22 de setembro de 2012

Vela Caseira..


Hoje foi dia de arte na cozinha! Fiz esta linda vela com alguns materiais que eu já tinha em casa. Por isso, ela foi batizada de "Vela Sustentável".

Abaixo, a lista dos materiais que encontrei:

- velas pequenas de aniversário (40 unidades usadas);
- dois vasinhos de cerâmica pintados previamente;
- duas panelas velhas que minha mãe colocou na "gaveta do esquecimento";
- duas forminhas de pão de queijo;
- vaselina com óleo;
- parafina em flocos;

A confecção começou com uma das panelas com água e a outra vazia dentro daquela cheia. Depois, fui quebrando em pedacinhos as velas de aniversário e jogando dentro da panela vazia. Retirei o pavio antes de colocar na panela. Porém, o barbante pode ser retirado depois, sem crise.

Depois de quebrar as velas, deixei-as derreter em banho maria. Os pavios que ficaram eu retirei com um pedaço de bambu - porém, pode ser usado uma colher de pau.

Quando as velas derreteram, adicionei um pouco da parafina em flocos para dar uma liga, afinal, sangue novo é bom. A quantidade foi uma colher rasa - lembrando que são as 40 velinhas de aniversário.
Eu tinha dois vasinhos de cerâmicas (já pintados) em casa. Fiz um furo com um prego pequeno no fundo, para poder passar o pavio que retirei das velinhas.
O vasinho é maior que o pavio, por isso, fiz um nozinho para unir duas unidades do barbante. Fiz outro nó na ponta de um dos pavios para ficar no fundo do vasinho. Vi, em alguns sites, que somente uma fita adesiva no fundo do vaso é suficiente para prender o pavio. Não para mim, pois a cera vazou toda pelo furo e perdi cera - bom, perdi não porque coloquei de volta na panela depois de previamente seca; porém, houve uma meleca para limpar. Então, meu conselho é fazer um nozinho que tampe o furo; e o estrago não será tão grande.
E como fazer o danado do pavio ficar em pé quando a cera for despejada??
Que loucura! Eu pirei para achar uma solução. Fiz da seguinte forma:
como o pavio era comprido em relação ao vaso (depois que eu emendei uma unidade à outra), eu encostei o danado do barbante no canto do vasinho até que formou uma camada seca na parte de cima do vaso. Então, coloquei o pavio no centro do vaso e dei duas ou três sopradinhas e PUZT!, ficou centralizado e lindo; e, deixei secar sozinho.

As forminhas de pão de queijo eu usei para deixar no fundo do vaso, pois, querendo ou não, um pouco de cera sempre passa pelo furo do barbante.

Depois de um tempo, a cera assenta e será preciso adicionar mais um pouco de cera líquida para deixar plana a vela. Repete-se o problema do barbante.

E fim! Minhas duas velas sustentáveis ficaram prontas!

Omnia vanitas!

19 de setembro de 2012

Cantava na ignorância



Enquanto esperava a água do chá esquentar, li os ingredientes listados, no fundo da caixa, para entreter. E, lá, está escrito: folhas e talos de erva-mate tostados (ILEX PARAGUARIENSIS).

Cara, eu, simplesmente, tenho paixão por Engenheiros do Hawaii e NUNCA tive a noção que essas duas palavrinhas ILEX PARAGUIENSIS é o nome científico para "erva-mate".

Eu sei, muitas vidas serão transformadas com essa descoberta!

Já que isso aconteceu, deixo a letra da música aqui também.

Omina Vanitas :)

ILEX PARAGUARIENSIS (Humberto Gessinger)


Hoje eu acordei mais cedo
Tomei sozinho o chimarrão
Procurei a noite na memória... procurei em vão
Hoje eu acordei mais leve (nem li o jornal)
Tudo deve estar suspenso... nada deve pesar
Já vivi tanta coisa, tenho tantas a viver
Tô no meio da estrada e nenhuma derrota vai me vencer
Hoje eu acordei livre: não devo nada a ninguém
Não há nada que me prenda

Ainda era noite, esperei o dia amanhecer
Como quem aquece a água sem deixar ferver
Hoje eu acordei, agora eu sei viver no escuro
Até que a chama se acenda
Verde... quente... erva... ventre... dentro... entranhas
Mate amargo noite adentro estrada estranha

Nunca me deram mole, não (melhor assim)
Não sou a fim de pactuar (sai pra lá)
Se pensam que tenho as mãos vazias e frias (melhor assim)
Se pensam que as minhas mãos estão presas (surpresa)

Mãos e coração, livres e quentes: chimarrão e leveza
Mãos e coração, livres e quentes: chimarrão e leveza

... ilex paraguariensis...
... ilex paraguariensis...


16 de setembro de 2012

Entrevero Gaúcho..




Hoje, pela primeira vez, arrisquei cozinhar um entrevero.
Eu achei uma delícia mas, como foi a primeira experiência, farei algumas alterações para deixá-lo com um sabor mais particular.

