofender a figura de Mordrake.

Hoje, dia 31 de dezembro de 2012, último dia deste ano, essa reportagem vem muito a calhar. Como não lembrar do deus Jano que possui, segundo o mito grego, uma face voltada para o futuro e outra para o passado. É este mesmo deus que originou o nome do primeiro mês do nosso calendário.

Uma pequena observação que encontrei no blog de Jorge Carrano:
O nome janeiro, dado ao primeiro mês do ano, tem origem em Jano, ou, em latim, Janus, deus romano, simbolizado com duas faces, uma voltada para o passado e outra voltada para o futuro.
Por decisão de Julio Cesar, o imperador, foi fixado o dia 1º de janeiro, como o primeiro do ano. Este era, também, o dia consagrado ao deus Jano.
No mundo ocidental, comemora-se o réveillon do verbo réveiller, (que significa despertar), celebrando o fim de um ano e o início de outro, chamado de Ano Novo.


Outro homem de duas faces que não esquecemos tão fácil, é o Duas Caras do comic Batman - tive o prazer de conhecê-lo no filme "Batman, O Cavaleiro das Trevas" (ótimo filme - como esquecer da magnífica interpretação de Heath Ledger). Originalmente, o Duas Caras foi baseado na rainha nórdica Hela, que também possui duas personalidades: boa e outra má, óbvio.

Bom, chega de referências, ou ficarei aqui a manhã inteira postando. Voltemos à Edward Mordrake, o real.
Eis o que diz a reportagem na fan page:

Edward Mordrake, o homem com duas faces, no século 19.

Edward Mordrake era um herdeiro de um título de nobreza do século XIX, na Inglaterra, considerado um talentoso e brilhante músico. A história completa desse sujeito foi perdida no decorrer do tempo, pois seu caso ocorreu no início da história médica. O inglês sofria de uma anomalia conhecida como Craniopagus Parasiticus.

Ele tinha uma face extra na parte de trás de sua cabeça. Essa face ocupava uma parte menor do crânio e exibia sinais de inteligência, contudo, dizia-se que essa face apresentava intenções malignas. O próprio Mordake relatava que havia situações em que ele estava triste e sua face de trás ficava rindo como se estivesse zombando de seus sentimentos. Foi dito também que seus olhos acompanhavam o movimento das pessoas ao redor e seus lábios constantemente faziam barulhos assustadores. Embora nenhuma voz fosse compreensível, Edward jurou que muitas vezes ele era mantido acordado durante a noite por conta dos sussurros de ódio de sua face gêmea maligna (como passou a chamá-la) e dos murmúrios macabros.

Os relatos sobre a vida de Mordake apontam que ele tentou suicidar-se diversas vezes, depois que seus médicos desistiram de fazer a remoção cirúrgica de sua segunda face, pois a cirurgia seria fatal. Desesperado, cometeu suicídio aos 23 anos de idade. Existem duas versões sobre a morte de Edward, uma com veneno e outra com um tiro em um dos olhos da sua outra face.

Em ambas as versões, Edward deixou para trás uma carta pedindo que a "face demoníaca" fosse destruída de sua cabeça, antes de seu sepultamento, para que ele não continuasse a ouvir seus terríveis sussurros no túmulo. Ele viveu em completo isolamento, recusando-se às visitas, até mesmo dos membros da sua família. Ainda na carta, ele queria que fosse enterrado em um lugar deserto, sem pedra ou legenda para marcar seu túmulo.

Fonte: Livro Anomalies and Curiosities of Medicine.
Autor do post: Diego Vieira

6 de dezembro de 2012

Conto de Fadas Real..


Apaixonada confessa do príncipe William desde minha época de estudante de Letras, não consigo desprender os olhos de qualquer leitura que o comprometa.
E, para encantar ainda mais, ele se casou com um "plebeia". Isso é tão Jane Austen, que não consigo ignorá-lo! Ele é Mr. Darcy e ponto final! rs

Agora, com a notícia da gravidez de sua esposa, e, quem sabe, gêmeos, lembra outra história, da rival inglesa, a França, com Alexandre Dumas! Eu, realmente, espero que O Homem da Máscara de Ferro não se repita! rs

Deixo, abaixo, uma das notícias que saíram a respeito dos duques de Cambridge.

Kate Middleton deixa hospital após 4 dias internada: "Me sinto muito melhor"
Duquesa de Cambridge deixou o Hospital Rei Eduardo VII ao lado do marido, William, depois de se recuperar de hiperemese gravídica. Estas são as primeiras imagens da duquesa após ela anunciar a gravidez.

Kate Middleton 30, deixou o hospital Rei Eduardo VII na manhã desta quinta-feira (6) ao lado do marido, o príncipe William, 30, após passar 4 dias internada para se recuperar de hiperemese gravídica. De acordo com o Palácio de St. James, os duques seguiram direto para o Palácio de Kensington, ondem moram em Londres, para Kate continuar em "repouso total". Para os repórters, Kate disse: "Estou me sentindo muito melhor, obrigada".

A duquesa deixou o hospital segurando um buque de flores amarelas e protegida do frio. Ela e William foram embora de carro, mas antes, posaram para fotos e Kate mostrou um tímido sorrido para as câmeras. Estas são as primeiras imagens de Kate Middleton após o casal ter anunciado a gestação, na última segunda-feira (3). Estima-se que a duquesa esteja grávida de apenas 8 semanas.

William e Kate esperavam anunciar a gravidez apenas nas festas de fim de ano, mas a internação da duquesa forçou a realeza a adiantar o comunicado. A imprensa especula que os padrinhos do bebê poderão ser o príncipe Harry, irmão mais novo de William, e Pipa Middleton, irmã mais nova de Kate.

A chegada do primeiro filho de William e Kate Middleton mudará toda a linha de sucessão ao trono da rainha Elizabeth II. Menino ou menina, o herdeiro do casal real já chegará sendo o terceiro na linha, tendo à frente o avô, príncipe Charles, filho da rainha Elizabeth II, e o pai, William. Se houver a possibilidade de serem gêmeos, o primeiro bebê a nascer terá preferência da ordem de sucessão. A criança, futuro rei ou rainha da Ingleterra, será um dia nomeado como chefe das forças armadas, governador supremo da Igreja da Inglaterra e chefe da nação.

Fonte: Globo


15 de novembro de 2012

O Melhor Prólogo..



Minha leitura das obras de Miguel de Cervantes, infelizmente, resumem-se a Dom Quixote de La Mancha e, minha atual leitura, Novelas Exemplares.

