29 de setembro de 2017

Vigésima primeira leitura..


Fim de mais um releitura!

Este livro tem marcas de momentos importantes na minha vida:

- a primeira leitura foi durante minha internação e recuperação da cirurgia de apendicite que fiz (13.02.12 - 23.02.12)
- a segunda leitura aconteceu no mesmo ano, e foi quando fiz minha primeira tatuagem no braço (19.12.12 - 30.12.12)
- a terceira leitura, e mais significativa, foi quando conheci meu marido. Eu lembro que ele assistiu ao filme homônimo só para saber que tipo de leitura é Persuasão. E, a frase que escolhi para nosso convite de casamento é: 
Não somos mais tão jovens a ponto de nos irritar por uma bobagem, enganar pelos acasos de qualquer instante e a ponto de brincar descuidadamente com nossa própria felicidade.

Cheguei ao fim desta quarta leitura (23.09.17 - 29.09.17) muito mais satisfeita do que quando o li a cinco anos e meio atrás. (rs).  

Anne Elliot é uma mulher madura. E esta característica não lhe compete somente pela idade de vinte e sete anos, mas por seu intelecto chegar à esta fase. 
Enquanto as outras heroínas de Jane Austen não chegam nem a completar vinte e dois anos de vida, Anne Elliot é a personagem que faz exceção à regra. 

Persuadida a não se casar quando tinha dezenove anos, a protagonista vive, oito ano depois, o reencontro com seu ex-noivo. E ao se ver revisitada por essa paixão, Anne mostra que sua personalidade não é fraca, seus motivos não são fúteis e sua constância não é teimosia.
Ela não se entrega ao desespero ou se torna vítima de si mesma, e não condena outros pela decisão que tomou no passado. Ela é plena em si. Sua vida de solteira não é triste, sua família lhe proporciona experiências diversas e, principalmente, ela conhece a si e não tenta viver de outra forma.

O enredo inicia com a mudança da família de Anne - que habita Kellynch Hall, uma área rural - para Bath, um centro urbano. E o novos moradas desta abastada casa é um casal que tem parentesco com seu antigo noivo, o capitão Frederick Wentworth.
Durante a trama, é fácil distinguir os sentimentos de Anne, sua ânsia pelo primeiro encontro com o capitão e a reação dele ao reencontrá-la, descobrir o que ele sente e tudo mais. Tudo é Anne Elliot. Somente no final, o capitão terá voz para dizer, em menos de um capítulo, tudo o que se passou com ele desde o primeiro encontro até aquele momento: 
Não teria aguardado nem sequer esses dez dias se pudesse ter lido seus sentimentos como acho que a senhorita deve ter desvendado dos meus.
Capitão Wentworth não é um personagem que me agrada muito e, talvez, seja porque os sentimentos dele não se revelam tão claramente ao leitor no decorrer da leitura como acontece com os outros "amados" da senhorita Austen. Frederick é um homem magoado pela rejeição - não é como Mr. Darcy que tem pretensão de ser amado por Elizabeth - ele sabia que era amado e, por aquela que amou, foi descartado. Ele voltou para provar que estava bem, rico, bem apessoado, e cheio de amor para conquistar uma nova pretendente. Essa arrogância mau disfarçada não o torna "querido" para mim, mas...meu deus, que carta! Quando eu leio a carta que ele escreve à Anne é impossível segurar a emoção; e nesta manhã de chuva não foi diferente (chorar dentro do ônibus é constrangedor - rs).

Termino esta publicação com um link para a carta que o Capitão escreveu para Anne Elliot - sinto muito, mas esta em francês! 💕

E, mais este link para uma outra publicação que fiz sobre este livro. 


23 de setembro de 2017

Duas versões..


Estou eu na minha quarta leitura do livro Persuasão, de Jane Austen quando uma dúvida surge - quase no fim da leitura: esta edição é confiável?
Por ocasião, estou visitando meus pais, encontrei um outro exemplar desta leitura na prateleira. Fiz algumas observações rápidas em frases conhecidas do texto para averiguar a versão que os dois tradutores deram para os trechos.

