Olá, determinado leitor!
Essa semana que passou, eu terminei a segunda leitura do segundo romance da caçulinha das Brontë, A Senhora de Wildfell Hall. Eu adorei! Incrível!
Este foi o segundo e último romance publicado por Anne Brontë. Sua primeira publicação ocorreu no ano de 1848 e, após a morte da autora, Charlotte Brontë não permitiu que fosse novamente por achar a obra violenta, e, claro, o abuso do álcool era baseada na vida promíscua do irmão e isso não agradou Charlotte. Apenas após a morte de Charlotte este livro voltou a ser publicado - e, também, em algumas edições alguns trechos foram emitidos pelos mesmo motivos que chocaram Charlotte - uma pena.
Quando eu li Agnes Grey, a figura de Rosalie Murray ficou gravada na minha memória. Em A Senhora de Wildfell Hall essa personagem voltou à minha lembrança.
Helen é uma jovem rica, órfã de mãe e criada pelos tios. Em sua estadia com os parentes fora da região rural, Helen é pressionada a escolher como futuro marido alguns pretendentes que sua tia acha conveniente para um futuro casamento. Helen descarta as orientações da tia, e, ao encontrar Arthur Huntingdon se apaixona de imediato. Contrariando os conselhos da tia, Helen decide casar com Arthur mesmo sabendo das falhas morais do rapaz - pois ela julgava ser capaz de mudar com seu amor de dedicação ao amado tornado o lar um lugar capaz de demolir os possíveis vícios do marido. Ledo engano. A moralidade de Arthur é decadente em vários aspectos e a protagonista se vê presa em um relacionamento abusivo com poucas chances de sair dele.
Neste livro Anne Brontë trata com a maior realidade possível o que abuso do álcool pode causar ao usuário e àqueles que lhe são próximos (e íntimos). Mas, principalmente, Anne nos mostra como os "erros" masculinos eram perdoáveis (e incentivados) em relação à conduta que uma mulher deveria ter.
A chegada de Helen causa curiosidade na vizinhança: quem é aquela mulher de caráter sisudo, apegada ao filho de modo excessivo, e como pôde alugar uma casa tão velha como aquela e, como seu filho pode ser tão parecido com seu senhorio?
Helen percebe sua vida se tornar insuportável quando fofocas sobre ela começam a rodar pela região e o seu relacionamento com o senhorio é visto com malícia por Gilbert Markham... então o leitor e apresentado ao seu diário através dos olhos do jovem e apaixonado fazendeiro Markham.
Uma outra situação que chamou a minha atenção foram as mães. A senhora Markham cobre Gilbert de cuidados e atenções - sua alimentação precisa ser preparada assim que ele chega pois mesmo atrasado ele não pode ter uma refeição fria. E ele a trata com pouca educação, às vezes exige que ela saia de perto de si, outras bate a porta ou responde com uma grosseria.
Desde o início eu não gostei de Gilbert, e o tratamento de menino mimado me deixava com mais desgosto ainda. O mesmo ele fez com Helen: a cena de ele segurando o livro de Lawrence nas mãos e mostrando para a inquilina de Wildfell Hall me deixou irritada! Eu teria tirado o livro da mão dele e dito: "a porta para o senhor sair da minha casa é esta"! Muito mimado!
Deixo uma nota especial para a gravidez de Helen. Nenhuma menção. A Era Vitoriana não gostava de mostrar uma mulher grávida pois seria uma vergonha saber que as mulheres casadas faziam sexo com seus maridos - porém, em contradição, era preciso que uma mulher tivesse uma prole de número alto para mostrar que era uma mulher capaz de gerar uma família numerosa.
A gravidez de Helen é só dita uma vez quando Huntingdon quer que sua esposa fique longe dele, a desculpa é esta:
(...) Você anseia pelas brisas frescas de sua casa no campo e vai senti-las em dois dias. E lembre-se de seu estado, querida Helen. De sua saúde depende a saúde, se não a vida, de nossa esperança futura". (p. 225)
Este livro é maravilhoso; eu o deixarei sempre perto de mim para uma pronta releitura!
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