29 de junho de 2013

O Herege ...


"O nome dele era Thomas. Às vezes, Thomas de Hookton. Outras vezes era Thomas, o Bastardo, e, se quisesse ser muito formal, podia chamar-se Thomas Vexille, embora raramente fizesse isso. Os Vexille eram uma família nobre gascã e Thomas de Hookton era filho ilegítimo de um Vexille fugitivo, que não o deixara nem nobre nem Vexille. E, sem dúvida alguma, nem gascão. Ele era um arqueiro inglês.
Thomas atraía olhares enquanto caminhava pelo acampamento. Ele era alto. Cabelos pretos apareciam sob a borda do elmo de ferro. Era jovem, mas seu rosto fora curtido pela guerra. Tinha faces cavadas, vigilantes olhos pretos e um nariz comprido que fora quebrado numa briga e posto no lugar de forma errada. A cota de malha perdera o brilho devido a viagens, e debaixo dela usava uma jaqueta de couro, calções pretos e bota de montaria de cano longo, sem esporas. Uma espada embainhada em couro preto pendia de seu flanco direito, um embornal estava pendurado nas costas e uma sacola branca de flechas no quadril direito. Ele mancava muito de leve, sugerindo que devia ter sido ferido em combate, embora na verdade a contusão tivesse sido provocada por um religioso, em nome de Deus. As cicatrizes daquela tortura estavam escondidas agora, exceto quanto ao dano às mãos, que tinham ficado tortas e encaroçadas, mas ele ainda podia disparar um arco. Ele tinha 23 anos e era um matador". (página 22/3)

Minha paixão por Thomas só sabe aumentar! rs. Comecei a ler O Herege, ontem.

22 de junho de 2013

Tristão e Isolda..


"Mas não era vinho: era paixão, era a cruel alegria e a angústia sem fim, era a morte"
(página 42)

Domingo, eu fiz a leitura relâmpago de "Tristão e Isolda: A Lenda Medieval Celta de Amor".

Durante a leitura, algumas referências literárias chamaram minha atenção pela semelhança em si. Cito-as, agora:

- a história de Jonas e sua aventura ao mar, relatado conforme a Bíblia Sagrada:
Mas o SENHOR mandou ao mar um grande vento, e fez-se no mar uma forte tempestade, e o navio estava a ponto de quebrar-se. Então temeram os marinheiros, e clamavam cada um ao seu deus, e lançaram ao mar as cargas, que estavam no navio, para o aliviarem do seu peso; Jonas, porém, desceu ao porão do navio, e, tendo-se deitado, dormia um profundo sono. E o mestre do navio chegou-se a ele, e disse-lhe: Que tens, dorminhoco? Levanta-te, clama ao teu Deus; talvez assim ele se lembre de nós para que não pereçamos.
E diziam cada um ao seu companheiro: Vinde, e lancemos sortes, para que saibamos por que causa nos sobreveio este mal. E lançaram sortes, e a sorte caiu sobre Jonas.
Jonas 1:4-7
E disseram-lhe: Que te faremos nós, para que o mar se nos acalme? Porque o mar ia se tornando cada vez mais tempestuoso.
E ele lhes disse: Levantai-me, e lançai-me ao mar, e o mar se vos aquietará; porque eu sei que por minha causa vos sobreveio esta grande tempestade.
Entretanto, os homens remavam, para fazer voltar o navio à terra, mas não podiam, porquanto o mar se ia embravecendo cada vez mais contra eles.
Então clamaram ao SENHOR, e disseram: Ah, SENHOR! Nós te rogamos, que não pereçamos por causa da alma deste homem, e que não ponhas sobre nós o sangue inocente; porque tu, SENHOR, fizeste como te aprouve.
E levantaram a Jonas, e o lançaram ao mar, e cessou o mar da sua fúria.
Jonas 1:11-15

Esta parte bíblica fica explícita nesta mesma superstição existente durante o rapto contra Tristão:
Mas é comprovada verdade (e sabem-na todos os marinheiros) que o mar sustenta de má vontade as naves traidoras e não dá ajuda a raptos e felonias. Dessa forma, levantou-se furioso o oceano, envolveu o navio de trevas, e por oito dias e oito noites o lançou ao léu. Por fim, os marinheiros perceberam, através da bruma, uma costa cercada de arrecifes e rochedos, onde o mar os queria jogar. Arrependeram-se, reconhecendo que a fúria do mar provinha de levarem a criança roubada, e fizeram promessa de a libertar, preparando um barquinho para a depositar em terra. Logo os ventos sossegaram, bem como as ondas, o céu brilhou, e, enquanto a nau dos noruegueses desaparecia ao longe, as ondas mansas e alegres levaram à areia da praia o barquinho de Tristão (página 17).

- em "Tristão e Isolda", o rei Marcos, tio de Tristão, quando sofria de tristeza, seu sobrinho tocava harpa para trazer tranquilidade ao rei. Semelhantemente, na Bíblia Sagrada, é conhecida a história entre Saul e Davi. Saul sofria de um "mau espírito" e, para acalmá-lo, seus súditos buscaram o melhor harpista de Belém: Davi, o jovem pastor de ovelha, filho de Jessé.