No livro da Martin Claret (Roberto Leal Ferreira - trad.), encontra-se esta tradução no capítulo 17:
Um quarto de enfermo pode dar assunto para muitos livros.
Na edição da editora Zahar (Fernanda Abreu - trad.) encontra-se esta versão para a frase contida na M.C.:
Um quarto de doente muitas vezes pode valer tanto quanto muitos livros.
Eu não me senti segura na leitura do Ferreira e precisei tirar dúvidas com uma especialista.
Sou seguidora assídua das publicações de Raquel Sallaberry Brião no site Jane Austen em Português. Logo, busquei a página no facebook e  enviei uma mensagem com a minha dúvida. Fui prontamente respondida e esclarecida.
Brião passou uma lista de traduções de traduções para Jane Austen - compartilho logo abaixo:
Indico sempre estas traduções (que não li por completo, exceto da Luiza Lobo), mas que são de editoras confiáveis:
Luiza Lobo (Bruguera e Francisco Alves)
Celina Portocarrero (L&PM) [+ebook]
Mariana Menezes Neumann (BestBolso)
Fernanda Abreu (Zahar) edição pocket
Muitíssimo satisfeita com a resposta, estou iniciando a releitura de Persuasão, na versão da Zahar, com a tradução de Fernanda Abreu. 
Começando desde o primeiro capítulo.

Omnia Vanitas. 💀 

20 de setembro de 2017

Vigésima leitura..


Fim da vigésima leitura. 

Norte e Sul, de Elizabeth Gaskell é um dos livros que eu releio todo Setembro - para comemorar meu aniversário. Decidi fazer isso no ano de 2015, mas, como eu houvera emprestado o livro para minha irmã número dois (e ela atrasou a leitura), não pude colocar o plano em prática. 2016 e este ano foi diferente. 

Comecei esta leitura no feriado de sete de setembro e, durante uma madrugada de insônia, eu decidi escrever alguns pontos históricos sobre a sociedade de Milton Norte. Então, segue abaixo minha pontuação:

N&S tem como pano de fundo uma sociedade pós-revolução industrial, na cidade fictícia de Milton Norte - que foi baseada na cidade inglesa de Manchester, onde a escritora residiu por alguns anos com seu marido.
Os protagonistas são John Thorton e Margaret Hale.
Ela vem de uma sociedade aristocrata, neta de Lady e Lorde Beresford. Viveu em Londres com sua tia Shaw - viúva de um General - e com sua prima Edith durante quase dez anos. Conheceu todo o requinte da sociedade londrina e seus personagens.
Depois do casamento de sua prima, Margaret retorna para Sua cidade natal, Hellstone onde reside por alguns meses antes da grande mudança.
Seus pais são pessoas simplórias: a mãe sente falta do glamour da juventude e o pai é um pároco sem ambição de por um cargo superior ao que ocupa. Ambos casaram-se por amor, mas logo descobrem que os recursos escassos e um lugar pastoril não são sinônimos de bem-estar e felicidade; pelo menos para o lado feminino do casal que não possui outra ocupação que não seja a casa.
Pouco tempo depois da chegada à Hellstone - antes do inverno e durante a estação dos pêssegos - Margaret está diante de uma nova mudança: abandonar o campo e ir para uma cidade industrial.
Milton é uma cidade coberta pela fumaça das fábricas dela fuligem. Seu ar é pesado e sua gente é ocupada.
O período, como mencionado, é pós revolução industrial: as fábricas produzem muitos empregos, salários baixos e modo de vida alto.
Os sindicatos estão ativos e as greves já não são novidades. E, quando Margaret chega para residir nesta fumacenta cidade, outra greve está pronta para eclodir.
Alguns pontos são interessantes de notar na narrativa sobre a vida industrial em Milton:

- os donos eram ricos emergentes;
- as fábricas ainda estavam na primeira idade; nas palavras de John Thornton, o maquinário precisa sofrer adaptações ao longo do processo e uso;
- as doenças causadas pela fumaça das fábricas e principalmente pela fuligem expelida pelo algodão - matéria prima usada nas fábricas em Milton - provoca doença pulmonar pela inalação durante a jornada de trabalho. Esse fato é representado pela personagem de Bessy Higgins, filha de um sindicalista e amiga de Margaret. Segundo Bessy, a fuligem poderia ser amenizada com a instalação de uma espécie de ventilador que levaria a maior parte do resíduo para fora da área de produção. Mas isso era barato e muito menos interessante para os donos de fábrica - não havia retorno lucrativo para este investimento;
- para John Thornton, a poluição era algo que ele amenizou na sua fábrica; desta forma a utilização do carvão para as máquinas a valor era melhor consumido, e a fumaça expelida no ar não era tão tóxica.

