20 de junho de 2014

A Culpa é de Quem?




No mês de maio, uma amiga minha fez aniversário. Ela completou 14 anos. Eu a conheci através da mãe dela, que é minha amiga também. E, de presente pela passagem do seu aniversário, eu lhe dei o livro "A Culpa é Das Estrelas", de John Green.
Comprei e depois fiquei vendo alguns videos na net sobre a estreia do filme homônimo. E o danado do filme me interessou.
Logo que eu a presenteei, então, pedi que ela me emprestasse este livro - claro, depois que ela o lesse.

Ontem, durante a parte da manhã, ela trouxe o livro até a minha casa. Em meio a minha faxina louca, tirei um tempo para conversar com mãe e filha e, prometi, que começaria a leitura naquele dia mesmo.
Promessa cumprida! E, terminei a leitura, na madruga de hoje, às 02:07 da manhã. 

O livro é encantador e bem escrito. Tem uma leveza de sentimentos e ideias que eu não esperava. Foi difícil querer parar de ler. 

Gostei, também, que o autor coloco algumas referências - na edição que li - sem nota de rodapé. E, fiquei pensando, se todos entenderam essas referências. A que mais me chamou a atenção foi sobre a parte que ele o Verbo (Evangelho segundo João, capítulo 1, versículo 1). Não se todos entenderam o que representa esta comparação, mas, o Verbo é Cristo.

O livro é repleto de tiradas engraçadas, mesmo durante a "parte dolorida" da história. Fico pensando se todos os adolescentes têm esse humor ácido sobre si mesmo!

Deixo para vocês algumas partes que eu tirei um tempo para "refletir".

1) Quando Isaac faz uma cirurgia para extrair o outro olho (um ele já havia perdido para o câncer). Estava no meu sofá, e quando li a declaração dele ao grupo de "Apoio" sobre a operação. Fechei meus olhos e imaginei como seria ficar sem ver. Óbvio que é desagradavél visto que eu amo ler.
Ainda do Isaac, não culpo a namorada pelo fim do namoro. É doloroso e confuso para quem está do lado de fora da doença. Sim, é uma atitude covarde, mas a maioria de nós se afastaria de um relacionamento deste. 

2) É incrível como somos desagradáveis em "elogios" para com as pessoas que são "diferentes" de nós. Isso é injusto pois, sem dúvida, se estas pessoas fossem "normais" elas não teriam a metade da atenção: parece que gente saudável não merece compaixão. Uma pessoa com leucemia não escolheu o destino dela, como alguém que escolhe ou não fazer regime, exercícios, estudar etc. Foi imposto este fardo. E os saudáveis acham que isso é "bonito" e cobrem de elogios do tipo: "guerreiro", "lutador", "forte" etc. Então, eu chego na resposta da Hazel Grace para Lida: "troque de lugar comigo". Ela não quer ser "inspiração" para ninguém, ela não quer sobreviver, ela quer viver.

3) E a tal da morte? Feio. Ruim. Desnecessário. Humilhante. Será que sempre foi assim? Eu defendo, na minha tese de teologia, que a morte faz parte da vida do homem desde sua temporada no Jardim das Delícias, vulgo, Éden. Porém, após a queda, sem desfrutar da intimidade com Deus, a morte foi posta como obrigatória: "Terás que morrer". Sem compreender esta parte da ciência, o homem sofre com a morte biológica e, como acréscimo pelo afastamento do homem de Deus, a morte vem através da mão do próprio homem. 
A conta de Augustus é interessante. Para cada pessoa viva há quatorze mortos. Geograficamente, seria impossível habitar confortavelmente este planeta com tanta gente ao redor. Mas, com isso, não quero justificar Hitler, a bomba de Hiroshima e Nagasaki e outras catástrofes cometidas pela interversão direta ou indireta do homem. 
Mas a morte não deveria ser uma uma surpresa, não é mesmo? Se falarmos no contexto cristão (do qual compartilho), devemos concordar com o apóstolo Paulo quando ele escreve em sua carta: "Para mim o viver é Cristo e o morre é lucro". Mas o sofrimento, ah!, que canalha que ele é! 

4) Conforme a história é incrível como sofrimento redime qualquer ser humano. Sofre, e todos lhe amarão e serão compassivos com você. Na página que Hazel Grace visita, da primeira namorada do Augustus, há muitas frases "motivacionais" pré e pós morte. A morte tem esse poder, de curar a imperfeição que a pessoa tinha em vida. De repente, nada do que você de errado é levado em questão porque você morreu. Ninguém fala mal de morto. É uma grande hipocrisia não é mesmo? Só respeitamos quando a pessoa não está mais presente. Eu também me revoltei com as frases motivacionais no fim do livro. É de péssima qualidade mas é mais real do que imaginamos.

Bom, essas foram as impressões que tive ao ler este livro. Gostei bastante. Recomendo a leitura.

Omnia Vanitas.



O caso do cachorro ..

 Olá, esquecido leitor !   Apesar de passar muito tempo longe deste blog, tentei voltar algumas vezes mas o tempo nem sempre está do meu lad...