Este mundo da web é bem estranho. Há tantas frases jogadas por aqui e por ali, tão perdidas quanto quem as postou.
A minha leitura atual é Crime e Castigo, de Dostoievski. Desde o início da leitura, eu a achei complexa demais, mas não enfadonha. É uma leitura que exige cuidado (pelo menos assim eu senti) pois é um mundo novo que se abre, totalmente desconhecido aos meus olhos literários. Este mundo que é uma Rússia desconhecida, de um tempo desconhecido e com pessoas enigmáticas. Bem devagar fui lendo.
Agora, vejo na web, várias postagens sobre o livro, de pessoas que nunca encostaram a mão nele, filosofando sobre algo que não conhecem.
Não é assim com todos nós? Fragmentamos grandes obras e achamos que assim nos tornamos intelectuais. Este mundo corrido tem uma forma estranha de crescer - cresce sem criar raízes, sem se aprofundar.
Um dos motivos que me tornam contrária aos livros de “auto-ajuda” é justamente essa rapidez que eu sinto nesta literatura. Grandes clássicos falam de pessoas tão reais e tocáveis que é impossível não encontrar um “eu” nela. Personagens que exprimem tanta vida que se aprende com elas. Para mim, isso é tão contrário às receitas de bolo que leio em “auto-ajuda”.
Este é um tempo de fragmentos. Tão certo quanto as construções antigas eram feitas para serem “eternas” e a tecnologia atual para ser vencida, assim é a diferença que vejo na literatura. Tão poucos sobraram para formar o pilar que sustenta os grandes personagens míticos e épicos que de tão reais parecem morar na esquina de uma Baker Street da minha rua.
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