Margaret vivia entre dois mundos: enquanto Nicholas Higgins (pai de Bessy) lhe apresentava o ponto de vista dos operários, John Thornton era a outra ponta da corda.
Depois de encontrar Bessy, Margaret se tornou mais interessada na classe proletária de Milton. Era visita quase constante aos Higgins e a vida/sofrimento dos vizinhos destes também lhe era conhecida.
As discussões entre John Thornton e Margaret acontecem por ela não conseguir enxergar o ponto de vista dele sobre os negócios industriais. Para Thornton, a mão de obra não deve saber como ele aplica seu dinheiro ou gerência sua fábrica; ele não responsável por aqueles a quem emprega, exceto durante a jornada de trabalho que lhes é contratada. Para Margaret, a falta de vínculo mais pessoal entre Thornton e o proletariado, sua falta de compreensão sobre o sofrimento que vivem seus funcionários, a irrita e faz ela pensar que ele possa ser um tirano.
As conversas são muitíssimas interessantes entre o casal e, como o mundo já se tornou capitalista, entender John Thornton é fácil.

Estas foram minhas avaliações da madrugada.
Adiciono, também, que a religião era algo que não se encaixa na vida em Milton. Existe a presença da fé cristã em alguns diálogos de alguns personagens, principalmente na família Hale. Mas, Nicholas Higgins questiona a necessidade da igreja na sociedade industrial: famílias estão morrendo de fome, os salários são baixos e as condições básicas de vida são precárias. Em um lugar onde ganhar e melhor visto do que crer (como profissão de fé), qual a utilidade e a veracidade da igreja: os patrões as frequentam mas não aplicam o discurso em sua vida diária - principalmente no que se refere aos negócios (melhores salários e condições de trabalho que promovam a dignidade do trabalhador).

Outra situação que chama a minha atenção é sobre Margaret. Depois de voltar para a vida aristocrática, esta sociedade não dá mais prazer. O conforto e falta de objetivo que encontra na casa de sua tia Shaw a deixam inquieta: há, em algum lugar, uma pessoa que sofre e precisa de alguém que a ouça, a aconselhe e cuide. 
Assim que sua vida se estabelece (a custa de sofrimento e perdas), Margaret retoma às atividades de filantropia. Esse era o modo de vida que sua nova sociedade familiar não conseguia entender: como Miss Hale poderia ficar o dia fora com pessoas sem refinamento, usar do seu tempo para cuidar de pessoas de classe tão inferior. Essa característica a personagem aprimorou em Milton Norte, mas já a praticava em Hellstone. 

Esta é a minha visão da terceira leitura de Norte e Sul. Ano que vem, se assim eu puder, voltarei à esta maravilhosa leitura.

Omnia Vanitas. 💀

18 de setembro de 2017

Duas Joanas..



Na última sexta-feira, meu marido fez uma surpresa para mim! Levou-me até uma livraria e disse:
- Entre e escolha seu presente de aniversário!

Aaaahh!!! Que loucura! Senti-me como uma criança em um parque de diversões: não sabendo por onde começar a brincar.

Depois de olhar aqui e ali, decidi levar Joana D'Arc de Mark Twain. E, antes mesmo de chegar em casa já houvera decido que faria a releitura do livro Joana D'Arc de Alexandre Dumas...e, acrescentar a leitura de Os Grandes Julgamentos da História: Joana D'arc, de Claude Bertin.

Esta saga está programada para acontecer em 2018; ou seja, ano que vem minha leitura pegará fogo!!! 😤



13 de setembro de 2017

Proposta de Casamento..


Olá, jovem!!

Estou caminhando na releitura de Norte e Sul e, mesmo conhecendo a história eu ainda me derreto igual manteiguinha quando Mr. Thornton pede Margaret Hale em casamento. E, nem é romântico!

Elizabeth Gaskell gostava de ler Jane Austen. O décimo primeiro capítulo se chama Primeiras Impressões por que este foi o primeiro título para Orgulho e Preconceito, da senhorita Austen. E, eu não duvido que a discussão do casal de Gaskell seja mais uma forma de homenagear o casal mais famoso da literatura universal: Elizabeht Benett e Mr. Darcy.

Veja só, o pedido de casamento de Mr. Darcy foi todo atrapalhado e deixou Lizzy Benett tremendo em fúria - ainda mais depois de descobrir que seu admirador foi quem arruinou o relacionamento de sua irmã Jane e Mr. Bingley. 

Em Norte e Sul há um antagonismo entre o casal protagonista. É perceptível a adoração de Mr. Thornton por Margaret - e isso se dá pela moça ter seu temperamento forte e opiniões sólidas.
Mesmo tendo certeza do desprezo da moça por ele, John Thornton, em um  suspiro ínfimo de esperança de que o sentimento de Miss Hale tenha sofrido uma alteração, ele vai até a casa da jovem e a pede em casamento.
Eu acho tudo lindo! Mesmo durante a briga eu fico suspirando corações.. 💞

Deixo abaixo alguns trechos do pedido/rejeição de casamento:

- à caminho da casa de Margaret
Seu coração batia acelerado na expectativa da chegada de Margaret. Não podia esquecer o toque dos braços dela ao redor do seu pescoço, apesar da impaciência que sentira na ocasião. Mas agora, a lembrança daquela defesa dele em forma de abraço, parecia eletrizá-lo inteiramente – derretendo toda a sua resolução, toda a sua capacidade de autocontrole, como se fosse cera diante do fogo. Ele temia adiantar-se para recebê-la, com os braços estendidos em muda súplica para que ela se aninhasse neles (...)

