28 de março de 2013

Carrie, a Estranha - mas nem tanto..


Terminei de ler "Carrie, A Estranha".

O livro é muito bom. "Carrie, AE" é um daqueles livros que você assisti ao filme e, depois, não quer dar muito crédito ao livro por achar que poderá ser frustante ler a repetição do filme sem nenhum acréscimo de "emoção". Eu fiz isso com "Carrie, AE".

À mim, o livro emocionou com a declaração do autor sobre como foi inspirada história: em seus dois fantasmas, Tina White e Sandra Irving. Confesso, fiquei com um nó na garganta ao ler este relato.

Assim como Stephen King, também tenho minhas confissões a fazer.

"Carrie, AE" é um relato do típico tratamento americano sobre adolescentes maltratando adolescentes. O tratamento de Carrie é um caso gritante de bullying. Acho que não preciso esclarecer o que é "bullying", visto os grandes absurdos que servem de exemplo para esse tipo de tratamento ao próximo.

Bom, eu já oprimi algumas pessoas. Bom, talvez não publicamente, mas, o fato de me divertir (sem participar), para mim, dá no mesmo. Lembro da frase de Martin Luther King que diz: "O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons".
Um ditado pode ser acrescentado: quem cala, consente.

Quando eu estava na sexta série, eu tive uma professora de Artes muito estranha. Ela se vestia estranha, falava estranho, andava estranho e era feia. Acho que eu tinha uns 13 ou 14 anos. Eu era estranha. Cabelo horrível, espinhas no rosto etc. Mas aquela professora era mais estranha do que eu. As garotas mais descoladas (filha de diretora, professora e agregados em geral) zoavam a professora à torto e à direito com perguntas que a inibiam, risadinhas escondidas e comentários maldosos. Eu sei, éramos adolescentes e cabeças ocas, em geral. Mas havia aquela turma que respeitava o outro. Eu era da turma dos que riem da piadinha sem graça e, depois, sentem "pena".
Ela não foi minha única professora estranha.
No ensino médio eu tive dois professores que chamaram a atenção da sala - não do modo positivo.
O primeiro foi meu professor de História. Ele era vesgo. Então, para zoar com ele, todas as vezes que ele olhava para um dos alunos, o que estava ao lado perguntava: O professor está falando comigo? - A risada era inevitável.
O outro professor era um senhor baixo, gordinho. Ele ia com uma bicicleta velha para a escola. A zoada com ele era por causa do "tic" nervoso que ele tinha (ou ainda tem). Para cada cochicho em sala, ele soltava um "shii" para o "barulhento". Um dia, para divertir a sala, eu e minhas amigas contamos quantas vezes ele fez "shii" em sala de aula.

Ao contrário de Carrie, os meus alvos não eram meus semelhantes - eram pessoas com grau superior à mim. Porém, ainda sinto um sentimento "estranho", talvez consciência pesada, por haver menosprezado essas três pessoas, em especial. Realmente, triste.

Bom, voltando ao livro.

Carrie foi alvo de bullying desde a primeira série: gorda, religiosa e pobre - só para começar. E, para piorar, mãe estranha, adolescência com espinhas, timidez estrema e gorda - mas nem tanto.

Carrie não reagia. Ela deveria ser mesmo engraçada, pois as pessoas viviam rindo dela, ela pensava.

Um dos piores dias de Carrie, foi quando ela menstruou pela primeira vez. Ela achou que estava morrendo e, suas colegas de classe, quase a mataram de vergonha.
Foi nesse dia que ela descobriu que era telecinética. Bom, não quero falar desse fenômeno paranormal da protagonista - apesar de ele ser o grande barato do livro.

Além de Carrie, outra pessoa teve uma descoberta: Susan (Sue) Snell. Gostei dela no filme e também no livro. Achei legal a atitude dela com Carrie. Cheguei a achar nobre o que ela fez. Porém, quando fechei o livro, hoje, pensei: "Ela empurrou Carrie para o precipício".

