Ontem, quando cheguei em casa, decidi ler Número Zero durante o final de semana.
Este livro foi o último escrito por Umberto Eco e, como costume, há uma conspiração na trama.
O livro narra o envolvimento de um jornalista sexagenário em um jornal de cunho coagente, as reuniões do seleto grupo de jornalista e as pautas que são discutidas para promover o sucesso de um determinado Comendador sobre seus adversários. Tudo deve parecer verídico e simplório - porém, com poder suficiente para ser moeda de troca nas mãos do Comendador.
Entre os profissionais há apenas uma mulher, Maia Fresia - a amante de Collona, o narrador-personagem.
Conspiração é um dos ingredientes prediletos de Eco, então não é novidade quando a suposta morte de Benito Mussolini é mascarada pelo Vaticano; e vários envolvidos querem a não publicação do fato.
Toda a narrativa ocorre em 1992*.
Eu sei que nunca poderei escrever como Umberto Eco, mas confesso que este livro deixou-me à desejar mais da história.
A história de Mussolini é semelhante a de Hitler morando na Argentina; a atual vida de seus familiares e a reconstituição da morte do Duce abrem um leque para várias divagações sobre quem foi o homem pendurado de cabeça para baixo ao lado da amante assassinada. A atenção sobre este fato, para mim, foi cansativa. E, como acho que tendo Mussolini morado/morrido na Argentina não torna em absoluto diferente a atualidade, tenho como passatempo tolo remontar tal cenário.
Porém, a manipulação jornalística e a falta de atenção que se tem dos complôs políticos é muito interessante. As discussões sobre fatos mentirosos que precisam ser implantados para tirar o foco de um assunto/pessoa é intrigante. Até que ponto podemos confiar naquilo que lemos e assistimos? Será que estamos em uma bolha de tolices? Quem manipula a verdade para que possa esta ser vista como mentira?
Às vezes, acho que vivemos em uma existência tão tola que precisamos crer que existe, realmente, algo tão superior (em tramas governamentais) para que possamos viver como se nossa passagem seja tomada como banal. Precisamos crer no Area 51, em Hitler na Argentina, em Elvis vivo etc ..precisamos crer que alguém está nos enganando; criar nossos contos de fadas moderno para ter algo sobre o que falar e esquecer o que realmente importa. O que?
*1992 foi o ano escolhido por Umberto Eco pois trata-se do período político singular para a Itália.
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