28 de fevereiro de 2020

Leitura nove..



Olá, anônimo leitor!

Fim a leitura do romance Clara dos Anjos, de Lima Barreto. Na verdade, terminei apenas a leitura do romance pois, nesta edição há alguns contos do autor. Mas, como o título do livro remete somente ao romance, esta publicação se aterá somente a ele.

Clara dos Anjos é a única filha de Joaquim e Engrácia - única filha que sobreviveu. Eles moram no subúrbio carioca e é nessa sociedade que todo o romance é passado. 

Lima Barreto apresenta a história de cada personagem do subúrbio. O romance, então, não se concentra apenas em Clara, mas faz da personagem o motriz que leva o leitor para conhecer a vida privada das outras pessoas da trama. 

Cada vida é apresenta em sua dignidade e seu vício; as famílias e os princípios que as regem. A leitura não está ligada ao personagem central - Clara - porém, todos a sua volta tornam-se participantes da sua vida e, alguns, fatais ao seu destino. 

Clara dos Anjos apaixona-se por Cassi Jones de Azevedo. Ambas as famílias criam seus filhos através da dignidade.
O núcleo Dos Anjos vêem na única filha sobrevivente o motivo de orgulho e preocupação. Rodeada de cuidados excessivos, Clara pouco conhece ou se envolve com a sociedade ao seu redor - fora a vizinha e algumas poucas amigas. Protegida e com pais que pouco prezam em designar a filha uma aprendizagem adequada para sua vida em sociedade - desta forma impedem que a menina tenha conhecimento sobre atuar em uma relação extra-família. 
Esse "aprisionamento" molda na protagonista uma personalidade fraca e inocente. Com todos esses cuidados excessivos, Clara não cria um discernimento sobre o caráter das outras pessoas.  
Enquanto a mãe a mantém presa em casa para a segurança da menina, o pai pouco a vê (pois trabalha de manhã até à noite). Ambos desejam que a menina tenha um bom casamento - desde que não seja com Cassi Jones, à quem mantém longe dos olhos da filha (ou pelo menos assim acham).
Todos esses cuidados são somente um motivo para que Clara se rebele - dentro da sua personalidade - contra as opiniões que os pais tem do rapaz.

Cassi Jones vem de uma família que, para o orgulho de dona Salustiana, apenas possui o subtítulo de um parente do passado. Apesar da mãe orgulhosa e totalmente cega aos maus feito do filho, o pai, senhor Azevedo, é um pais austero que ignora e expulsa o filho do convívio familiar à fim de não deixar que suas duas outras filhas (Catarina e Irene) sejam privadas de bons casamentos e sociedade por causa das atitudes do filho. 

Clara dos Anjos mostra a diferença social, mas, principalmente, racial de uma sociedade suburbana em formação. Os agouros e sonhos de pessoas que precisam sobreviver mediante sua dignidade, apesar da condição econômica e discriminação racial que vivem -e a última frase do romance mostra o desespero destas pessoas. 


Omnia Vanitas 💀



24 de fevereiro de 2020

Leitura oito..



Olá, indeciso leitor!

Ainda não sei se gosto deste livro. 

Quando peguei esse livro na estante, logo achei que seria uma dessas história arrebatadores de Aluisio Azevedo. Enganei-me. 

Primeiramente, esta história se passa em Paris, no século XVII. Péssimo! 
Em segundo lugar, eu não achei os personagens cativantes ou bem envolvidos na trama. O enredo parece pular de um lugar para outro sem muito sentido. Personagens são deixados para trás sem motivo aparente. 

E a trama é a seguinte: um órfão é deixado na porta de um seminário e, um padre que buscava por sua remissão de uma vida libertina, encontrou no menino a sua absolvição.
Angelo, este é o nome do órfão, foi criado para se tornar um eclesiástico perfeito, sem mácula ou qualquer tipo de vício que o pudesse tirar a virtude - incluindo a sua virgindade. 
O garoto teve pouco convívio social, morou durante muito tempo dentro de uma espécie de sótão e só conversava com pessoas que não poderiam tirá-lo do caminho de fé traçado pelo seu "pai", Ozéas.

E, para mim, só os nomes já começaram errado. França com Angelo e Ozéas não me cativaram. 

A ideia do menino viver no clausuro para tentar criar um homem sem vícios, bacana! Mas, sem aviso prévio, levá-lo para uma grande multidão ouvir  a sua primeira pregação e, ainda assim, levar todos às lágrimas - achei forçado.
E a paixão repentina pela cortesã que - só e olhar - enche o rapaz de amor puro e sincero. Não comprei a ideia. 

E esta foi a primeira parte.

A segunda parte mostra o jovem Angelo vivendo sozinho, pensando em Alzira - que se muda para a região onde o jovem e virtuoso padre mora. O segundo encontro deste casal é surreal e até anima um pouco o desenrolar da segunda parte quando o jovem padreco tem lá os seus sonhos. Mas ainda assim é uma história sem muito atrativo. 

Assim como em O Seminarista, de Bernardo Guimarães, o jovem toma a sua decisão entre a vida eclesiástica ou a  vida com Alzira. 
Mas algumas pontas ficam abertas.

Como já mencionei, depois de ler O Cortiço e O Mulato, ficou muito difícil engolir A Mortalha de Alzira como uma obra de Aluisio Azevedo. 

