17 de junho de 2023

O caso do cachorro ..


 Olá, esquecido leitor ! 

 Apesar de passar muito tempo longe deste blog, tentei voltar algumas vezes mas o tempo nem sempre está do meu lado e, também, eu não sabia como colocar os pensamentos em ordem para escrever.

Portanto, ..

Vamos lá, anônimo leitor,  vou tentar escrever algumas loucuras por aqui .

Em Dezembro de 2021 eu comecei a ler "Le tour du monde en 80 jours" de Jules Verne. E foi um desafio enorme ler uma obra integral em língua francesa - eu tenho uma coleção de literatura infanto-juvenil muito legal do Petit Nicolas que me ajuda com um pouco de vocabulário e para não "enferrujar" meu francês. Porém, eu sempre digo a mim mesma que se eu não mudar o autor ou estilo literario, estarei fadada à um vocabulário restrito pois, acredito que cada escritor tem suas palavras "preferidas" e seu jeito de escrever peculiar para formar uma linha de pensamento. Ler os livros de René Goscinny sobre as aventuras do pequeno Nicolau é muito divertido, porém, é limitado para seguir somente neste caminho. Portanto, pular de Goscinny para Verne foi um salto bem distante. Quando comecei a ler "Le tour du monde.." eu me abasteci de post-it, lápis e dicionários on line em língua francesa. Levei mais de um mês para terminar a leitura deste clássico de Jules Verner, muita borracha usada, muitas pausas para entender, absorver e pensar e não pirar (principalmente, não parar).

Depois desta leitura, eu precisei "descansar" minha alma e voltei a ler Goscinny. Mas fraquejei no quesito de não ler somente as aventuras do pequeno Nicolau. 

Ano passado, eu tentei ler um livro do meu querido Alexandre Dumas (pai); Georges. Ironicamente, eu não sabia que tinha uma cópia em língua portuguesa deste livro (Jorge, ou Capitão dos Piratas). Cedi a tentação de ler no meu idioma e abandonei, depois de três folhas, a leitura de Georges. Voltei para minha área de conforto: Petit Nicolas.

Neste ano, ainda com uma leitura de Petit Nicolas na lista deste ano, me desafiei a ler "La tulipe noire". Parei logo nas primeiras páginas pois sabia que seria um passo grande para mim. Deixe-me fazê-lo entender, desanimado leitor, que ler Jules Verne é muito diferente de ler Alexandre Dumas (pai). Dumas é mais descritivo - tudo é adjetivado com riqueza de detalhes enorme e, principalmente, Dumas é um romancista histórico o que trás uma gama de personagens e fatos que nem sempre permitem que o texto seja fácil de entender. Exemplo: minha leitura anterior a atual foi "A Guerra das Mulheres", de Alexandre Dumas (pai). Um livro muito bom! Cheio traição política, vinganças, paixões de caráter duvidoso e tudo mais - recomendo para você, desconhecido leitor; porém, antes de começar a leitura deste romance dumasiano, eu fui procurar o momento histórico que o escritor estava apresentando - e esta pequena paranóia foi de grande ajudar para entender o que se passava no romance, pois, amiguinho e amiguinha, o titio Dumas não tem o hábito de explicar os fatos históricos que ele se propõe a escrever - o leitor que lute! Eu lutei ! E foi bom! Portanto, ler "La tulipe noire" seria um outro mergulho histórico na guerra Franco-Holandesa que eu não estava disposta a começar. Deixei este romance de lado e peguei outro livro do papai Dumas que tenho em casa: "Histoire d'un Casse-noisette" - sim, é um Dumas infantil - pelo menos eu assim o considero.

Agora, determinado leitor, estou chegando onde quero, na leitura deste clássico que é "...Casse-noisette". 

Como eu escrevi anteriormente, Dumas é um escritor de detalhes mínimos e, acrescento agora, vocabulário rebuscado. Muitas das palavras que ele usa para seu texto são consideradas "francês arcaico". Até aí estou indo bem, louco leitor, um dicionário ajuda nesta parte; porém, existe um outro desafio em ler uma literatura estrangeira em língua estrangeira: conhecer os hábitos daquele tempo. Vou explicar esse fato com o que ocorreu nesta minha manhã de estudos/leitura: 


Il y a plus: sur la prière de la petite Marie, qui voyait avec peine le chien de la cuisine tourner la broche, occupation très-fatigante pour le pauvre animal, le parrain Drosselmayer avait consenti à descendre des hauteurs de sa science pour fabriquer un chien automate, lequel tournait maintenant la broche sans aucune douleur ni aucune convoitise, tandis que Turc, qui, au métier qu'il avait fait depuis trois ans, était devenu très-frileux, se chauffait en véritable rentier le museau et les pattes, sans avoir autre chose à faire que de regarder son successeur, qui, une fois remonté, en avait pour une heure faire sa besogne gastronomique sans qu'on eût à s'occuper seulement de lui.