O Espírito do Senhor se retirou de Saul, e um espírito maligno, vindo da parte do Senhor, o atormentava. Os funcionários de Saul lhe disseram: "Há um espírito maligno mandado por Deus te atormentando. Que nosso soberano mande estes seus servos procurar um homem que saiba tocar a harpa. Quando o espírito maligno se apoderar de ti, o homem tocará a harpa e tu te sentirás melhor".
E Saul respondeu aos que o serviam: "Encontrem alguém que toque bem e o tragam até aqui". Um dos funcionários respondeu: "Conheço um dos filhos de Jessé, de Belém, que sabe tocar harpa. É um guerreiro valente, sabe falar bem, tem boa aparência e o Senhor está com ele". Então Saul mandou mensageiros a Jessé com a seguinte mensagem: "Envie-me seu filho Davi, que cuida das ovelhas". Jessé apanhou um jumento e o carregou de pães, uma vasilha de couro cheia de vinho e um cabrito e o enviou a Saul por meio de Davi, seu filho. Davi foi apresentar-se a Saul e passou a trabalhar para ele. Saul gostou muito dele, e Davi tornou-se seu escudeiro. Então Saul enviou a seguinte mensagem a Jessé: "Deixe que Davi continue trabalhando para mim, pois estou satisfeito com ele". E sempre que o espírito mandado por Deus se apoderava de Saul, Davi apanhava sua harpa e tocava. Então Saul sentia alívio e melhorava, e o espírito maligno o deixava. 1 Samuel 16:14-23

Em "Tristão e isolda":
Tristão acompanhava Marcos nas audiências ou caçadas, e à noite, como dormia na câmara real, entre os íntimos do rei, se este estava triste, tocava a harpa, para tranquilizar seu coração. (página 19)

Na página 23 e seguintes, a maioria das cenas de Morholt, habitante da Irlanda, inspira a referência de Golias, desde a descrição de seu tamanho "um gigante cavaleiro", quanto a ousadia e afronta perante ao reino de Marcos. Eis o ultraje de Morholt perante o país da Cornualha:

Entretanto, e eu excetuo somente a vós, Rei Marcos, como convém, se algum dos vossos barões quiser provar por duelo que o rei da Irlanda não tem razão, cobrando tal tributo, aceitarei o desafio. Qual dentre vós, senhores, quer se bater em duelo pela libertação desta terra?
Olharam-se os barões, entre si, os olhos baixos, curvando em seguida a cabeça. "Observa", dizia um consigo mesmo, "a estatura do Morholt da Irlanda: ele é mais forte que quatro homens robustos. Olha a espada: ignoras que sua espada por sortilégio faz voar a cabeça dos mais audazes campeões, desde que, há tantos anos, é enviado pelo rei da Irlanda aos seus desafios, pelas terras vassalas? Estás procurando a morte? Por que tentas a Deus?" (página 24).

E, da forma que Golias desafiou os israelitas no campo de batalha, Davi se surpreendeu com a covardia do seu povo e pediu licença à Saul para lutar com o gigante. Davi era jovem demais para a guerra, sua presença se dava naquele campo por levar alimento aos seus irmãos. Ouvindo as vergonhas proclamadas por Golias ao seu povo, o jovem pastor se alista para enfrentá-lo. Com Tristão, sucede semelhança cena:

Então, prosternando-se aos joelhos do rei, disse Tristão:
- Senhor rei, se vos apraz concederdes a mil tal honra, bater-me-ei em duelo.
Inutilmente tentou o Rei Marcos dissuadi-lo da empresa. Parecia-lhe muito jovem o cavalheiro; de que lhe serviria a ousadia? (página 25)

A batalha de Tristão:

Os barões choravam de pena do belo jovem corajoso e de vergonha por si mesmos. "Ah, Tristão", diziam, "ousado barão, bela mocidade, por que não empreendo eu, em vez de vós, tal batalha? Minha morte traria menos dor a esta terra!".
Os sinos tocaram, e todos os da baronia e os do povo, velhos, crianças, mulheres, orando e chorando, escoltaram Tristão até a praia. Eles ainda esperavam que algo acontecesse, pois de poucos recursos vive a esperança no coração dos homens.
Tristão subiu sozinho em uma barca e navegou para a Ilha de Saint-Samson. No mastro da sua barca, o Morholt içara uma rica vela de púrpura e, antes do outro, chegou à ilha. Já amarrava a barca na praia, quando Tristão, tocando a terra por sua vez, afastou a embarcação para o mar.
- Que fazes? - disse Morholt. - Porque não prendes tua barca a uma amarra?
- Para quê? - respondeu Tristão. - Só um de nós voltará vivo daqui: não lhe bastará apenas uma barca?
E os dois, foram para o duelo, incitando-se por palavras ultrajantes, penetrando na ilha.
Ninguém viu a luta, mas, por três vezes, o vento do mar trouxe, à terra firme, um clamor furioso. Então, em sinal de luto, as mulheres batiam palmas em coro, os companheiros do Morholt riam, agrupados à parte, diante de suas tendas. Enfim, a certa hora viu-se, ao longe a vela de púrpura; a barca do irlandês saía da ilha e a voz do desespero retumbou: "O Morholt! o Morholt!" Mas como a barca crescesse, aproximando-se, viram todos de repente, no cimo de uma vaga, de pé, à proa, um cavaleiro de cujo punho brandia uma espada. Era Tristão! (página 25 e 26).