Sue pediu ao seu namorado Tommy Ross para levar Carrie ao fatídico Baile de Primavera. Tommy foi ao baile e lá mesmo morreu. Eu senti um aperto no coração quando soube da morte dele. Eu gostei dele, um cara legal, bonito, não era esnobe, inteligente e tals. Um genro perfeito para meus pais.

Susan tentou aliviar a consciência por haver oprimido Carrie no episódio da menstruação presenteando a telecinética com a companhia do bonitão e popular da escola no Baile da Primavera.

O que eu penso disso: se quer fazer algo por alguém, faça você mesma  e não mande alguém no seu lugar.
Se Sue queria amenizar sua consciência ou humanizar-se em relação à Carrie, que ela mesma tomasse a dianteira e fosse ao encontro da oprimida - não se esconda atrás de ninguém.

Acho que isso tem a ver com pedir confessar o erro: admitir que estava errada. É ter que encarar o outro e falar algumas palavras pesadas, como: "Eu errei com você".

Talvez, andar com pessoas como Carrie é o mesmo que compartilhar a placa "Chute-me" nas costas. Ninguém quer andar com perdedores. Ninguém gosta de ser alvo de chacotas. Sentimos pena dessas pessoas, mas não andamos ao lado delas. Pouca vezes tomamos suas dores ou ajudamo-as à enfrentar seus medos e monstros.

Quem sabe, se Sue tivesse chamado Carrie para ir à sua casa, ou ter ido tomar uma cerveja verde no Kelly Fruit Company - ter feito ela participar da vida social comum - teria feito da protagonista alguém menos trágica, mesmo a telecinética ser muito legal (rs).

As pessoas tem medo daqueles que possuem "dons" especiais como os de Carrie - e, por isso isolam e menosprezam, algumas vezes.  Que possamos ter menos Carries, Tinas e Sandras. Que sejamos mais ousados em acolher do que oprimir, visto que o último parece ser mais cômodo.

Omnia Vanitas.







20 de março de 2013

E eu sei que é amor..





Vejam que reportagem mais fofa!!!


O inglês Jack Potter não quer que sua esposa Phyllis esqueça o amor que os une há mais de 70 anos. Sabendo que Phyllis sofre de demência e falta de memória, o homem visita todos os dias a casa de repouso na cidade de Rochester, Inglaterra, e lê para ela o diário que guarda desde o dia em que se conheceram.
O inglês, de 91 anos, disse ao jornal Daily Mail Online que lembra exatamente do momento em que os dois se cruzaram, num baile. Foi em 1941 (casaram em 1943) e no diário escreveu: “Foi uma noite muito agradável. Dancei com uma garota muito legal. Espero encontrá-la novamente”.Esses e outros momentos, como o casamento, as férias, as fotografias e todos os momentos partilhados a dois, estão nesse diário que Jack faz questão de ler para sua esposa demente. Apesar de debilitada, Phyllis se esforça para abraçar o marido. Eles festejaram 70 anos de casamento.

Fonte: clique aqui.

5 de março de 2013

Novela real..


Está é uma novelinha que eu gosto de acompanhar, quando possível! E, por ser uma novela de época, algumas curiosidades reais se misturam e compõem a ficção; como a reportagem abaixo que está no site da novela LADO A LADO, na Globo.com.


Acuada, Constância (Patrícia Pillar) é capaz de tudo para impedir que Laura (Marjorie Estiano) denuncie um esquema de corrupção no Judiciário do qual a megera faz parte - Constância "comprou" o promotor do processo movido por Isabel. Para isso, ela chega ao limite da razão e interna a própria filha em um sanotório. A autora Cláudia Lage conta que esse momento dramático foi inspirado em histórias reais e serve para mostrar o quanto muitas mulheres sofreram, apenas por sonharem com novos horizontes. Confira a entrevista:
Na época, era comum mulheres serem internadas em sanatórios simplesmente por contrariarem seus pais ou maridos? Isso aconteceu com mulheres que se destacaram pelo trabalho intelectual, no jornalismo, por exemplo?

