7 de maio de 2015

Jane Austen..

Este ano, a partir de Fevereiro, eu me propus a ler as seis obras acabadas de Jane Austen. No momento, estou na quarta leitura, Emma - que comemora seu bicentenário de publicação neste ano.

Eu adoro ver essa ousadia e ironia de Austen. Ela é simplesmente fantástica. E, como uma mulher dotada de ótimo senso de humor, ela declara sobre si mesma e suas obras:
"Creio que posso me jactar de ser, com toda a vaidade possível, a mais ignorante e mal-informada mulher que jamais teve a audácia de se tornar autora".

Nas obras de Jane Austen é fácil identificar como ela ousa ser autêntica em seu próprio tempo. E, por ser essa sua mais marcante característica, seus livros tinham mais saída e sofriam, como viés, tantas críticas severas.
Em Emma é fácil identificar o que não agradava ao leitor (masculino, claro):
"Uma mulher não tem que se casar como um homem simplesmente porque ele a pede em casamento, nem porque ele gosta dela e lhe escreve uma carta tolerável"
Eu não sei você, leitor anônimo, mas para minha compreensão, eu fico admirada que o livro tenha sido publicado. Ela mostra o quanto uma mulher deve depender apenas de seus sentimentos e não apenas do que um homem sente por ela. Na época de Austen isso é muito perigoso para "moças" lerem. A autora dá as mulheres uma autonomia que não lhes era permitido. Mostra-lhes um caminho alternativo para a vida, que, em hipótese alguma, deveria ser cogitado.
Ainda em Emma, quando a protagonista conversa com o senhor Knightley ela expressa sua opinião sobre pedidos de casamento:
"Os homens sempre imaginam que as mulheres devem estar prontas para aceitar o primeiro que as peça [em casamento]"
 E, mais uma vez, com sua amicíssima Harriet, ela choca a amiga ao declarar que escolheu ficar solteira.
O grande drama e a sacada de Jane Austen é a seguinte: Emma é rica. Mulheres se casavam para obter um marido que as sustentassem e lhes dessem herdeiros. Uma solteira era vista como uma mulher triste e abandonada e com pouca chance de se relacionar bem em uma sociedade. Harriet ainda cita o exemplo da Senhorita Bates (que é solteira na trama de Emma). Porém, a protagonista responderá que a diferença entre ela e a senhorita em comparação não pode ser medida. Ela, Emma, é rica. Ninguém acha uma solteira rica, triste. (rs).
Em defesa das solteiras pobres (como eu - rs) eu respondo à jovem Emma que o problema da senhorita Bates não está no fato de ela ser pobre, mas, ignorante. A senhorita Bates não tem a estima de mulher bem sucedida porque lhe falta um caráter mais sério, culto e polido. A senhorita Bates é aquele tipo de pessoa que você suporta ter por perto mesmo sabe que vai ouvir dela somente comentários frívolos. Mesmo assim, a senhorita Bates é respeitada em sua sociedade (e tolerada por educação).

Então, querido leitor, o que tenho a dizer é que Jane Austen mostra que a mulher deve ter domínio de sua própria vida e não deixar-se levar por aquilo que um tradicionalismo roga. E, mais uma vez, eu me despeço de uma publicação dando louvores à Jane Austen e sua ousadia ao escrever contra tantas regras vazias e sem sentido.

Seja dona de si! Seja coerente com sua maneira de pensar! Viva Jane Austen!

Omnia Vanitas. 


  

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