Certa noite, enquanto morávamos no saudoso apartamento do bairro "Long Beach", meu marido escolheu uma série para assistirmos: era Downton Abbey. Em menos de dois minutos do início, eu o avisei que não seria do seu agrado assistir - filmes/séries de época não são a praia dele. Dito e feito. Abandonamos em quinze minutos.
Depois, neste novo endereço, certa tarde eu resolvi começar, novamente. E, desta vez, foi paixão. As seis temporadas foram devoradas durante minhas folgas (exceto no momentos de leitura e passeio).
A série apresenta a história da família Crawley e todos aqueles que compõem o cotidiano de Downton Abbey. E a história destas pessoas começa com o naufrágio do Titanic - mesmo que nenhum das personagens estivessem no navio. Patrick, o ordeiro do título e da herdade dos Crawley, estava no inaufragável transatlântico. A série ainda passa pela Segunda Guerra Mundial - que transforma a rotina e a vida dos personagens que compõem a série. Todas as vezes que uma mudança é citada, a frase que normalmente é dita é: "Isto era antes da Guerra". A chegada da luz, do telefone, de eletrodoméstico (como a geladeira que a senhora Patmore detesta), a calça comprida como vestuário feminino, secador de cabelo etc. O automóvel como algo seleto, o rádio vista como uma moda passageira e, principalmente, a mulher tendo mais papéis significativos na sociedade pós-guerra.
Uma das coisas que mais me emociona na série é a troca de correspondências. Acho tão lindo receber uma missiva - e elas tinhas três horários para chegar: manhã, tarde e noite. Eu sou apaixonada por cartas (e isso me lembra que preciso escrever para minha querida amiga N.C.G.V.).
Uma das coisas que mais me emociona na série é a troca de correspondências. Acho tão lindo receber uma missiva - e elas tinhas três horários para chegar: manhã, tarde e noite. Eu sou apaixonada por cartas (e isso me lembra que preciso escrever para minha querida amiga N.C.G.V.).
Durante toda a série, eu fiquei apaixonada por alguns personagem: Edith Crawley, Daisy Mason, Lesley Patmore (eu queria ter o dom de cozinha desta personagem), Violet Crawley (sou apaixonada pela língua afiada desta mulher) e alguns outros. E, entre estes, Thomas Barrow foi o que me deixou mais feliz.
O personagem de Thomas é um lacaio que vê sua oportunidade de ascender à camareiro ser tomada por um forasteiro manco que chega à Downton. Ele tem como fiel comparsa a odiosa Sara O'brien; Thomas é obscuro, mesquinho, trapaceiro e chantagista. Barrow é aquele personagem que você torce - descaradamente - para que ele sofra por todas as coisas ruins que ele fez. Porém, o que o ambicioso lacaio tem é uma boa sorte irritante. Todas as vezes que eu achava que ele pagaria por sua maldade ... BANG! .. algum acontecimento revertia em bem para ele. Poucas vezes vi o destino se virar contra ele - a cena que me vem à mente é quando ele perde todo o seu dinheiro para um falastrão pior que ele. Mesmo assim, a boa sorte lhe sorri.
Há algo que faz Thomas sofrer: suas paixões frustradas. Seu curto relacionamento através de missivas com um duque que visita os Crawley termina de forma contrária ao ambicioso projeto do lacaio.
Sua segunda frustração amorosa é ao voltar da guerra. O rapaz cego a quem ele presta serviços médicos, suicida-se. Sua maior dor amorosa foi Jimmy, o laico. Ludibriado por O'brien - agora sua rival - Thomas é levado a acreditar que Jimmy lhe concede sentimentos ternos. Ledo engano. Certa noite, Barrow vê seu beijos serem repudiados pelo jovem lacaio. Algum tempo depois, ambos tornam-se amigos.
E, depois desta amizade, acredito de Thomas começa a se tornar mais "humano". E sua humanização torna-se considerável.
Eu sou apaixonada por personagens que tem seu caráter regenerado. Ele traz uma camareira para lhe servir de "fofoqueira" sobre o que acontece "em cima" na casa. Phillys Baxter parece enxergar em Thomas alguém que sofre - e todo seu sofrimento é revertido em antipatia - mas, mesmo sendo chantageada, ela o transporta para a recuperação de sua personalidade. E o resultado é emocionante. Como é lindo ver este novo Barrow - sendo querido e lutando, sem maldade, por seu novo rumo.
A partir de terça-feira, minha próxima folga, eu começarei pela terceira vez a assistir esta série. E, durante esse período, eu quero escrever sofre a queridíssima Condessa viúva.