27 de janeiro de 2013

Sofrimento de Massa..


Hoje, mais uma tragédia se transformou em vírus. O episódio triste que ceifou muitas vidas no Estado do Rio Grande do Sul se alastrou por todas as mídias.
Eu não sou indiferente ao sofrimento deles; realmente, é uma catástrofe o que houve porém, uma repulsa é inevitável quando ouço, leio e vejo que todos resolveram "sofrer" também.
Sem conhecimento de causa nenhum, somente uma necessidade explícita e ignorante de querer fazer parte de uma massa de "sofredores" se alastrou pólvora e julgamentos, sem conhecimento ínfimo, preenchem todos os espaços livres e gratuitos das redes de comunicação.
Eu desafio você a abrir uma página de relacionamento e não ler, no mínimo, um absurdo sobre o assunto, um sensacionalismo ou uma fé ignorante que está recheando e contribuindo para a propagação de besteiras sobre o tema.

Sofrimento, sério? Eu acredito no sofrimento das pessoas que passaram por essa situação, ou alguma perda semelhante; outros estarão "sofrendo" até que a matéria deixe de ser a coqueluche do momento e sejam levadas por outro vento que preencherá suas vidas e mídias fúteis.

No mais, podemos apenas orar pelos enlutados.

Omnia Vanitas

22 de janeiro de 2013

O Véu Pintado..


Eu não errei ao escolher o primeiro livro para 2013. O Véu Pintado me arrebatou!

Eu já era apaixonada pelo filme O Despertar de Uma Paixão que é baseado no livro, mas o livro! Ah! Que leitura deliciosa! Que afago ao meu humilde intelecto!

Ao iniciar a leitura, tentei não focar no filme - visto que os personagens são diferentes em ambos os gêneros. E, mesmo sem o romance melancólico, o livro é, sem dúvida, muito superior ao filme. Quantas lágrimas verti por Walter Fane! Ah! Quantas! Quanto orgulho tive de Kitty Fane!

Kitty é uma garota fútil e inútil que possui uma beleza estonteante e um gosto esfuziante por aquilo é vão. Jovem, vê todos os homens caírem aos seus pés com pedidos de casamento tolos. Ela menosprezava a todos. Porém, aos 25 anos ela vê sua irmã de 18 prestes a casar antes dela. Desesperada, aceita a proposta de Walter Fane. Casam-se e ela parte para uma jornada que mudará sua vida.

Walter Fane é um médico, especialista em bacterologia e trabalha para o governo. Perdidamente apaixonado por Kitty e rejeitado por ela, Walter tenta exprimir todo o seu sentimento pela amada buscando algum sentindo no mundo superficial que ela vive. Tímido, suas ações e feições não deixam transparecer o quão mortalmente é apaixonado por aquela boneca de porcelana de coração vazio. E, ao casarem, pouco dessa situação muda.
Walter é resguardado quanto ao seus sentimentos, e a menor desaprovação ou ridicularização da amada sobre si, fecha-se como ostra.

Kitty tem verdadeiro pavor e horror ao marido. Porém, sente-se lisonjeada, em algumas circunstâncias, com os cuidados que ele tem para com ela. Nunca o amou, nem por piedade. As relações sexuais com o marido lhe davam asco, mas cumprira seu papel.

Entra nesta relação conturbada o bon vivant Charles Townsend e sua despreocupada esposa, Dorothy.

Kitty encontra em Charles todo a sensualidade, alegria e riso fácil que não encontra no marido, e torna-se sua amante.

A devoção de Walter por Kitty é abalada ao descobrir a traição da esposa. Chocado e colocando-se ainda mais em um ostracismo quase sem volta, ele decide levá-la ao centro epidêmico da cólera: Mei Tan Fu, China.

O ano era 1925. Divórcio? Sem chance para Kitty. Ele a levou à epidemia.

O livro é dedicado à Kitty. Walter torna-se um personagem chave para levá-la à transformação de caráter da fútil senhora; porém, Walter não está em foco. Kitty é o foco. Se ele não está com ela, é descartável.