A descrição bíblica para esta cena, é:

Um guerreiro chamado Golias, que era de Gate, veio do acampamento filisteu. Tinha dois metros e noventa centímetros de altura. Ele usava um capacete de bronze e vestia uma couraça de escamas de bronze que pesava sessenta quilos; nas pernas usava caneleiras de bronze e tinha um dardo de bronze pendurado nas costas. A haste de sua lança era parecida com uma lançadeira de tecelão, e sua ponta de ferro pesava sete quilos e duzentos gramas. Seu escudeiro ia à frente dele. Golias parou e gritou às tropas de Israel: "Por que vocês estão se posicionando para a batalha? Não sou eu um filisteu, e vocês os servos de Saul? Escolham um homem para lutar comigo.
Se ele puder lutar e matar-me, nós seremos seus escravos; todavia, se eu o vencer e o matar, vocês serão nossos escravos e nos servirão". E acrescentou: "Eu desafio hoje as tropas de Israel! Mandem-me um homem para lutar sozinho comigo".Ao ouvirem as palavras do filisteu, Saul e todos os israelitas ficaram atônitos e apavorados.
1 Samuel 17:4-11

E,..
Davi disse a Saul: "Ninguém deve ficar com o coração abatido por causa desse filisteu; teu servo irá e lutará com ele". Respondeu Saul: "Você não tem condições de lutar contra este filisteu; você é apenas um rapaz, e ele é um guerreiro desde a mocidade".
Davi, entretanto, disse a Saul: "Teu servo toma conta das ovelhas de seu pai. Quando aparece um leão ou um urso e leva uma ovelha do rebanho, eu vou atrás dele, atinjo-o com golpes e livro a ovelha de sua boca. Quando se vira contra mim, eu o pego pela juba, atinjo-o com golpes até matá-lo. Teu servo é capaz de matar tanto um leão quanto um urso; esse filisteu incircunciso será como um deles, pois desafiou os exércitos do Deus vivo. O Senhor que me livrou das garras do leão e das garras do urso me livrará das mãos desse filisteu". Diante disso Saul disse a Davi: "Vá, e que o Senhor esteja com você".
Então Saul vestiu Davi com sua própria túnica. Colocou-lhe uma armadura e um capacete de bronze na cabeça. Davi prendeu sua espada sobre a túnica e tentou andar, pois não estava acostumado àquilo. E disse a Saul: "Não consigo andar com isto, pois não estou acostumado". Assim tirou tudo aquilo, e em seguida pegou seu cajado, escolheu no riacho cinco pedras lisas, colocou-as na bolsa, isto é, no seu alforje de pastor e, com sua atiradeira na mão, aproximou-se do filisteu. Enquanto isso, o filisteu, com seu escudeiro à frente, vinha se aproximando de Davi. Olhou para Davi com desprezo, viu que era só um rapaz, ruivo e de boa aparência, e fez pouco caso dele. E disse a Davi: "Por acaso sou um cão para que você venha contra mim com pedaços de pau? "E o filisteu amaldiçoou Davi invocando seus deuses, e disse: "Venha aqui, e darei sua carne às aves do céu e aos animais do campo!"
E Davi disse ao filisteu: "Você vem contra mim com espada, com lança e com dardo, mas eu vou contra você em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem você desafiou. Hoje mesmo o Senhor o entregará nas minhas mãos, e eu o matarei e cortarei a sua cabeça. Hoje mesmo darei os cadáveres do exército filisteu às aves do céu e aos animais selvagens, e toda a terra saberá que há Deus em Israel.Todos que estão aqui saberão que não é por espada ou por lança que o Senhor concede vitória; pois a batalha é do Senhor, e ele entregará todos vocês em nossas mãos".
Quando o filisteu começou a vir na direção de Davi, este correu depressa na direção da linha de batalha para enfrentá-lo. Retirando uma pedra de seu alforje ele a arremessou com a atiradeira e atingiu o filisteu na testa, de tal modo que ela ficou encravada, e ele caiu com o rosto no chão. Assim Davi venceu o filisteu com uma atiradeira e uma pedra; sem espada na mão ele derrubou o filisteu e o matou. 1 Samuel 17:32-50

Ok, essas foram as visões similares que encontrei.

Mas, e a história? A leitura abrange um amor impossível, iniciado por uma bebida tomada por descuido; bebida esta que serviria para tornar a vida da bela Isolda feliz - pois era contra sua vontade que se uniria ao rei da Cornualha.
A bebida parece estar presente em romances tipicamente trágicos. Lembremos de "Romeu e Julieta" de Shakespeare. Ambos os levam à morte; porém, em "Tristão e Isolda" a bebida é a responsável por haver amor entre os protagonistas. Na obra de Shakespeare é o que promove a morte em si. Na lenda medieval, a existência de duas almas amantes que precisam se separar pelas conveniências sociais, torna a vida de ambos em um sepulcro aberto.
Eles tentaram viver separados, porém, definhavam com a ausência mútua. Admiro a obstinação em tentar viver separados para não magoar quem, para Tristão, deveria ser o único a usufruir do amor de Isolda: o rei Marcos.

Uma das marcas deste amor, também, é a imprudência. Como dois corações apaixonados podem ser precitado quando perto do amante!

A despeito do rei e dos vigias, os amantes gozaram sua felicidade e seus amores.
Aquela noite alucinou os amantes; quando a vontade quer, todos os perigos são desprezados (...) (página 94).

