Olá, realista leitor!
Quando eu iniciei a leitura de O Seminarista, duas obras foram citadas no prefácio: Eurico, o Presbítero (Alexandre Herculano) e O Crime do Padre Amaro (Eça de Queiroz).
Infelizmente, o livro do Alexandre Herculano está na minha biblioteca lá na casa dos meus pais. Felizmente, Eça de Queiroz estava à mão.
Que livro!!!
Eu achei que a leitura estaria comprometida por eu conhecer o final da história. Ledo engano. Nada se perdeu durante a leitura por este motivo. Até gostei do Amaro Vieira - pelo menos até o capítulo XII.
Esta obra de Eça (e também outras, como Os Maias) causou burburinho quando do seu lançamento. Qual! Falar assim do clero e da instituição eclesiástica não deveria ser permitido. Mas o foi!
Eça de Queiroz apresenta uma sociedade mesquinha, habilidosa e sem virtude na figura do clero da pequena cidade de Leiria. O poder dessa classe era tão forte que ditou o modo de vida da região; ditando casamentos, empregos e vícios.
Amaro Vieira é um órfão que ficou sob a tutela da família na qual seus pais eram empregados. Franzino e de compleição submissa e tímida, sua tutora, ao falecer, o deixou de herança uma função: tornar-se padre. Padre? Justo à Amaro que adorava a companhia da mulheres, seus paparicos e chamegos. Porém, não tinha ideia do que ser na vida, mas sabia que padre não queria ser. Nunca compreendeu aqueles que se engajaram na profissão por amor a ela. Mas padre se tornou. Seu tempo de seminário foi um suplício e, não fosse pelo conde Ribamar, genro da sua tutora, viveria em uma comunidade serrana - totalmente fora dos centros urbanos onde ferviam atualidades e mulheres lindas.
Leiria foi um ótimo celeiro para Amaro. Uma cidade repleta de vícios religiosos onde a figura da igreja - seja qual o seu cargo, era respeitada como o próprio Deus - e tão pouco questionável quanto o próprio.
Apesar de se chocar com esta sociedade no início, Amaro fácil se acostumou a ela - visto que sempre um janota que aprecia tudo o que é bom e de fácil acesso.
Amélia Caminha é uma jovem de Leiria criada por uma mãe carola. Viveu sempre rodeada pelo clero e ouvindo história sobre esta classe de forma romanceada: uma mulher que perdeu o amor do sua vida e tornou-se freira para não se entregar a outro homem, ou o padre que se apaixonou por uma freira que teve a sua vida eclesiástica ofuscando essa paixão e blá-blá-blá.
Então, para uma jovem de vinte e três anos foi fácil apaixonar-se pelo bonito padre que chegou na região: Amaro Vieira.
Eça de Queiroz deixa muito claro como o clero abusou do seu poder sobre as mentes fracas de seus seguidores. Criticou, também, o sacerdócio sem a vocação e como isso pode levar a uma função fora dos propósitos da fé.
Todos os personagens, desde o menor até o principal apresentam vícios e caráteres que são baixos na personalidade humano. Pessoas mesquinhas e inclementes, orgulhosas, avarentas e odiosas.
Porém, antes de terminar a obra, Eça apresenta um personagem carismático e exemplo de sacerdócio. É uma flor em meio as ervas daninhas.
Eu adorei a leitura desta obra, e, assim como minha mãe, odiei o Amaro - e fui torcedora fiel de João Eduardo (outro queridão que coloquei na minha lista junto com Ferrão).
Omnia Vanitas. 💀
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