14 de outubro de 2013

Leitura de Domingo



Desde que a minha lista de "Livros não Lidos" somou uma quantidade considerável (com aparência de um trabalho de Sísifo conseguir zerar a lista), eu decidi fazer leituras relâmpagos em algumas obras possíveis de aplicar esta teoria.

Faz tempo que eu não tirava um domingo para isso, portanto, neste domingo que passou, eu decidi que era hora de por em prática esta ideia. O livro escolhido foi "O Médico e o Monstro" de Robert Louis Stevenson.

Como não amar Stevenson?

A vida dele é uma maravilhosa história. Fadado a morrer ainda jovem por conta de um problema pulmonar, Stevenson fez várias viagens ao longo da vida à procura de lugares com temperaturas favoráveis a sua saúde. Quando não podia escrever em seu escritório, a cama era a solução. Ainda criança, em algumas crises que o acamaram, sua babá lhe fazia o favor de ler histórias folclóricas dentre outras.
Aos vinte e seis anos, decidiu casar com uma mulher fora dos padrões aceitos pelos pais - calvinistas fevorosos. Fanny era onze anos mais velha que Stevenson, abandonada por um marido e em processo de divórcio quando conheceu o escritor; era americana.
Contrariando a vontade dos pais, casou-se com Fanny e, entre outros lugares, foram morar em um lugar muito exótico: Samoa - onde viveram durante 6 anos.
Adendo: a obra "A Ilha do Tesouro" foi escrita para seu enteado de onze anos.

Em Samoa, Stevenson lutou contra a industrialização da cidade e, em consequência, uniu-se aos nativos e lutou pelos seus direitos.

Stevenson faleceu aos quarenta e quatro anos, não decorrente de sua doença pulmonar mas de hemorragia cerebral, depois de ir até a adega pegar um vinho para compartilhar com a esposa que redigia a história que ele lhe contava.

Sobre o livro que li, eu prefiro o título da obra em inglês "O Estranho caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde". O título em PTBR é oposto àquilo que a história conta - pelo menos ao meu ver.

A história é narrada na Londres gótica de 18.. .Henry Jekyll é um conhecido e estimado médico de Londres que decidiu isolar duas partículas (do caráter) humanas. Em seu laboratório, Henry (às vezes, chamado de Harry) elaborou uma fórmula capaz de separar o lado bom e o lado mau do ser humano. E, como bom médico, decidiu aplicar em si a descoberta.
Apesar da trama toda ser muito bem elaborada, as considerações do capítulo dez é que tornam toda a aventura significativa.

Em sua experiência, Dr. Jekyll extraiu de si uma das duas partículas. Para seu deleite, a partícula que criou "vida própria" foi a má.
Uma das descrições feitas de Mr. Hyde é interessante:

Não é fácil descrevê-lo. No seu aspecto, há algo de estranho, algo de desagradável, de francamente detestável. Nunca vi um homem a quem considerasse tão antipático e, apesar disso, não sei bem explicar a razão da minha atitude. Deve possuir
alguma deformidade. Essa é a sensação que dá, embora não possa especificá-la com exatidão. É um homem de aparência extraordinária e, apesar disso, não podemos indicar nele nenhum sinal fora do normal. Não, senhor, não posso fazê-lo, não consigo descrevê-lo. E não é por um lapso de memória, porque neste preciso momento estou a recordar-me
perfeitamente dele.

Por mais que o cinema queira mostrar um MONSTRO, Mr. Hyde - o lado negro da força - é um homem de pequena estatura, sem expressões amistosas e uma vida agitada. Jekyll, em sua consideração, disse que, a princípio, divertiu-se muito com Mr. Hyde pois, ao contrário de Henry, não precisava manipular a si mesmo para ter uma vida satisfatória. Em Henry, a vida social era feita de limites sociais e psicológicos: precisava ponderar sobre o certo e errado; não possuía a "liberdade" de Hyde para viver.
Em Hyde, o proibido e a falta de escrúpulo era permitida; e melhor, a consciência de Mr. Hyde não atingia o nobre Henry Jekyll.

Mr. Hyde circulou por algum tempo dentro da sociedade de Henry Jekyll sem levantar suspeitas - visto que o próprio médico habilitou meios para que isso fosse permitido.

Porém, a fórmula começou a falhar e Jekyll já não tinha controle sobre Hyde. O último tomava a própria forma sem a permissão do médico e, como resultado, tornou a vida de Henry uma bagunça.

Fato curioso é que quanto mais Hyde vivia livre, sua estatura crescia.
Eu parto da opinião que Hyde tinha esse nanismo por não ser, dia a dia, moderado por Jekyll. Porém, a partir do momento que o médico não anula mais a sua força má, ela cresce e torna-se forte o suficiente para ter sua própria vontade.

Ok, o fim de Mr, Hyde eu não pretendo contar, mas recomendo a leitura desta maravilhosa obra do gênio Robert L. Stevenson.

O caso do cachorro ..

 Olá, esquecido leitor !   Apesar de passar muito tempo longe deste blog, tentei voltar algumas vezes mas o tempo nem sempre está do meu lad...