Este amor celta é muito racional. Ele não menospreza o outro, contrário, busca o bem-estar e a companhia do outro. Porém, este sentimentalismo exacerbado existente em "Romeu e Julieta" não é visto neste romance. Pode haver, talvez, vez ou outra, uma vaga presença deste tipo de "amor" - mas, em sua maioria, a história não se preocupa em apresentar este estilo de afeição.
Porém, ambos são amores puros. Mesmo casado com outra (também, chamada pela alcunha de "Isolda"), Tristão não manteve relações sexuais com ela. Manteve-se, até a morte, fiel a sua única e amada Isolda. Porém, Isolda não pode manter a mesma fidelidade sexual por estar casada com o rei Marcos, logo, precisou comparecer à sua "função" em alguns momentos.

Como em Romeu e Julieta, ambos morrem. E tal como a obra de Shakespeare, eles morrem juntos, porém, em tempos diferentes.
Em Shakespeare, Romeu encontra sua amada "morta" e decide morrer com ela. Depois, ela acorda, e morre, desta vez de verdade, com ele. Se não é assim, é por aí (riso).
Em "Tristão e Isolda", a esposa do cavalheiro se vinga de seu marido por nunca lhe haver amado e desejado como a primeira Isolda. Ao ver o barco do irmão se aproximar com a vela branca - significando que a amante do marido estava na nave), disse o contrário, que a vela era a negra - simbolizando a ausência da primeira Isolda.
De desgosto, Tristão se entrega à morte. Isolda, a esposa, se desespera e arrepende-se do mal feito. Porém, não se retrocede a morte. Morto estava o marido. A Isolda, amante, chega ao quarto e, percebendo seu amor morto, com ele morre.


Bom, acho que era isso o que tinha a dizer.
Gostei muito da leitura, e a recomendo.

Omnia Vanitas.

13 de junho de 2013

Lar doce Lar..


Estou em casa e, enquanto estava lavando a louça, eu conversava com minha mãe sobre uma ideia. Foi assim:

Se eu tivesse minha própria casa, teria uma árvore na frente dela. Em volta desta árvore haveria alguns bancos.

Na frente desta árvore, uma pequena sala iluminada, um sofá e uma mesa serviriam de mobília. Nos dias de verão, na mesa, haveria suco natural, gelado para servir quem desejasse se refrescar com ele. Nos dias de inverno, uma térmica com chá/café fresquinho para aquecer.

Nesta sala, as paredes seriam ornadas com a mais bela literatura. Livros disponíveis para empréstimo e troca sem custo algum. Leitores de todas as idades seriam bem-vindos para desfrutar do acervo gratuito. 

Seria somente uma sala com um mundo inteiro dentro dela.

Eu deixaria essa sala aberta todos os dias para poder atender o máximo de pessoas possíveis. Eu não interferiria - somente deixaria disponível um canto charmoso e inteligente de leitura. 

Essa seria a minha contribuição para tornar o planeta Terra um lugar mais elegante: com pessoas bonitas por dentro e por fora, capazes de pensar por si próprias e mudar, para melhor, este lar tão mal cuidado.



11 de junho de 2013

A Milha Verde..



Eu estava lendo essa reportagem na página do  Imagens Históricas  e, logo no início da leitura, lembrei de um livro de um escritor que gosto, Stephen King, A Milha Verde, ou "A Espera de Um Milagre".

Leia com atenção, anônimo leitor, e veja se a história não se assemelha com o assassinato que acontece no livro que foi e causa a prisão do gigante John Coffey (igual ao café mas sem um "e").

Além disso, a história real choca por seu racismo, que me lembrou outro livro: "Tempo de Matar" de John Grisham; a história fictícia absolve dois homens brancos pelo estupro e tortura de uma menina de 8 anos, negra. A pai da menina, que sobreviveu - porém, o trauma é latente -, foi até o tribunal e, na saída dos dois homens brancos, arranca uma arma da mão de um dos policiais e assassina os dois estupradores. E, então, a história começa, levando em consideração pontos como: a pena de morte e o racismo.

Ok, chega de "bla bla bla". Lá vai a história real:



 George Junius Stinney Jr. foi, aos 14 anos, a pessoa mais jovem a ser executada nos Estados Unidos, em 1944.
Entretanto, o processo judicial que levou à sua execução ainda permanece controverso. Stinney foi preso por suspeita de assassinar duas meninas, Betty June Binnicker, de 11 anos, e Maria Emma Thames, de 8 anos, na Carolina do Sul, em 23 de março de 1944. Ambas desapareceram quando andavam de bicicleta à procura de flores. Ao passarem pela casa Stinney, eles perguntaram ao jovem George Stinney e à sua irmã, Katherine, se eles sabiam onde encontrar "flores-da-paixão". Quando as meninas não retornaram, grupos de busca foram organizados, com centenas de voluntários. Os corpos das meninas foram encontrados na manhã seguinte em uma vala cheia de água lamacenta. Ambas sofreram ferimentos graves na cabeça.
Stinney foi preso algumas horas depois e foi interrogado por vários oficiais em uma sala trancada com nenhuma testemunha além dos oficiais. Após uma hora, foi anunciado que Stinney havia confessado o crime. De acordo com a confissão, Stinney tentou abusar sexualmente de Betty enquanto ela catava flores com a irmã mais nova. Após perder a paciência com a menor que tentava proteger a irmã, ele acabou por matar as duas com uma barra de ferro e atirou os corpos em um buraco lamacento. De acordo com os policias, Stinney aparentemente tinha sido bem sucedido em matar ambas ao mesmo tempo, causando trauma contuso em suas cabeças, quebrando os crânios de cada uma em pelo menos 4 pedaços. No dia seguinte, Stinney foi acusado de assassinato em primeiro grau. O pai de Stinney foi demitido de seu emprego na serraria local.
O julgamento ocorreu em 24 de abril no tribunal do condado de Clarendon. Após a seleção do júri, o julgamento começou, às 12h30 e terminou às 05:30. Depois de apenas 10 minutos de deliberação, o júri, que foi composto inteiramente de homens brancos, deu um veredicto de culpado.
Sob as leis da Carolina do Sul, todas as pessoas com idade superior a 14 anos eram tratados como um adulto. Stinney foi condenado à morte na cadeira elétrica.
A execução foi marcada para ser realizada na Prisão Estadual de Carolina do Sul, em Columbia , em 16 junho de 1944 , menos de três meses após o crime. Às 19:30, Stinney caminhou até a câmara de execução com a Bíblia debaixo do braço.
Mais tarde verificou-se que a barra com a qual as duas meninas foram mortas, pesava mais de vinte libras (9,07 kgs). Stinney foi decretado incapaz de levantar esse peso, e muito menos ser capaz de bater forte o suficiente para matar as duas.

