5 de abril de 2012

Tu és este Homem...



Estava lendo "O Visconde de Bragelonne", quando lembrei do Rei Davi! Leiamos o texto lembrado...


E o SENHOR enviou Natã a Davi; e, apresentando-se ele a Davi, disse-lhe: Havia numa cidade dois homens, um rico e outro pobre.
O rico possuía muitíssimas ovelhas e vacas.
Mas o pobre não tinha coisa nenhuma, senão uma pequena cordeira que comprara e criara; e ela tinha crescido com ele e com seus filhos; do seu bocado comia, e do seu copo bebia, e dormia em seu regaço, e a tinha como filha.
E, vindo um viajante ao homem rico, deixou este de tomar das suas ovelhas e das suas vacas para assar para o viajante que viera a ele; e tomou a cordeira do homem pobre, e a preparou para o homem que viera a ele.
Então o furor de Davi se acendeu em grande maneira contra aquele homem, e disse a Natã: Vive o SENHOR, que digno de morte é o homem que fez isso.
E pela cordeira tornará a dar o quadruplicado, porque fez tal coisa, e porque não se compadeceu.
Então disse Natã a Davi: Tu és este homem.
2 Samuel 12:1-7


Porque lembrei do Rei Davi...

Antes, uma contextualização:
O rei Luiz XIV está apaixonado por Luíza, noiva de Raul. O caso é que a garota corresponde ao sentimento do rei. O rei é casado com Maria Tereza. Porthos - barão du Vallon, à pedido de Raul - Visconde de Bragelonne, foi até o conde de Saint Aignan (amigo do rei e intermediário dessa aventura amorosa) "convidá-lo" para um duelo, visto que não pode chamar o rei para duelar - convoca, então, o cúmplice. Juridicamente, dá no mesmo.
Agora, vamos ler o que Saint Aignan conversara com o rei Luiz XIV:

- Vossa majestade conhece o barão du Vallon?
- Oh! Se conheço! Um belo servidor de meu pai! E um belo conviva, por minha vida! É aquele que jantou conosco em Fontainebleau que tu queres falar?
- Justamente, real senhor, mas vossa majestade esquece-se de juntar às suas belas qualidades a de amável matador de homens.
- Como! O sr. du Vallon quer matar-te?
- Ou fazer com que me matem, o que vem a dar na mesma.
- Essa é boa!
- Não zombe, real senhor, o que digo a vossa majestade é pura verdade.
- E tu dizes que ele quer fazer com que te matem?
- É, presentemente, a ideia desse amável fidalgo.
- Fica descansado, que eu te defenderei, se ele não tiver razão.
- Ah! Emprega um "se", real senhor?
- Sem dúvida, Saint Aignan; vamos, responde como se se tratasse de outra pessoa: tem ele ou não razão?
- Vossa majestade vai julgá-lo.
- Que lhe fizeste tu?
- Oh! A ele nada; parece, porém, que ofendi um dos seus amigos.
- E esse amigo é algum dos quatro famosos?
- Não; é o filho de um dos quatro famosos, o que é o mesmo.
- Que fizeste tu a esse filho? Vejamos.
- Ajudei alguém a tirar-lhe a namorada.
- E confessas semelhante atentado?
- Não tenho outro remédio senão confessá-lo, visto que é verdade.
- Neste caso fizeste mal.
- Ah! Fiz mal!
- Sim, por minha vida; e se ele te matar...
- Que mais?
- Será com razão.
- Ah! Eis aí como julga, real senhor.
- Achas mau o método?
- Parece-me expedito de mais.
- A boa justiça é pronta, dizia meu avô Henrique IV.
- Nesse caso assine vossa majestade já o perdão do meu adversário, pois está esperando por mim em Vincennes para me matar.
- Dize-me o seu nome e dá-me um pergaminho.
(...)
- É o visconde de Bragelonne.

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