25 de março de 2017

Décima leitura..



Olá, leitor anônimo..

Décima leitura. As Aventuras de Huckleberry Finn foi um livro desafiador, para mim.

Depois de ler As Aventuras de Tom Sawyer, eu quis ler a sequencia, porém, que estranho foi ler na língua informal - quase desisti:
Quando ele e a velha dama desciam de manhã, toda a família levantava da cadeira e desejava bom dia pra eles, e ninguém se sentava de novo até que eles se sentavam. Então Tom e Bob iam no aparador onde tavam as garrafas e preparavam um copo de bebida e entregavam pro velho, e ele segurava o copo numa das mãos e esperava os de Tom e Bob serem preparados, e depois os irmãos se inclinavam e diziam, “Nossos respeitos ao senhor e à senhora”, e eles se inclinavam um tico de nada nesse mundo e diziam obrigado, e então bebiam todos os três, e Bob e Tom derramavam uma colher de água sobre o açúcar e a dose diminuta de uísque ou aguardente de maçã no fundo de seus copos e passavam pra mim e Buck, e a gente também bebia à saúde dos velhos.
As Aventuras de Huck Finn é contada em primeira pessoa, ao contrário de Tom Sawyer e, com uma linguagem própria da região que os personagem vivem. Pode soar soberbo da minha parte, mas eu aprecio a norma culta na escrita (rs). Demorei mais da metade do livro para me acostumar como os erros gramaticais. 
Por mais que os livros apresentem um título tão similar, as aventuras são bem distintas. Em Tom Sawyer  a aventura é inventada das leituras do meninos; enquanto Huck Finn vive o real. Porém, as histórias dos meninos se fundem em um momento: quando armam o resgaste de Jim, o escravo negro que fugiu e, por acaso, encontrou Huck Finn.

Jim é a figura polêmica da história. Jim é um escravo negro e Mark Twain utiliza palavras e expressões denotam a situação de cativo levam alguns leitores a menosprezar a narrativa por achar que há incitação ao racismo. Porém, há aqueles que leem a obra de outra maneira; encontram na narrativa de Huck Finn uma ousadia de Mark Twain ao trazer o assunto à tona: Jim não era o escravo de Huck Finn, mas seu amigo, por quem o menino tinha uma gratidão por lhe ajudar em situações de perigo. O menino vive um duelo até chegar a encontrar em Jim um ser humano comum e não um escravo negro que merece ser castigado por fugir da sua senhoria (como a mentalidade da época julgava correta). Atualmente, a escravidão é vista pela lei como um crime, mas o racismo ainda é vivo - em diversas formas de expressão. Certa vez, ouvi uma mulher negra dizer: "Eu não sou descendentes de escravos, sou descendente de uma raça humana que foi escravizada". Achei muito interessante essa distinção feita por ela pois, mostra o quanto ainda temos que mudar em relação ao próximo: ainda há muito racismo contra negros, mesmo que você negue, leitor anônimo. Porém, para nossa infelicidade, essa atividade existiu e muitos livros a retratam.

Sobre os meninos de ambas histórias, eles se encontram para a aventura final na narrativa de Huck Finn - e fiquei tão feliz com esse encontro que tive vontade de abraçar Tom Sawyer quando li sobre sua chegada. Que menino travesso!!
Todo mundo correu pra porta da frente, porque, é claro, um estranho não chega todo ano, e por isso ele interessa mais que a febre amarela quando aparece. Tom já tava sobre a escadinha e caminhando pra casa, a carroça dando a volta na estrada pra retornar pra vila, e a gente tava todo mundo amontoado na porta da frente. Tom tava com suas roupas finas e tinha uma plateia – e isso era sempre uma loucura pra Tom Sawy er. Nessas circunstâncias, temperar a cena com uma dose de estilo não custava nada pra ele. Ele não era um menino de cruzar aquele pátio humilde como uma ovelha; não, ele veio calmo e importante, como um carneiro macho. Quando chegou na nossa frente, levantou o chapéu de um modo gracioso e caprichoso, como se fosse a tampa de uma caixa cheia de borboletas adormecidas e não quisesse perturbar os insetos, e disse:
– Sr. Archibald Nichols, presumo?
– Não, meu filho – diz o velho cavalheiro –, lamento dizer que seu condutor enganou você. A casa do Nichols fica mais além, uma questão de cinco quilômetros. Entra, entra.