10 de junho de 2013

A Ilha do Tesouro..



"Você não acredita nos homens?" - pergunta Trelawney 
 "Eu não conheço os homens" - responde o Capitão


No último sábado, eu assisti a adaptação para televisão de "A Ilha de Tesouro" de Robert Louis Stevenson. Adorei! A fotografia foi ótima! Colocaram um suspense e uma pitada de terror que deixou esta história Infanto-Junvenil perfeita!

Entre todos os personagens - alguns "recriados", como a sagaz avareza de Sir Trelawney - personagem de Rupet-Penry Jones - o que mais chamou minha atenção foi a atuação do ator que interpretou o jovem Jim Hawkins, Toby Regbo. Ele conseguiu passar uma inocência e audácia ao seu personagem que eu adorei! O sorriso dele, quando John Silver ou o Trelawney o interpelam é muito rico em significado!
Outra cena que adorei foi a cantoria dos piratas durante a execução do trabalho!
Esta é a letra da canção dos marinheiros/piratas, entoada por Long John Silver - que para mim é uma figura muito interessante, pois joga, constantemente, para os dois lados do barco. Ele parece ter uma conduta pirata em meio ao caos que ele mesmo instala. Tanto que o final dele, no livro, é tão fascinante quanto o personagem. Ok, fica agora a letra que custou-me tempo para encontrar na web.

O link abaico é para o trecho do filme que Silver comanda a cantoria:

I dreamed a dream the other night
Lowlands, lowlands away my John
I dreamed a dream the other night
Lowlands, my lowlands away.
2. My love came in all dressed in white
Lowlands, lowlands away my John
My love came in all dressed in white
Lowlands, my lowlands away.
3. No sound she made, no word she said
Lowlands, lowlands away my John
No sound she made, no word she said
Lowlands, my lowlands away.
4. Twas then I knew my love was dead
Lowlands, lowlands away my John
Twas then I knew my love was dead
Lowlands, my lowlands away.

Algumas curiosidades sobre esta obra de Stevenson são interessantes e significam muito na construção da ideia de "pirata" e "tesouro" que temos hoje. Ele foi o primeiro - ou o mais notório - a descrever um pirata com a perna de pau e papagaio nos ombros. Também com Stevenson "nasceu" a ideia de colocar um "X" para indicar no mapa o local onde o tesouro estaria enterrado.

Os links abaixo são sobre minha primeira leitura na época: as Jolly Rogers (bandeiras de Piratas).
Preciso buscar mais informações sobre Stevenson e sua obra, mas por hora, é isso.


Observação dois: este link  leva até o filme em si, dublado (bleck!). Aproveitem enquanto ele dura na rede! ;)

Omnia Vanitas!

Elogios à Heathcliff



Na primeira vez que li "O Morro dos Ventos Uivantes" (MVU) eu detestei Heathcliff!
Este ano eu fiz a segunda leitura. Quanta diferença!

Ninguém conhece Heathcliff. Ele, simplesmente, é apresentado para sua nova "família" e pronto. Não há antecedentes - somente o que o patriarca dos Earnshaw diz sobre ele. Ele é somente Heathcliff: nome e sobrenome definidos por essa alcunha.

É muito fácil julgar o protagonista pelos atos dele na trama. Ele odeia tudo o que está a sua volta. Faz sofrer todos que compartilham sua companhia; é avarento e cruel.
Porém, uma pessoa, somente uma pessoa é senhora absoluta no coração deste homem atroz, ela se chama Catarina Earnshaw.
Catarina foi companheira de infância de Heathcliff desde a sua chegada a O Morro dos Ventos Uivantes.

Uma curiosidade que eu notei no nome do lugar é que é uma localidade de aparente sofrimento e dores (alternando, pouquíssimas vezes, com narrativas felizes); porém, não há ar mais puro e saudável para a recuperação dos males do corpo do que no alto desta colina. É uma situação, ao meu ver, antagônica.

Voltando à Catarina, ela é o grande amor de Heathcliff. Todos à volta dele o tratam mal e com brutalidade; Catarina, não. Ela é sua companheira de aventuras e brincadeiras, sua companhia nas aulas de ensino religioso e na educação comum.Ela era sua flor selvagem.