Leitor, como eu vou saber que realmente era um cachorro que cuidava da caçarola?? Eu li, eu compreendi as palavras, busquei o significado de outras, mas como, incrédulo leitor, eu ia saber que era cachorrinho de carne e osso que auxiliava o "cozimento" ? Eu achei que ser tratava de um expressar linguística ou qualquer coisa do tipo; procurei por outras interpretações mas, infelizmente, acabei usando a tradução em língua portuguesa - quando nada funciona, leitor, eu dou esse golpe baixo na minha leitura! E esse foi  o meu caso com cachorro.

Então é isso, leitor! Talvez eu continue a escrever, talvez não.

Omnia vanitas 💀



14 de outubro de 2022

Nostalgia..


 

Hoje me deu uma nostalgia do tempo que eu escrevia neste blog. 

Estou pensando em voltar a escrever por aqui, é uma boa atividade para a criatividade e crescimento próprio. 


No momento estou lendo "Caninos Brancos" do queridão Jack London, e quem sabe, eu consiga escrever algo à respeito desta leitura. 


Omnia Vanitas 💀

1 de novembro de 2021

Leitura 25..


 Olá, abandonado leitor!

Minha consciência me chama à reflexão sobre o quanto esse blog deveria ser melhor aproveitado...e, aqui estou eu ! 

Ontem à noite eu terminei a primeira leitura de "O Sol é Para Todos", da Harper Lee. Eu gostei muito da forma como a narrativa foi feita. Eu gosto quando adultos conseguem colocar um olhar de criança quando escrevem, e Harper Lee foi fantástica. 

Eu não tenho a intensão de escrever sobre o quanto eu gostei desta leitura, nem sobre suas frases de efeito que contagiaram o mundo; apenas quero escrever o que escrevi.


Omnia Vanitas 💀🐦

5 de setembro de 2021

Leitura 20..


 Olá, abandonado leitor ! 

Fim da última leitura de Agosto.

Mesmo não sendo mais tão assídua nesta página, mesmo este não sendo a maior leitura que fiz este ano; eu não quero deixar passar o registro de "A Laguna Azul" (1908) aka, A Lagoa Azul de Henry de Vere Stacpoole.

Depois de ser explorado de modo exaustivo nas telas da televisão dos anos 80 e 90, eu decidi comprar o exemplar (talvez dois anos atrás, não lembro) e ler este clássico oitentista. 

Sim, eu adorei ler este livro! Adorei o frenesi do final e quase chorei com o senhor Lestrange quando ele encontrou Dick e Emelina (e também Ana - o filho do casal de náufragos).


A narrativa não é prolixa. A vida na ilha não é detalhe em seus pormenores como, por exemplo: como um fluído de isqueiro pôde durar oito anos? Ou, como eles suportavam o frio da estação de inverno sendo que não tinham as roupas para a estação - e mesmo se tivessem, não serviriam depois de alguns anos na ilha.

Esses e outros questionamentos para uma vida prática não são respondidos, ou, talvez, o fato de que o homem se adapta à uma nova vida quando a necessidade o obriga seja a resposta. Esses detalhes perdidos ou não necessários, me fizeram lembrar da explicação do Abade Faria para Edmond Dantès em "O Conde de Monte-Cristo" sobre como ele criou, dentro de uma masmorra, papel, pena, vela etc  dentro do cárcere*.

Dick e Emelina chegaram à uma ilha do Pacífico ainda crianças e sem muitas experiências sobre como cuidarem de si. Tiveram como tutor neste pequeno paraíso, um velho bêbado e cheio de crendices  infantis tanto quanto eles. As crianças não sabiam explicar o que sentiam pois não conheciam palavras para esses sentimentos: sejam bons ou ruins. Quando um ciclone atacou a ilha, não souberam dizer que fenômeno natural era aquele: conheciam a chuva e os dias de sol - tudo o mais era inexplicável. Dick falava pouco - era lacônico muitas vezes; uma explicação seja o vocabulário limitado da infância. Até mesmo a gravidez de Emelina não foi explicada: em momento algum o narrador diz que ela estava com uma grande barriga ou mesmo comunicou se houve algum "susto" quando sua primeira menstruação aconteceu. Simplesmente, aceitamos o fato que eles sabiam que os animais tinham crias e, para Emelina, quando ela acordou do desmaiou que teve na floresta, perto de si havia uma criança e quando Dick perguntou sobre o bebê, ela respondeu "Eu o encontrei no mato. (...) Eu me senti muito doente, então fui descansar no mato e não me lembro de mais nada; quando acordei, ele estava lá". O menino, pois era um menino, recebeu o nome de "Ana" pois era "a lembrança de um outro bebê, cujo nome ela ouvira uma vez".