- depois da recusa do pedido:
que sempre que eu me alegrar com a existência daqui para a frente, possa dizer a mim mesmo “Toda essa alegria na vida, todo esse honesto orgulho em fazer o meu trabalho no mundo, toda essa aguda consciência de existir, eu devo a ela!” E isso dobra a alegria, torna brilhante o orgulho, aguça o sentido da existência, até que eu mal saiba se é dor ou prazer, pensar que eu devo tudo isso a alguém... não, deve me ouvir, vai me ouvir... – disse ele, dando um passo adiante com firme determinação – devo tudo isso a alguém que eu amo, como não acredito que um homem já tenha amado uma mulher.
(...)
Eu sou um homem. E reivindico o direito de expressar meus sentimentos.
(...)
Uma palavra mais. A senhorita olha como se considerasse uma desonra ser amada por mim. Não pode evitar isso. Não. Se eu pudesse, a liberaria dessa desonra. Mas eu não vou, nem que possa. Eu nunca amei mulher alguma antes: minha vida foi sempre muito ocupada, meus pensamentos muito absorvidos por outras coisas. Agora eu amo e continuarei amando. Mas não tenha medo de que haja muita expressão desse sentimento da minha parte.
E por fim, a frase que ele diz à mãe dele depois que chega em casa é muito fofa:

Ninguém me ama... ninguém gosta de mim, só a senhora, mãe.

Pára tudo !!!! Eu sou apaixonada por esse homem!! Meu lado adolescente aflora de modo intenso!!
E, para frente, Margaret repensa sua atitude perante ele - ainda em negação - e como ele age com ela após esse acontecimento! É lindo! Tudo é lindo!

Omnia Vanitas.

8 de setembro de 2017

Continuações..


No último domingo que passou, eu assisti ao filme "Jane Eyre" e, mesmo não gostando do filme, decidi que os livros das irmãs Brontë + Jane Austen + Elizabeth Gaskell {minha leitura atual} precisavam de uma releitura, também.

Estou louca para reler Villete, Jane Eyre, Razão e Sensibilidade (meu queridinho), Persuasão ..ou seja, todas as novelas integrais de Jane Austen e das Brontë.. Nossa, Morro dos Ventos Uivantes. Estou aos pulos querendo ler tudo ao mesmo tempo! Quero hoje me deliciar nessas páginas, entregar meu tempo nestas narrativas que me trazem tanta satisfação ao ler. 

E, para adicionar à esta lista, eu tive o prazer de "roubar" do sebo o exemplar de Agnes Grey, de Anne Brontë, que faltava na minha coleção. 

Tantos livros para ler, tão pouco tempo para desfrutá-los.



7 de setembro de 2017

Décima nona leitura..


Fim de mais uma leitura - e da primeira leitura {completa} em língua francesa.

Este é o segundo livro sobre as aventuras do pequeno Nicolau que eu leio. Neste livro, Nicolau sai de férias; e esta acontece em duas partes: com seus pais e, depois, sozinho em uma colonia de férias com outros meninos da sua idade.

Muitíssimo famoso no território francês, as aventuras do pequeno Nicolau é lido por crianças e adultos. Suas histórias são repletas e humor e traquinagens infantis. 

As histórias são narradas em uma linguagem simples, pois o livro é infanto-juvenil. Como ainda estou iniciando em leitura em língua francesa, este livro é muito bom para eu amentar meu  vocabulário com uma narrativa simples. 
Para minha sorte, este exemplar acompanha duas fitas K-7 que puderam auxiliar na aprendizagem auditiva da língua (eu tenho um aparelho para rodar esse tipo de material).

Durante a leitura, eu dei muitas risadas porque o menino é simplesmente fabuloso em suas colocações e os demais personagens não deixam por menos. 

O autor é René Goscinny {14agosto1926 - 05novembro1977} e o ilustrador é Jean-Jacques Sempé {17agosto1932}. Goscinny é conhecido, também, pelas histórias de Asterix e Obelix.






O caso do cachorro ..

 Olá, esquecido leitor !   Apesar de passar muito tempo longe deste blog, tentei voltar algumas vezes mas o tempo nem sempre está do meu lad...