E assim a aventura dos meninos teve início. A tarefa era libertar Jim. Na versão de Huck Finn seria assim:
O meu plano é o seguinte – falei. – É fácil descobrir se é Jim que tá lá dentro. Aí a gente
pega a minha canoa amanhã de noite e traz a minha balsa lá da ilha. Assim que começar a ficar escuro, a gente tira a chave das calças do velho, depois que ele foi pra cama, e desce o rio na balsa com Jim, nos escondendo de dia e navegando de noite, que nem eu e Jim a gente fazia antes. 
Mas Huck Finn sabia que, com Tom Sawyer, isso nunca aconteceria pois não tinha emoção. Eis a ideia do amigo:

– É simples como jogo da velha, três-numa-fila, e tão fácil como matar aula. Eu espero achar um caminho um pouco mais complicado que esse, Huck Finn. (...) Raios, toda esta história é fácil e esquisita demais. E por isso fica muito complicado armar um plano difícil. Não tem nenhum vigia pra ser drogado... tinha que ter um vigia. Não tem nem um cachorro pra gente dar um sonífero. E Jim tá acorrentado por uma perna, com uma corrente de três metros, no pé da cama: ora, basta levantar o catre e puxar a corrente. E o tio Silas ele confia em todo mundo, dá a chave pro negro estúpido e não manda ninguém pra vigiar o negro. Jim já podia ter saído por aquele buraco de janela, só que não dava pra viajar com uma corrente de três metros na perna. Ora, raios, Huck, é o arranjo mais estúpido que já vi. A gente tem que inventar todas as dificuldades. Bem, a gente não pode fazer nada, tem que fazer o melhor possível com os materiais que a gente tem. De qualquer maneira, é mais honroso libertar ele no meio de muitas dificuldades e perigos, quando estes não são criados pelas pessoas que tinham o dever de arrumar todos esses obstáculos, e a gente tem que tirar todos eles da nossa cabeça. 

Esse é Tom Sawyer, um pequeno Dom Quixote de La Mancha com seu fiel escudeiro, Huck Finn, como Sancho Pança.
Eu pensei em vários esteriótipos para essa dupla: Sawyer parecendo a burocracia e Finn sendo a praticidade. Quantas vezes colocamos empecilhos para situações em nosso cotidiano e esquecemos de usar os óculos de Huck Finn para seguir em frente?

A história foi muito agradável, apesar de todos os exageros de Tom Sawyer nos capítulos finais - que, ao meu ver, tornaram a narrativa massante. E Huck Finn continuo sendo Huck Finn - incivilizado.

Omnia Vanitas

14 de março de 2017

Nona leitura..


Nona leitura, dedicado leitor!

Minha primeira leitura de Mark Twain.
Para mim, soa estranho eu nunca ter lido Mark Twain antes. Achei Tom Sawyer muito, mas muito divertido!

Os primeiros capítulos me fizeram rir alto; estas são algumas passagens:

..Tom Sawyer adquiriu vários cartões de pontuação na aula de religião. Ao negociar esses cartões com seus amigos de escola bíblica, Tom adquiriu o número suficiente para ganhar sua Bíblia Sagrada. Este fato fez do menino o centro da atenção do diretor da escola. E isso não foi bom para Tom Sawyer.
- Bem, agora eu acho que você não se importará de contar para mim e para esta digna senhora que está comigo algumas das coisas que aprendeu aqui – eu sei que terá prazer em nos contar – porque todos nós sentimos orgulho dos jovens aplicados que se dedicam ao estudo. Vamos ver, sem dúvida você sabe os nomes dos Doze Discípulos de Cristo. Não precisa recitar todos, mas diga-nos os nomes dos dois primeiros que foram escolhidos!(...)A essa altura, Tom estava retorcendo sem parar um dos botões de seu casaco, como se pretendesse arrancá-lo. Parecia realmente muito tímido e encabulado. Seu rosto ficou muito vermelho e seus olhos ficaram grudados no assoalho da igreja. O coração do sr. Walters se afundou em seu peito. Ele disse consigo mesmo: “Não é possível que esse rapaz possa responder as mais simples das questões. Por que o juiz foi perguntar logo a ele?” Mesmo assim, foi obrigado a altear a voz e dizer:– Responda ao cavalheiro, Thomas – não tenha medo.Tom ficou com o rosto mais vermelho ainda.– Ora, eu sei que para mim você dirá – falou a senhora, com a voz cheia de compreensão maternal. – Os nomes dos dois primeiros discípulos eram...– DAVID E GOLIAS!Vamos puxar a cortina caridosamente sobre o restante desta cena trágica.
..Tom foi a igreja, domingo, com sua tia Polly..e foi assim:
O Ministro leu o trecho da Bíblia que inspirava seu sermão e pôs-se a discorrer monotonamente sobre um assunto tão repetitivo que muitas cabeças começaram aos poucos a balançar de sono – mesmo que a prédica versasse sobre o fogo e o enxofre infinitos da condenação final, reduzindo os eleitos “predestinados” a tão poucos, que praticamente não valia o esforço pela salvação.
..Logo, a prédica deixou de ser interessante e Tom teve uma ideia, brincar com o escaravelho que trouxera dentro de uma caixinha que estava no seu bolso! Que ideia ótima! Porém, o escaravelho picou seu dedo e caiu no chão. Um cachorro o encontrou e aconteceu uma brincadeira entre o cão e o escaravelho que fez o ministro perder a atenção do seu "rebanho". E então, ..
Tom Sawyer voltou para casa muito contente, pensando que os ofícios divinos podiam ser até agradáveis, quando se introduzia neles uma pequena variação. Somente um pensamento empanava sua felicidade: estava disposto a deixar que o cachorro brincasse com seu “bicho-beliscão”, só que ele deveria tê- lo devolvido – não tinha sido direito que o animal fugisse com seu brinquedo.
A leitura de Tom Sawyer é um terror para os politicamente corretos. Ele gosta de fazer tudo o que deixa pais e responsáveis de cabelo em pé: gosta de sair na calada da madrugada para encontrar alguma aventura com seu amigo Huck Finn (minha próxima leitura). Tom gosta de ser pirata, ladrão, mentir, fumar, falar palavrão e brigar.  E, de tanto inventar aventuras, viveu uma bem séria!
A sua paixão por Becky é típica de um adolescente - pelo menos acho que ele era adolescente.
Permaneceu "morto" quase uma semana só para ir ao seu funeral. Gosta de ser livre mas, às vezes, gosta dos braços da tia Polly.

Porém, Huck Finn era de outra estirpe: com pais que só brigavam, um pai bêbado e, aparentemente, mãe ausente; ele não via alegria em viver uma vida "regrada".
Não funciona, Tom, essa vida não é pra mim. Eu não estou acostumado com essas coisa toda. A viúva é muito boa pra mim e me mostrou toda a amizade do mundo; mas eu não suporto os costume daquela casa. Ela me faiz levantar de manhã todos os dia à merma hora; ela faiz eu lavar a cara e as mão a toda hora; eles me penteiam tanto que eu fico ouvindo uns trovão nas oreia; ela não me deixa dormir no garpão da lenha; eu tenho de usar essas mardita roupa que me deixa sufocado, Tom. Parece que não entra ar nenhum por drento delas. E o pió é que as tais de roupa são tão nova e bonita que eu não posso nem me sentar, nem me deitar, nem rolar pela grama em lugar nenhum. Eu não escorrego por uma porta de jogar carvão no porão faiz... acho que faiz uns quantos ano. Eu tenho de ir à igreja e ficar suando e comichando por lá – eu odeio aqueles mardito sermão! Eu não posso pegar uma mosca lá drento, não posso mastigar, tenho de usar sapato o domingo intero! A viúva Douglas come por campainha; ela vai pra cama por campainha, tamém; ela até se levanta por campainha – tudo tem hora e as hora são sempre as merma e um cara não consegue se aguentar!
A linguagem de Huck Finn tinha correção; ou seja, todos os erros gramaticais foram corrigidos; tão certo quanto a palavra "preto" foi excluída por racismo.