Leitura sete..


Olá, realista leitor!

Quando eu iniciei a leitura de O Seminarista, duas obras foram citadas no prefácio: Eurico, o Presbítero (Alexandre Herculano) e O Crime do Padre Amaro (Eça de Queiroz).
Infelizmente, o livro do Alexandre Herculano está na minha biblioteca lá na casa dos meus pais. Felizmente, Eça de Queiroz estava à mão.

Que livro!!!

Eu achei que a leitura estaria comprometida por eu conhecer o final da história. Ledo engano. Nada se perdeu durante a leitura por este motivo. Até gostei do Amaro Vieira - pelo menos até o capítulo XII.

Esta obra de Eça (e também outras, como Os Maias) causou burburinho quando do seu lançamento. Qual! Falar assim do clero e da instituição eclesiástica não deveria ser permitido. Mas o foi!

Eça de Queiroz apresenta uma sociedade mesquinha, habilidosa e sem virtude na figura do clero da pequena cidade de Leiria. O poder dessa classe era tão forte que ditou o modo de vida da região; ditando casamentos, empregos e vícios.

Amaro Vieira é um órfão que ficou sob a tutela da família na qual seus pais eram empregados. Franzino e de compleição submissa e tímida, sua tutora, ao falecer, o deixou de herança uma função: tornar-se padre. Padre? Justo à Amaro que adorava a companhia da mulheres, seus paparicos e chamegos. Porém, não tinha ideia do que ser na vida, mas sabia que padre não queria ser. Nunca compreendeu aqueles que se engajaram na profissão por amor a ela. Mas padre se tornou. Seu tempo de seminário foi um suplício e, não fosse pelo conde Ribamar, genro da sua tutora, viveria em uma comunidade serrana - totalmente fora dos centros urbanos onde ferviam atualidades e mulheres lindas. 
Leiria foi um ótimo celeiro para Amaro. Uma cidade repleta de vícios religiosos onde a figura da igreja - seja qual o seu cargo, era respeitada como o próprio Deus - e tão pouco questionável quanto o próprio. 
Apesar de se chocar com esta sociedade no início, Amaro fácil se acostumou a ela - visto que sempre um janota que aprecia tudo o que é bom e de fácil acesso.

Amélia Caminha é uma jovem de Leiria criada por uma mãe carola. Viveu sempre rodeada pelo clero e ouvindo história sobre esta classe de forma romanceada: uma mulher que perdeu o amor do sua vida e tornou-se freira para não se entregar a outro homem, ou o padre que se apaixonou por uma freira que teve a sua vida eclesiástica ofuscando essa paixão e blá-blá-blá.
Então, para uma jovem de vinte e três anos foi fácil apaixonar-se pelo bonito padre que chegou na região: Amaro Vieira. 

Eça de Queiroz deixa muito claro como o clero abusou do seu poder sobre as mentes fracas de seus seguidores. Criticou, também, o sacerdócio sem a vocação e como isso pode levar a uma função fora dos propósitos da fé. 
Todos os personagens, desde o menor até o principal apresentam vícios e caráteres que são baixos na personalidade humano. Pessoas mesquinhas e inclementes, orgulhosas, avarentas  e odiosas. 
Porém, antes de terminar a obra, Eça apresenta um personagem carismático e exemplo de sacerdócio. É uma flor em meio as ervas daninhas. 

Eu adorei a leitura desta obra, e, assim como minha mãe, odiei o Amaro - e fui torcedora fiel de João Eduardo (outro queridão que coloquei na minha lista junto com Ferrão).

Omnia Vanitas. 💀



14 de fevereiro de 2020

Leitura seis..



Fim de mais uma leitura!

Foi o primeiro livro de Bernardo Guimarães que eu li. Eadorei!

A trama gira em torno de Eugênio Antunes, filho único destinado pelos pais a se consagrar padre. 
O sacerdócio elevaria o "status" da família na sociedade local, o que é desejado pelos pais do menino.

Eugênio tem um caráter tímido e submisso e, mesmo que tente ir contra a vontade dos pais e autoridades do seminário, acaba por acatar o que dizem. 

O grande empecilho para a realização dos sonhos dos Antunes é a afilhada deles: Margarida. 

A menina foi criada na companhia de Eugênio e, sem perceberem, estavam apaixonados.
Ao contrário do rapaz, Margarida tem caráter forte e independente. Mesmo em meio ao revés que sua paixão por Eugênio lhe causa, mantém-se determinada a não quebrar a promessa feita ao rapaz.

Em meio ao romance deste casal quase shakespeariano, há uma crítica sobre aqueles que são levados ao sacerdócio sem a vocação, ao ensino que dispõem nestas instituições e, claro, a eterna guerra de classes sociais nas figuras de Umbelina (mãe de Margarida) e os pais de Eugênio. 

O livro é envolvente em sua trama simples - e nada monótona. Eu não conseguia ficar com os olhos longe da leitura e, na primeira noite de leitura, avancei a noite adentro lendo. Vale muito dedicar o tempo para esta obra de Bernardo Guimarães. 

O caso do cachorro ..

 Olá, esquecido leitor !   Apesar de passar muito tempo longe deste blog, tentei voltar algumas vezes mas o tempo nem sempre está do meu lad...