Porém, não quero deixar de comentar o quanto é hilário ler os prólogos de Cervantes. Sempre divertidos e irônicos. E, a ironia deste autor é maravilhosa - o que me lembra também da irônica Jane Austen, pois usa palavras lisonjeiras para escarnecer o objeto ironizado.

Portanto, deixo o prólogo que está em Novelas Exemplares, para deleite de quem estiver disposto a ler:

PRÓLOGO

Quisera, se fosse possível, leitor amigo, deixar de escrever este prólogo, porque não me saí tão bem no que fiz para o meu Dom Quixote a ponto de querer um segundo prólogo.A culpa disto cabe a um dos muitos amigos que, no decorrer de minha vida, pude granjear, mais por minha condição do que por mérito próprio,amigo que bem poderia, como é de costume, cinzelar-me e esculpir-me, na primeira folha deste livro, pois o famoso Dom Juan de Jáuregui dera-lhe meu retrato: com isto, ficariam satisfeitos a minha ambição e o desejo dos que quisessem conhecer o rosto e o porte de quem se atreve a comparecer, com tantas intenções, em praça pública, aos olhos de tanta gente, e colocar-se-ia debaixo do retrato: “Este, que aqui vedes, de rosto aquilino, de cabelo castanho,de testa lisa e alta, de olhos alegres e nariz adunco, ainda que bem proporcionado, de barbas de prata que, há mais de vinte anos foram de ouro, de bigodes grandes, boca pequena, dentes nem de mais nem de menos, porque são apenas seis e, ainda assim, em má condição, muito mal dispostos, pois não têm correspondência uns com os outros; o corpo, entre dois extremos, nem grande,nem pequeno; de cor viva, mais branca do que morena, de espáduas um tanto largas e de pés não muito ligeiros; este, digo, é o retrato do autor de A Galatéia e de Dom Quixote de la Mancha e daquele que fez Viagem do Parnaso, à semelhança de César Caporal Perusino e outras obras que andaram perdidas por aí, talvez até sem o nome de seu dono, que se chama Miguel de Cervantes Saavedra. Foi soldado durante muitos anos, escravo por cinco anos e meio e foi aí que aprendeu a ter paciência na adversidade. Perdeu, na batalha naval de Lepanto, a mão esquerda com um tiro de arcabuz, defeito que, embora pareça feio, ele o considera formoso por tê-lo conseguido na mais memorável e difícil das ocasiões que os séculos passados jamais viram, nem hão de ver os séculos vindouros, lutando sob a bandeira vencedora de Carlos V, filho do raio da guerra, de quem se lembra com muita saudade. E se este amigo, do qual me queixo, não se lembrasse de dizer, a meu respeito, outras coisas além das já mencionadas, eu acrescentaria a mim próprio duas dezenas de depoimentos e os daria em segredo a fim de que engrandecesse meu nome e tornasse meu talento digno de crédito, pois pensar que os tais elogios dizem somente a verdade é disparate, e isso porque nem os elogios nem os vitupérios têm fundamento, tampouco são verdadeiros.
Enfim, já que o tempo se foi e eu passei em branca nuvem, serei obrigado a valer-me de minha lábia, que, embora gaguejante de natureza, não o será para falar certas verdades que, embora ditas por metáforas, possam ser entendidas claramente.E assim, digo-te outra vez, leitor amigo, que de maneira alguma poderás fazer confusão com as novelas que te ofereço, porque elas não têm nem pé, nem cabeça, nem miolo ou coisa parecida; quero dizer que os galanteios amorosos,que em algumas encontrarás, são honestos e tão orientados pela razão e pelos preceitos cristãos, que não podem levar a um mau pensamento tanto o descuidado como o cuidadoso que os ler.Dei-lhes o nome de Exemplares e, se observares bem, não verás nenhuma da qual não se possa tirar algum exemplo proveitoso e, se não fosse prolongar demasiadamente este assunto, talvez eu te mostrasse o saboroso e honesto fruto que se pode obter tanto de todas juntas como de cada uma em separado.Minha intenção foi colocar, em praça pública, uma mesa de trucos, onde cada um possa divertir-se sem prejuízo das barras (No jogo de truque ou truco é um aro de ferro fixo na mesa. N.T) isto é, sem prejuízo da alma ou do corpo,porque os exercícios honestos e agradáveis oferecem mais benefícios do que males.Sim, porque não é só estar nos templos, ou só ocupar as tribunas, ou só escravizar-se aos negócios, por mais necessários que sejam; há também horas de descanso para que o irrequieto espírito possa repousar.Para isto, fazem-se as alamêdas, procuram-se as fontes, aterram-se as encostas e cultivam-se, de maneira curiosa, os jardins.Uma coisa, porém, eu me atreverei a dizer-te: se, de algum modo, fizesse eu com que a leitura destas novelas induzisse quem as lesse a algum mau desejo ou pensamento, preferiria cortar a mão que as escreveu a publicá-las.Minha idade não está para brincar com a outra vida.Para isto esforçou-se o meu engenho, leva-me por aqui a minha vocação;eu me considero - e assim o é - o primeiro a novelar em língua castelhana, poisas inúmeras novelas que nela andam impressas são todas traduzidas de língua estrangeira e estas aqui são minhas mesmo, não são imitadas, nem roubadas;concebeu-as o meu talento, pariu-as a minha pena e vão crescendo nos braços da imprensa. Depois delas, se a vida me permitir, eu te oferecerei os Trabalhos de Persiles, livro que se atreverá a competir com Heliodoro, se o tiro não lhe sair pela culatra; primeiro verás, e rapidamente, dilatadas as fachadas de Dom Quixote e a galhardia de Sancho Pança; logo a seguir, as Semanas do Jardim.Estou prometendo muito para fôrças tão insignificantes como as minhas, masquem haverá de frear os desejos? Quero que consideres apenas isto: se eu tive a ousadia de oferecer estas novelas ao grande Conde de Lemos, há algum mistério secreto que as edifica. Apenas isto; de resto, que Deus te guarde e quedê a mim paciência para considerar um bem o mal que há de falar de mim uma meia dúzia de melindrosos e almofadinhas. Adeus.

12 de novembro de 2012

Ex-morador de rua dirige bicicloteca no centro de São Paulo





Este é o título da reportagem que encontrei em um site. Esses dias, mexendo no Facebook, compartilhei a foto acima, sem saber de quem se tratava, e escrevi: um dia vendo tudo e vou semear o mundo.

Agora, essa foto se tornou mais real quando li a história da vida deste semear de livros.