Omnia Vanitas.

13 de março de 2017

Bagagem..



Olá, leitor!

Visitinha à casa da mamãe no fim-de-semana!
Além de matar a saudade dos meus pais, trouxe uns livrinhos do meu antigo escritório. Deixe-me apresentá-los, desconhecido leitor:

Releituras:
Jane Eyre, de Charlotte Brontë
A Ilha do Tesouro, Robert Louis Stevenson
Ah King, de Somerset Maugham
Um Drama na Malásia, de Somerset Maugham

Primeira leitura:
- As Aventuras de Huclkeberry Finn, Mark Twain
- Nas Montanhas da Loucura e outros contos, H.P. Lovecraft
- As Aventuras de Arthur Gordon Pinn, de Edgar Allan Poe
- Biombo Chinês, de Somerset Maugham

Duas leituras são compras "frescas". Durante a viagem até a casa dos meus pais, o livro do americano Lovecraft foi comprado durante um lanche em um posto; e, o livro do Maugham foi a compra da semana passada.
As Aventuras de Arthur Gordon Pinn foi uma "dica de leitura" da leitura de Nathaniel Philbrick em No Coração do Mar; e As Aventuras de Huclkeberry Finn foi uma opção para a sequência da minha leitura atual, As Aventuras de Tom Sawyer.
O livro A Ilha do Tesouro foi uma opção para depois de Moby Dick, porém outras leitura surgiram, mas continua na lista de releituras pois junta dois ingredientes das outras histórias: adolescentes em aventuras e tesouros + mar. 

E Maugham é sempre uma boa releitura.

Deixando de lado "os homens", Charlotte Brontë e sua Jane Eyre. Eu não entendo porque deixei ela na prateleira..mas erro desfeito!

É isso!





8 de março de 2017

Oitava leitura..


"A população de cachalotes demonstrou uma notável capacidade de recuperação, em face do que Melville chamou de “uma devastação impiedosa”. Estima-se que os naturais de Nantucket e seus irmãos ianques matadores de baleia ceifaram mais de 225 mil cachalotes entre 1804 e 1876. Em 1837, o melhor ano do século para se matar baleias, 6767 baleias foram mortas por baleeiros americanos. (Para se ter um termo de comparação um tanto perturbador, em 1964, o pico da moderna atividade baleeira, 29 255 baleias foram mortas.) Alguns pesquisadores crêem que na década de 1860 os baleeiros talvez houvessem reduzido a população de cachalotes em até 75 por cento; outros estimam que ela haja diminuído apenas entre oito e dezoito por cento. Qualquer que seja a cifra mais próxima da verdade, os cachalotes saíram-se melhor do que outros grandes cetáceos caçados pelo homem. Hoje, existe algo entre 1,5 milhão e 2 milhões de cachalotes, o que os torna a espécie mais abundante entre as grandes baleias do mundo".
 Olá, leitor!

Se você acha que um filme pode contemplar o que um livro proporciona; ou, sente-se satisfeito com aquilo que lhe é apresentado em vídeo, pense novamente.

Eu já tinha assistido ao filme No Coração do Mar, sendo o "Thor" quem interpretou o primeiro imediato Owen Chase. 
Mas o livro... sem explicações.

