Olá, leitor anônimo!
Peço desculpas por escrever somente agora sobre as leituras que já concluí faz muito tempo.
Começo com Lady Barberina/A Outra Volta do Parafuso de Henry James.
Esta foi a minha primeira leitura de um Henry James. O meu foco era ler apenas a segunda estória; mas a minha edição contém Lady Barberina e eu não quis deixar um livro lido pela metade.
Lady Barberina apresenta duas sociedades em miscigenação: a americana e a inglesa.
Ah! Não pode-se deixar de mencionar que Henry James é americano naturalizado inglês.
A América apresentava seus novos ricos: pessoas que fizeram sua fortuna através do trabalho, não apresentavam nenhuma descendência de nobreza - um título ou algo do gênero.
A Inglaterra tinha nobres quase falidos que precisavam do dinheiro jovem destes milionários desprovidos de nobreza.
A junção era feliz para ambos. O dinheiro abundante precisava da nobreza que lhe faltava e vice e versa.
Neste contexto, Jackson Lemon (não é preciso mencionar que ele é o americano rico), ao passar uma temporada no Velho Mundo descobre-se apaixonado por Lady Barberina - uma nobre.
A história apresenta o ponto de vista de cada personagem na trama - o que os move e seus limites para suas ações.
Eu tive um desprezo enorme por Jackson Lemon - talvez porque ele me "pegou" em um momento delicado de temperamento. Mas fechei o livro e o xinguei muito por ser quem é.
A leitura de A Outra Volta do Parafuso me fez ficar com medo algumas vezes. Superou em larga escala a história anterior - Lemom idiota!
Um grupo de amigos está em um castelo e propõe-se contar histórias fantásticas ou de terror.
Um deles diz que ele tem uma história que aconteceu com a antiga preceptora dele. A história foi registrada por ele e guardada em sigilo.
A expressão "a outra volta do parafuso" é mencionada (e eu vejo como uma explicação para o título):
"Se uma única criança aumenta a emoção da história (de terror) e da outra volta no parafuso, que diriam os senhores se fossem duas?"
Eu encontrei uma explicação na internet sobre essa expressão - com duas traduções de textos coo exemplo. Deixo-a a seguir:
Transcrevo o trecho da edição da Victor Civita (1988):
"[...] que o fato de haver aparecido, em primeiro lugar, a um menino de tão tenra idade lhe confere uma característica particular [...] Se uma única criança aumenta a emoção da história e dá outra volta ao parafuso, que diriam os senhores de duas crianças?"
Trecho da edição da Penguin/Cia. dasLetras (2011) :
"[...] não se trata da primeira ocorrência de uma espécie encantadora a envolver uma criança. Se uma criança dá ao fenômeno outra volta do parafuso, o que me diriam de duas crianças?"
Em ambos os textos a palavra 'duas' está em itálico ...
A outra volta do parafuso seria, então, tornar a situação presente pior ainda - dar outra volta no parafuso teria o sentido de tornar a ocorrência do fenômeno mais estranho ainda, uma situação pior ainda, especialmente se narrado não por uma, mas duas crianças ...Em outras palavras, o fantasma aparecer para duas crianças torna o fenômeno mais incrível ainda.
É a minha conclusão depois de um bom tempo tentando entender ....(Essa primeira fase de Henry James foi muito estranha ...)
E buscando mais um pouco, achei esta publicação que também é interessante (Denise Bottman é tradutora e historiadora) :
Ou seja, é uma história de terror onde duas crianças são visitadas por dois espíritos que vivem na casa. A trama prende em cada linha. Eu me arrepiei em vários momentos e mal conseguia fechar o livro para fazer algum trabalho que exigia minha atenção. Tudo era o livro! Adorei muito e está na minha lista de releitura (mas antes buscarei uma edição individual).
Omnia Vanitas 💀
atualização - gentilíssimo, fred spada fornece em comentário as soluções e esclarecimentos de marcelo pen:
Seguem as traduções do Marcelo Pen (em "Contos de Horror do século XIX", Cia das Letras, 2005) e seu comentário na apresentação do conto:
"Se uma criança concorre ao efeito com outro aperto do torniquete, o que diriam de duas...?" (p. 133)
"(...) mas que apenas exigia enfim, sejamos francos, que se apertasse o torniquete da virtude humana usual." (p 227)
E a apresentação:
"Observação: o título 'A volta do parafuso' é um caso clássico, talvez mundial, de tradução equivocada. A rigor, não diz nada em português. Tighten the screw, give the screw another turn e expressões correlatas significam, em geral, aumentar a pressão sobre alguém que já se encontra em posição aflitiva. A expressão lembra o thumbscrew, os 'anjinhos' - antigos anéis de tortura com que se apertavam os dedos das vítimas. Curiosamente, existe em português uma expressão equivalente (inclusive com a reminiscência à tortura) - apertar o torniquete -, que, conforme atesta Antenor Nascentes [Tesouro da fraseologia brasileira], quer dizer 'pôr em situação difícil quem já não está em boa situação'. Não propomos mudar o título do clássico de James, hoje consagrado, mas ajustamos a expressão vernácula nas ocorrências em que o autor usou, posto que com ênfases diversas, a angustiante locução inglesa." (p. 132)
Ou seja, é uma história de terror onde duas crianças são visitadas por dois espíritos que vivem na casa. A trama prende em cada linha. Eu me arrepiei em vários momentos e mal conseguia fechar o livro para fazer algum trabalho que exigia minha atenção. Tudo era o livro! Adorei muito e está na minha lista de releitura (mas antes buscarei uma edição individual).
Omnia Vanitas 💀
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