31 de agosto de 2017

Downton Abbey²..




Certa noite, enquanto morávamos no saudoso apartamento do bairro "Long Beach", meu marido escolheu uma série para assistirmos: era Downton Abbey. Em menos de dois minutos do início, eu o avisei que não seria do seu agrado assistir - filmes/séries de época não são a praia dele. Dito e feito. Abandonamos em quinze minutos.

Depois, neste novo endereço, certa tarde eu resolvi começar, novamente. E, desta vez, foi paixão. As seis temporadas foram devoradas durante minhas folgas (exceto no momentos de leitura e passeio). 

A série apresenta a história da família Crawley e todos aqueles que compõem o cotidiano de Downton Abbey.  E a história destas pessoas começa com o naufrágio do Titanic - mesmo que nenhum das personagens estivessem no navio. Patrick, o ordeiro do título e da herdade dos Crawley, estava no inaufragável transatlântico. A série ainda passa pela Segunda Guerra Mundial - que transforma a rotina e a vida dos personagens que compõem a série. Todas as vezes que uma mudança é citada, a frase que normalmente é dita é: "Isto era antes da Guerra". A chegada da luz, do telefone, de eletrodoméstico (como a geladeira que a senhora Patmore detesta), a calça comprida como vestuário feminino, secador de cabelo etc. O automóvel como algo seleto, o rádio vista como uma moda passageira e, principalmente, a mulher tendo mais papéis significativos na sociedade pós-guerra.

Uma das coisas que mais me emociona na série é a troca de correspondências. Acho tão lindo receber uma missiva - e elas tinhas três horários para chegar: manhã, tarde e noite. Eu sou apaixonada por cartas (e isso me lembra que preciso escrever para minha querida amiga N.C.G.V.).

Durante toda a série, eu fiquei apaixonada por alguns personagem: Edith Crawley, Daisy Mason, Lesley Patmore (eu queria ter o dom de cozinha desta personagem), Violet Crawley (sou apaixonada pela língua afiada desta mulher) e alguns outros. E, entre estes, Thomas Barrow foi o que me deixou mais feliz.

O personagem de Thomas é um lacaio que vê sua oportunidade de ascender à camareiro ser tomada por um forasteiro manco que chega à Downton. Ele tem como fiel comparsa a odiosa Sara O'brien; Thomas é obscuro, mesquinho, trapaceiro e chantagista. Barrow é aquele personagem que você torce - descaradamente - para que ele sofra por todas as coisas ruins que ele fez.  Porém, o que o ambicioso lacaio tem é uma boa sorte irritante. Todas as vezes que eu achava que ele pagaria por sua maldade ... BANG! .. algum acontecimento revertia em bem para ele. Poucas vezes vi o destino se virar contra ele - a cena que me vem à mente é quando ele perde todo o seu dinheiro para um falastrão pior que ele. Mesmo assim, a boa sorte lhe sorri. 
Há algo que faz Thomas sofrer: suas paixões frustradas. Seu curto relacionamento através de missivas com um duque que visita os Crawley termina de forma contrária ao ambicioso projeto do lacaio.
Sua segunda frustração amorosa é ao voltar da guerra. O rapaz cego a quem ele presta serviços médicos, suicida-se. Sua maior dor amorosa foi Jimmy, o laico.  Ludibriado por O'brien - agora sua rival - Thomas é levado a acreditar que Jimmy lhe concede sentimentos ternos. Ledo engano. Certa noite, Barrow vê seu beijos serem repudiados pelo jovem lacaio. Algum tempo depois, ambos tornam-se amigos.
E, depois desta amizade, acredito de Thomas começa a se tornar mais "humano". E sua humanização torna-se considerável.
Eu sou apaixonada por personagens que tem seu caráter regenerado. Ele traz uma camareira para lhe servir de "fofoqueira" sobre o que acontece "em cima" na casa. Phillys Baxter parece enxergar em Thomas alguém que sofre - e todo seu sofrimento é revertido em antipatia - mas, mesmo sendo chantageada, ela o transporta para a recuperação de sua personalidade. E o resultado é emocionante. Como é lindo ver este novo Barrow - sendo querido e lutando, sem maldade, por seu novo rumo. 

A partir de terça-feira, minha próxima folga, eu começarei pela terceira vez a assistir esta série. E, durante esse período, eu quero escrever sofre a queridíssima Condessa viúva. 


26 de agosto de 2017

Não me abandone jamais..

Cena do filme Não Me Abandone Jamais

Acabei de chorar.

Há algum tempo que um filme não provoca em mim essa tristeza.

O filme se chama Não Me Abandone Jamais, baseado no livro (publicado em 2005) de Kazuo Ishiguro, escritor nipo-britânico. Talvez, assim como eu, você nunca tenha ouvido/lido alguma coisa sobre ele, mas fato é que ele não novato na área. Seu primeiro livro foi publicado em 1982 (Uma Pálida Visão dos Montes), mas sua obra aclamada é Os Despojos do Dia e, ganhou um prêmio literário em 1989.