Lê-se:

Foi em uma vitrine que Robson César Correia de Mendonça se deparou com a maior dor de sua vida. Vagando pelas ruas de São Paulo, deteve-se por um momento em frente a uma loja para assistir na TV ao noticiário que falava de um acidente, na estrada para Juazeiro do Norte (CE). Uma família gaúcha dizimada. A sua.

Dois anos antes, ele deixara em sua cidade natal, Alegrete (RS), onde era pecuarista, para tentar construir uma história na metrópole paulista. A mulher e os dois filhos -um casal- viriam depois, quando já estivesse devidamente instalado. Carregara consigo uma quantia que hoje equivaleria a cerca de R$ 200 mil, provenientes da venda de uma propriedade e alguns animais, e o propósito de estabelecer um negócio próprio -"comprar um prediozinho, montar um restaurante, começar uma vida nova".

Logo que desembarcou no Terminal Rodoviário do Tietê, há 12 anos, Robson, então com 50 anos de idade, diz ter sido vítima de um sequestro. "Da rodoviária, vendo todo o dinheiro que eu tinha, eles me levaram até o vale do Anhangabaú, onde fizeram um documento falso de aposentado por invalidez, usado para sacar mais no banco."

Destituído de qualquer pertence, passou a perambular pelo centro da cidade e a dormir na praça da Sé. Desorientado, não conseguiu mais contato com a família. "Tentei entrar na Câmara [Municipal de São Paulo] para dar um telefonema, mas fui proibido por ser morador de rua."

Foi levado para um albergue em Santo Amaro, na zona sul, do qual retornou para a região da praça da República para vender picolés e procurar a quadrilha que o havia sequestrado. Ele a descobriu, mas "ficou no dito pelo não dito, eles não foram presos nem nada".

Ao tomar conhecimento do acidente, que interrompeu o sonho de sua mulher de conhecer a cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará, entrou em depressão. Para fugir da "loucura total" e da droga e em busca de alguma dignidade para os moradores de rua, que via serem tratados "como bichos", conta que se apegou à leitura.

REVOLUÇÃO DOS BICHOS

Marcou-o especialmente o livro "A Revolução dos Bichos", de George Orwell, que encontrou em uma minibiblioteca de um albergue no Brás. O título da obra chamou a sua atenção. "Comecei a pensar que, se os animais são capazes de mudar suas vidas, por que nós, que somos animais racionais, não podemos mudar?".

Em 2000, criou, com alguns companheiros, o Movimento de Pessoas em Situação de Rua, para defender os interesses dessa população. "Brigar" na Assembleia Legislativa e no Ministério Público fazia parte de suas atribuições. Nessa época, sustentava-se com a venda de materiais reciclados. "Quando comecei a viver totalmente do movimento, só tomava café de manhã e comia à noite, mas nem sempre", lembra.

A comunhão com as letras se dava principalmente na biblioteca Mário de Andrade, na região central. Assíduo frequentador da instituição e sabido por seu caráter engajado -a essa altura, já tomava parte de ações de inclusão social da Agenda 21-, foi convidado para plantar uma árvore nos jardins do lugar.

BIBLIOTECA ITINERANTE

Nesse dia, sua trajetória se cruzou com a do empreendedor Lincoln Paiva, dono de uma consultoria voltada para projetos de mobilidade urbana, a Green Mobility. Paiva enxergou no desejo de Robson de "contaminar" outros moradores de rua com a literatura a possibilidade de desenvolver uma ação social.

Robson comentou com Paiva que, se pudesse, levaria livros pelas ruas para que as pessoas com acesso restrito a eles também pudessem descobrir novas motivações através das páginas - e sem sofrer preconceito. "Na biblioteca Mário de Andrade, as pessoas mudavam de mesa quando eu me sentava", recorda.

Se pudesse, disse a Paiva, carregaria os volumes em um carrinho de mão e os distribuiria para os habitantes das ruas. Paiva, um voraz fabricante de ideias -não é à toa que, por muitos anos, foi um conceituado profissional do mercado publicitário-, concluiu que a mensagem estava ali, mas o meio -de transporte, no caso- poderia ser aprimorado. Nasceu então o projeto da bicicloteca.

A partir do conceito de biblioteca itinerante, foi desenhado e construído um triciclo com um baú acoplado, com capacidade para 300 volumes. O objetivo era emprestá-los a qualquer pessoa -e não só a quem vivesse nas ruas- que se interessasse em lê-los, sem burocracia e sem que precisassem ser devolvidos. Robson seria o condutor do veículo e do projeto.

Depois de circular por três meses, a primeira bicicloteca foi roubada por um viciado em crack. Robson vivia assim outra grande dor, mas, dessa vez, havia muito o que fazer. Ele passou uma noite em claro na busca de pistas que o levassem ao paradeiro do triciclo. A investigação foi parar nas redes sociais; um vídeo da saga, produzido por Paiva, foi visto por mais de 100 mil pessoas na internet. A mídia se interessou pelo tema, que foi assunto até na BBC e no jornal francês Le Monde.

A bicicloteca foi recuperada. O projeto atraiu empresas que financiaram um modelo elétrico, com acesso à internet e placa solar. No último ano, foram emprestados 107 mil livros, 60% deles para pessoas em situação de rua, 20% para estudantes e 20% para a população em geral.

Em um final de semana de cada mês, Robson e Lincoln organizam, com a bicicloteca, um passeio gratuito por pontos do centro de São Paulo que representam episódios significativos da história literária brasileira. Integram o itinerário, por exemplo, o local em que nasceu Álvares de Azevedo, a biblioteca onde Euclides da Cunha fez a primeira leitura de "Os Sertões" e um prédio em que morou Monteiro Lobato.

Há quatro anos Robson mora em uma pensão. Luta por sua causa e contra um câncer que levou boa parte de um de seus pulmões. Seu trabalho de disseminar a cultura é patrocinado por um escritório de advocacia. E, não por acaso, diz que hoje é chamado pela polícia de "advogado dos mendigos".

"Eu procurei estudar e aprendi muitas leis, a lei do morador de rua, seus direitos constitucionais. Isso me ajudou a entender o ser humano que está na rua, tanto que, quando prendi o cara que me roubou a primeira bicicloteca, disse ao delegado que não o mandasse para um presídio, mas que o internasse para tratamento contra o vício em droga."

Em defesa da ideia de que morador de rua não é bicho, Robson fez sua própria revolução -uma espécie de vitrine para que outras vidas enxerguem novas chances de dizimar suas dores.

Fonte: Uol

Correspondências e confidências ...


