Certa vez, eu estava em um congresso da UNE e ouvi uma prima minha dizer à um garoto que conversava comigo: "Cuidado com ela, hein! Eu sempre vejo ela com um livro na mão!".
Seja por esse comentário ou não (só Deus sabe), não rolou nada entre aquele garoto e eu (o único sentimento que lembro é que eu era indiferente à ele).
Mas o que minha prima falou é verdade: a maioria das vezes que alguém me encontra estou com um "livro nas mãos".
Li um comentário de JRR Tolkien em "Contos Inacabados" (editado pelo seu filho Christopher Tolkien) onde o mestre diz:
"Desejaria agora que não tivesse sido prometido nenhum apêndice! Pois acho que sua publicação em forma truncada e comprimida não satisfará a ninguém: sem dúvida não a mim; certamente, a julgar pelas cartas (em quantidade estarrecedora) que recebo, não àquelas pessoas - espantosamente numerosas - que gostam desse tipo de coisa; enquanto aqueles que apreciam o livro como 'romance-heróico', e consideram os 'panoramas inexplicados' parte do efeito literário, desprezarão os apêndices, e farão muito bem".{Contos Inacabados, Introdução p. XII e XIII}
E desde esse dia, que li esse comentário, adotei uma nova forma de leitura. Não procuro à fundo, até nas menores brechas, se possível, o que o escritor quis dizer ou construir. Busco apenas sanar pequenas curiosidades, medíocres até, para não entrar totalmente cega na leitura.
Gosto de construir meu próprio entendimento. Gosto de descobrir o personagem por mim mesma; mas disso não faço uma verdade. Não leio com o intuito de ser "expert" nisso ou naquilo. Leio por prazer. Leio pela vontade de crescer através da leitura: vendo um novo mundo que se forma em cada linha, parágrafo e página. Leio para descobrir quem é o ser humano em cada obra, através dos séculos.
Portanto, não admito que tenham medo de mim porque leio. Não admito que vejam como "nerd" porque amo ler.
Eu sou alguém que descobre a vida através da boa leitura. Apenas isso!
E tudo é vaidade!
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