28 de outubro de 2017

Vigésima quinta leitura..


Olá, leitor! 

De tempos em tempos eu consigo adicionar ao meu acervo livros que fizeram parte da minha infância. E, Maria Gripe compôs meu imaginário infantil.
Em agosto, quando em um dia de folga eu precisei ficar de repouso durante todo o dia por causa de um mau-estar do corpo, eu lembrei de Maria Gripe. E, buscando pela autora eu descobri o título do livro que estava - há anos -  tentando recordar o título: A Filha do Papai Pelerine. Quando vi a capa, o retrato da leitura veio à minha mente: a nostalgia de estar lendo este livro e o quanto este livro foi querido para mim. As missivas trocadas pela menina me remeteu a tantas cartas que troquei com amigos tão queridos para mim - e o que me lembra que não posso mais negligenciar tal ato perante estes entes queridos. A natureza e a solitude do lar da menina é de uma riqueza atraente até hoje. 
Logo no início do mês seguinte, comprei um exemplar para mim - e, antes de iniciar a minha leitura atual (Orgulho e Preconceito), eu resolvi ler de outro dia de folga. 

Então, nesta semana eu reli - depois de mais de duas décadas - A Filha do Papai Pelerine.
E, eu pude perceber aquilo que eu amo hoje: natureza como algo sublime, trocar cartas com amigos, a solitude como algo benéfico para conhecer a si mesmo.., e, até hoje eu não tinha compreendido a real importância das linhas leituras infanto-juvenis e o grau de importância que tiveram no meu aprendizado. 

O enredo conta a história de uma menina que mora em uma floresta com seus irmãos gêmeos. Sua mãe é marinheira e o pai lhe é desconhecido. Sozinha, ela busca pelo sustento dos irmãos em meio a uma sociedade que a descrimina por ser pobre e abandonada; a única companheira é uma senhora que mora poucos quilômetros de sua casa e um velho - com que não fala, apenas recebe comida ou guloseimas.
Luela, a protagonista, despreza os benefícios que lhe prestam aqueles que o fazem por obrigação. Sua personalidade forte e decidida a leva a conhecer a sua própria felicidade e as convenções sociais. 
Certa vez, a menina recebe uma carta da mãe avisando que chegará alguém para buscar os gêmeos e  a ela para morarem na cidade até o retorno desta da América - onde ficará por um ano até fazer a fortuna que ambiciona para cuidar dos seus filhos são precisar de outros.
E, durante este período, Luela aprende mais sobre seus sentimentos, delimita seus anseios e aceita sua realidade sem drama.

Sobre a autora:

Maria Gripe é uma renomada escritora sueca (1923 - 2007) que constrói um mundo compreensível para o leitor.  Nesta publicação, afirma-se o seguinte:
Maria Gripe sabe como ninguém simbolizar a luta da criança por sua afirmação individual no contexto da sociedade que vive. A leitura de seus livros faz com que nasça uma grande identificação entre as crianças-leitoras e as crianças-personagens.
Gripe tem mais de trinta livros publicados e alguns prêmios pela publicação de suas obras fascinantes. Entre os mais conhecidos está a trilogia Josefina e Hugo - que conta a história de dois órfãos.

Despeço-me recomendando aos adolescentes de todas as idades esta leitura.



25 de outubro de 2017

Vigésima quarta leitura..


Olá, anônimo leitor! 

Fim de mais uma releitura!
Sei que fiquei devendo os apontamentos de Emma, mas preferi permanecer com o que já havia escrito sobre a leitura.

E, agora, Mansfield Park.