Da última vez, a postagem foi uma carta de Raimundo à ingrata Ana Rosa! Se a sua pergunta é se terminei de ler "O Mulato"; sim, terminei! No momento, estou lendo "O Quarto Vermelho" de Alexandre Dumas, um mulato. Ainda pretendo escrever mais coisas sobre o livro de Aluísio de Azevedo mas, agora, quero deixar mais uma carta. Fiquei empolgada com essa "coisa" de publicar cartas. Pretendo, desde dia em diante, publicar todas as cartas interessantes que permearem meus livros.

Em "O Quarto Vermelho", um delicioso suspense à la Dumas, a sofrida Albina d'Eppstein, esposa do tirano Maximiliano, escreve a carta que transcreverei abaixo, à sua amiga Guilhermina Gaspar. Esta carta sugere um testamento, visto a crueldade que sofre a jovem condessa.

Lê-se:

"Não me é somente proibido ver-te, minha boa Wilhelmina, mas, também, escrever-te.
Por isso, esta carta só te será entregue, se eu morrer. Penso que a morte me desobrigará de tal obediência.
Não te admires destas triste apreensões, Wilhelmina: é preciso prever tudo, no estado em que me encontro. No entanto, não quereria deixar a vida, sem te-te feito, a ti, que sempre me foste tão dedicada, as dádiva do meu coração. São coisas a que se prendem todos os agonizantes, que amaram.
Meu Deus! Não sei por que as palavra saem tão tristes da minha pena, uma vez que me sinto tão alegre e tranquila. Neste momento, sorrio ao lembrar-me dos projetos que fazíamos, há dois meses. Lembras-te? Em todo caso, vou repeti-los, pois, de parte a parte, esses projetos eram quase compromissos.
Wilhelmina, prometeste-me amamentar meu filho, se eu lhe faltasse. Não te esqueças dessa promessa, pois confio nela, compreendes? Viverei, sim, espero viver para lembrar-te eu mesma. Mas ficarei mais sossegada, recordando-o aqui, no momento em que tomo uma resolução solene.
Não é tudo, Wilhelmina. Escuta: se Deus me chamasse, estou certa de que o conde Maximiliano educaria o meu filho nobremente e com todo o cuidado, mas a educação da alma, compreendes, a que se recebe nos joelhos da mãe, só uma mulher a pode dar. Os homens ensinam bem a vida, mas só as mulheres sabem ensinar o Céu... Tu, que me conheces, falar-lhe-ás de mim, muito melhor do que o pai poderia fazê-lo, que nunca me compreendeu. Fala-lhe de mim, Wilhelmina, com frequência, sempre; faz que ele me conheça com se me tivesse visto. E, depois, minha boa Wilhelmina, não lhe recuses as carícias que são tão necessárias às criancinhas, quanto o leite que as alimenta.
Pobre órfão! Que ele cresã na tua ternura e no teu amor! Sê para ele não só uma ama, mas também a mãe.
Será bem tudo isto o que quereria dizer-te? Sim, mas se por acaso esquecer alguma coisa, o teu coração adivinhará o resto dos meus pensamentos.
Mas, sem dúvida, tu deves achar-me bastante egoísta. Ainda não escrevi uma palavra a teu respeito! Aliás, ao recomendar-te o meu filho, vais ver que não me esqueci do teu. Neste envelope, encontrarás duas cartas, uma dirigida à superiora do convento de Tília Sagrada, outra ao major Kniebis, em Viena.
Se te nascer uma filha, enviá-la-ás, quando tiver cinco ou seis anos, com a primeira destas cartas, à minha boa tia, a abadessa Dorotéia, que foi para mim uma segunda mãe. A meu pedido, Wilhelmina, ela receberá imediatamente a tua filha no convento, onde fui educada juntamente com as primeiras herdeiras da Alemanha. Tempos felizes em que eu cantava tão alegremente os cânticos do Senhor. Aí, tua filha receberá uma boa e santa educação.
Se tiveres um filho, envia-o ao major, que o fará entrar para um colégio ou o colocará numa escola militar. Esse caro major era íntimo amigo de meu pai e não passava um dia sem vir a Winkel. Quem diria, ao ver-me hoje, querida Wilhelmina, que fui a mais estouvada das meninas? O major, certamente, não terá esquecido a sua queria Albina e acolherá o teu filho como se fosse o meu.
Faze pelo meu o que farei pelo teu, se viver.
Adeus, Wilhelmina. Seja como for, tenho uma convicção: as almas não morrem e a minha não deixará aquela, que não há de abandonar meu filho.
Nesta carta, que só chegará às tuas mãos, se eu abandonar este mundo, coloco, para o meu filhinho, uma pequena mecha de meus cabelos.
Adeus, ainda mais uma vez, adeus! Não te esqueças de nada! Não te esqueças!
(a) Albina d'Eppstein, nascida Schwalbachh.

P.S. Ia-me esquecendo, Ainda uma infantilidade: se eu tiver um filho, desejo que se chama Everado, como o meu pai; se tiver uma filha, desejo que se chame Ida, como a minha mãe".

DUMAS, Alexandre. O quarto vermelho. Círculo do Livro, 1960, p.58-60.

Abaixo, deixo outras cartas publicadas:

9 de novembro de 2012

Escrevo-te estas mal traçadas linhas..



Estou lendo O Mulato, de Aluísio (de) Azevedo. Que magnífica literatura!
Estou aprendendo a ler os clássicos da literatura brasileira, e, estou surpresa de gostar mais e mais de tal leitura. José de Alencar, Aluísio (de) Azevedo, Machado de Assis, Rachel de Queirós... quanta fascinação encontrei nos volumes que li! E, nesta obra atual, declaro minha admiração por Azevedo! Que livro! Que história! Todo tempo tenho vontade de postar isto ou aquilo; tenho vontade de escrever coisas sobre o que leio; porém, não me arrisco pois sei tão pouco sobre o assunto.

Entre tantas trechos fascinantes que encontrei, deixo a carta que Raimundo entregou à Ana Rosa. Cartas de amor - que não sejam as do primo Basílio (Eça de Queirós) - são deliciosas de ler. Quando li a carta de Raimundo, lembrei de outra, escrita pelo maravilhoso Capitão Wentworth à Anne Elliot, em Persuasão, Jane Austen.