Esse companherismo é abalado quando a protagonista declara que seu amor por Heathcliff não poderá ser levado adiante. Em seu pensamento, ela imagina que poderá ajudá-lo a tornar-se alguém importante, casando-se com outro homem - seu vizinho e futuro inimigo declarado de Heathcliff, Edgar Linton.

Sem mais expectativas, Heatchcliff foge de casa e retorna três anos depois, quando Catarina, há um ano, assinava como Catarina Linton.
Este é um outro período enigmático deste personagem: onde esteve durante estes três anos de ausência? Como conseguiu a fortuna que trouxe consigo? Onde foi ensinado a ter postura, educação e modos de um homem civilizado - para ser aceito em sociedade? O mistério sobre Heathcliff somente aumentou.

O amor dele por Cathy nunca mudou. Ele sempre a amou e o sentimento foi recíproco. Porém, entre eles, havia a convenção da sociedade e um histórico de brutalidade e indiferença de todos os membros da "família" Earnshaw - que nunca aceitou o bastardo introduzido em seu seio.

Eu não condeno Heathcliff pelos seus atos. Eles representam, exatamente, o que lhe foi ensinado no ambiente que foi adotado. Porém, ele tinha traços, em sua juventude, de carisma e boa educação, mas estes foram destruídos por todo o rancor e ódio que lhe eram imputados.

Heathcliff é, em curtas palavras, fruto do seu meio. Eu não aceito seus atos, mas não posso condená-lo por não tentar fazer diferente.

Estas são as impressões dos personagens sobre essa figura tão enigmática e pouco compreendida:

O que diz a mulher que o ama quando ouve que sua cunhada está "apaixonada" pelo cabra:

Diga-lhe o que Heathcliff é: uma criatura incorrigível, sem refinamento, sem cultura; um matagal de urze e pedra dura. Antes queria pôr aquele canarinho no parque, num dia de inverno, do que lhe recomendar que nutrisse qualquer sentimento por ele! Só uma deplorável ignorância do caráter de Heathcliff é que lhe pode meter esse sonho na cabeça. Por favor, não imagine que ele esconde um fundo de benevolência e afeto sob uma aparência severa! Ele não é um diamante bruto, uma ostra contendo, no seu interior, uma pérola. . . é um homem feroz e impiedoso. Eu nunca lhe digo: "Deixe este ou aquele inimigo em paz, porque seria pouco generoso ou cruel cau¬sar-lhe mal"; digo: "Deixe-o em paz, porque eu não quero vê-lo prejudicado"; ele a esmagaria como a um ovo de pardal, Isabella, se achasse a sua presença inconveniente. Sei que ele não seria capaz de amar uma Linton. No entanto, seria bem capaz de casar-se com você por causa da sua fortuna! A avareza está crescendo dentro dele, tornando-se um verdadeiro pecado. Acredite no que lhe digo; e eu sou amiga dele... a tal ponto que, se ele tivesse pensado, seriamente, em casar com você, eu talvez tivesse ficado calada e permitido que você caísse na armadilha.

O que diz a empregada sobre ele:

Ele é uma ave de mau agouro, não é marido para a senhorita. A Sra. Linton não usou meios termos, mas eu não posso contra-dizê-la. Ela o conhece melhor do que eu ou qualquer outra pessoa, e nunca o pintaria pior do que ele é. As pessoas honestas não escondem o que fazem. Como é que ele viveu, durante estes três anos? Como ficou rico? Por que está hospedado no Morro dos Ventos Uivantes, na casa de um homem que ele detesta? Dizem que o Sr. Earnshaw está cada vez pior desde que ele chegou. Ficam toda a noite jogando, e Hindley hipotecou as suas terras e não faz outra coisa senão jogar e beber. Faz uma semana, encontrei Joseph em Gimmerton, e ele me disse: "Nelly, lá em casa está mesmo um antro de perdição. Tem um que qualquer dia vai ter de cortar os dedos para poder pagar as dívidas. É o patrão, você sabe, que não pára de se afundar no jogo. Nunca teve medo do Juízo Final, nem seguiu os exemplos de Paulo, nem de Pedro, nem de João, nem de Mateus, nem de ninguém! Parece que está desejando se ver nas chamas do inferno! E o nosso velho Heathcliff parece mais um diabo! Ele não diz nada da boa vida que leva, quando vai lá na granja? É mais ou menos assim: levanta-se quando o sol se deita, e é dado, brandy, gelosia fechada e luz de vela até o meio-dia do dia seguinte. Depois sobe para o quarto dele, praguejando e gritando tanto que as pessoas decentes têm de tampar os ouvidos de vergonha; e ele conta o dinheiro que ganhou, come, dorme e vai embora pra casa do vizinho, para visitar a esposa dele. Será que ele conta pra Dona Catherine como o dinheiro do pai dela está passando para o bolso dele e como o irmão galopa para a perdição, com ele abrindo as porteiras?" Ora, Srta. Linton, Joseph pode ser tudo, mas não é mentiroso; e, se o que ele diz da conduta de Heathcliff for verdade, quem o desejaria para marido?