Antes, deixe-me contar minhas memórias de leitura com este livro. Primeiramente, ele é um presente de Natal de uma amicíssima minha; e a frase que ela usou ao presentear-me foi: Eu não sabia o que comprar, então comprei um livro da Jane Austen.
Naquela época eu tinha apenas os livros Orgulho e Preconceito e Razão e Sensibilidade e eu estava numa vibe de clássicos históricos - esta é a justificativa para ela não saber se eu iria gostar de ganhar um livro da Jane Austen. Eu parei a leitura de O Corcunda de Notre Dame e mergulhei em Mansfield Park. A minha resposta para o presente foi: Eu estava com muita vontade de ler Jane Austen!
Ainda nesta primeira leitura, que aconteceu no verão de 2003, eu estava voltando do trabalho e uma chuva torrencial caiu sobre a cidade. Joinville, a cidade que eu habitava, tem um rio no centro do município que, seja com a subida da maré ou com chuvas constantes - ou a junção destas situações - o terminal de ônibus central fica inundado. E foi isso que aconteceu naquela chuva.
Para meu alívio, encontrei um banco, cruzei as pernas e fiquei lendo por volta de três horas e, a passagem que marcou este dia foi quando Mr. Crawford afirmou que gostaria de se tornar clérigo. Eu ri sozinha - rodeada por água suja de enchente.
E, a segunda leitura eu a recordação que foi quando estava lendo Mansfield Park que eu fui mergulhar em um domingo com outros amigos. Foi um ótimo dia.

Continuando agora com as impressões de leitura.
É incrível como nenhum personagem consegue me cativar. Na maioria das vezes, eu tenho vontade de bater em todos. Pais negligentes, filhos negligentes, vizinhos negligentes, tios negligentes - a tia Norris é uma bruxa... e a protagonista é muito pacífica. Ler Mansfield Park depois de ler Emma talvez não me ajudou a gostar do caráter silencioso de Fanny Price. Mesmo que eu leia Orgulho e Preconceito antes, os créditos para Fanny não aumentam. Mas não posso culpá-la. 
Enquanto as demais heroínas são donas de sua própria vida, a senhorita Price é uma órfã de pais vivos que mora de favor na casa dos parentes abastados e que poucas vezes sentiu-se querida em seu meio. 
Mas nem tudo está perdido. O que a falta de habilidade em discursar tem de menor, a capacidade de observar e refletir e permanecer é marcante em Fanny. Suas conclusões são ponderadas de maneira exemplar, mesmo quando vai contra os seus desejos: como achar civilidade e redenção em Mr. Crawford.. e meio minuto a mais a salvou de uma premeditada tragédia. E essa é a única parte do caráter de Fanny que me atraia: ela pensa, ela sabe utilizar o tempo que tem para saber onde estar e como avaliar. Prudente em suas reflexões e ações e não tardia em exprimir o que pensa de maneira a ser compreendida.
O contrapé da personalidade desta heroína é que ela não se vê com grande valor. A saúde dela é frágil - é a única protagonista de Austen que tem essa fraqueza. Ela não reconhece o seu valor - sempre está tirando o mérito que tem perante os outros por ser pobre; em contraponto, ela sabia que o caráter dos outros membros era mau - e, nem assim, ela se achava superior. 
Eu não quero qualificá-la com a necessidade de ser arrogante em si, mas um pouquinho de amor-próprio não faria mal.



15 de outubro de 2017

Estou lendo Mansfield Park..



Olá, leitor..

Estou, ainda, no início desta releitura de Mansfield Park; e estou confusa. 
A minha edição é com tradução de Mariana Menezes Neumann pela Best Bolso e, estou confusa com algumas sentenças da narrativa. 

Nesta tradução que tenho e minha última confusão foi  no seguinte trecho:
Agora não teremos mais estradas ruins, Srta. Crawford; as nossas dificuldades terminaram. O restante do caminho é mais agradável. O Sr. Rushworth cuidou da estrada desde que herdou a propriedade. Aqui começa o vilarejo. Esses chalés estão em estado deplorável. A torre da igreja é conhecida por sua beleza excepcional. Fico satisfeito com o fato de a igreja não se tão próxima à Great House, como geralmente ocorre em lugares antigos (...).
Eu não entendi o "Fico satisfeito". Edmund estava do lado de fora, o Sr. Crawford estava sentado ao lado de Julia - e não conhecia a região para declarar as mudanças ocorridas desde que a herança chegou às mãos do Sr. Rushworth, e guiava a charrete. Quem foi o homem que conversava com a senhorita Crawford?
Alguns diálogos, como este, não ficam coerente para mim. Então, procurei outras traduções na internet.