Sem mais delongas, deixo a transcrição da carta de Raimundo:


“Minha amiga,

Por mais estranho que te pareça, juro que te amo ainda, loucamente mais do que nunca, mais do que eu próprio imaginava se pudesse amar; falo-te assim agora, com tamanha franqueza, porque esta declaração já em nada poderá prejudicar-te, visto que estarei bem longe de ti quando a leres. Para que não te arrependas de me haver escolhido por esposo e não me crimines a mim por me ter portado silencioso e covarde, defronte da recusa de teu pai, sabe minha querida amiga, que o pior momento da minha pobre vida foi aquele em que vi fugir te para sempre. Mas que fazer? - eu nasci escravo e sou filho de uma negra. Empenhei a teu pai minha palavra em como nunca procuraria casar contigo; bem pouco porém me importava o compromisso. Que não teria eu sacrificado pelo teu amor? Ah! mas é que essa mesma dedicação seria a tua desgraça e transformaria o meu ídolo em minha vítima; a sociedade apontar-te-ia como a mulher de um mulato e nossos descendentes teriam casta e seriam tão desgraçados quanto eu! Entendi, pois que, fugindo, te daria a maior prova do meu amor. E vou, e parto, sem te levar comigo, minha esposa adorada, entremecida companheira dos meus sonhos de ventura! Se pudesse avaliar quanto sofro neste momento e quanto me custa a ser forte e respeitar o meu dever; se soubesses quando me pesa a ideia de deixar-te, sem esperança de tornar a teu lado, tu me abençoarias, meu amor!
E adeus. Que o destino me arraste para onde se quiser, serás sempre o imaculado arcanjo a quem votarei meus dias; serás minha inspiração, a luz da minha estrada; eu serei bom porque existes.

Adeus, Ana Rosa.

Teu escravo
RAIMUNDO. “

18 de outubro de 2012

Uma ideia, Um Sonho



Recentemente, vendi livros / vinis para um sebo. Depois da vontade de ter uma livraria, um sebo nostálgico é um outro sonho que tenho. Porém, com o sebo, o investimento é baixo e o lucro sustentável!
Então, antes de conversar com minha irmã que é contadora, procurei na net algo que suprisse minha ansiedade - encontrei no site do SEBRAE.

Formação do estoque e localização são preocupações importantes para começar no ramo

Um ambiente que remete ao antigo, elegante, com um cheiro característico no ar e um vendedor sempre solícito atrás do balcão. Quem é freqüentador de sebos compreende bem a descrição. E, assim como os fregueses, quem comanda um empreendimento como esse tem que gostar do contato com os livros usados. Para um estoque inicial com 5 mil unidades, é preciso investir cerca de R$ 25 mil. Se forem vendidos 100 exemplares por dia, ao preço médio de R$ 5, cada, o faturamento pode chegar a R$ 10 mil por mês. O investimento acessível e a demanda constante são as vantagens do negócio.

Mais um ponto positivo para os donos de sebos é que o consumo nas livrarias tradicionais é restrito, devido aos preços das publicações. Segundo pesquisa do Sebrae nacional, 60% das pessoas passam mais de um mês sem entrar em uma livraria. Além disso, 60% da população lêem apenas um livro por mês. Por isso, os usados - alguns custando apenas R$ 2 - estão fazendo sucesso, principalmente entre os estudantes do nível médio e universitários. De uma maneira geral, o público que consome os usados está cada vez mais variado.

espaço físico dispensa muitos móveis
Outra facilidade para quem deseja entrar no ramo é a organização do espaço físico. Na montagem das instalações, não é necessária grande quantidade de mobiliário, o que reduz os custos. De acordo com o consultor do Sebrae/RJ, Haroldo Caser, estantes, mesas, computador, telefone e fax são suficientes. A montagem do acervo requer atenção. Na avaliação de Sílvia Chomski, sócia do sebo Berinjela, no Centro do Rio de Janeiro, é preciso colocar bons títulos à disposição dos fregueses. "Não adianta abrir um negócio apenas com livros velhos, sem conteúdo nenhum", ratifica a empresária.

Zelar pela higiene do material exposto também é fundamental. Há 11 anos no mercado, o Berinjela, que também comercializa CDs usados, realiza a encadernação dos livros mal conservados e faz a limpeza diária dos exemplares. "Temos um funcionário que verifica o acervo, diariamente, para ver o estado de conservação. É importante os livros estarem apresentáveis, se não as pessoas não compram. Isso sem falar que é grande o número de pessoas alérgicas", alerta Sílvia, lembrando que os "ratos de sebo" são exceção. Para eles, tanto faz a aparência.

Existem nas prateleiras cerca de 6 mil livros. No estoque, há mais 6 mil unidades. Diariamente, Sílvia, que entrou como sócia no negócio há três anos, vende algo em torno de 100 unidades, com valores entre R$ 5 e R$ 10, cada. O perfil dos clientes é de universitários e bibliófilos em geral. Os livros mais raros, antigos (1ª edição), ou com autógrafos, têm preços que variam de R$ 20 a R$ 50. "Para entrar no ramo, é necessário avaliar bem que livros serão comprados", reforça a empresária.

Concordando com Sílvia, o paulistano Messias Antônio Coelho, proprietário do Sebo do Messias, confirma que é importante realizar boas compras. "Procuro anunciar em jornais e revistas. Tenho uma equipe que vai até os vendedores para buscar os exemplares", comenta Messias, que comanda quatro lojas no Centro de São Paulo e mantém um acervo de 200 mil livros usados. Nas estantes, tem para todos os gostos: desde os livros universitários, até os técnicos, passando pelos infantis, literatura brasileira e romances estrangeiros.

Os mais vendidos, segundo o empresário, são os de filosofia, romances lançados recentemente e literatura brasileira. Além dos livros, o acervo de fitas de vídeo, DVDs e discos de vinil usados do Sebo do Messias tem feito sucesso. "Compro as fitas de videolocadoras que estão fechando ou renovando o catálogo. Temos 70 mil vídeos nas quatro lojas", garante Messias, que está há 33 anos no ramo. Com 43 funcionários, a rede tem estabelecimentos de cerca de 500 metros quadrados, cada.

O preço médio de um livro usado, segundo Messias, vai de R$ 2 a R$ 10. Já os de arte, do século passado, ou de História Antiga e fotografia, podem custar entre R$ 50 e R$ 100. Além dos clientes tradicionais, o Sebo do Messias recebe colecionadores interessados em adquirir raridades. Passam pelos quatro estabelecimentos, diariamente, cerca de 400 pessoas, provenientes de várias regiões de capital paulista e de diversos estados do País. "Nosso acervo tem uns 2 mil exemplares dos primeiros anos do século XX, muito procurados por acadêmicos e bibliófilos em geral", conclui.