Tudo isso fascina no livro - muitas vezes é preciso adivinhar o que aconteceu justamente por essa falta de ter um nome para a ação ou coisa - o que eu achei muito atraente na leitura - o fato do narrador nos levar a pensar somente explicando o que aconteceu e permitindo que o leitor experimente a limitação dos protagonistas.

"A Laguna Azul" tem duas continuações - não publicadas no Brasil:

- The Garden of God (1923)

- The Gates of Morning (1925)

Talvez eu me arrisque a lê-los em inglês, mas não me comprometerei tão firmemente sobre isso.


Omnia Vanitas 💀


*"(...) Il faut le malheur pour creuser certaines mines mystérieures cachées dans l'intelligence humaine; il faut la pression pour faire éclater la poudre. La captivité a réuni sur un seul point toutes mes facultés flottantes çà et là; elles se sont heurtées dans un espace étroit (...)" - Tome Premier: XVII - La chambre de l'Abbé, page 226. Pocket Classiques nº 6216.

20 de maio de 2021

Decisões ..


 

Olá, leitor inexistente! 


Esta semana eu tomei uma decisão à respeito desta página: talvez ela não venha mais a existir! 

Ultimamente, eu tenho feito todas as minhas anotações e considerações no meu caderno que, simbolicamente, chamo de Blog Físico. Nestes cadernos (são quatro até o momento) eu listo os livros que ainda não li, os livros lidos e releituras, colo textos e fotocópias de reportagens ou citações que acho interessante et cetera. 

Ano retrasado eu já havia parado de usar a plataforma do Skoob pois ela não atendia a minha exigência. Muitos dos meus livros não possuem ISBN (internacional standard book number) pois são muito anteriores à este tempo, logo, eu não conseguia catalogar e numerar todas as minhas leituras. É vaidade? Sim! Mas se estou em um site e ele não atende ao que procuro, não existe motivo para continuar inscrito. E para isso eu estou utilizando o Blog Físico para tal fim: títulos, releituras, número de páginas, número de livros não lidos, livros lidos do anos e, até consigo fazer anotações no final de cada ano sobre como foram as leituras ao longo deste. 

E eu amo escrever. Fazer anotações de passagens de texto ou mesmo "mini-resenhas" sobre o que pensei quando li tal trecho; está sendo muito divertido. Até as páginas já estão numeradas e consigo fazer atualizações através de notas de rodapés em texto já escritos. Muito divertido ! 

Na verdade, eu tenho quatro cadernos específicos (contando com o Blog Físico). São eles:

- uma agenda para datas históricas e datas passadas em livros. Alguns livros possuem datas, exemplo: "em 21 de maio de 1838, Albert de Morcef recebe a visita do Conde de Monte-Cristo na sua casa às 10 horas da manhã" - acredito que não preciso especificar que obra de Alexandre Dumas se trata. 

- tenho uma agenda somente para as citações mais marcantes, exemplo: "Os meus exageros, que de um copo de vinho, me levam a beber  garrafa toda" (Os Sofrimentos do Jovem Wether, Johann Wolfgang von Goether, L&PM Pocket: Porto Alegre, 2002, p. 129). E nesta agenda eu fiz questão de colar algumas gravuras/imagens et cetera. Nesta citação de Goethe há uma imagem de uma taça de vinho que tirei de uma revista do gênero. 

- e tenho o meu diário pessoal onde meus pensamentos íntimos são expressos. 


Então, desconhecido leitor, eu tenho algumas substituições que são feitas de modo gradativo. Como sou muito narcisista, estarei fazendo cópia das mais de quinhentas postagens que fiz neste blog em outro caderno (cadernos, possivelmente). Talvez, eu venha a escrever mais alguma coisa depois desta publicação, mas não vou mais me cobrar a respeito disso.

Então é isso,


Omnia Vanitas 💀💭

O caso do cachorro ..

 Olá, esquecido leitor !   Apesar de passar muito tempo longe deste blog, tentei voltar algumas vezes mas o tempo nem sempre está do meu lad...