19 de novembro de 2019

Marcações..

Olá, estranho leitor!

Tornei-me aquilo que mais temia: uma pessoa que marca a leitura com post-it.

Nada contra isso, magoado leitor, apenas, não era meu costume! Eu sempre achei que a leitura não precisava disso - ela só tem a obrigação de ser livre.
Porém, ao começar a ler este livro do senhor Charles Dickens - meu primeiro Dickens, by the way! - eu me vi na obrigação de marcar algumas partes da leitura porque .. não sei! Parece que existe algo nelas que não pode ser esquecido. 
Será que todo livro do Dickens será assim para mim?

Deixe-me explicar as cores de cada etiqueta: 

- azul: são as partes que me chamam a atenção

- verde: são as partes que Oliver Twist chora.

- laranja: são as frases que mais me chamaram a atenção.

Exemplos:
azul:
Entre outros ofícios públicos de certa cidade, que, por muitas razões será prudente evitar mencionar, e à qual não queremos atribuir nome fictício, um existe, muito comum, nos últimos tempos, à maior parte das cidades, sejam elas grandes ou pequenas. Refiro-me a um asilo. Nesse asilo nasceu, certo dia, em data que vale a pena indicar, porque isso, no princípio desta história, não apresenta nenhum interesse para o leitor, a criatura cujo nome aparece no título do presente capítulo.
Existe, na minha opinião, uma indigência completa neste primeiro parágrafo. Tanto do órfão que não precisa de mais nenhuma identificação além do nome e, também, uma completa preferência por não identificar o lugar que essa criança nasceu - exceto que foi em um asilo. Ambos tão comuns e necessitados  um do outro para existir. Por isso eu marquei com a fita azul.

verde:
(...) Não era difícil para ele chamar as lágrimas aos olhos.  A fome e os maus tratos recentes auxiliavam muito a um menino que queria chorar; e com efeito, Oliver chorou muito naturalmente.
Essa é a segunda vez que Oliver Twist chorou. A primeira foi na hora do seu nascimento. Quase todas as lágrimas de Oliver começam sem um motivo específico de ação, além da fome e da carência de uma valor afetivo que expresse que ele tem um valor positivo agregado a si. 

laranja:
(...) O rapaz não tinha amigos com quem se importar, ou que se importassem com ele. Não poder curtir saudades de sua recente separação anuviava-lhe o espírito; não sentir a ausência de nenhum rosto amado e saudoso pesava-lhe o coração. E o que ele desejava, ao arrastar-se para o interior da sua estreita cama, ea que ela fosse seu caixão, e que o depusessem num último sono calmo no terreno da igreja, com a erva alta ondeando suavemente sobre sua cabeça e o som profundo do velho sino embalando-lhe o sono. 
Este é o terceiro lugar que Oliver Twist vai morar desde o seu nascimento. Seu primeiro emprego é no comércio de um homem que vende caixões. Ele, literalmente, tem como cama um caixão para cadáveres que fica embaixo do balcão que fica em um porão. Percebe, leitor, como a descrição leva-nos para baixo? E a solidão ainda o acompanha.

Então é isso, anônimo leitor!
Sigo com minha leitura...

Omnia Vanitas. 💀



17 de novembro de 2019

Trigésima sétima leitura..



Olá, anônimo leitor !!

Fim da primeira leitura de um livro do "Estevão Rei" neste ano! Este exemplar de Escuridão Total Sem Estrelas é especial por ser um presente de uma amiga muito querida! 

Este livro contém quatro contos, a maioria deles - ou todos - já se tornaram filmes. Destes, eu assisti 1922. E, vou repetir o que escrevi sobre este conto lá no Instagram: essa história me lembrou muito Crime e Castigo de Fiódor Dostoiévski. Um homem comete um crime é sua consciência o atormenta tanto que ele sente que a qualquer momento seu ato será descoberto - mas com uma pitada sinistra do mestre King.

A sequencia dos contos é a seguinte:
- 1922
- Gigante no Volante
- Extensão Justa
- Um Bom Casamento.

Com eu não quero dar spoiler, não vou apenas comentar que todos os contos tem um final comum. 

