Apesar de passar muito tempo longe deste blog, tentei voltar algumas vezes mas o tempo nem sempre está do meu lado e, também, eu não sabia como colocar os pensamentos em ordem para escrever.
Portanto, ..
Vamos lá, anônimo leitor, vou tentar escrever algumas loucuras por aqui .
Em Dezembro de 2021 eu comecei a ler "Le tour du monde en 80 jours" de Jules Verne. E foi um desafio enorme ler uma obra integral em língua francesa - eu tenho uma coleção de literatura infanto-juvenil muito legal do Petit Nicolas que me ajuda com um pouco de vocabulário e para não "enferrujar" meu francês. Porém, eu sempre digo a mim mesma que se eu não mudar o autor ou estilo literario, estarei fadada à um vocabulário restrito pois, acredito que cada escritor tem suas palavras "preferidas" e seu jeito de escrever peculiar para formar uma linha de pensamento. Ler os livros de René Goscinny sobre as aventuras do pequeno Nicolau é muito divertido, porém, é limitado para seguir somente neste caminho. Portanto, pular de Goscinny para Verne foi um salto bem distante. Quando comecei a ler "Le tour du monde.." eu me abasteci de post-it, lápis e dicionários on line em língua francesa. Levei mais de um mês para terminar a leitura deste clássico de Jules Verner, muita borracha usada, muitas pausas para entender, absorver e pensar e não pirar (principalmente, não parar).
Depois desta leitura, eu precisei "descansar" minha alma e voltei a ler Goscinny. Mas fraquejei no quesito de não ler somente as aventuras do pequeno Nicolau.
Ano passado, eu tentei ler um livro do meu querido Alexandre Dumas (pai); Georges. Ironicamente, eu não sabia que tinha uma cópia em língua portuguesa deste livro (Jorge, ou Capitão dos Piratas). Cedi a tentação de ler no meu idioma e abandonei, depois de três folhas, a leitura de Georges. Voltei para minha área de conforto: Petit Nicolas.
Neste ano, ainda com uma leitura de Petit Nicolas na lista deste ano, me desafiei a ler "La tulipe noire". Parei logo nas primeiras páginas pois sabia que seria um passo grande para mim. Deixe-me fazê-lo entender, desanimado leitor, que ler Jules Verne é muito diferente de ler Alexandre Dumas (pai). Dumas é mais descritivo - tudo é adjetivado com riqueza de detalhes enorme e, principalmente, Dumas é um romancista histórico o que trás uma gama de personagens e fatos que nem sempre permitem que o texto seja fácil de entender. Exemplo: minha leitura anterior a atual foi "A Guerra das Mulheres", de Alexandre Dumas (pai). Um livro muito bom! Cheio traição política, vinganças, paixões de caráter duvidoso e tudo mais - recomendo para você, desconhecido leitor; porém, antes de começar a leitura deste romance dumasiano, eu fui procurar o momento histórico que o escritor estava apresentando - e esta pequena paranóia foi de grande ajudar para entender o que se passava no romance, pois, amiguinho e amiguinha, o titio Dumas não tem o hábito de explicar os fatos históricos que ele se propõe a escrever - o leitor que lute! Eu lutei ! E foi bom! Portanto, ler "La tulipe noire" seria um outro mergulho histórico na guerra Franco-Holandesa que eu não estava disposta a começar. Deixei este romance de lado e peguei outro livro do papai Dumas que tenho em casa: "Histoire d'un Casse-noisette" - sim, é um Dumas infantil - pelo menos eu assim o considero.
Agora, determinado leitor, estou chegando onde quero, na leitura deste clássico que é "...Casse-noisette".
Como eu escrevi anteriormente, Dumas é um escritor de detalhes mínimos e, acrescento agora, vocabulário rebuscado. Muitas das palavras que ele usa para seu texto são consideradas "francês arcaico". Até aí estou indo bem, louco leitor, um dicionário ajuda nesta parte; porém, existe um outro desafio em ler uma literatura estrangeira em língua estrangeira: conhecer os hábitos daquele tempo. Vou explicar esse fato com o que ocorreu nesta minha manhã de estudos/leitura:
Il y a plus: sur la prière de la petite Marie, qui voyait avec peine le chien de la cuisine tourner la broche, occupation très-fatigante pour le pauvre animal, le parrain Drosselmayer avait consenti à descendre des hauteurs de sa science pour fabriquer un chien automate, lequel tournait maintenant la broche sans aucune douleur ni aucune convoitise, tandis que Turc, qui, au métier qu'il avait fait depuis trois ans, était devenu très-frileux, se chauffait en véritable rentier le museau et les pattes, sans avoir autre chose à faire que de regarder son successeur, qui, une fois remonté, en avait pour une heure faire sa besogne gastronomique sans qu'on eût à s'occuper seulement de lui.
Leitor, como eu vou saber que realmente era um cachorro que cuidava da caçarola?? Eu li, eu compreendi as palavras, busquei o significado de outras, mas como, incrédulo leitor, eu ia saber que era cachorrinho de carne e osso que auxiliava o "cozimento" ? Eu achei que ser tratava de um expressar linguística ou qualquer coisa do tipo; procurei por outras interpretações mas, infelizmente, acabei usando a tradução em língua portuguesa - quando nada funciona, leitor, eu dou esse golpe baixo na minha leitura! E esse foi o meu caso com cachorro.
Então é isso, leitor! Talvez eu continue a escrever, talvez não.
Omnia vanitas 💀