Cláudia Lage - "Era uma prática comum no século XIX, que perdurou até meados do século XX. Na pesquisa que nossa pesquisadora, Luciane Reis, fez pra gente, os prontuários dos médicos eram impressionantes. As justificativas para a internação parecem inverossímeis aos olhos de hoje. 'A paciente apresenta grave obsessão por livros', 'desprezo pela família', 'excitação sexual nervosa', 'recusa em ter filhos'. Um dado notável é que boa parte das pacientes nos sanatórios eram mulheres que haviam estudado além do estipulado para as mocinhas na época, que só aprendiam o suficiente para ler, escrever e fazer contas. Elas foram além, fizeram o curso normal ou ainda eram normalistas, dedicavam-se ou não ao magistério, mas eram mulheres com o intelectual acentuado, com interesses sociais e profissionais, que fugiam à ideia do casamento e da maternidade como o único destino possível. Não que não quisessem se casar e ter filhos, mas buscavam também a realização pessoal fora da família. Foram tantas mulheres que passaram por isso, a maioria anônimas, que os seus nomes só chegaram a nós por meio de suas tristes histórias, já que todo o impulso delas de independência foi sufocado pelos familiares, o pai ou o irmão, ou pelo marido, que tinham a autorização para interná-las mesmo contra a vontade. Quer dizer, eles tinham o poder de julgar e decidir se suas esposas, irmãs e filhas eram loucas ou não, e interná-las caso assim desejassem. Do mesmo modo, só eles, ou uma junta médica, podia tirá-las do sanatório, ou deixá-las para sempre lá, como foi o caso de muitas".

No sanatório, Laura vai contar com a ajuda de uma interna. Essa personagem representa alguma dessas mulheres que queriam mais da vida?
Cláudia Lage - "Laura vai conhecer no sanatório uma interna, a Judite, que, como ela, não tem nenhum problema psiquiátrico e também foi jornalista quando mais jovem. Inspirada em muitos casos reais, que vimos na pesquisa, Judite foi internada pelo próprio marido e esquecida no sanatório. Quando Laura chega, ela já está lá há 11 anos. A personagem ganhou esse nome, Judite, em homenagem a um texto da escritora Virgínia Woolf, no qual fala que se Shakespeare tivesse tido uma irmã tão talentosa quanto ele, ela nunca teria as mesmas oportunidades, e nunca se tornaria uma grande dramaturga. Virgínia batiza essa irmã fictícia de Judite. Enquanto Shakespeare ia para a universidade, Judite ficava em casa descascando batatas, por imposição dos pais. Essa irmã de Shakespeare, criada pela Virgínia Woolf, simboliza todas essas mulheres repletas de potenciais e de desejos, todos refreados e sufocados pela mentalidade sexista da sua época".
Constância vai ter alguma crise de consciência depois dessa maldade? Ela vai perceber que passou dos limites?

Cláudia Lage - "Constância vive de acordo com os próprios princípios. Ela justifica os atos mais cruéis como um sacrifício pelo bem e pela reputação da família, e fará o mesmo com a internação da Laura. Para ela, a filha passou dos limites ao querer ser uma jornalista profissional, somando a isso a matéria que Laura vai escrever sobre a corrupção no judiciário e a decisão de depor como testemunha da Isabel. No sanatório, a mãe leoa, que, apesar da vilania, ama a filha, dará lugar à mãe cruel e devoradora, que não aceita que o filho reja o próprio destino".

O caso do cachorro ..

 Olá, esquecido leitor !   Apesar de passar muito tempo longe deste blog, tentei voltar algumas vezes mas o tempo nem sempre está do meu lad...