A narrativa histórica do baleeiro Essex acompanha outros fatos históricos que, semelhante ao baleeiro guiado pelo capitão George Pollard Jr.; seja em fome, frio, sede, sofrimento em grupo ou direção náutica, Nathaniel Philbrick cobre todas posições desde o físico, psicológico e histórico.
Um dos fatos que eu achei interessante, foi a abstinência em nicotina:

Naquela primeira noite da sua viagem, Chase, Pollard e Joy distribuíram as rações de água e pão para a tripulação de seus botes. Já haviam passado dois dias do naufrágio e o interesse dos homens por comida havia, afinal, voltado: o pão foi comido rapidamente. Havia algo mais que eles cobiçavam: tabaco. Um baleeiro quase sempre trazia um punhado de tabaco na boca,consumindo mais de trinta quilos em uma única viagem. Além de todas as suas outras aflições, a tripulação do Essex tinha também de enfrentar os sintomas nervosos da abstinência associados à dependência de nicotina.
O autor encontrou base em documentos históricos deixados pelos sobreviventes e também usufruiu de tudo o que Nantucket pode ter sobre o acidente.

Um dos assuntos marcantes da história deste baleeiro foi o canibalismo. Mesmo querendo deixar esse fato longe da memória, os sobreviventes tiveram que levar essa marca além do túmulo.
Como eu já mencionei, Philbrick apresenta outros fatos que, semelhante ao Essex, sofreram um revés no mar. Sobre o canibalismo, eu acredito que para um homem de cultura não canibal sofre os efeitos psicológicos que atribuem ao consumo da carne humana.
Lembro de uma história que meu professor de Linguística contou em sala; é a seguinte: um determinado professor de medicina deixou em sua casa, na geladeira, um cérebro humano (não me recordo do motivo de ele ter levado essa massa até a sua residência, mas o fato é que levou). Estando na geladeira, também, o cérebro de um animal (não recordo se era bovino ou suíno). A empregada, sem a informação de que havia um cérebro humano na geladeira, pegou-o e cozinhou como refeição para a família da casa. Diz meu professor que a doméstica ficou muitíssimo perturbada por haver consumido parte de um corpo humano.

Acredito que consumir carne humana não cause problemas físicos ou nos afete com alguma doença psicológica; mas o fato de haver uma edução que não abarca alimentar-se do corpo de um igual de espécie provoque uma alteração psíquica naquele que alimentou-se do próximo. Atribui-se àqueles que tomam essa prática, em uma civilização que abominada tal atitude, uma punição não apenas moral mas judiciária; exemplo: Hannibal Lecter.
Apesar de ser uma medida tomada em um momento de desespero (pelo menos na maioria dos casos), Philbrick apresenta uma situação de náufragos que passaram 191 dias à deriva e não tomaram o canibalismo como ação  de sobrivivência:
Em face de circunstâncias igualmente terríveis, outros marinheiros tomaram decisões diferentes. Em 1811, o brigue de 139 toneladas chamado Polly, em sua viagem de Boston para o Caribe, perdeu os mastros em uma tempestade e a tripulação vagou à deriva, a bordo do casco inundado, durante 191 dias. Embora alguns homens morressem em virtude da fome e da exposição às intempéries, seus corpos em momento algum serviram de alimento; em vez disso, foram usados como isca. Prendendo ao anzol de uma linha de corrico pedaços dos cadáveres de seus companheiros de bordo, os sobreviventes conseguiram capturar tubarões suficientes para se sustentarem até seu salvamento. Caso a tripulação do Essex houvesse adotado essa estratégia por ocasião da morte de Matthew Joy, talvez jamais tivessem chegado ao extremo com que agora se defrontavam.
Durante a leitura, eu pensei comigo: como alguém à deriva pode passar fome, se estão no mar? A fauna marítima pode muito bem suprir a necessidade de comida da tripulação. 
Fora o momento que alguns peixes voadores pularam em cima dos náufragos, a região do oceano Pacífico em que se encontravam era deserta. Com esta afirmação, não quero concluir que não havia peixes, mas eles estavam a muitos metros fora da linha de pesca dos tripulantes.

Há dois motivos que fizeram os tripulantes dos baleeiros ficarem longe das terras habitadas são as seguintes: as ilhas próximas tinham como civilização alguns canibais e, a limitação geográfica que havia na época. Preciso adicionar mais uma pontuação sobre o motivo da falta de aproximação à outras possíveis ilhas: a falta de leitura. Um periódico havia sido lançado com atualizações sobre mapas e culturas espalhadas pelas ilhas que compunham o Pacífico. Para o Essex, essa informação seria preciosa para sua situação de desespero. Poderiam ter tido socorro antes, não fosse a perda que esta leitura trouxe ao grupo.