Escuridão Total Sem Estrelas é um livro violento. Assassinato e estupro é o que permeia estes contos do senhor King. 
Eu não quero escrever muito sobre cada um para não dar mancada em revelar algum desfecho; mas vou transcrever o que Stephen King escreveu sobre a inspiração para cada escrita. 
1922 foi inspirado em um livro de não ficção chamado Wisconsin Death Trip (1973), de Michael Lesy, que mostrava fotografias tiradas na pequena cidade de Black River Falls, Wisconsin Fiquei impressionado pelo isolamento rural dessas fotografias e pela severidade e pela privação no rosto da pessoas. (...)Em 2007, enquanto viajava pela Interestadual 84 para uma sessão de autógrafos no oeste de Massachusetts, passei por uma dessas paradas de estrada (...). Quando saí da lanchonete, vi uma mulher com o pneu furado tendo uma conversa ávida com um caminhoneiro estacionado na vaga ao lado. (...)Em Bangor, onde moro, uma via pública chamada extensão da rua Hammond margeia o aeroporto. (...) Há uma área de cascalho ao lado da cerca do aeroporto, na metade da extensão, onde vários vendedores de beira de estrada vêm montando suas barraquinhas ao longo dos anos. (...)A última história  veio à minha cabeça depois de ler um artigo sobre Dennis Rader, o infame assassino BTK (do inglês bind, torture and kill - amarrar, torturar e matar) que tirou a vida de dez pessoas - a maioria mulheres, mas duas eram crianças - em um período de 16 anos. (...) Paula Raider foi casada com esse monstro por 34 anos, e muitas pessoas na área de Wichita, onde Rader cometia seus crimes, se recusaram a acreditar que ela vivia com ele sem saber o que ele fazia.
Explicação para o título da obra:
Na ausência da luz, o mundo assume formas sombrias, distorcidas, tenebrosas. Os crimes parecem inevitávveis; as punições, insuportáveis; as cumplicidades, misteriosas. Os personagens destes quatro contos passas por momentos de escuridão total, quando não existe nada - bom senso, piedade, justiça ou estrelas - para guiá-los. Suas histórias representam o modo como lidamos com o mundo e como o mundo lida conosco. São narrativas fortes e, cada uma a seu modo, profundamente chocantes.

Eu adorei esta leitura, e a rapidez ao terminar o livro se deu por haver várias filas de carros parados me prendendo dentro de ônibus por mais de hora durante a semana!

Omnia Vanitas 💀

Trigésima sexta leitura..




Olá, leitor anônimo!

Semana passada eu terminei esta leitura do livro Contos, de Machado de Assis.

Esta leitura não era linear. Eu já expliquei sobre ela nesta publicação.

Todos os contos são muito gostosos de ler. Talvez, alguns, terminem sem que o leitor (eu) saiba o que aconteceu - mas não me preocupo porque nem o escritor-narrador soube explicar. 

Deste conjunto de contos, o meu preferido intitula-se Conto da Escola.  
Pilar - o protagonista narrador - apresenta sua história quando um amigo, filho do professor, lhe pede ajuda (em sala). Toda a algazarra acontece e Pilar resolve tomar satisfações com o amigo .. mas tudo mudou quando a banda passa. 

Pilar me lembrou muito a personalidade marota e divertida de um garotinho que eu amo muito: Nicolas. A ingenuidade e alegria de Pilar me divertiu durante a sua narrativa.

O conto A Cartomante eu achei sensacional. Lembro que cheguei em casa e contei esta história trágica rindo - o que meu marido não entendeu muito. 

O estado de conservação deste exemplar é razoável, mas criei carinho e não pretendo me desfazer dele, por enquanto.

Omnia Vanitas. 💀



8 de novembro de 2019

Trigésima quinta leitura..

Flora 😺

Olá, leitor!

Estou seguindo a mesma ideia de quando li O Mosaico de Parsifal : não terminei a leitura, mas preciso escrever.

Archibal Joseph Cronin é um médico e escritor escocês. 
Este escritor foi uma surpresa para mim, tão agradável como William Somerset Maugham o foi. 
E, como fiz com Bernard Cornwell, antes de ler alguma de Cronin eu comprei três livros dele: Três Amores, Almas em Conflito - estou louca para ler - e, claro A Cidadela
Eu  nem teria como saber da existência da biblioteca de Cronin se fosse uma indicação que tive lá no Instagram. E a coincidência de eu encontrar um exemplar deste livro perdido em uma caixa que estava na casa da minha mãe. Depois, veio a viagem para São Paulo e a visita ao Sebo do Messias - e isso me deu a ideia de comprar um exemplar "novo" de A Cidadela (que se tornou um trio de livros do autor escocês).

