25 de outubro de 2017

Vigésima quarta leitura..


Olá, anônimo leitor! 

Fim de mais uma releitura!
Sei que fiquei devendo os apontamentos de Emma, mas preferi permanecer com o que já havia escrito sobre a leitura.

E, agora, Mansfield Park.

Antes, deixe-me contar minhas memórias de leitura com este livro. Primeiramente, ele é um presente de Natal de uma amicíssima minha; e a frase que ela usou ao presentear-me foi: Eu não sabia o que comprar, então comprei um livro da Jane Austen.
Naquela época eu tinha apenas os livros Orgulho e Preconceito e Razão e Sensibilidade e eu estava numa vibe de clássicos históricos - esta é a justificativa para ela não saber se eu iria gostar de ganhar um livro da Jane Austen. Eu parei a leitura de O Corcunda de Notre Dame e mergulhei em Mansfield Park. A minha resposta para o presente foi: Eu estava com muita vontade de ler Jane Austen!
Ainda nesta primeira leitura, que aconteceu no verão de 2003, eu estava voltando do trabalho e uma chuva torrencial caiu sobre a cidade. Joinville, a cidade que eu habitava, tem um rio no centro do município que, seja com a subida da maré ou com chuvas constantes - ou a junção destas situações - o terminal de ônibus central fica inundado. E foi isso que aconteceu naquela chuva.
Para meu alívio, encontrei um banco, cruzei as pernas e fiquei lendo por volta de três horas e, a passagem que marcou este dia foi quando Mr. Crawford afirmou que gostaria de se tornar clérigo. Eu ri sozinha - rodeada por água suja de enchente.
E, a segunda leitura eu a recordação que foi quando estava lendo Mansfield Park que eu fui mergulhar em um domingo com outros amigos. Foi um ótimo dia.

Continuando agora com as impressões de leitura.
É incrível como nenhum personagem consegue me cativar. Na maioria das vezes, eu tenho vontade de bater em todos. Pais negligentes, filhos negligentes, vizinhos negligentes, tios negligentes - a tia Norris é uma bruxa... e a protagonista é muito pacífica. Ler Mansfield Park depois de ler Emma talvez não me ajudou a gostar do caráter silencioso de Fanny Price. Mesmo que eu leia Orgulho e Preconceito antes, os créditos para Fanny não aumentam. Mas não posso culpá-la. 
Enquanto as demais heroínas são donas de sua própria vida, a senhorita Price é uma órfã de pais vivos que mora de favor na casa dos parentes abastados e que poucas vezes sentiu-se querida em seu meio. 
Mas nem tudo está perdido. O que a falta de habilidade em discursar tem de menor, a capacidade de observar e refletir e permanecer é marcante em Fanny. Suas conclusões são ponderadas de maneira exemplar, mesmo quando vai contra os seus desejos: como achar civilidade e redenção em Mr. Crawford.. e meio minuto a mais a salvou de uma premeditada tragédia. E essa é a única parte do caráter de Fanny que me atraia: ela pensa, ela sabe utilizar o tempo que tem para saber onde estar e como avaliar. Prudente em suas reflexões e ações e não tardia em exprimir o que pensa de maneira a ser compreendida.
O contrapé da personalidade desta heroína é que ela não se vê com grande valor. A saúde dela é frágil - é a única protagonista de Austen que tem essa fraqueza. Ela não reconhece o seu valor - sempre está tirando o mérito que tem perante os outros por ser pobre; em contraponto, ela sabia que o caráter dos outros membros era mau - e, nem assim, ela se achava superior. 
Eu não quero qualificá-la com a necessidade de ser arrogante em si, mas um pouquinho de amor-próprio não faria mal.



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