A tradução seguinte é de Vera Sílvia Camargo Guarnieri
Agora não teremos mais estradas difíceis, Miss Crawford. Nossas dificuldades terminaram. O resto do caminho é como deveria ser. Mr. Rushworth cuidou disso assim que recebeu a herança. Aqui começa o vilarejo. Esses chalés são mesmo uma desgraça. A agulha da torre da igreja é considerada extraordinariamente bela. Fico feliz pelo fato de a igreja não se encontrar demasiadamente perto da casa grande, como acontece com frequência em lugares antigos (...).
E esta última tradução é de Rachel de Queiroz, escritora brasileira:
Agora não teremos mais estradas ruins, Miss Crawford; estamos salvas. O resto do caminho é ótimo. A primeira coisa que Mr. Rushworth fez ao tomar posse da propriedade foi consertar a estrada. Aqui começa a vila. Aquelas cabanas são realmente uma lástima. A torre da igreja é tida como uma das mais belas. E é bom que a igreja não esteja tão perto da casa grande como geralmente acontece nesses lugares antigos (...).
E esta é a versão original:
Now we shall have no more rough road, Miss Crawford; our difficulties are over. The rest of the way is such as it ought to be. Mr. Rushworth has made it since he succeeded to the estate. Here begins the village. Those cottages are really a disgrace. The church spire is reckoned remarkably handsome. I am glad the church is not so close to the great house as often happens in old places (...).

Eu acredito que talvez tenha a frase tenha sido dita pela tia Norris. Mas ainda não sei ..

Eu não tenho a pretensão de aprender a língua inglesa para ler os clássicos ingleses que eu aprecio. Coloco minha esperança nas traduções para minha língua materna. 

2 de outubro de 2017

Vigésima segunda leitura..



Mais um propósito de leitura concluído. 
E, sem pretensão de ser uma leitura rápida, assim o foi A Abadia de Northanger, de Jane Austen.

Nesta obra, a senhorita Austen conseguiu unir vários personagens tolos; desde a protagonista até a maioria daqueles personagens que socializam com ela. 

Catherine Morland é uma menina inocente e tola que encontra refúgio na leitura de romances. Seus pais - como a maioria dos pais austenianos - são ignorantes e possuem dez filhos que educam da mesma maneira; e nem todos são belos. Catherine é uma exceção bem fraca. 

Se você, atento leitor, leu a publicação anterior, consegue perceber que a heroína de A Abadia de Northanger é completamente diferente daquela em Persuasão. Na verdade, Catherine Morland é diferente de todas as protagonistas dos romances de Jane Austen: enquanto Anne Elliot é a mais a mais paciente, Emma Woodhouse a mais rica, Fanny Price a mais introspectiva, Elizabeth Bennet a mais sagaz e Elinor Dashwood a mais sensata; Catherine Morland é a mais tola delas.  E, na minha opinião, noventa por cento dos personagens me dão "vergonha alheia".

A trama acontece na cidade Bath, onde a protagonista é levada para passar férias em companhia de um casal de vizinhos de seus pais. Tudo é novo para Catherine: pessoas, casas, lojas, bailes etc. A falta de percepção nesta personagem seria um martírio para a observadora de Mansfield Park

A Abadia de Northanger é uma história repleta de ironias: sobre a leitura de romances (principalmente os de gênero gótico), sobre a ganância, sobre paqueras e amizades. Jane Austen ri de tudo o que lhe convém. Neste romance, a autora ironiza a criação de personagens heróinas: como devem se comportar, como devem sofrer e se apaixonar. 

O caso do cachorro ..

 Olá, esquecido leitor !   Apesar de passar muito tempo longe deste blog, tentei voltar algumas vezes mas o tempo nem sempre está do meu lad...