Este edição que tenho agora (ao lado da Flora) é a décima segunda e publicada em 1952. A antiga dona se chamava Leocádia Cintra e a data ao lado do nome é 08-12-1952.
O prefácio desta edição (e a tradução) é de Geonilo Amado. A leitura o entusiasmou tanto que ele foi procurar José Olympio (o editor) pedindo para que fosse encontrado alguém para traduzir este livro maravilhoso que ele acabara de ler (em inglês). E Olympio designou o próprio Amado para a tarefa de trazer ao público brasileiro uma edição em português e The Citadel

Eu adoro livros antigos (e bem conservados, se possível) com suas folhas amareladas pelo tempo e sua oxidação natural, porém, neste exemplar, o cheiro está forte demais. Não é cheiro de mofo, mas de algo que foi guardado durante muito tempo em um lugar. Raramente tenho problemas com isso, mas isso foi algo que me chamou a atenção (olfativa) neste exemplar.

A.J.Cronin tem uma escrita simples, longe de uma linguagem dos clássicos, e uma história fascinante. Inicialmente, eu estranhei um pouco, pois desejava mais dos personagens - um aprofundamento melhor; mas tudo foi se tornando encantador sem precisar de nada mais lhe dar suporte. 

A história é a seguinte.
No ano de 1924, Andrew Manson, um recém formado médico muda-se para uma pequena vila de mineiros para começar sua prática médica e pagar o empréstimo estudantil que lhe foi dado. 

Manson tem momentos muito marcantes na vida dele antes de alguma mudança. Na minha opinião, elas foram necessárias para as decisões que tomou depois. 
Ainda como recém-formado, apaixona-se por Christine e casam-se antes da segunda mudança de lugar. 

Manson é um homem determinado que quer exercer a sua profissão sem burocracias. Luta contra todos que lhe impedem o caminho para crescer de forma honrosa na prática da medicina. 

Como todo iniciante, Manson trás ideias utópicos que precisam ser abandonados e descobre que a medicina está muito além dos livros. Manson não se contenta em saber somente o que aprendeu nos livros e questiona os métodos aplicados a literatura médica.
Andrew Manson é um ótimo médico e logo conquista uma freguesia fiel por onde passa. 

Este livro trata da ética médica. E a cada capítulo eu tenho menos vontade de marcar minha consulta médica (risos). 
Qualquer pessoa leiga como eu sabe que a indústria farmaceuta é uma espécie de cartel de drogas (lícitas). Manson luta contra esse cartel que distribui medicamentos sem motivo nenhum e que usa a medicina para enriquecer sem a preocupação primordial com o paciente. Para ele, a medicina é sagrada.
Mas Andrew malha em ferro frio. A maioria das pessoas com quem trabalha já está exercendo a profissão há muito tempo e não possui mais o ardor pela mudança de comportamento.

O livro é dividido em quatro partes; para cada parte é um lugar onde Andrew Manson exerce a função de médico. E, das anteriores, a quarta parte é a mais reveladora de todas.
Nesta altura da narrativa, Andrew escolhe o lado que deve seguir na sua profissão. E a cada capítulo eu estou esperando um desenrolar para cada acontecimento que parece estar tão perto ...e se afasta. 
Nesta manhã, no final da leitura do capítulo XV, eu precisei fechar o livro e não seguir adiante. Eu preciso respirar fundo para continuar. Precisei escrever esta publicação tão sem pé nem cabeça! Eu adorando tudo e não estou nem um pouco arrependida de ter outros dois livros deste autor em minha estante. 

E deixo esta frase para responder ao título do livro:
Você não se lembra de que considerava a vida como se fosse uma assalto ao desconhecido, uma investida para a altura?... Era como se quisesse conquistar uma cidadela que você não via mas que tinha a certeza de que estava lá, no alto...
 O livro é fantástico! Sinto muito por não conseguir escrever a real importância desta obra. 


P.S.: eu pulei a trigésima quarta leitura (Le Petit Nicolas et les Copains - Sempé/Goscinny)


O caso do cachorro ..

 Olá, esquecido leitor !   Apesar de passar muito tempo longe deste blog, tentei voltar algumas vezes mas o tempo nem sempre está do meu lad...