Sobre o livro homônimo, esta é a sinopse:
Kathy H. tem 31 anos e está prestes a encerrar sua carreira de cuidadora. Enquanto isso, ela relembra o tempo que passou em Hailsham, um internato inglês que dá grande ênfase às atividades artísticas e conta, entre várias outras amenidades, com bosques, um lago povoado de marrecos, uma horta e gramados impecavelmente aparados. No entanto, esse internato idílico esconde uma terrível verdade. 'Não me abandone jamais' reflete, através da ficção científica, a questão da existência humana.
Kathy, Tommy e Ruth compartilham a infância e o início da juventude sob de teto do internato Hailsham. E eles conhecem o destino que lhes aguarda - e esta conclusão é inevitável. 
Mas o espectador assiste com a esperança de que haja uma mudança, que aja uma reação, uma rebelião; que haja uma luta pela vida - para que esta se torne mais completa e tenha um significado maior. 
Eu torci, até o último segundo da cena final; e não suportei a passividade perante o destino destes personagens - perceber a condescência perante a conclusão. Conclusão. Sem esperança. Sem sonhos. Sem sentimento.

Mas o que sabemos sobre viver? 


25 de agosto de 2017

Décima oitava leitura ..


Olá, leitor do futuro!!!

Herbert George Wells é um desses escritores que ficavam rondando perto de mim. 
Quando li A Coisa, de Stephen King, meu personagem querido - Ben Hanscom - achava que os tubos de esgoto da cidade de Derry lhe lembrava os "buracos de Morloques".
Outra vez, assistindo Todo Mundo Odeia o Cris, o protagonista havia confundindo o livro de H.G. Wells com o filme Homem Invisível.
E, por último, ouvi a menção deste escritor na queridinha minissérie Downton Abbey (pela minha personagem preferida):

E, nessa semana, chegou uma doação para o sebo que continha um exemplar de H.G. Wells - A Máquina do Tempo.

A oportunidade não foi perdida. Tomei emprestado o exemplar e o li durante minha folga. 

"O explorador" chegou ao ano de 802.701 com sua máquina do tempo. E, nesta época, os habitantes da Terra, os Elóis, viviam pacificamente, eram vegetarianos e...infantis. Entre a fisionomia de uma criança e de um adulto quase não havia distinção - e também o sexo não era muito distinto. 
A inocência dos elóis era pedante ao explorador - as flores eram seus presentes e viviam de brincadeira de roda.

E, mesmo em meio a esta inocência, a máquina do tempo foi roubada. À procura da máquina, o viajante encontra outra forma de vida que habitava aquela época, os morloques. 
Enquanto os elóis eram bonitos, de cabelos cacheados, felizes e inocentes; os morloques eram pálidos (por viverem na escuridão e sentirem-se confortáveis com a chegada da noite), maliciosos, agressivos e ...carnívoros.

Este livro apresenta uma crítica de como será a humanidade e de como chegou até o ponto final. Apesar da narrativa contar, em sua maior parte, sobre o ano de 802.701; o explorador viaja em outras épocas, e nenhuma delas trás algum conforto para a raça humana: querido leitor, vamos morrer!

Eu gostei desta história; porém, acrescento que senti falta de detalhes - talvez seja que, a tradução deste exemplar, não é apropriada.

O livro está a venda na loja física Sebo do Portuga, (não online). Custa, apenas, R$ 5,00. 





22 de agosto de 2017

Brincadeira de irmãs..


Certa tarde de sábado, minha irmã número dois trouxe três caixas de quebra-cabeça para a casa da minha mãe - onde eu e a irmã número cinco estávamos conversando.
Foi paixão à primeira vista. No dia seguinte, a irmã número quatro e eu começamos a montar uma das caixas com quinhentas peças. Que dificuldade! As peças pareciam não querer encaixar-se...

Depois, em dois de janeiro de 2014, a número cinco e eu começamos a montar um outro jogo com mil peças. Foi mais longo o período de montagem - não por possuir o dobro de peças do primeiro, mas não aplicamos muito nosso tempo para esta atividade.
No fim, em três de março daquele ano o jogo foi finalizado por cinco pares de mãos: cinco, quatro, três, nossa mãe e eu. 
Achamos que seria bacana emoldurar este quebra-cabeça. Mas... na verdade, começamos a comprar outros jogos com número de mil peças e mais: 1500 e 2000 peças. DUAS MIL PEÇAS ?? A número quatro e eu quase surtamos quando a cinco fez essa compra! Que loucura ! 
E mais acessórios foram adquiridos: porta puzzles, bombas para encher os cilindros, divisor de peças .. e este jogo já foi opção de presente entre nós.

