8 de novembro de 2020

Vigésima oitava leitura..


 

Olá, leitor anônimo!

Depois de ler Os Manuscritos Perdidos de Charlotte Brontë, eu senti falta da irmã mais nova, Anne; portanto, decidi ler, pela primeira vez, Agnes Grey.

Anne Brontë possui dois romances publicados além de poemas que publicou juntamente com as irmãs Charlotte e Emily.  O primeiro romance da escritora caçula das Brontë é Agnes Grey e, o segundo, A Inquilina de Wildfell Hall.

Neste romance de estreia, Anne Brontë tira toda idealização da função de preceptora que sua irmã, Charlotte, apresentou em Jane Eyre. A experiência de Anne como preceptora permeia este romance - e isso o torna realista. 

Agnes Grey é uma jovem que vê sua família perder a maior parte da sua fortuna em um negócio mau sucedido do pai e, para ajudar a família a reconstruir essa perda, ela decide se tornar preceptora em uma casa de família - mesmo não tendo nenhuma experiência em lidar com crianças. A protagonista trabalhará para duas famílias antes de retornar, em definitivo ao  seu próprio lar. 

A primeira família será os Bloomfield, em uma residência relativamente próxima a sua casa paterna. Esta primeira vivência de Agnes é a representação da experiência que Anne teve em sua vida. Segue um trecho de como eram as duas crianças que a senhorita Grey precisara ensinar - ou tentar:

Mas eles não conheciam a vergonha, zombavam da autoridade que não fosse baseada no terror; e quanto à bondade ou afeto, ou eles não tinham coração ou que tinham estava tão bem guardado e escondido que eu, apesar de todos os meus esforços, não havia descoberto um modo de chegar até ele. 

Realmente, essas crianças me assustaram muito com seus comportamentos cruéis - e vi em Tom um assassino em série. 

A segunda família foram os Murray. Foi um período longo que Agnes passou com a família e, as duas jovens: Rosalie e Matilda eram quase da sua idade. Apesar de não serem tão cruéis, a primeira era vaidosa ao extremo (fazendo os rapazes se apaixonarem por ela apenas para lhes recusar o pedido de casamento - este era seu passatempo preferido), Matilda era mais livre porém não menos indiferente aos ensinamentos e a presença de Agnes. 

Ao término do livro, meus pensamentos ficaram presos em Rosalie e no casamento desta personagem - eu fiquei triste pelo fim dela, mesmo sabendo que ela o escolheu de olhos bem abertos. 

Assim como Agnes Grey, Anne Brontë foi preceptora em duas famílias, sendo a última com que ficou mais tempo, porém, ao contrário de sua protagonista, Anne ficou amiga das suas alunas e passava férias com a família em uma casa na praia - lugar que Anne amava, e onde foi enterrada, sendo a única daquele grupo familiar a não estar no mesmo lugar que os demais. E, para infelicidade da escritora, ela precisou cortar os laços com as amigas (talvez únicas) pois seu irmão, Patrick, foi amante da mãe das meninas. 

Agnes Grey é um romance mais realista, não apresenta a fúria de Wuthering Heights ou o sofrimento de Jane Eyre, mas tem sua expressão em apresentar uma sociedade muito próxima da realidade de uma preceptora a exercer seu cargo, tirando dele toda a fantasia e apresentando a marginalização de um cargo. 


Omnia Vanitas 💀

 

Vigésima sétima leitura..


 

Olá, anônimo leitor!

Imagino o seu sofrimento, leitor, pela minha falta de atualização deste blog. Mas, sem explicações ou justificação, começarei esta publicação.

A vigésima sétima leitura foi um livro de estudo sobre os manuscritos encontrado em um livro de poemas que pertenceu à família Brontë.

Os Manuscritos Perdidos de Charlotte Brontë foi uma preciosa aquisição que o Sociedade Brontë adquiriu depois de quase dois séculos "perdido" na América do norte.

Este livro é uma fonte rica de estudos sobre a importância que este achado trouxe para a juvenília de Charlotte Brontë (e, também, para iluminar a obra de Emily Brontë, Wuthering Heights). Anne ficou à margem, de novo.

Cinco pessoas que são referência em estudos sobre a família Brontë expõem, neste livro, todo o valor de encontrar este fragmento (uma poesia e uma prosa) em um volume de poemas chamado Remains of Henry Kirke White

Ann Dinsdale apresentará a chegada do livro à família, desde a sua compra por Maria Branwell (futura senhora Brontë) em sua terra natal; o transporte para sua nova casa ao lado do marido Patrick e a perda em um naufrágio de parte da sua bagagem.

Barbara Heritage apresentará a arqueologia do livro - e do exemplar de Maria Brontë desde a morte marido Patrick e a venda dos bens materiais da família e em quais mãos esses dois exemplares (que se tornaram um) foram manuseados e a explicação para o acréscimo dos dois fragmentos no volume único.

Emma Butcher e Sarah E. Maier são responsáveis por dois estudos reservados à influência destes escritos na juvenília de Charlotte Bronë e como era produzida - com a parceria de seu irmão, Patrick Branwell. 

O último capítulo Reinventando o Céu, de Ann-Marie Richardson é dedicado à Emily Brontë e a inspiração que o poema Clifton Grove, de Henry Kirke White  na escritora de Wuthering Heights.

Eu decidi não me aprofundar em relatar cada capítulo deste livro  por se tratar de estudos direcionados, eu não teria como escrever sobre sem diminuir o valor do conteúdo. Porém, deixo a minha singela recomendação de leitura deste livro para os amantes das irmãs Brontë; e, acrescentarei uma nota para tal leitura: tente ler a juvenília de Charlotte Brontë antes de iniciar esta leitura para que não se torne estranha as ideias apresentadas.


Omnia Vanitas 💀

O caso do cachorro ..

 Olá, esquecido leitor !   Apesar de passar muito tempo longe deste blog, tentei voltar algumas vezes mas o tempo nem sempre está do meu lad...