Uma das coisas que me chamou a atenção, e a leitura de Moby Dick tal fato também se apresenta, é a correspondência. Havia em algumas ilhas cartas deixadas pelos tripulantes de barcos (baleeiros em sua maioria) para seus familiares. Os barcos que saiam de um porto deixavam as missivas que familiares enviavam por outros marinheiros e os próprios marinheiros escreviam para seus entes queridos durante sua estadia no mar.
Owen Chase recebeu uma carta amarga, algumas viagens após o acidente com o Essex, de que sua esposa havia dado a luz a um menino - depois de ele estar no mar por quase dezessete meses (ops!).

A tragédia do Essex não é algo singular, muitos baleeiros foram abaloados por cachalotes posteriormente. O fato da caça às baleias ter crescidos exageradamente, um animal de constituição dócil (mesmo que seu tamanho seja acima de 23 metros) como o cachalote tornou-se agressivo para poder manter-se vivo.

Como parte de uma história, a tragédia do Essex influenciou muitos escritores, e Herman Melville é o mais forte deste grupo - mesmo que seu Moby Dick não tenha aplacado nas bancas. Esse acontecimento histórico foi tão importante quanto o naufrágio do navio Titanic foi para o século XX.

Querido leitor, há muita coisa para escrever sobre esta obra de Nathaniel Philbrick que enriquece qualquer leitura póstuma do gênero. E, como recomendação indireta, vou ler As Aventuras de Arthur Gordon Pin, de Edgar Allan Poe. ;)

Àqueles interessados na história deste mal fadado baleeiro, é só clicar aqui.

Bom, por hoje é só pessoal!

Omnia Vanitas.


1 de março de 2017

Sétima leitura..



Maugham é muito bom!

Este livro foi minha primeira leitura de Somersert Maugham. Eu assisti ao filme baseado no livro e, arrebatada, comprei o livro.

Comecei a reler ontem e, hoje pela manhã consegui terminar. Diferente da primeira leitura, não foi com lágrimas que o livro voltou para a estante, mas ainda assim fiquei apaixonada. 

Dois seres humanos diferentes casaram-se. Eu sei que a máxima popular diz que os opostos se atraem, mas Walter e Kitty estavam longe fazer jus ao ditado. 
Ela casou com desespero e ele pela beleza dela.

A psicologia de ambos não era atraente entre si. Ela odiava o silêncio casmurro dele e ele esforçava-se para gostar das futilidades dela.

Logo, veio a traição.

Mimada e apaixonada por si, Kitty não conseguia amar ninguém, exceto o amante - o único a quem se entregou integral. 

Walter, que antes cobria de pétalas o chão que Kitty caminhava, agora lhe denotava indiferença. E ambos aceitaram a infelicidade conjugal em Mein-tan-fu.

O melhor do livro é a mudança gradual da personalidade da esposa. 
Vivendo em meio ao vírus da cólera e totalmente longe de todas as opções fúteis de diversão, Kitty volta-se para uma realidade transformadora: a morte.
Parecendo jogarem o macabro jogo de "quem morrerá primeiro", ela é aceita em um orfanato de freiras francesas e lá descobre ser útil - algo que nunca havia sido em sua vida.
A morte, a miséria, o sacrifício pelo próximo, tornaram a esposa de Walter Fane um ser humano melhor que buscava se ajustar na sociedade caótica de Mein-tan-fu. 

As descobertas que faz sobre si, o casamento, o amante e, principalmente, sobre a morte, transformam Kitty por completo.

Depois de tantas experiências e reflexões, ela decidiu tornar a vida útil, não somente para si, mas ao próximo.


O caso do cachorro ..

 Olá, esquecido leitor !   Apesar de passar muito tempo longe deste blog, tentei voltar algumas vezes mas o tempo nem sempre está do meu lad...