Já era comum, aos domingos, a quatro e eu - e quem mais estivesse com vontade de ajudar - e passarmos as tardes sobre o jogo (que parecia cada mais interessante). 
Houve uma tarde que a quatro chegou na casa da minha mãe (onde eu morava) e me convocou para ajudar a número três a seguir adiante com a brincadeira - porque ela não estava conseguido seguir na montagem.

E, assim, seguimos com esse "esporte". Porém, no momento, todas montamos um jogo individual;  e esta prática peculiar trouxe um modo de começar, separar as peças e iniciar o jogo para cada uma de nós. Há quem comece as bordas, outra com o miolo, e a número três adora montar as peças que compõem o céu na imagem - pois todas são paisagens ao ar livre - nada de Romero Brito (rs).
Atualmente já temos jogos com cinco mil peças, tapetes (porta puzzles) de até oito mil peças e dividindo as contas para pagar essa brincadeira - porque custa caro esse divertimento! 

A número três ainda está se aventurando com mil peças; a quatro já passou de 1500 e querendo aumentar esse número; a cinco está montando um jogo de quatro mil e eu vou partir para três mil. 

O mais divertido é trocar fotos entre nós sobre como está o andamento do jogo. 

20 de agosto de 2017

Sobre a vingança..


Salut, inconnu ami!!

Este mês voltei ao meu querido livro Le Comte de Monte-Cristo.
Eu não deveria ter abandonado esta leitura.. e não pretendo justificar este ato.
Segundo minha última anotação, o último dia de leitura foi XV-VII-MMXVI. Retornei em XII-VIII-MMXVII. Um longo período de ausência que cobrou seu preço.

Porém, ao retomar a leitura, eu me interessei por uma parte que considero importante (mais do que outras) para compreender o tipo de vingança que Edmond escolheu para empreender em seus adversários.

No ano de 1838, o conde de Monte-Cristo está na Itália se deliciando com o carnaval romano. E, durante esta festa, ele encontra Albert de Morcef e Franz d'Épinay - dois jovens parisienses.
Durante a socialização destes personagens, duas execuções estão marcadas para iniciar o carnaval romano. Dois condenados estão na plataforma para serem punidos, um ao enforcamento e outro à decapitação. 
No diálogo dos três personagens, o conde de Monte-Cristo explica os motivos que o invocam a assistir à estas execuções:
— Et vous avez trouvé du plaisir à assister à ces horribles spectacles ?
— Mon premier sentiment a été la répulsion, le second l’indifférence, le troisième la curiosité.
 ...e o último motivo choca seus convidados. E para explicar aos jovens seu ponto de vista, segue a justificação:
Si un homme eût fait périr, par des tortures inouïes, au milieu de tourments sans fin, votre père, votre mère, votre maîtresse, un de ces êtres enfin qui, lorsqu’on les déracine de votre cœur, y laissent un vide éternel et une plaie toujours sanglante, croiriez-vous la réparation que vous accorde la société suffisante, parce que le fer de la guillotine a passé entre la base de l’occipital et les muscles trapèzes du meurtrier, et parce que celui qui vous a fait ressentir des années de souffrances morales a éprouvé quelques secondes de douleurs physiques ?
Basta a morte para aliviar a dor daqueles que sofrem pelos entes queridos quando estes foram mortos ou torturados por homens sem piedade? Seria a morte um castigo ou apenas uma aflição momentânea para aqueles que irão sofrê-la?
O Conde deixa claro que isto é pouco para aliviar o sofrimento daqueles que permanecem e, torna-se breve comparada a dor que sofrida pelos reféns da tirania do condenado.

A vingança cega que Dantés queria aplicar aos seus algozes foi repensada quando este foi educado pelo abade Farias e coroada com o tesouro em Monte-Cristo.
Mesmo sendo razoável em suas explicação, Franz o interpela:
La haine est aveugle, la colère étourdie, et celui qui se verse la vengeance risque de boire un breuvage amer.
Mas o Conde o contesta:
Oui, s’il est pauvre et maladroit ; non, s’il est millionnaire et habile.
E Dantés possui muito dinheiro e muita inteligência! 💖   E eu ouso adicionar a esta afirmação que paciência e o autocontrole são dois "ingredientes" para que a volta de Dantés seja um sucesso.
A aplicação da vingança de Edmond é se utilizando da fraqueza daqueles quem a pena é aplicada - e ele faz isso com uma arte magistral !!

O livro segue .. e não vejo a hora de reencontrar aqueles que são o centro da sua vingança.

Omnia Vanitas. 💀

O caso do cachorro ..

 Olá, esquecido leitor !   Apesar de passar muito tempo longe deste blog, tentei voltar algumas vezes mas o tempo nem sempre está do meu lad...