Atenção à localização e à montagem do acervo
Assim como para os donos de livraria, a localização dos sebos é importante. Áreas com grande circulação de pessoas, como os centros do Rio e São Paulo, são boas alternativas. Mas a tradição também conta muito. É o caso das regiões do Largo do Machado e Copacabana (Rio), por exemplo, onde prolifera esse tipo de empreendimento. Proprietária da Dantes, no Leblon, Zona Sul do Rio, Anna Martins, admite que encontrou dificuldades por causa do ponto. "Como o local não tinha tradição nesse tipo de negócio, tive que investir em promoções, eventos e exposições para atrair o público", lembra ela, que abriu as portas em 1994.

Um outro item crucial é a compra dos exemplares. A principal dificuldade de Anna, no começo, foi encontrar bons fornecedores. Ela afirma ser cada vez mais difícil adquirir exemplares interessantes. "A qualidade do sebo reside em fazer boas aquisições. Nós, do ramo, acabamos disputando o produto porque compramos de particulares. Funciona como num leilão", compara a empresária, que oferece ao público cerca de 10 mil itens arrumados em um espaço de 40 metros quadrados.

Para a empresária, gostar da atividade é importante. Ela comenta que uma das maiores dificuldades é encontrar mão-de-obra especializada. "Para trabalhar em um sebo é preciso conhecer bem a história editorial do Brasil", acredita. Disposição também não pode faltar. "Carregamos livros para baixo e para cima. Vou até as casas das pessoas para comprar e negociar. Depois limpamos um por um e fazemos a manutenção", explica Anna que, para manter os clientes fiéis, promove eventos na loja. Uma vez por mês, a Dantes realiza um "bota-fora" de livros com títulos especiais.

Raio X Sebo
Investimento inicial: de R$ 20 mil a R$ 25 mil

Capital de giro: de R$ 3 mil (incluídos no investimento inicial)

Faturamento médio mensal: R$ 5 mil (vendendo 50 livros de R$ 5, por dia)

Número de funcionários: 2

Obras Fantásticas..

Estava fuçando a net, e vejam que coisa maravilhosa encontrei.
Uma reportagem da Globo.com sobre  mosteiro que foi construído na Índia. Perfeito!




Nem sempre enchente é sinônimo de desgraça. Na época das chuvas, o já impressionante Monastério Phuktal ganha um toque a mais de beleza, com uma queda d’água entre suas construções. As águas não ameaçam as casas de barro e madeira, que estão lá desde o século 12. O monastério é habitado por cerca de 70 monges budistas, que escolheram viver reclusos. O local é aberto para visitação de turistas, mas só é possível chegar escalando o penhasco de 3.850 metros de altura, para garantir que o templo continue isolado do resto do mundo.

O monastério fica na boca de uma caverna em Ladakh, no norte da Índia. Locais como este são considerados sagrados no budismo e é dito que a água que passa por lá tem propriedades de cura. Fora da temporada de chuvas, há apenas uma fonte dentro das rochas, que abastece os monges.

A maioria dos visitantes é de budistas tibetanos, que fazem peregrinação no monastério. Lá, eles encontram habitações simples e recursos precários, mas também quatro salões de reza com afrescos na parede e no teto, além de uma grande biblioteca.




1 de outubro de 2012

À Toa..


Êita! Que mês mais "intro" foi Setembro!

Fiquei no casulo o mês inteiro. Por mais que digam que "não", eu acho que estou ficando arrogante. Não pode ser somente o mês ou a passagem dos astros. Sinto algo em mudança. Vejo meu comportamento tomando um rumo diferente; mesmo que alguns hábitos ainda sejam os mesmos.

A primeira mudança que notei foi na minha literatura. Nunca fui muito "culta", estilo: "vou comprar somente tão aquela literatura mais cult". Porém, percebi que não tolero mais qualquer tipo de literatura. Não gosto de ler estilos de massa ou pop (como os atuais vampiros).
Outra coisa que notei foi sobre os programas de televisão. Não gosto de ficar conversando sobre programações que são "povão". Admito, assisto programas de televisão aberta, mas eles são minha distração e não a base para um estilo de vida ou aprendizado. Não filosofo sobre esses assuntos, não busco alguma "sabedoria" nesse tipo de coisa. Eles são, para mim, somente um momento de relaxamento - sem qualquer pretensão de ser relevante. Portanto, qualquer conversa "séria" que gire em torno desse tipo de situação, fico incomodada e não entro neste tipo de discussão banal.

E, em setembro, foi bem pior. Sai pouco. Conversei pouco. Li muito e pensei mais ainda.

Algumas companhias não me apetecem mais; evito-as. E acho isso o fim. Que tipo de "crescimento" é esse que me separa de pessoas que antes eu adorava estar em companhia. Que tipo de monstro sou eu que me acho "melhor" do que os outros.
Sempre pensei que ao buscar mais conhecimento e informação eu poderia me tornar algo melhor. Que pena,  pois algum momento eu segui por um caminho errado.
Não sou melhor que alguém, sei disso. Porém, estou me separando por achar que sou.

Paciência, terei que mudar esse caráter arrogante e pretensioso e voltar àquela esquina que segui errada.




22 de setembro de 2012

Vela Caseira..


Hoje foi dia de arte na cozinha! Fiz esta linda vela com alguns materiais que eu já tinha em casa. Por isso, ela foi batizada de "Vela Sustentável".

Abaixo, a lista dos materiais que encontrei:

- velas pequenas de aniversário (40 unidades usadas);
- dois vasinhos de cerâmica pintados previamente;
- duas panelas velhas que minha mãe colocou na "gaveta do esquecimento";
- duas forminhas de pão de queijo;
- vaselina com óleo;
- parafina em flocos;

A confecção começou com uma das panelas com água e a outra vazia dentro daquela cheia. Depois, fui quebrando em pedacinhos as velas de aniversário e jogando dentro da panela vazia. Retirei o pavio antes de colocar na panela. Porém, o barbante pode ser retirado depois, sem crise.

Depois de quebrar as velas, deixei-as derreter em banho maria. Os pavios que ficaram eu retirei com um pedaço de bambu - porém, pode ser usado uma colher de pau.