O que a moça pensou depois do casamento (sim, ela casou com ele):

O Sr. Heathcliff é um homem? Se é, estará louco? Se não, será um demônio? Não lhe direi as minhas razões para lhe fazer essas perguntas, mas peço-lhe que me explique, se puder, com quem me casei:

Heathcliff por Heathcliff:

Nelly, você se recorda de mim com a idade dele. . . não, alguns anos mais moço. Alguma vez eu pareci tão estúpido, tão "burro", como diz Joseph?
— Pior, até — respondi —, porque era mais recalcado.
— Sinto prazer em vê-lo (Hareton) — continuou ele, como se pensasse em voz alta. — Satisfez as minhas expectativas. Se tivesse nascido idiota, eu não gostaria tanto. Mas ele não é idiota e compreendo bem os seus sentimentos, pois já foram os meus. Sei o que ele está sofrendo agora, por exemplo: e sei que é apenas o começo do que há de sofrer; e que ele nunca será capaz de emergir da sua crosta de rudeza e ignorância. Consegui mantê-lo mais dependente do que o canalha do pai dele me mantinha, e mais inferiorizado, pois ele se orgulha da sua animalidade. Ensinei-o a desprezar tudo quanto não é animalesco como coisas bobas e fracas. Não acha que Hindley ficaria orgu-lhoso do filho se o pudesse ver? Quase tão orgulhoso quanto eu estou do meu. Mas há uma diferença: um é ouro empregado para revestir o chão, o outro é latão lustrado a fim de parecer prata. O meu não tem por onde se possa pegar nele, mas eu hei de ter o mérito de esporeá-lo até onde ele possa ir. O dele tinha qualidades de primeira, que se perderam: embotei-as completamente. Eu nada tenho a lastimar; ele teria muito. E o melhor da festa é que Hareton gosta tanto de mim! Você há de convir que nisso eu ganhei de Hindley. Se o patife se erguesse do túmulo para me censurar pelos prejuízos causados ao filho, eu teria o divertimento de ver o filho voltar-se contra ele, indignado por ousar atacar o seu único amigo neste mundo!
Heathcliff soltou uma risada diabólica ao pensar naquilo.


Apesar destas declarações, ele é um homem que ama:

— Você mostra, agora, como tem sido cruel!... cruel e falsa. Por que me desprezou? Por que traiu o seu cora¬ção, Cathy? Não tenho uma única palavra de consolo. Você merece isto. Você matou-se a si mesma. Sim, pode beijar-me e chorar; pode espremer os meus beijos e as minhas lágrimas, que eles a queimarão... a danarão. Vo¬cê me amava. . . então, que direito tinha você de me aban¬donar? Que direito, responda-me! Em troca do capricho que sentia por Linton? Porque nem miséria, nem degrada¬ção, nem morte, nem nada do que Deus ou Satã poderiam infligir-nos poderia separar-nos... só você, pela sua pró¬pria vontade. Eu não lhe parti o coração. . . você é que o partiu; e, ao parti-lo, partiu também o meu. Tanto pior para mim que sou forte. Se eu quero continuar vivendo? Que espécie de vida vai ser a minha quando você. . . oh, meus Deus! Você gostaria de continuar a viver, com a sua alma na sepultura?

Termino, aqui, este post em defesa do selvagem Heathcliff! Leitura recomendável!

Omnia Vanitas.



7 de junho de 2013

A tal da Virgindade..




Estava lendo algumas reportagens na internet, especificamente, na Globo.com. Eu não assisto, com afinco, as novelas. Acho que a última foi "Lado a Lado", porém, sem uma assiduidade marcada.
Bom, a nova novela das vinte de uma, na Rede Globo, chama-se "Amor à Vida". Esses dias, vi uma chamada no site desta novela, algo relacionado à virgindade de uma das personagens. A personagem se chama Perséfone (na mitologia ela casou com Hades, forçada porém, diz a lenda, que ela acabou aceitando-o como marido depois que Deméter -seu pai- quis resgatá-la).
Ela é uma enfermeira, beirando os 40 anos, que ainda não teve relação sexual com nenhum homem. Ao que parece, ela anseia por isso, mas possui "requisitos" - ou os possuía - para que se entregasse ao ato sexual.

O que me deixou indignada é como é tratada a virgindade de Perséfone:

Para quem vem acompanhando as peripécias de Perséfone (Fabiana Karla) para resolver o seu maior problema, a virgindade, aí vai uma pérola: todos já sabem que a enfermeira está atrás de Daniel (Rodrigo Andrade) para que ele a ajude com isso e parece que o fisioterapeuta está disposto a resolver tudo, isso depois de ela dizer que tem um montão de cerveja para ele no apê dela!
Oi? Desde quando "virgindade" é problema? Que cultura é essa que impõe à alguém a necessidade de se envolver sexualmente com outra pessoa para que seja tratada como "normal"?

Eu fui virgem até os meus 24 anos. E nunca vi problema nenhum em ser virgem! Eu achava até divertido "escandalizar" algumas pessoas com essa situação. Eu brincava com minha irmã número 5, dizendo que eu iria bater o recorde dela (que não teve relação sexual até 20 anos). Claro que há o desejo, o libido que, por vezes, parece gritar à plenos pulmões; porém, na minha criação - e não a condeno - eu fui levada por princípios que fizeram com que eu me relacionasse somente nessa idade. E, sem querer frustar meu parceiro, eu poderia ter esperado mais um tempo até ter a primeira relação. Minha visão mudou muito desde aquele dia até hoje.
Atualmente, é tão comum ver adolescentes se relacionando sexualmente, com naturalidade. Algo semelhante à: "um mês namorando, então DEVEMOS transar". Sexo vai além do contato físico. A falta de preparo psicológico para lidar com essa situação é grande. Quantos adolescentes ficam pais e, como consequência, poucos conseguem educar seus filhos com a dignidade necessária: alimentação diária de qualidade, moradia, saúde, escolaridade etc. São pais precoces que não estão preparados para essa função. Os adultos, atualmente, não estão, imaginem, então, os mais jovens e inexperientes.