Fiquem com a receita original. Ao final da receita, estarei listando as minhas alterações.

ENTREVERO GAÚCHO

Ingredientes:


  • 200g de Bacon picado em cubinhos
  • 200g de Paleta sem osso picada em cubinhos
  • 200g de carne de lombinho de porco picados em cubinhos
  • 200g de carne de coração de galinha
  • 200g de Linguiça cortada em pedaços não muito pequenos
  • 200g de carne de frango picadas em cubinhos
  • 1 Cebola média á grande picada
  • 1 pimentão vermelho picado
  • 1 Tomate medio á grande picado
  • Meio copo de Molho de Soja
  • 3 colheres de azeite de oliva
  • 4 pães massinha "estilo pão de xis"
  • Maionese à gosto
  • Queijo em fatias (4 à 8 fatias)
  • 4 folhas de alface
Modo de Preparo: 

Aqueça bem uma panela e uma frigideria. Acrescente 3 colheres de azeite na panela. Na panelas adiciona-se a cebola e o pimentão. Na frigideira acrescenta-se 1/3 do bacon e os corações de galinha. Deixe fritar bem até assar o coração. Depois acrescente os corações e o bacon fritos à panela dos legumes. Na frigideira acrescenta-se então mais 1/3 do bacon a carne de porco e a linguiça. deixe assar. Após assado acrescente a linguiça o porco e o bacon que estão na frigideira na panela dos legumes.
Coloque para fritar na frigideira agora o restante do bacon juntamente com a carne de frango e a carne de gado. Após fritos acrescente esses inngredientes na panela dos legumes.
Agora acrescente o Tomate juntamente com o molho de soja na panela dos legumes. Deixe cozinhar por alguns minutos (2 à 3).
Abra os pães passe a maionese acrescente uma ou dus fatias de queijo a seua escolha, coloque uma folha de alface e recheie com a quantidade desejada de entrevero!

Do meu jeito:  Eu troquei o pão pelo arroz comum.  Não utilizei o alface, nem para decoração. Não usei coração de galinha porque não gosto desta iguaria. Adicionei uma cenoura média e uma pimenta vermelha (madura o suficiente) pequena. Eu não usei o óleo para fritar: fritei, em fogo baixo, um pouco do bacon e utilizei essa gordura para untar a frigideira.
AINDA: ao invés de fritar e despejar em uma panela, eu farei do seguinte modo: fritar cada carne em separado e, no final, misturá-las na panela depois de fritar a cebola e o tomate. Claro, alho é lei e rei! Então, após o uma fritada em tempo médio nas carnes, acrescentar a pimenta, o pimentão e a cenoura.
Esse será meu entrevero à la Adelita Olbrisch!
Omnia Vanitas



4 de setembro de 2012

Adeus, Baleia..



Ah! Chorei muito, ontem, ao ler esse trecho da obra de Graciliano Ramos, Vidas Secas.  Adeus, Baleia! 