Quando as velas derreteram, adicionei um pouco da parafina em flocos para dar uma liga, afinal, sangue novo é bom. A quantidade foi uma colher rasa - lembrando que são as 40 velinhas de aniversário.
Eu tinha dois vasinhos de cerâmicas (já pintados) em casa. Fiz um furo com um prego pequeno no fundo, para poder passar o pavio que retirei das velinhas.
O vasinho é maior que o pavio, por isso, fiz um nozinho para unir duas unidades do barbante. Fiz outro nó na ponta de um dos pavios para ficar no fundo do vasinho. Vi, em alguns sites, que somente uma fita adesiva no fundo do vaso é suficiente para prender o pavio. Não para mim, pois a cera vazou toda pelo furo e perdi cera - bom, perdi não porque coloquei de volta na panela depois de previamente seca; porém, houve uma meleca para limpar. Então, meu conselho é fazer um nozinho que tampe o furo; e o estrago não será tão grande.
E como fazer o danado do pavio ficar em pé quando a cera for despejada??
Que loucura! Eu pirei para achar uma solução. Fiz da seguinte forma:
como o pavio era comprido em relação ao vaso (depois que eu emendei uma unidade à outra), eu encostei o danado do barbante no canto do vasinho até que formou uma camada seca na parte de cima do vaso. Então, coloquei o pavio no centro do vaso e dei duas ou três sopradinhas e PUZT!, ficou centralizado e lindo; e, deixei secar sozinho.

As forminhas de pão de queijo eu usei para deixar no fundo do vaso, pois, querendo ou não, um pouco de cera sempre passa pelo furo do barbante.

Depois de um tempo, a cera assenta e será preciso adicionar mais um pouco de cera líquida para deixar plana a vela. Repete-se o problema do barbante.

E fim! Minhas duas velas sustentáveis ficaram prontas!

Omnia vanitas!

19 de setembro de 2012

Cantava na ignorância



Enquanto esperava a água do chá esquentar, li os ingredientes listados, no fundo da caixa, para entreter. E, lá, está escrito: folhas e talos de erva-mate tostados (ILEX PARAGUARIENSIS).

Cara, eu, simplesmente, tenho paixão por Engenheiros do Hawaii e NUNCA tive a noção que essas duas palavrinhas ILEX PARAGUIENSIS é o nome científico para "erva-mate".

Eu sei, muitas vidas serão transformadas com essa descoberta!

Já que isso aconteceu, deixo a letra da música aqui também.

Omina Vanitas :)

ILEX PARAGUARIENSIS (Humberto Gessinger)


Hoje eu acordei mais cedo
Tomei sozinho o chimarrão
Procurei a noite na memória... procurei em vão
Hoje eu acordei mais leve (nem li o jornal)
Tudo deve estar suspenso... nada deve pesar
Já vivi tanta coisa, tenho tantas a viver
Tô no meio da estrada e nenhuma derrota vai me vencer
Hoje eu acordei livre: não devo nada a ninguém
Não há nada que me prenda

Ainda era noite, esperei o dia amanhecer
Como quem aquece a água sem deixar ferver
Hoje eu acordei, agora eu sei viver no escuro
Até que a chama se acenda
Verde... quente... erva... ventre... dentro... entranhas
Mate amargo noite adentro estrada estranha

Nunca me deram mole, não (melhor assim)
Não sou a fim de pactuar (sai pra lá)
Se pensam que tenho as mãos vazias e frias (melhor assim)
Se pensam que as minhas mãos estão presas (surpresa)

Mãos e coração, livres e quentes: chimarrão e leveza
Mãos e coração, livres e quentes: chimarrão e leveza

... ilex paraguariensis...
... ilex paraguariensis...


16 de setembro de 2012

Entrevero Gaúcho..




Hoje, pela primeira vez, arrisquei cozinhar um entrevero.
Eu achei uma delícia mas, como foi a primeira experiência, farei algumas alterações para deixá-lo com um sabor mais particular.

Fiquem com a receita original. Ao final da receita, estarei listando as minhas alterações.

ENTREVERO GAÚCHO

Ingredientes:


  • 200g de Bacon picado em cubinhos
  • 200g de Paleta sem osso picada em cubinhos
  • 200g de carne de lombinho de porco picados em cubinhos
  • 200g de carne de coração de galinha
  • 200g de Linguiça cortada em pedaços não muito pequenos
  • 200g de carne de frango picadas em cubinhos
  • 1 Cebola média á grande picada
  • 1 pimentão vermelho picado
  • 1 Tomate medio á grande picado
  • Meio copo de Molho de Soja
  • 3 colheres de azeite de oliva
  • 4 pães massinha "estilo pão de xis"
  • Maionese à gosto
  • Queijo em fatias (4 à 8 fatias)
  • 4 folhas de alface
Modo de Preparo: 

Aqueça bem uma panela e uma frigideria. Acrescente 3 colheres de azeite na panela. Na panelas adiciona-se a cebola e o pimentão. Na frigideira acrescenta-se 1/3 do bacon e os corações de galinha. Deixe fritar bem até assar o coração. Depois acrescente os corações e o bacon fritos à panela dos legumes. Na frigideira acrescenta-se então mais 1/3 do bacon a carne de porco e a linguiça. deixe assar. Após assado acrescente a linguiça o porco e o bacon que estão na frigideira na panela dos legumes.
Coloque para fritar na frigideira agora o restante do bacon juntamente com a carne de frango e a carne de gado. Após fritos acrescente esses inngredientes na panela dos legumes.
Agora acrescente o Tomate juntamente com o molho de soja na panela dos legumes. Deixe cozinhar por alguns minutos (2 à 3).
Abra os pães passe a maionese acrescente uma ou dus fatias de queijo a seua escolha, coloque uma folha de alface e recheie com a quantidade desejada de entrevero!

Do meu jeito:  Eu troquei o pão pelo arroz comum.  Não utilizei o alface, nem para decoração. Não usei coração de galinha porque não gosto desta iguaria. Adicionei uma cenoura média e uma pimenta vermelha (madura o suficiente) pequena. Eu não usei o óleo para fritar: fritei, em fogo baixo, um pouco do bacon e utilizei essa gordura para untar a frigideira.
AINDA: ao invés de fritar e despejar em uma panela, eu farei do seguinte modo: fritar cada carne em separado e, no final, misturá-las na panela depois de fritar a cebola e o tomate. Claro, alho é lei e rei! Então, após o uma fritada em tempo médio nas carnes, acrescentar a pimenta, o pimentão e a cenoura.
Esse será meu entrevero à la Adelita Olbrisch!
Omnia Vanitas



4 de setembro de 2012

Adeus, Baleia..



Ah! Chorei muito, ontem, ao ler esse trecho da obra de Graciliano Ramos, Vidas Secas.  Adeus, Baleia! 