Mesmo percebendo que a esposa está em transformação, as atitudes dele permanecem as mesmas desde o dia que ele anunciou saber da traição dela até o dia de sua morte.

Ela sabia que o golpe dado no marido havia sido fatal. Não haveria volta para o casal. Ele a amava e não perdoara a si e à ela por estar sofrendo.

Durante os trabalho no convento francês no centro de Mei Tan Fu, Kitty descobrira uma nova forma de olhar a vida: através da morte iminente.
A nova personalidade da senhora Fane começa a ser moldada. Primeiramente, ela descobre que seu marido não é um cubo de gelo, alguém sem apego ao próximo. No convento, todas as freiras o adoram. Seu trabalho é louvado e sua coragem enaltecida. O apego de Walter pelas crianças é chocante para Kitty. Ela dividia o pobre bangalô com um ser humano - indecifrável, mas completo.

O olhar sobre o marido mudou. Não o amava, mas sentia-se orgulhosa por ser esposa de um homem inteligente, íntegro, humano. Procurava ultrapassar a barreira criada entre eles, mas Walter a mantinha à distância. Convivia com a esposa como se estivesse acompanhado por uma pessoa estranha, onde somente uma conversa absolutamente necessária os levavam ao diálogo.

O trabalho no convento a evolui consideravelmente. Ela questiona seus antigos conceitos e seu amor por Charles Townsend - que havia saído dos seus sonhos e pensamentos de modo que ela não percebera.

Ele já não importava mais. Ela era útil. Tinha uma função na qual era necessária. Pessoas dependiam do seu trabalho. Ela não estava feliz, estava satisfeita.

A proximidade com um inglês, o senhor Waddington, também agregada à sua mudança. Foi ele quem a apresentou às freiras francesas e quem a passava as tarde a conversar com Kitty quando Walter estava fora.

Conforme Kitty percebia a sensibilidade da vida, suas formas de encará-la alteravam.
Kitty não é uma heroína, ela é humana. Cometeu erros e acertos. Nunca amou Walter, nem por conveniência ou para agradá-lo. Não mentiu, quando era possível, sobre não saber quem era o pai do seu filho: Charles ou o marido. Não se esforçou para ser aquilo que se esperava dela: não chorou a morte dele. Foi trabalhar no dia seguinte e ficou ainda uma semana em Mei Tan Fu antes das freiras, gentilmente, a mandarem embora. Ela recusava ir. Era útil naquele lugar, poderia ajudar.
Porém, grávida, as freiras a convidaram a voltar para a casa de seus pais, na Inglaterra.
O caminho de volta foi cheio de surpresas. Descobriu que Walter foi considerado um mártir, Charles Townsend continuava um canalha e que ela o desejava.
Sua mãe não estava mais presente, então foi viver com seu pai em Bahamas, jurando educar sua filha (deseja que fosse) para ser uma mulher independente e conhecedora do valor que há na vida.

O livro é maravilhoso. Ele mostra ao leitor que há um sentido na vida que é deixado de lado na correria do dia a dia e, dessa forma, agregasse outros valores à ela.
Kitty conheceu os dois lados da vida: o fútil e o verdadeiro sentido, onde há pessoas morrendo diariamente, seja por doença, pela mão do próximo ou por suicídio. Uma vida que é feita de sacrifícios: onde a alegria e satisfação está na abnegação de algo e não, necessariamente, no conforto e consumo exagerado. As freiras a ensinaram que servir é fazer-se feliz em ajudar ao próximo para vê-lo feliz.
E as freiras eram enigmáticas para Kitty; havia algo nelas que as distanciavam de Kitty - ela não entendia o que era. Eu senti que a espiritualidade da protagonista estava sem um norte. Ao longo da trama é percebível a insatisfação dela com essa distância entre as senhoras do convento e ela.