Podem me chamar de careta e retrógrada, fiquem à vontade, mas, para mim, sexo vai muito além de um simples contato de pele. Há sentimentos envolvidos. São poucos os que possuem discernimento para sair de um relacionamento sem mágoas. Pouquíssimos. O problema não está no sexo, está em relacionar-se com o outro. Sexo é a melhor parte, concordo, mas não é o que garante bons frutos na relação.
Pense comigo, porque se entregar à alguém que não irá respeitar-lhe, cuidar e amar-lhe. Não, eu não li Jane Austen excessivamente. Porém, eu acredito que minha liberdade está em não escolher fazer sexo com outra pessoa porque meus princípios me guiam para isso.
Que liberdade opressora é essa que quer me obrigar a transar para ser "livre"!! Que ditadura é essa que me diz que eu preciso ter vários parceiros para ser vista como "livre"!! De onde tiraram esse absurdo??
Eu quero ser respeitada como mulher, mas não é por isso que vou me relacionar sexualmente a torto e a direito. Quem disse que só poderei ganhar respeito desta forma?
Sou cristã, livre para escolher as minhas atitudes. Eu sigo à Cristo - ninguém me impôs isso, eu escolhi aceitar o sacrifício vicário de Jesus. Eu vivo mediante essa fé. Podem me achar carola, medíocre, ignorante, o que for. São vocês, não sou eu que pensa isso sobre mim. Tenho formação acadêmica, leitura suficiente e fé para discernir o que é bom ou não para mim. Não venham com aquele papo tolo que todo crente é burro!
Sou mulher para escolher se quero ou não ter relação sexual. Assumo minhas atitudes, quer gostem ou não.  Aceito o sacrifício que cada escolha traz.

Omnia Vanitas.


2 de junho de 2013

Alfarrábio..


Reportagem abaixo encontrada no blog da Veja

Eu sou adepta à compra de livros de segunda mão. É uma ótima maneira de ser sustentável nesta Era. Já escrevi algo em relação à isso, portanto, para não repetir post, clique aqui. ou, na imagem ao lado descrita como: "Campanha do Livro Usado".
A menos que algum estudioso desencave um documento de época que nunca veio à luz, a consulta de Bruno não tem uma resposta definitiva, do tipo que se possa escrever na pedra. Sebo como sinônimo de alfarrábio, ou seja, loja de livros usados, é um brasileirismo que surgiu informalmente, a princípio como gíria, e sobre sua origem tudo o que há são especulações. Isso não nos impede de, por eliminação, chegar a uma resposta provavelmente correta, como veremos adiante.
Primeiro, vamos às eliminações.
A tese do SEcond-hand BOok me parece mais falsa do que promessa de candidato a vereador. Talvez fosse defensável se houvesse em inglês, mesmo que apenas num vilarejo esquecido do País de Gales, a palavra sebo com o mesmo sentido, mas não há. Seria necessário imaginar a existência em algum ponto da história de um estabelecimento comercial brasileiro, anglófono e com peso cultural suficiente para dar origem a uma acepção popular – e do qual, apesar dessa popularidade, não restasse registro algum. Na seara da etimologia fantasiosa, que agrada a tanta gente, prefiro a tese que deriva sebo das iniciais S.E.B.O., isto é, Suprimentos Econômicos para Bibliófilos Obsessivos. Soa melhor, não soa? O único problema é que acabo de inventá-la.
A história da velha vela de sebo que escorre sobre as páginas não chega a ser exatamente delirante, mas também reluto em comprá-la – mesmo a preço de sebo. O maior problema aqui é cronológico: tudo indica que a acepção livreira de sebo entrou em circulação em meados do século 20, quando a leitura à luz de velas já era história antiga.
Há quem cite ainda, para acrescentar à confusão uma tese não mencionada por Bruno, o caminho erudito que o etimologista brasileiro Silveira Bueno encontrou para explicar o sentido da palavra “sebenta”, que em Portugal é sinônimo de apostila, caderno de apontamentos das lições dadas em sala de aula. O estudioso foi buscar a origem do termo no português arcaico “assabentar”, isto é, instruir, o que é interessante. Mas Silveira Bueno em momento algum sugere que se recorra à etimologia de “sebenta” para explicar sebo. Além do fato de a primeira palavra ser portuguesa e a segunda, brasileira, apostilas usadas nunca foram itens característicos de tal tipo de comércio.
Resta de pé, assim, a hipótese mais simples: a de que essa acepção de sebo (do latim sebum, “gordura”) tenha surgido como metonímia brincalhona a partir da ideia irrefutável de que livros muito manuseados ficam ensebados, sujos, engordurados. Com poucas exceções, a simplicidade costuma ser um bom norte para quem navega no mar alto da etimologia. Essa tese eu compro sem susto – pelo menos até alguém descobrir num sebo um volume sebento no qual fique provado que S.E.B.O. não era uma ideia tão maluca, afinal.

O caso do cachorro ..

 Olá, esquecido leitor !   Apesar de passar muito tempo longe deste blog, tentei voltar algumas vezes mas o tempo nem sempre está do meu lad...