Fabiano percorreu o alpendre, olhando a baraúna e as porteiras, açulando um cão invisível contra animais invisíveis:
– Eco! eco!
Em seguida entrou na sala, atravessou o corredor e chegou à janela baixa da cozinha. Examinou o terreiro, viu Baleia coçando-se a esfregar as peladuras no de turco, levou a espingarda ao rosto. A cachorra espiou o dono desconfiada, enroscou-se no tronco e foi-se desviando, até ficar no outro lado da árvore, agachada e arisca, mostrando apenas as pupilas negras. Aborrecido com esta manobra, Fabiano saltou a janela, esgueirou-se ao longo da cerca do curral, deteve-se no mourão do canto e levou de novo a arma ao rosto. Como o animal estivesse de frente e não apresentasse bom alvo, adiantou-se mais alguns passos. Ao chegar as catingueiras, modificou a pontaria e puxou o gatilho. A carga alcançou os quartos traseiros e inutilizou uma perna de Baleia, que se pos a latir desesperadamente.
Ouvindo o tiro e os latidos, Sinha Vitória pegou-se à Virgem Maria e os meninos rolaram na cama, chorando alto. Fabiano recolheu-se.
E Baleia fugiu precipitada, rodeou o barreiro, entrou no quintalzinho da esquerda, passou rente aos craveiros e às panelas de losna, meteu-se por um buraco da cerca e ganhou o pátio, correndo em três pés. Dirigiu-se ao copiar, mas temeu encontrar Fabiano e afastou-se para o chiqueiro das cabras. Demorou-se um instante, meio desorientada, saiu depois sem destino, aos pulos.
Defronte do carro de bois faltou-lhe a perna traseira. E, perdendo muito sangue, andou como gente, em dois pés, arrastando com dificuldade a parte posterior do corpo. Quis recuar e esconder-se debaixo do carro, mas teve medo da roda.
Encaminhou-se aos juazeiros. Sob a raiz de um deles havia uma barroca macia e funda. Gostava de espojar-se ali: cobria-se de poeira, evitava as moscas e os mosquitos, e quando se levantava, tinha folhas secas e gravetos colados as feridas, era um bicho diferente dos outros.
Caiu antes de alcançar essa cova arredada. Tentou erguer-se, endireitou a cabeça e estirou as pernas dianteiras, mas o resto do corpo ficou deitado de banda. Nesta posição torcida, mexeu-se a custo, ralando as patas, cravando as unhas no chão, agarrando-se nos seixos miúdos. Afinal esmoreceu e aquietou-se junto as pedras onde os meninos jogavam cobras mortas.
Uma sede horrível queimava-lhe a garganta. Procurou ver as pernas e não as distinguiu: um nevoeiro impedia-lhe a visão. Pôs-se a latir e desejou morder Fabiano. Realmente não latia: uivava baixinho, e os uivos iam diminuindo, tornavam-se quase imperceptíveis.
Como o sol a encandeasse, conseguiu adiantar-se umas polegadas e escondeu-se numa nesga de sombra que ladeava a pedra.
Olhou-se de novo, aflita. Que lhe estaria acontecendo? O nevoeiro engrossava e aproximava-se.
Sentiu o cheiro bom dos preás que desciam do morro, mas o cheiro vinha, fraco e havia nele partículas de outros viventes. Parecia que o morro se tinha distanciado muito. Arregaçou o focinho, aspirou o ar lentamente, com vontade de subir a ladeira e perseguir os preás, que pulavam e corriam em liberdade.
Começou a arquejar penosamente, fingindo ladrar. Passou a língua pelos beiços torrados e não experimentou nenhum prazer. O olfato cada vez mais se embotava: certamente os preás tinham fugido.
Esqueceu-os e de novo lhe veio o desejo de morder Fabiano, que lhe apareceu diante dos olhos meio vidrados, com um objeto esquisito na mão. Não conhecia o objeto, mas pôs-se a tremer, convencida de que ele encerrava surpresas desagradáveis. Fez um esforço para desviar-se daquilo e encolher o rabo. Cerrou as pálpebras pesadas e julgou que o rabo estava encolhido. Não poderia morder Fabiano: tinha nascido perto dele, numa camarinha, sob a cama de varas, e consumira a existência em submissão, ladrando para juntar o gado quando o vaqueiro batia palmas.
O objeto desconhecido continuava a ameaçá-la. Conteve a respiração, cobriu os dentes, espiou o inimigo por baixo das pestanas caídas. Ficou assim algum tempo, depois sossegou. Fabiano e a coisa perigosa tinham-se sumido.
Abriu os olhos a custo. Agora havia uma grande escuridão, com certeza o sol desaparecera.
Os chocalhos das cabras tilintaram para os lados do rio, o fartum do chiqueiro espalhou-se pela vizinhança.
Baleia assustou-se. Que faziam aqueles animais soltos de noite? A obrigação dela era levantar-se, conduzi-los ao bebedouro. Franziu as ventas, procurando distinguir os meninos. Estranhou a ausência deles.
Não se lembrava de Fabiano. Tinha havido um desastre, mas Baleia não atribuía a esse desastre a impotência em que se achava nem percebia que estava livre de responsabilidades. Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração. Precisava vigiar as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar. as moitas afastadas. Felizmente os meninos dormiam na esteira, por baixo do caritó onde Sinha Vitória guardava o cachimbo.
Uma noite de inverno, gelada e nevoenta, cercava a criaturinha. Silêncio completo, nenhum sinal de vida nos arredores. O galo velho não cantava no poleiro, nem Fabiano roncava na cama de varas. Estes sons não interessavam Baleia, mas quando o galo batia as asas e Fabiano se virava, emanações familiares revelavam-lhe a presença deles. Agora parecia que a fazenda se tinha despovoado.
Baleia respirava depressa, a boca aberta, os queixos desgovernados, a língua pendente e insensível. Não sabia o que tinha sucedido. O estrondo, a pancada que recebera no quarto e a viagem difícil do barreiro ao fim do pátio desvaneciam-se no seu espírito.
Provavelmente estava na cozinha, entre as pedras que serviam de trempe. Antes de se deitar, Sinha Vitória retirava dali os carvões e a cinza, varria com um molho de vassourinha o chão queimado, e aquilo ficava um bom lugar para cachorro descansar. O calor afugentava as pulgas, a terra se amaciava. E, findos os cochilos, numerosos preás corriam e saltavam, um formigueiro de preás invadia a cozinha.
A tremura subia, deixava a barriga e chegava ao peito de Baleia. Do peito para trás era tudo insensibilidade e esquecimento. Mas o resto do corpo se arrepiava, espinhos de mandacaru penetravam na carne meio comida pela doença.
Baleia encostava a cabecinha fatigada na pedra. A pedra estava fria, certamente Sinha Vitória tinha deixado o fogo apagar-se muito cedo.
Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.

Editora Record, p.87 - 91

O caso do cachorro ..

 Olá, esquecido leitor !   Apesar de passar muito tempo longe deste blog, tentei voltar algumas vezes mas o tempo nem sempre está do meu lad...