14 de fevereiro de 2017

Terceira leitura..




Determinado leitor, terminei!
Ontem, eu consegui terminar minha segunda tentativa de ler o romance chave de Herman Melville: Moby Dick.

Foram dias "abandonando" meu marido assistindo filmes/séries/futebol/jornal sozinho no sofá. Ainda estou casada.

A história que Ismael conta é de um sobrevivente: ele. Seu nome, talvez, nem seja "Ismael". A primeira frase do livro  "Chamai-me Ismael." é apenas uma resposta para um início de conversa ou para credibilidade a história.

Moby Dick não é apenas sobre um grande cachalote branco e bravo que é caçado por um capitão doido e perneta que lhe jura vingança. O livro é um tratado sobre a navegação baleeira. Ismael mostra a cetologia de um grupo específico de baleias, a caça, o corte..e muita poesia; não a poesia como estrutura elaborada, mas tudo o Ismael escreve sobre as baleias tem um tom de amor - ele realmente adora o que faz.
Por vezes, a falta de diálogo deixa a narrativa enfadonha e os detalhes históricos e detalhes do próprio trabalho que minha imaginação não conseguia seguir, eu apenas aceitava o fato. Porém, preciso dizer, que a caçada ao segundo cachalote levou-me às lágrimas, novamente. É triste! É cruel! É injusto! 

Quando o capitão Acabe decidiu caçar o cachalote que lhe amputou a perna, ele não levou consigo uma tripulação, ele os sequestrou e levou até a morte (exceto Ismael).
A maioria dos homens que embarcaram no Pequod sabiam da história do capitão - acidente e loucura. Mas, somente em alto mar, depois de dias em seu camarote, Acabe sobe até o convés e desafia seus homens não apenas a caçar baleias para lhes extrair o óleo, os convoca a caçar o cachalote branco lhes prometendo uma moeda de ouro que foi paga com a vida.

Entre as inspirações que Melville teve, como contam os estudiosos, o naufrágio do baleeiro Essex e o cachalote dos mares do Chile, chamada Mocha Dick compuseram o imaginário do escritor. Interessante, hein, criativo leitor. 
Deixe-me dizer uma coisa sobre o baleeiro Essex: a história conta que os sobreviventes ao ataque do cetáceo sobreviveram por praticar, no limite da sobrevivência, o canibalismo. Em Moby Dick, o mais civilizado dos personagens é o canibal Queequed: gentil e heroico - pulando no mar para salvar o colega de profissão.

Enfim, Moby Dick é um livro muito interessante e eu lhe desafio a lê-lo de proa à popa! ;)


Omnia Vanitas

P.S.: {15fev17} Esqueci de mencionar na publicação de ontem a diversidade de religiões, logo, de culturas, que há dentro do Pequod: quacre, índio, canibal, hindu, africanos etc. Essa mistura de cultura não era importante para a caça de cetáceos dentro do baleeiro do capitão Acabe.
Mas, mesmo com diferentes culturas e crenças, uma fé imperava entre todos: os presságios e agouros.
Quando o clandestino Fedellah e seus amigos surgem no convés do Pequod para a caça da primeira baleia, os tripulantes de baleeiro não ficam contente e o julgam um fantasma.
E quando o pequeno Pip é abandonado em alto mar depois de cair do bote de Stubb, a falta de luz dos seus olhos era encarado como a perda da alma - e até o próprio menino declara que está  vagando perdido sem sua essência para lhe completar.

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