A vida é frágil, é um véu: fino e delicado e tênue com a morte.
Kitty aprendeu que uma mulher pode ser útil e independente de um homem.
Ela sofrera por ser criada para ser uma boneca de luxo, vista como um bem a ser adquirido por um homem que a desejasse; que em troca ganharia uma casa, dinheiro e filhos.
Kitty percebeu que poderia ser mais do que um objeto cobiçado. Ela pode fazer seu próprio destino.
Seu casamento com Walter seria, e foi, um total fracasso: estaria presa a um homem que a desprezava por não ser aquilo que ele imaginou que ela fosse.
Ela decidiu não ser o que os outros querem, ela seria ela mesma, renovada.

O livro foi posto na prateleira em meio a lágrimas.
Inicio, hoje, outra leitura, mas Kitty nunca será esquecida! Eu a odiava, e agora a amo.

Omnia Vanitas.


2 de janeiro de 2013

Fuja do filme, leia o livro..


Eu não quero escrever muitas linhas sobre minha paixão pela literatura Tolkieniana. Não consigo apontar um livro que tenha me desagradado. "O Silmarillion" é magnífico, "O Hobbit" é encantador, "O Senhor dos Anéis" é isento de rivais que se assemelhem à seu nível (por favor, não cometam a tolice de comparar os livros George Martin com as obras de Tolkien).

Dia 22/12/12 fui assistir, finalmente, ao filme.
Tive que conter minha emoção quando ouvi Bilbo dizer: "Numa toca no chão vivia um hobbit". Li tantas vezes essa frase, imaginei tantas vezes a cena que foi impossível não ter um nó na garganta. Foi como se minha história estivesse sendo contada. Foi como se eu pudesse estar lendo aquela maravilhosa história, naquela hora.

Adorei a chegada dos anões. Thorin Escudo de Carvalho = uau! Esse é o lado bom do cinema: transforma um anão feio e careca em um bonitão forte, de cabelos longos, olhar penetrante e chega! (haha).

É improvável não gostar do filme. É impossível não se divertir! Foi um roteiro bem escrito. Torná-lo uma trilogia foi uma ideia inteligente e rentável (esperam os produtores). Estava esperando pelo fim, queria saber onde o livro seria "cortado". Foi um bom final.

Gostei da fina sintonia que o filme apresentou sobre o pensamento de Gandalf a respeito de Saruman, o Branco.

Outra coisa que eu me apaixonei foi pelos gigantes de pedra! Uau! Adorei a cena! Colinas de pedra, vivas, tornando um pensamento infantil realidade! Ué, quem nunca imaginou que trovões fossem resultado de um grande jogo de boliche?
Peter Jackson apresentou de uma forma muito linda e bem produzida os gigantes de pedra!

Realmente, gostei do filme, mas não troco pelo prazer de ler o livro.

Porém, um ponto me deixou muito chateada: a apologia às drogas que o filme faz.
O Hobbit não foi escrito para crianças, porém, toda criança deveria ser estimulada a ler esta obra.
O filme foi muito infeliz ao apresentar Radagast, o Castanho em um consumidor de cogumelo e Gandalf, o Cinza em um consumidor de "erva".
Eu não permitirei que uma criança assista ao filme. Esses não são os personagens de Tolkien. Esta não é a ideia de Tolkien.
Em seu tempo, foi muito comum o hábito de fumar cachimbos. Muitos clérigos tinham esta prática. Hoje em dia essa ideia é abolida no meio eclesiástico e, comumente, pouco praticada.
Muitas são as fotos de C.S. Lewis e Tolkien fumando seus cachimbos. Porém, nunca foi a intensão de ambos propagar o uso de drogas, como foi mostrado no filme. Foi muito triste e degradante esta escolha.

Termino este post explicando a foto acima. Foi o presente que ganhei de uma amiga. Adorei!! Ainda mais por hoje ser aniversário de nascimento deste escritor (?).
Será mesmo Tolkien somente um escritor? Para mim, ele é o Criador de Arda, da Terra Média, de Hobbinton e de toda a magia que há em Mestre Gil de Ham, Roverandom, Smith of Wootton Major ...
Ao criador, meu humilde agradecimento e minha sincera gratidão.

O caso do cachorro ..

 Olá, esquecido leitor !   Apesar de passar muito tempo longe deste blog, tentei voltar algumas vezes mas o tempo nem sempre está do meu lad...