Fabiano percorreu o alpendre, olhando a baraúna e as porteiras, açulando um cão invisível contra animais invisíveis:
– Eco! eco!
Em seguida entrou na sala, atravessou o corredor e chegou à janela baixa da cozinha. Examinou o terreiro, viu Baleia coçando-se a esfregar as peladuras no de turco, levou a espingarda ao rosto. A cachorra espiou o dono desconfiada, enroscou-se no tronco e foi-se desviando, até ficar no outro lado da árvore, agachada e arisca, mostrando apenas as pupilas negras. Aborrecido com esta manobra, Fabiano saltou a janela, esgueirou-se ao longo da cerca do curral, deteve-se no mourão do canto e levou de novo a arma ao rosto. Como o animal estivesse de frente e não apresentasse bom alvo, adiantou-se mais alguns passos. Ao chegar as catingueiras, modificou a pontaria e puxou o gatilho. A carga alcançou os quartos traseiros e inutilizou uma perna de Baleia, que se pos a latir desesperadamente.
Ouvindo o tiro e os latidos, Sinha Vitória pegou-se à Virgem Maria e os meninos rolaram na cama, chorando alto. Fabiano recolheu-se.
E Baleia fugiu precipitada, rodeou o barreiro, entrou no quintalzinho da esquerda, passou rente aos craveiros e às panelas de losna, meteu-se por um buraco da cerca e ganhou o pátio, correndo em três pés. Dirigiu-se ao copiar, mas temeu encontrar Fabiano e afastou-se para o chiqueiro das cabras. Demorou-se um instante, meio desorientada, saiu depois sem destino, aos pulos.
Defronte do carro de bois faltou-lhe a perna traseira. E, perdendo muito sangue, andou como gente, em dois pés, arrastando com dificuldade a parte posterior do corpo. Quis recuar e esconder-se debaixo do carro, mas teve medo da roda.
Encaminhou-se aos juazeiros. Sob a raiz de um deles havia uma barroca macia e funda. Gostava de espojar-se ali: cobria-se de poeira, evitava as moscas e os mosquitos, e quando se levantava, tinha folhas secas e gravetos colados as feridas, era um bicho diferente dos outros.
Caiu antes de alcançar essa cova arredada. Tentou erguer-se, endireitou a cabeça e estirou as pernas dianteiras, mas o resto do corpo ficou deitado de banda. Nesta posição torcida, mexeu-se a custo, ralando as patas, cravando as unhas no chão, agarrando-se nos seixos miúdos. Afinal esmoreceu e aquietou-se junto as pedras onde os meninos jogavam cobras mortas.
Uma sede horrível queimava-lhe a garganta. Procurou ver as pernas e não as distinguiu: um nevoeiro impedia-lhe a visão. Pôs-se a latir e desejou morder Fabiano. Realmente não latia: uivava baixinho, e os uivos iam diminuindo, tornavam-se quase imperceptíveis.
Como o sol a encandeasse, conseguiu adiantar-se umas polegadas e escondeu-se numa nesga de sombra que ladeava a pedra.
Olhou-se de novo, aflita. Que lhe estaria acontecendo? O nevoeiro engrossava e aproximava-se.
Sentiu o cheiro bom dos preás que desciam do morro, mas o cheiro vinha, fraco e havia nele partículas de outros viventes. Parecia que o morro se tinha distanciado muito. Arregaçou o focinho, aspirou o ar lentamente, com vontade de subir a ladeira e perseguir os preás, que pulavam e corriam em liberdade.
Começou a arquejar penosamente, fingindo ladrar. Passou a língua pelos beiços torrados e não experimentou nenhum prazer. O olfato cada vez mais se embotava: certamente os preás tinham fugido.
Esqueceu-os e de novo lhe veio o desejo de morder Fabiano, que lhe apareceu diante dos olhos meio vidrados, com um objeto esquisito na mão. Não conhecia o objeto, mas pôs-se a tremer, convencida de que ele encerrava surpresas desagradáveis. Fez um esforço para desviar-se daquilo e encolher o rabo. Cerrou as pálpebras pesadas e julgou que o rabo estava encolhido. Não poderia morder Fabiano: tinha nascido perto dele, numa camarinha, sob a cama de varas, e consumira a existência em submissão, ladrando para juntar o gado quando o vaqueiro batia palmas.
O objeto desconhecido continuava a ameaçá-la. Conteve a respiração, cobriu os dentes, espiou o inimigo por baixo das pestanas caídas. Ficou assim algum tempo, depois sossegou. Fabiano e a coisa perigosa tinham-se sumido.
Abriu os olhos a custo. Agora havia uma grande escuridão, com certeza o sol desaparecera.
Os chocalhos das cabras tilintaram para os lados do rio, o fartum do chiqueiro espalhou-se pela vizinhança.
Baleia assustou-se. Que faziam aqueles animais soltos de noite? A obrigação dela era levantar-se, conduzi-los ao bebedouro. Franziu as ventas, procurando distinguir os meninos. Estranhou a ausência deles.
Não se lembrava de Fabiano. Tinha havido um desastre, mas Baleia não atribuía a esse desastre a impotência em que se achava nem percebia que estava livre de responsabilidades. Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração. Precisava vigiar as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar. as moitas afastadas. Felizmente os meninos dormiam na esteira, por baixo do caritó onde Sinha Vitória guardava o cachimbo.
Uma noite de inverno, gelada e nevoenta, cercava a criaturinha. Silêncio completo, nenhum sinal de vida nos arredores. O galo velho não cantava no poleiro, nem Fabiano roncava na cama de varas. Estes sons não interessavam Baleia, mas quando o galo batia as asas e Fabiano se virava, emanações familiares revelavam-lhe a presença deles. Agora parecia que a fazenda se tinha despovoado.
Baleia respirava depressa, a boca aberta, os queixos desgovernados, a língua pendente e insensível. Não sabia o que tinha sucedido. O estrondo, a pancada que recebera no quarto e a viagem difícil do barreiro ao fim do pátio desvaneciam-se no seu espírito.
Provavelmente estava na cozinha, entre as pedras que serviam de trempe. Antes de se deitar, Sinha Vitória retirava dali os carvões e a cinza, varria com um molho de vassourinha o chão queimado, e aquilo ficava um bom lugar para cachorro descansar. O calor afugentava as pulgas, a terra se amaciava. E, findos os cochilos, numerosos preás corriam e saltavam, um formigueiro de preás invadia a cozinha.
A tremura subia, deixava a barriga e chegava ao peito de Baleia. Do peito para trás era tudo insensibilidade e esquecimento. Mas o resto do corpo se arrepiava, espinhos de mandacaru penetravam na carne meio comida pela doença.
Baleia encostava a cabecinha fatigada na pedra. A pedra estava fria, certamente Sinha Vitória tinha deixado o fogo apagar-se muito cedo.
Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.

Editora Record, p.87 - 91

O caso do cachorro ..

 Olá, esquecido leitor !   Apesar de passar muito tempo longe deste blog, tentei voltar algumas vezes mas o tempo nem sempre está do meu lad...